FILOSOFIA DA MEMÓRIA: PROBLEMAS E DEBATES ACERCA DA MEMÓRIA EPISÓDICA

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DOI:

https://doi.org/10.36311/1984-8900.2020.v12n31.p77-106

Palavras-chave:

Teoria causal da memória, Teoria simulacionista da memória, Realismo direto, Realismo indireto, Traços de memória, Mental Time Travel

Resumo

O presente artigo busca situar o leitor em alguns dos debates atuais acerca da memória episódica no âmbito da filosofia da memória. A memória episódica consiste na capacidade de lembrar daquilo que o sujeito vivenciou ao longo de sua vida. Um dos maiores problemas em filosofia da memória é estabelecer o que é uma memória episódica, e distingui-la de outros estados mentais, como a imaginação. As principais teorias que visam resolver tal problema são a Teoria Causal da Memória e a Teoria Simulacionista da Memória. Causalistas insistem que deve haver um vínculo causal entre uma experiência vivida pelo sujeito no passado e a memória dessa experiência. Simulacionistas, em contrapartida, sustentam que tal vínculo causal não é necessário, pois uma memória é o resultado de um processo de simulação que combina elementos de várias memórias para formar um cenário que representa a experiência passada. Outro debate em filosofia da memória trata dos objetos da memória episódica, nele busca-se descobrir com o quê entramos em contato quando lembramos de um evento passado. Nesse debate as posições filosóficas mais defendidas são o Realismo Indireto e o Realismo Direto; o primeiro afirma que entramos em contato com representações do evento passado, já o último sustenta que entramos em contato diretamente com o evento passado. Esse artigo apresenta também teorias da psicologia sobre consolidação de memórias episódicas e a teoria da Mental Time Travel, afim de embasar o leitor, respectivamente, acerca dos mecanismos formadores da memória e do debate sobre a função da memória episódica.

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Publicado

2020-07-20

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Artigos