ADEQUAÇÃO CURRICULAR E MUDANÇAS NO ENSINO DE MATEMÁTICA: FUNDAMENTAÇÃO EPISTEMOLÓGICA

Autores

  • Fernando Becker Professor Titular aposentado atuando docente convidado no Programa de Pós-Graduação em Informática na Educação (PPGIE/UFRGS)

DOI:

https://doi.org/10.36311/1984-1655.2023.v15.n2.p45-91

Palavras-chave:

Epistemologia do professor de Matemática, Adequação do currículo, Mudanças no ensino de Matemática, Construção do conhecimento matemático, Desenvolvimento e Aprendizagem

Resumo

Apresenta-se a sétima e última parte da pesquisa Epistemologia Subjacente ao Trabalho Docente; docência de Matemática, com dados coletados no Peru, no Chile e no Uruguai, mediante entrevistas a 17 docentes, do primeiro ao terceiro grau de ensino, que responderam a 25 questões, com desdobramentos. Ela visa a identificar concepções epistemológicas que fundamentam o ensino de Matemática e verificar se tais concepções assemelham-se às encontradas no Brasil. O objetivo desta análise é apreender as concepções epistemológicas subjacentes às respostas às questões 24 e 25 da pesquisa. Os docentes pensam que as diretrizes curriculares são suficientemente adequadas; porém, apontam para numerosos problemas no ensino. Suas concepções epistemológicas são congruentes com as encontradas nas análises anteriores: empiristas, com forte apelo ao apriorismo, e raras intuições interacionistas que revelam a compreensão de que o conhecimento matemático é construído pelo sujeito. Isto é, que as estruturas matemáticas aparecem tardiamente, como diferenciação das estruturas lógicas, construídas desde o nascimento. E o processo de aprendizagem depende integralmente dessa construção, negando todo inatismo. Essas concepções aproximam-se das encontradas no Brasil, diferenciando-se pela forte presença do apriorismo, inclusive inatista, e pela maior frequência de intuições construtivistas ou interacionistas. A referência teórica básica é a Epistemologia Genética piagetiana.

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Publicado

2024-01-08

Edição

Seção

Artigo