FOUCAULT, A PSICANÁLISE E A QUESTÃO QUEER: POR UMA SUBVERSÃO DA IDENTIDADE

Authors

  • Diego Luiz Warmling Doutorando em Filosofia na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

DOI:

https://doi.org/10.36311/1984-8900.2023.v15n38.p128-160

Keywords:

Foucault, Teoria queer, Psicanálise, Transitividades

Abstract

Defenderemos que Foucault e suas críticas à psicanálise servem aos estudos queer quando, diante da dimensão produtiva do poder, interrogam os saberes pertinentes aos corpos sujeitos e suas sexualidades. Foucault faz problematizar o que quer que apareça na forma da fixidez, da norma ou, ainda, como mais fundamental, originário e a priori ao sujeito em seus devires. Suas análises são base aos desenvolvimentos queer pois, assim como estes, apontam para Isso: essa “coisa estranha”, esse “não-lugar”, esse “estar-entre”, essa “diferença tática”, cuja característica é perturbar a estabilidade e a presunção de naturalidade das identidades hegemônicas. Se emaranhadas em noções foucaultianas, as questões queer suscitam um processo de autocrítica pelo qual dá-se a possibilidade de afirmarmos a instabilidade, a ambiguidade e a indeterminação de todas as identidades, de todas formas da sexualidade, dos prazeres, assim como todas modalidades de corpo-sujeitificação/generificação. Não por completo, mas muito à luz do que Foucault e suas leituras da psicanálise fazem pensar, veremos que as teorizações queer reivindicam a afirmação de um espaço sempre transitivo, marginal e subversivo, cuja meta não unívoca é não se presumir a priori como modelo universal e endossável na e pela norma.

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Published

2023-07-28

Issue

Section

Artigos