KANT E KAFKA DIANTE DA LEI E DA KALUMNIA
DOI:
https://doi.org/10.36311/1984-8900.2016.v8.n16.16.p207Palavras-chave:
Kant, Kafka, Modernidade, Lei pura, LiberdadeResumo
A ética elaborada por Immanuel Kant se baseia numa lei determinante de uma vontade esvaziada dos estímulos exteriores ao sujeito. Ao afastar os conteúdos materiais, restou ao filósofo a forma pura da Lei em geral, para a qual empreende um novo fundamento. “Diante da lei” é um conto de Franz Kafka, no qual o herói Josef K. experiencia o fantasmagórico de uma Lei a princípio envolta em mistérios, porque vazia de substância. Assim, no filósofo alemão e no escritor tcheco a modernidade se vê confrontada com a Lei, e deles diferentes saídas são apontadas. Com essa breve discussão, pretende-se, primeiro, apresentar como Kant descobre o vazio da Lei que emerge com os acenos iniciais do moderno, em seguida, como essa descoberta exerce papel importante na imaginação de Kafka. Uma primeira hipótese a ser pensada a partir dos dois autores reside em defender que a modernidade, uma vez que investe na derrocada do mundo antigo, se coloca diante da Lei. Seja por meio da investigação da sua fonte a priori seja pela representação de sujeitos enredados nos embaraços de uma Lei fantasmal, ambos os autores são testemunhas das suas implicações para o mundo moderno. Desta primeira, pode-se cogitar uma segunda hipótese, também endossada por uma leitura dos dois autores, a qual sugere que o esvaziamento da Lei implica numa nova relação do indivíduo com o mundo e consigo.
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