Pode o pessoal ser mais que político? Resistências ao reconhecimento da cientificidade do feminismo e reflexões à luz da teoria dos campos de Pierre Bourdieu
DOI:
https://doi.org/10.36311/2236-5192.2023.v24.e023015Palavras-chave:
Feminismo, Campo, Ciência, ResistênciaResumo
O presente artigo, confeccionado por meio de pesquisa bibliográfica, objetiva, por meio de uma leitura historicizada, analisar as resistências ao reconhecimento da cientificidade do feminismo por parcela das feministas e dos acadêmicos brasileiros à luz da teoria dos campos do sociólogo francês Pierre Bourdieu. Para que se compreenda melhor o tema central, desenvolve-se inicialmente uma narrativa sucinta acerca do histórico do feminismo e seu percurso pelos campos social, político e científico. Como resultado do diálogo estabelecido com a teoria de Bourdieu, tem-se que são naturais as resistências ao reconhecimento da cientificidade do feminismo nos campos feminista e acadêmico brasileiros, pois os agentes que integram tais campos estão em disputa permanente por posições privilegiadas e a negação ou inferiorização do novo e do distinto figuram como estratégias, ainda que inconscientes, para manutenção da dominância. A despeito de tais resistências, é inegável o acúmulo de atributos científicos para a legitimação acadêmica do feminismo no Brasil, o que corrobora a ênfase de Bourdieu no fato de que os campos não são estáticos, estando em constante mutação.
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