Pensamento pós-colonial, gênero e poder em María Lugones

multiplicidade ontológica e multiculturalismo

Autores

  • Guilherme Paiva de Carvalho Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

Palavras-chave:

Gênero, Poder, Colonialismo, Multiculturalismo

Resumo

O artigo objetiva refletir sobre as concepções de gênero, poder, multiplicidade e multiculturalismo, em María Lugones, analisando o modo como sua teoria se associa ao pensamento pós-colonial. Para tanto, aborda a perspectiva do pensamento pós-colonial e a noção de colonialidade do poder, considerando o sistema moderno/colonial de gênero. As teorias pós-coloniais criticam o paradigma epistemológico do Ocidente e a hierarquização baseada na distinção entre humanos e não humanos, colonizador e colonizado. Em sua análise do sistema moderno/colonial, María Lugones introduz a ideia de gênero na reflexão acerca das relações de poder. A teoria de Oyèronké Oyӗwùmí é uma referência para María Lugones, que desenvolve uma concepção de intersecção de raça, classe, gênero e sexualidade, propondo um feminismo decolonial baseado na identificação de formas de resistência e coalizão para emancipação.

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Biografia do Autor

Guilherme Paiva de Carvalho, Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

Pós-Doutor em Ciências Sociais pelo Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais da Universidade de Évora (UÉvora), Évora – Portugal. Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação em Ensino (UERN/UFERSA/IFRN), do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais e Humanas e Professor Colaborador do Programa Interinstitucional de Pós-Graduação em Ensino de Filosofia da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Mossoró. RN – Brasil.

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Recebido: 14/8/2020 - Aceito: 28/01/2021

Publicado

06-01-2022 — Atualizado em 23-06-2022

Como Citar

Carvalho, G. P. de. (2022). Pensamento pós-colonial, gênero e poder em María Lugones: multiplicidade ontológica e multiculturalismo. TRANS/FORM/AÇÃO: Revista De Filosofia Da Unesp, 45(Special Issue 2), 311–338. Recuperado de https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/transformacao/article/view/10803