Adaptação cultural em Português Brasileiro da Derriford Appearance Scale – 24 (DAS-24) para pessoas vivendo com HIV/AIDS

Autores

  • Marcos Alberto Martins Laboratório de Delineamento de Estudos e Escrita Científica. Centro Universitário Saúde ABC, Santo André, SP, /Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital Samaritano de São Paulo, SP
  • Angela Nogueira Neves Escola de Educação Física do Exército
  • Timothy Moss University of the West of England
  • Walter Henrique Martins Professor Assistente do Centro Universitário Saúde ABC, Santo André, SP
  • Gerson Vilhena Pereira Professor Titular do Centro Universitário de Saúde ABC
  • Karina Viviani de Oliveira Pessôa Programa Municipal de IST/AIDS e Hepatites Virais de São Bernardo do Campo, São Paulo
  • Mariliza Henrique da Silva Programa Estadual de IST/AIDS de São Paulo
  • Luiz Carlos de Abreu Laboratório de Delineamento de Estudos e Escrita Científica. Centro Universitário Saúde ABC, Santo André, SP

DOI:

https://doi.org/10.7322/jhgd.v29.9421

Palavras-chave:

Imagem Corporal, Aparência, HIV/AIDS, Psicometria

Resumo

Introdução: A imagem corporal pode ser definida como a representação das crenças, emoções e percepções a respeito do próprio corpo, manifesta em comportamentos voltados ao corpo. Quando o corpo muda como consequência de doença e não parece mais saudável, a definição de si mesmo pode ser severamente desafiada. As pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHA) são um público especialmente vulnerável quando se trata do “distress” e do impacto psicossocial da aparência, mas a avaliação destas alterações de imagem corporal era subjetiva porque não havia nenhuma escala em Português Brasileiro para avaliar alterações da imagem disponível para uso clínico ou para pesquisa. Objetivo: Realizar a adaptação transcultural para o português Brasileiro da Derriford Appearance Scale 24 (DAS-24), com a verificação da equivalência idiomática, semântica, conceitual e cultural, para o público-alvo pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHA) no Brasil. Método: Seguiu-se guia de cinco etapas para adaptação de escala transcultural: traduções, síntese de traduções, retrotraduções, reunião de comitê de especialistas e pré-testes. O processo de adaptação cultural foi apresentado de forma descritiva e analítica, seguindo padrões de estudos metodológicos. Os valores mínimo, máximo e mediano das respostas de cada item foram calculados a partir do pool de dados do terceiro grupo de pré-teste de 50 participantes. A mediana dos escores dos itens, a correlação de cada item com o escore total e a confiabilidade interna foram calculados pelo teste alfa de Cronbach. Resultado: A análise das respostas do último grupo pré-teste indicou que deve ser dada atenção aos itens A, B, G, H e K em um futuro estudo psicométrico. O presente estudo não é suficiente para que essa escala seja utilizada na prática clínica. Para garantir que o instrumento culturalmente adaptado gere dados válidos e confiáveis, um estudo subsequente que investigue suas propriedades psicométricas deve ser conduzido. Conclusão: A adaptação transcultural da Derriford Appearance Scale 24 (DAS-24), em seus componentes de equivalência linguística, semântica, conceitual e cultural para o português brasileiro para a população de pessoas vivendo com HIV/AIDS foi plenamente realizada. Apesar dessa conquista, ressalta-se que o uso da versão brasileira do DAS-24 em pesquisa e rotina clínica é aconselhado somente após um estudo psicométrico com este instrumento.

Referências

1. Cash TF. Cognitive-Behavioral perspectives on body image. In: Cash TF, Smolak L. Body image: a handbook of science, practice, and prevention. New York: Guilford Press, 2011; p. 39-47.

2. Cash T. Cognitive-Behavioral perspectives on body image. In: Cash T. Encyclopedia of body image and human appearance. V.1. Elsevier, 2012; p.334-42.

3. Cash TF. The Body Image workbook: an 8-step program for learning to like your looks. New York: The Guilford Press, 2000.

4. Mauss M. As técnicas corporais. In: Mauss M. Sociologia e antropologia. São Paulo: EPU; EDUSP, 1974.

5. Puhl RM, Peterson JL. Physcial appearance and stigma. In: Cash TF. Encyclopedia of body image and human appearance. Academic Press, 2012; p.588-94.

