MORAL E CONTEMPORANEIDADE
DOI :
https://doi.org/10.36311/1984-1655.2019.v11esp.02.p6Mots-clés :
Psicologia moral, Contemporaneidade, Juízo Moral, Ação MoralRésumé
O presente texto foi escrito para propor a membros do GT de Psicologia Moral da Associação Nacional de Pós-Graduação a perspectiva de se debruçar sobre relações possíveis entre moral e contemporaneidade. Duas perguntas correspondem aos dois eixos que organizam o texto. A primeira: Que elementos característicos da pós-modernidade seriam passíveis de exercer alguma influência sobre as reflexões e atitudes morais dos indivíduos? São citados três exemplos de elementos caraterísticos. Um é o medo que, nos dias de hoje, acomete boa parte das pessoas e que, como mostrado numa pesquisa, enfraquece o valor ‘solidariedade’. Outro, como também mostrado numa pesquisa francesa, é o sentimento de insegurança (relacionado também ao medo) que reforça o valor dado à responsabilidade objetiva em detrimento da responsabilidade subjetiva. O terceiro exemplo incide sobre a resistência moral que, mesmo em tempos de fragmentação social e insegurança, levam certas pessoas à chamada ‘desobediência ética’. A segunda pergunta formulada é: qual é o juízo moral que indivíduos fazem a respeito de temas sociais característicos da contemporaneidade? São propostos cinco temas. O casamento para todos, que coloca em discussão valores morais relacionados à família e à sexualidade. A concessão de cotas nas universidades, que coloca temas como justiça, solidariedade e a responsabilidade coletiva. A defesa moral da intimidade (o direito à intimidade e privacidade), tema cruelmente atual em razão da utilização das redes
sociais e dos bancos de dados que circulam quase que impunimente na Internet. A eutanásia e suicídio assistido, que colocam em discussão o conceito de dignidade. E o humor, que é problematizado pelo direito de rir.