PERCEPÇÃO E NEUROCIÊNCIA: UM OLHAR ACERCA DO EXPERIMENTO DE BACH-Y-RITA E DA QUESTÃO DE MOLYNEUX ACERCA DA VISÃO

Autores

  • Maurício da Rosa Vollino Mestrando em Filosofia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos)

DOI:

https://doi.org/10.36311/1984-8900.2018.v10n23.07.p71

Palavras-chave:

Percepção, Visão, Substituição sensorial, Experiência, Molyneux

Resumo

Paul Bach-y-Rita (2003) desenvolveu pesquisas acerca da plasticidade cerebral e o resultado são aparelhos de substituição sensorial os quais auxiliam na recuperação dos sentidos, tais quais visão, equilíbrio e audição devido à capacidade adaptativa cerebral. De acordo com o neurocientista, o cérebro é responsável pela interpretação das informações externas e os órgãos dos sentidos seriam apenas receptores. Desta forma, por exemplo, após adaptação, o usuário é capaz de ver através de uma câmera conectada a um conversor de sinais e este conectado à sua pele. As imagens são convertidas em sinais elétricos ou vibro-táteis e enviados ao eletrodo conectado à pele do usuário. O resultado é a interpretação dos sinais em forma visual. Sob o ponto de vista filosófico, a pessoa realmente experiência a visão? Tal pergunta remete à questão de Molyneux à Locke, a saber, se um cego o qual percebe objetos tais quais esferas e cubos através do toque, caso sua visão fosse restaurada, seria ele capaz de perceber tais objetos sem tocá-los. Morgan (1977) e Warren & Strelow (1984) consideram os aparelhos de substituição excelentes exemplos para esta questão. Acerca do aparelho, Bach-y-Rita alega que o usuário experiencia a visão uma vez que interage com o ambiente tal qual um não cego interagiria. Morgan e Warren & Strelow respondem à questão de Molyneux de forma negativa uma vez que é necessário ao usuário adquirir experiência com o uso do aparelho de substituição antes de perceber imagens, o que corrobora a resposta de Locke à questão de Molyneux.

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Publicado

2018-07-28