6. Katre C, Johnson IA, Humphris GM, Lowe D, Rogers SN. Assessment of problems with appearance, following surgery for oral and oro-pharyngeal cancer using the University of Washington appearance domain and the Derriford appearance scale. Oral Oncol. 2008;44(10):927-34. DOI: http://doi.org/10.1016/j.oraloncology.2007.12.006

7. Moreira H, Canavarro MC. The association between self-consciousness about appearance and psychological adjustment among newly diagnosed breast cancer patients and survivors: the moderating role of appearance investment. Body Image. 2012;9(2):209-15. DOI: http://doi.org/10.1016/j.bodyim.2011.11.003

8. Moreira H, Canavarro MC. A longitudinal study about the body image and psychosocial adjustment of breast cancer patients during the course of the disease. Eur J Oncol Nurs. 2010;14(4):263-70. DOI: http://doi.org/10.1016/j.ejon.2010.04.001

9. Merz EL, Kwakkenbos L, Carrier ME, Gholizadeh S, Mills SD, Fox RS, et al. Factor structure and convergent validity of the Derriford Appearance Scale-24 using standard scoring versus treating ‘not applicable’ responses as missing data: a Scleroderma Patient-centered Intervention Network (SPIN) cohort study. BMJ Open. 2018;8(3):e018641. DOI: http://dx.doi.org/10.1136/bmjopen-2017-018641

10. Moss TP, Rosser BA. The moderated relationship of appearance valence on appearance self consciousness: development and testing of new measures of appearance schema components. PloS One. 2012;7(11):e50605. DOI: http://doi.org/10.1371/journal.pone.0050605

11. Lupton D. Medicine as culture: Illness, disease and the body. Los Angeles: Sage, 2012. 12. Tavares MCGF. Imagem corporal: conceito e desenvolvimento. Barueri: Manole, 2003.

13. Schilder PA. Imagem do corpo: as energias construtivas da Psiquê. São Paulo: Martins Fontes, 1980.

14. Williamson H. The psychosocial impact of being a young person with an unusual appearance. J Aesthetic Nurs. 2014;3(4):186-8. DOI: https://doi.org/10.12968/joan.2014.3.4.186

15. Harcourt D, Rumsey N. Body Image and Biomedical Interventions for Disfiguring Conditions. In: Cash TF, Smolak L. Body Image: a handbook of science, practice and prevention. 2 ed. New York: Guilford Press, 2011; p.404-14.

16. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Manual de tratamento da lipoatrofia facial: recomendações para o preenchimento facial com polimetilmetacrilato em portadores de HIV/AIDS. Brasília: Ministério da Saúde, 2009.

17. Hoffmann C, Rockstroh JK. HIV 2015/2016. Medizin Fokus Verlag, 2015. [cited 2019 Feb 27] Available from: https://www.hivbook.com/wp-content/uploads/2016/04/hiv-2015-16-complete-1.pdf.

18. Alexias G, Savvakis M, Stratopoulou?. Embodiment and biographical disruption in people living with HIV/AIDS (PLWHA). AIDS Care. 2016;28(5):585-90. DOI: https://doi.org/10.1080/09540121.2015.1119782

19. Earnshaw VA, Bogart LM, Dovidio JF, Williams DR. Stigma and racial/ethnic HIV disparities: moving toward resilience. Am Psychol. 2013;68(4):225-36. DOI: https://doi.org/10.1037/a0032705

20. Kumar S, Samaras K. The Impact of Weight Gain During HIV Treatment on Risk of Pre-diabetes, Diabetes Mellitus, Cardiovascular Disease, and Mortality. Front Endocrinol. 2018; 9:705. DOI: https://doi.org/10.3389/fendo.2018.00705

21. Brener L, Callander D, Slavin S, Wit J. Experiences of HIV stigma: the role of visible symptoms, HIV centrality and community attachment for people living with HIV. AIDS Care. 2013;25(9):1166-73. DOI: https://doi.org/10.1080/09540121.2012.752784

22. Kalichman SC, Simbayi LC, Cloete A, Mthembu PP, Mkhonta RN, Ginindza T. Measuring AIDS stigmas in people living with HIV/AIDS: the Internalized AIDS-Related Stigma Scale. AIDS Care. 2009;21(1):87-93. DOI: https://doi.org/10.1080/09540120802032627

23. Simbayi LC, Kalichman S, Strebel A, Cloete A, Henda N, Mqeketo A. Internalized stigma, discrimination, and depression among men and women living with HIV/AIDS in Cape Town, South Africa. Soc Sci Med. 2007;64(9):1823-31. DOI: https://doi.org/10.1016/j.socscimed.2007.01.006

24. Leclercq P, Goujard C, Duracinsky M, Allaert F, L’henaff M, Hellet M, et al. High prevalence and impact on the quality of life of facial lipoatrophy and other abnormalities in fat tissue distribution in HIV infected patients treated with antiretroviral therapy. AIDS Res Hum Retroviruses. 2013;29(5):761-8. DOI: https://doi.org/10.1089/aid.2012.0214

