AS RUPTURAS EPISTEMOLÓGICAS NAS CIÊNCIAS DA VIDA SEGUNDO A ARQUEOLOGIA DE MICHEL FOUCAULT
DOI:
https://doi.org/10.36311/1984-8900.2021.v13n35.p298-315Palavras-chave:
Foucault, Biologia, História Natural, As palavras e as coisas, Arqueologia do saber, EvoluçãoResumo
Este artigo busca expor a compreensão da ruptura ou descontinuidade epistemológica explanadas pelo filósofo francês Michel Foucault em sua obra As palavras e as coisas. A partir de seu método, denominado Arqueologia do saber, o autor tenta evidenciar que a distinção entre a História Natural dos séculos XVII e XVIII, ciência que visava classificar animais e plantas em espécies, gênero e outras categorias, a partir de características físicas externas dos organismos, e a biologia que surge no final do século XVIII caracterizada como o estudo da vida, tendo em conta as funções dos órgãos internos e a relação entre os organismos e os seus habitats, como eles se alimentam, como respiram etc. Como veremos ao longo do texto, a ruptura epistemológica causada pelo surgimento do microscópio e pelas primeiras dissecações do biólogo Georges Cuvier não apenas deu início à biologia, mas também forneceu a condição de possibilidade de emergir a compreensão evolutiva na segundo metade do século XIX. Ao dissecar organismos, Cuvier não apenas teria quebrado a barreira epistemológica intransponível da epiderme dos seres vivos, mas também pavimentado o caminho para Charles Darwin e Alfred Wallace conceberem a noção da evolução das espécies algum tempo depois.
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