O CUIDADO COMO RESISTÊNCIA E ENFRENTAMENTO DE PRÁTICAS NOCIVAS À VIDA COLETIVA
DOI :
https://doi.org/10.36311/1984-1655.2022.v14.esp.p179-208Mots-clés :
Carol Gilligan, Ética do cuidado, Filosofia feminista, EcofeminismoRésumé
Desde a publicação de In a Different Voice (1982), muitos foram os trabalhos dedicados a analisar os potenciais da ética do cuidado e esta passou a exercer influência para além do campo da psicologia do desenvolvimento moral e da filosofia moral. Neste artigo, defende-se que o cuidado é central à vida dos indivíduos, da sociedade e do próprio planeta, sendo um valor necessário à construção de políticas que visam o florescimento da vida individual e coletiva. De igual forma, a lógica do cuidado, que vê a todos os indivíduos como interligados e interdependentes, é descrita como contrária à lógica capitalista exploradora, hierárquico-dualista, marcada pela reprodução de diferentes sistemas de dominação, assim como confronta a subjetividade neoliberal que incentiva o egoísmo e a competição - práticas nocivas à manutenção dos laços sociais e da vida em comum. Nesse sentido, as práticas de cuidado representam um potencial de resistência individual e coletiva e contribuem para pensar políticas para uma sociedade mais justa para os diferentes sujeitos e suas respectivas subjetividades, incluindo a proteção ambiental.
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