TECNOLOGIAS DIGITAIS E EPISTEMICÍDIO: UM ESTUDO FILOSÓFICO-INTERDISCIPLINAR

Autores

  • Letícia Vitorino da Silva Mestranda em Filosofia na Universidade Estadual Paulista (Unesp), Campus de Marília

DOI:

https://doi.org/10.36311/1984-8900.2022.v14n36.p288-311

Palavras-chave:

Epistemicídio, Colonialismo, Tecnologias de informação e comunicação

Resumo

Neste trabalho, nos propomos a discutir a seguinte questão: quais podem ser os papéis das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) em relação ao epistemicídio? No viés negativo podemos ressaltar o uso desenfreado de dados, a vigilância da vida privada levando a falta de privacidade e a disseminação exagerada de padrões que podem incluir o padrão de beleza, financeiro, alimentar, entre outros. Entretanto, a visibilidade, as oportunidades de emergência cultural, a possibilidade de enunciação, o fácil acesso a conteúdos informativos compõe o viés positivo de um dos papéis das TIC em relação ao epistemicídio. A questão sobre os papéis das TIC no epistemicídio será estruturada, em primeiro momento, com a exposição de como o colonialismo europeu resultou em uma tentativa de padronização do conhecimento; traçaremos um panorama histórico até o neocolonialismo e exporemos características que acentuam o epistemicídio, caracterizado por Boa Ventura de Sousa Santos como “[...] a supressão dos conhecimentos locais perpetrada por um conhecimento alienígena.”. A seguir, traçaremos um panorama de conceitos do neocolonialismo, relacionando-o com as TIC. Finalmente, discutiremos algumas consequências negativas (a vigilância da vida privada, o uso desenfreado de dados, a disseminação de padrões estereotipados) e algumas consequências positivas (a visibilidade, oportunidades de enunciação e emergência cultural) que as TIC apresentam no cenário inaugurado pelo neocolonialismo na contemporaneidade.

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Publicado

2022-08-02

Edição

Seção

Artigos