ENTRE LEITOR E PERSONAGEM: IMPLICAÇÕES DA CONCEPÇÃO HEIDEGGERIANA DA EMPATIA NA FICÇÃO LITERÁRIA
DOI:
https://doi.org/10.36311/1984-8900.2019.v11.n27.09.p110Palavras-chave:
Heidegger, Empatia, LiteraturaResumo
Dentre as diversas formas do leitor se relacionar com os personagens n ficção literária, a empatia destaca-se por evidenciar um tipo de fenômeno no qual o leitor passa a se identificar ou não com os personagens envolvidos na trama. O sentido do fenômeno empático, contudo, não é autoevidente, e o modelo tradicional não tem se demonstrado suficiente para explicar o modo da sua manifestação. Neste contexto, o presente trabalho tem como objetivo explorar a abordagem heideggeriana do tema da empatia (Einfühlung), fornecendo elementos para uma tentativa de superação da forma pela qual a experiência empática tem sido tradicionalmente concebida. A partir da filosofia de Heidegger, especialmente das obras Ser e tempo e História do conceito de tempo, é possível lançar bases para uma compreensão da empatia que não fique presa à descrição de um fenômeno subjetivo, mas uma experiência que se funda no caráter originário do ser-com e da solicitude (Fürsorge) autêntica com os outros. Na medida em que a rejeição de Heidegger não se dirige ao sentimento compartilhado, mas ao modelo teórico tradicional, busca-se colocar em evidência uma esfera ontológica, prévia ao fenômeno da empatia, capaz de descrever de forma mais adequada as condições de possibilidade a partir das quais o fenômeno da empatia pode ser experienciado pelo leitor em relação aos personagens de obras literárias.
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