Dos imperativos político-morais da desnaturalização dos “Fluxos Migratórios” e da corporificação de quem migra andando
visualidades das caravanas na América Central
DOI:
https://doi.org/10.36311/2237-7743.2023.v12n2.p261-280Palavras-chave:
migrações andadas; caravanas; corporificação; visualidades; América CentralResumo
A naturalização do Estado e de suas fronteiras e, por consequência, das migrações, tratadas como fluxos fluidos, resultam em uma noção de inevitabilidade desse imaginário político objetivamente fronteirizado e na descorporificação de quem migra. Essas duas naturalizações se unem no processo em que a criação de infraestruturas aplicadas às fronteiras resulta, por sua vez, em um regime de mobilidade profundamente desigual. É possível dizer que os fluxos migratórios, ao serem compreendidos como tal, ocultam certos corpos e as formas como toda uma geoinfraestrutura os afeta não uniformemente. O presente artigo se propõe a adotar uma visão corporificada da migração, centrada nas travessias andadas migrantes, a fim de compreender como a chamada “crise migratória”, tida como ameaça à soberania estatal, advém justamente da erotização desse imaginário político e das tecnologias (re)estruturadas no sentido de mantê-lo. Observando as caravanas andadas da América Central, em via crucis para os Estados Unidos, buscaremos conferir visibilidade a aspectos ocultados dessa migração, propondo visualidades mais pluralizadas da atividade de migrar.