“Os professores não sabiam o que fazer comigo!”
reflexões interseccionais de uma mulher negra com deficiência
DOI:
https://doi.org/10.36311/2236-5192.2022.v23n1.p27Palavras-chave:
Deficiência, Intersecções, CapacitismoResumo
Este estudo, de cunho qualitativo, teve como objetivo analisar as intersecções entre gênero, deficiência e raça/etnia que compõe aspectos identitários de uma mulher negra com deficiência, acadêmica do curso de pedagogia. Nesse sentido, buscou-se refletir sobre as seguintes questões centrais: De que maneira as questões de gênero, raça/etnia e deficiência produziram e produzem aspectos identitários na trajetória de vida desta mulher? Como os estudos feministas da deficiência podem contribuir para a compreensão das intersecções entre gênero, deficiência, raça/etnia do ponto de vista analítico e político? No que se refere ao instrumento de coleta de dados, optou-se pela utilização de uma entrevista semiestruturada, dialógica, com perguntas abertas, respondidas por áudios de WhatsApp em função do momento pandêmico causado pelo vírus Covid-19. Ao longo do percurso investigativo percebeu-se que o capacitismo ancora todos os sistemas interdependentes e interconstitutivos de exclusão e opressão, juntamente com o racismo, sexismo, constituem a narrativa da participante, estando presente nos mais diversos espaços e âmbitos, relatados a partir de suas experiências e vivências. As reflexões aqui desenvolvidas, apontaram para importância da transversalidade da deficiência nas políticas de gênero e na necessidade de incorporação dos debates sobre esta temática na história dos feminismos de forma interseccional.
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