25. Cofrancesco J Jr, Brown T, Martins CR. Management options for facial lipoatrophy. AIDS Read. 2004;14(12):639-40.

26. Tate H, George R. The effect of weight loss on body image in HIV-positive gay men. AIDS Care. 2001;13(2):163-9. DOI: https://doi.org/10.1080/09540120020027323

27. Reynolds N, Diamantopoulos A, Schiegelmilch B. Pretesting in questionnaire desing: a review of the literature and suggestions for future research. Int J Market Res. 1993;35(2): 171-82. DOI: https://doi.org/10.1177/147078539303500202

28. Abel G, Thompson L. “I don’t want to look like an AIDS victim”: A New Zealand case study of facial lipoatrophy. Health Soc Care Community. 2018;26(1):41-7. DOI: https://doi.org/10.1111/hsc.12459

29. Williamson H, Wallace M. When treatment affects appearance. In: Runsey N, Harcour D. The Oxford handbook of the psychology of appearance. Reino Unido: Oxford University Press, 2012; p.414-38.

30. Rzeszutek M, Gruszczy?ska E. Posttraumatic growth among people living with HIV: a systematic review. J Psychosom Res. 2018;114:81-91. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jpsychores.2018.09.006

31. Carr T, Moss T, Harris D. The DAS24: A short form of the Derriford Appearance Scale DAS59 to measure individual responses to living with problems of appearance. Br J Health Psychol. 2005;10(Pt 2):285-98. DOI: https://doi.org/10.1348/135910705X27613

32. Campana ANNB, Tavares MCGCF. Avaliação da imagem corporal: Instrumentos e diretrizes para a pesquisa. São Paulo: Phorte, 2009.

33. Beaton DE, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Recommendations for the Cross-Cultural adaptation of Healthy Status Measures. American Academy of Orthopaedic Surgeons and Institute for Work & Health, 1998.

34. Malhotra NK. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. Porto Alegre: Bookman, 2008.

35. Reynolds NR, Neidig JL, Wu AW, Gifford AL, Holmes WC. Balancing disfigurement and fear of disease progression: patient perceptions of HIV body fat redistribution. Aids Care. 2006;18(7):663-673. DOI: https://doi.org/10.1080/0954012050028705

36. Zangirolami-Raimundo J, Echeimberg JO, Leone C. Research methodology topics: Cross-sectional studies. J Hum Growth Dev. 2018;28(3):356-360. DOI: http://dx.doi.org/10.7322/jhgd.152198

37. DeVellis RF. Scale development: theory and applications. 2 ed. Thousand Oaks: Sage Publications, 2003.

38. Clark LA, Watson D. Constructing validity: basic issues in objective scale development. Psychol Assessment. 1995;7(3):309-19. DOI: http://dx.doi.org/10.1037/1040-3590.7.3.309

39. Hair JR, Anderson RE, Tatham RL, Black WC. Análise Multivariada de Dados. 6.ed. Porto Alegre: Bookman, 2009.

40. Nunnally JC, Bernstein IH. Psychometric theory. 3rd ed. New York: McGraw-Hill, 1994.

41. Zeman AZ, Grayling AC, Cowey A. Contemporary theories of consciousness. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 1997;62(6):549-552. DOI: http://doi.org/10.1136/jnnp.62.6.549

42. Moreira H, Canavarro MC. The Portuguese version of the Derriford Appearance Scale – 24. Department of Psychology, Faculty of Psychology and Education Sciences, Coimbra, Portugal: 2007.

43. VandenBos GR. APA Dictionary of psychology. Washington: American Psychological Association, 2007.

44. Ferreira L, Neves AN, Campana MB, Tavares MCGCF. Guia da AAOS/IWH: sugestões para adaptação transcultural de escalas. Aval Psicol. 2014;13(3):457-61.

45. Moss TP, Lawson V, Liu CY. The Taiwanese Derriford Appearance Scale: The translation and validation of a scale to measure individual responses to living with problems of appearance. Psych J. 2015;4(3):138-45. DOI: https://doi.org/10.1002/pchj.91

46. Sousa P, Gaspar P, Fonseca H, Hendricks C, Murdaugh C. Health promoting behaviors in adolescence: validation of the Portuguese version of the Adolescent Lifestyle Profile. J Pediatr (Rio J). 2015;91(4):358-65. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2014.09.005

47. Khalaila R. Translation of questionnaires into arabic in cross-cultural research: techniques and equivalence issues. J Transcult Nurs. 2013;24(4):363-70. DOI: https://doi.org/10.1177/1043659613493440

Publicado

2019-11-05

Edição

Seção

ORIGINAL ARTICLES