A FUNDAÇÃO DE UM REINO DE DEUS NA TERRA E A QUESTÃO DA (IN) DISPENSABILIDADE DAS RELIGIÕES HISTÓRICAS NA FILOSOFIA KANTIANA DA RELIGIÃO

Autores

  • Julian Batista Guimarães Mestrando em Filosofia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE)

DOI:

https://doi.org/10.36311/1984-8900.2016.v8.n16.17.p219

Palavras-chave:

Kant, Religião racional, Religião histórica, Fé eclesial

Resumo

O objetivo deste artigo é apresentar e discutir o papel que Kant concede às religiões históricas, (compreendidas sob a denominação geral de “igreja visível”), no processo que o filósofo chama de “fundação de um reino de Deus na terra”, tal como apresentado na parte III da obra A Religião nos limites da simples razão. Para isso apresentar-se-á a distinção kantiana entre religião histórica e religião racional e seus correspondentes (fé histórica e fé religiosa pura, fé eclesial e fé racional pura) bem como o conceito de comunidade ética enquanto povo de Deus sob leis éticas. Tal conceito de uma igreja invisível, enquanto mera ideia, não é objeto de experiência possível, mas serve de arquétipo àquelas (igrejas) que devem ser fundadas pelos homens. Assim, a igreja visível, enquanto união efetiva dos homens num todo que concorda com aquele ideal, é interpretada como veículo que traz consigo um princípio de aproximação contínua à pura fé religiosa ou religião racional. Por fim, discutiremos a questão da dispensabilidade (ou não) das religiões históricas, implicada na interpretação kantiana, que pode ser resumida nos seguintes termos: à fé religiosa pura se há de acrescentar sempre uma fé histórica (eclesial) como uma parte essencial, ou a fé eclesial, como simples meio condutor, poderá transformar-se progressivamente em fé religiosa pura?

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BECKENKAMP, J. Simbolização na filosofia crítica kantiana. Kant e-Prints: Revista Internacional de Filosofia, v. 1, n. 1, p. 1-8, 2002.

DESPLAND, M. Kant on History and Religion. Montreal and London: McGill – Queen’s University Press, 1973.

DÖRFLINGER, B. Kant sobre o fim das religiões históricas. Studia Kantiana, n.11, p. 257-276, 2011.

HERRERO, F. X. Religião e história em Kant. São Paulo: Loyola, 1991.

KANT, Immanuel. Werke in zehn Bänden. Hers. von Wilhelm Weischedel. Darmstadt: Wissenchaftliche Buchgesellschaft, 1968, (ed. Especial 1983).

KANT, I. A Religião nos Limites da Simples Razão. Trad. Artur Morão. Lisboa: Edições 70, 1992.

______. Crítica da Razão Pura. Petrópolis: Vozes, 2ª edição, 2012.

______. Crítica da razão Prática. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011.

______. Crítica da faculdade do juízo. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012.

______. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. São Paulo: Barcarolla, 2009.

______. Os progressos da metafísica. Lisboa: Edições 70, 1995.

PALMQUIST, S. R. Comprehensive Commentary on Kant’s Religion within the Bounds of Bare Reason. Chichester: Wiley-Blackwell, 2015(a).

______. Kant’s Prudential Theory of Religion: the necessity of historical faith for moral empowerment. Con-textos Kantianos – International Journal of Philosophy, n.1, p. 57-76, 2015(b).

WOOD, A. W. Kant’s Moral Religion. Ithaca/London: Cornell University Press, 1970.

ZANELLA, D. C. Religião moral e analogia em Kant. Síntese – Revista de Filosofia. v. 37, n. 117, p. 45-55, 2010.

Downloads

Publicado

2016-11-07

Edição

Seção

Artigos