A Tese da mente estendida à luz do externismo ativo

Como tornar Otto responsivo a razões?

Autores

Palavras-chave:

A tese da mente estendida, princípio da paridade, externismo ativo, marca da cognição, crenças responsivas

Resumo

A tese da mente estendida sustenta que alguns estados mentais e processos cognitivos se estendem para além do cérebro e do corpo do indivíduo. Itens externos ao organismo ou ações envolvendo a exploração ou manipulação do ambiente externo podem constituir, em parte, alguns estados mentais ou processos cognitivos. No artigo inaugural de Clark e Chalmers, “The Extended Mind”, essa tese recebe apoio do princípio da paridade e do externismo ativo. No artigo dos filósofos, é dada maior ênfase ao princípio da paridade, que é apresentado como neutro em relação à natureza da cognição. Seria uma vantagem que as extensões propostas não envolvessem uma reforma da nossa concepção pré-teórica de cognição. Neste artigo, proponho que maior ênfase seja dada ao externismo ativo, o qual não é neutro em relação à natureza da cognição. Embora esse movimento possa parecer desvantajoso, ele é necessário para a correta compreensão e defesa do caso Otto. O princípio da paridade não dá conta da crítica de Weiskopf de que os registros no caderno de notas de Otto não são responsivos a razões. Para responder a essa crítica, temos de mobilizar o externismo ativo e a consequente compreensão da cognição que ele envolve.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Eros Moreira de Carvalho, Universidade Federal do Rio Grande do Sul- UFRGS

Professor de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS- Brasil, e Bolsista de Produtividade do CNPq

Referências

ADAMS, Frederick; AIZAWA, Kenneth. The Bounds of Cognition. Philosophical Psychology, v. 14, n. 1, p. 43–64, 2010.

BUCKNER, Cameron; FRIDLAND, Ellen. What is cognition? angsty monism, permissive pluralism(s), and the future of cognitive science. Synthese, v. 194, n. 11, p. 4191–4195, 2017.

CARVALHO, Eros M. Socially Extending the Mind Through Social Affordances. In: CURADO, Manuel; GOUVEIA, Steven S (eds.). Automata’s Inner Movie: Science and Philosophy of Mind. Delaware: Vernon Press, 2019. p. 193–212.

CHALMERS, David. Extended Cognition and Extended Consciousness. In: COLOMBO, M; IRVINE, E.; STAPLETON, Mog (eds.). Andy Clark and His Critics. Oxford: Oxford University Press, 2019. p. 9–20.

CHERNIAK, Christopher. Rationality and the Structure of Human Memory. Synthese, v. 57, n. 2, p. 163–186, 1983.

CLARK, Andy. Finding the Mind. Philosophical Studies, v. 152, n. 3, p. 447–461, 2011. DOI 10.1093/analys/58.1.7.

CLARK, Andy. Mindware: An Introduction to the Philosophy of Cognitive Science. Second ed. Oxford: Oxford University Press, 2001.

CLARK, Andy; CHALMERS, David. The extended mind. Analysis, v. 58, n. 1, p. 7–19, 1998. DOI 10.1111/j.1467-9744.2009.01021.x.

COLOMBETTI, Giovanna; ROBERTS, Tom. Extending the extended mind: the case for extended affectivity. Philosophical Studies, v. 172, n. 5, p. 1243–1263, 2015.

FARKAS, Katalin. Two Versions of the Extended Mind Thesis. Philosophia, v. 40, n. 3, p. 435–447, 2012.

GALLAGHER, Shaun. The Extended Mind: State of the Question. The Southern Journal of Philosophy, v. 56, n. 4, p. 421–447, 2018.

GENDLER, Tamar S. Alief and Belief. Journal of Philosophy, v. 105, n. 10, p. 634–663, 2008.

GIGERENZER, Gerd. Axiomatic rationality and ecological rationality. Synthese, 2019.

HURLEY, Susan. Perception and action: Alternative views. Synthese, v. 129, p. 3–40, 2001.

JAPYASSÚ, Hilton F.; LALAND, Kevin N. Extended spider cognition. Animal Cognition, v. 20, n. 3, p. 375–395, 2017.

KIRCHHOFF, Michael D. Extended cognition and fixed properties: steps to a third-wave version of extended cognition. Phenomenology and the Cognitive Sciences, v. 11, n. 2, p. 287–308, 2012.

KIRSH, David; MAGLIO, Paul. On distinguishing epistemic from pragmatic action. Cognitive Science, v. 18, n. 4, p. 513–549, 1994.

KITCHER, Philip. The Division of Cognitive Labor. The Journal of Philosophy, v. 87, n. 1, p. 5, 1990.

KOZYREVA, Anastasia; HERTWIG, Ralph. The interpretation of uncertainty in ecological rationality. Synthese, 2019.

MCGINN, Colin. Charity, Interpretation, and Belief. The Journal of Philosophy, v. 74, n. 9, p. 521, 1977. DOI 10.2307/2025795.

MENARY, Richard. The Extended Mind. Cambridge, MA: The MIT Press, 2010.

NOE, Alva. Action in Perception. Cambridge, MA: The MIT Press, 2004.

ROWLANDS, Mark. The New Science of the Mind: From Extended Mind to Embodied Phenomenology. Cambridge, MA: The MIT Press, 2010.

SIMON, Hebert A. A behavioral model of rational choice. Quarterly Journal of Economics, v. 69, n. 1, p. 99–118, 1955.

THEINER, Georg; ALLEN, Colin; GOLDSTONE, Robert L. Recognizing group cognition. Cognitive Systems Research, v. 11, n. 4, p. 378–395, 2010.

VARGA, Somogy. Demarcating the Realm of Cognition. Journal for General Philosophy of Science, v. 49, n. 3, p. 435–450, 2018.

WAGENKNECHT, Susann. A social Epistemology of Research Groups. London: Palgrave Macmillan, 2016.

WEISKOPF, Daniel A. Patrolling the Mind’s Boundaries. Erkenntnis, v. 68, n. 2, p. 265–276, 2008.

WILSON, Andrew D.; GOLONKA, Sabrina. Embodied Cognition is Not What you Think it is. Frontiers in Psychology, v. 4, n. Fevereiro, p. 1–13, 2013.

Recebido: 16/02/2019 - Aceito: 24/02/2020

Publicado

10-09-2020 — Atualizado em 14-07-2022

Como Citar

Moreira de Carvalho, E. (2022). A Tese da mente estendida à luz do externismo ativo: Como tornar Otto responsivo a razões?. TRANS/FORM/AÇÃO: Revista De Filosofia Da Unesp, 43(3), 143–166. Recuperado de https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/transformacao/article/view/8734

Edição

Seção

Artigos e Comentários