O caráter substancial dos organismos vivos em Aristóteles

Autores

Palavras-chave:

Substância, Organismo vivo, Unidade, Independência Composicional, Aristóteles.

Resumo

Neste artigo, procurarei analisar os fatores envolvidos na determinação da natureza substancial do organismo vivo em Aristóteles. Tais fatores seriam, por um lado, a forte unidade e coesão interna composicional e, por outro, o elevado caráter de independência quanto às propriedades essenciais ou formais, relativamente às propriedades próprias dos componentes materiais por meio dos quais o organismo vivo vem a ser formado, ou relativamente aos outros tipos de particularidades de seres. Com esta análise, pretende-se, ao mesmo tempo, mostrar que, de um modo geral, a unidade do composto orgânico-animado é constituída por um complexo arranjo de camadas estratificadas (elementos, partes homogêneas, partes não homogêneas), no qual as camadas ou os tipos de composições materiais apresentam, entre si, um forte grau de interdependência. Tal interdependência entre as partes materiais, que formam uma rede composicional complexa e bem articulada, faz com que as propriedades essenciais ou formais do todo orgânico se diferenciem sobremaneira das propriedades essenciais dos tipos de componentes que integram esse todo, caracterizando, assim, o caráter substancial da composição orgânica.

Recebido: 27/6/2018
Aceito: 04/7/2019

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Rodrigo Romão de Carvalho, Universidade de São Paulo

Doutor em Filosofia pelo Departamento de Filosofia, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP).

Referências

ANGIONI, Lucas. O hilemorfismo como modelo de explicação científica na filosofia da natureza em Aristóteles. Belo Horizonte: Kriterion, vol. XLI, nº. 102, p. 136 – 164, 2000.

ARISTÓTELES. Aristotelis Opera. BEKKER, I-II. (ed.), Academia Regia Borussica, Vols. I-II, Berlim, 1831.

ARISTÓTELES. The metaphysics. Books I-IX.Trad.: H. Tredennick, London: The Loeb Classical Library, 1947.

ARISTÓTELES. Meteorologica.Trad.: H. D. P. Lee. London: The Loeb Classical Library, 1952.

ARISTÓTELES. On sophistical refutations. On Coming-to-be and Passing Away; On the Cosmos.Trad.: E. S. Foster, and D. J. Furley, London: The Loeb Classical Library, 1955.

ARISTÓTELES. Parts of animals. Movement of animals; Progression of animals. Trad.: A. L. Peck, London: The Loeb Classical Library, 1961.

ARISTÓTELES. Acerca del cielo. Meteorológicos. Trad. e notas de M. Candel, Madri: Biblioteca Clásica Gredos, 1996.

ARISTÓTELES. As partes dos animais. Livro I. Trad. e comentários de L. Angioni, Campinas: Cadernos de História e Filosofia da Ciência, vol. 9, série 3, n. especial, 1999.

ARISTÓTELES. Acerca de la generación y la corrupción. Tratados Breves de Historia Natural. Trad. e notas de E. La Croce, e A. B. Pajares, Madri: Biblioteca Clásica Gredos, 1998.

ARISTÓTELES. Partes de los animales; Marcha de los animales; Movimiento de los animales. Trad. e notas de E. J. Sánchez-Escariche, e A. A. Miguel, Madri: Biblioteca Clásica Gredos, 2000.

ARISTÓTELES. Metafísica. Trad. e notas de T. C. Martínez, Madri: Biblioteca Clásica Gredos, 2006.

BOGEN, James. Fire in the belly: Aristotelian elements, organisms, and chemical compounds. In: LEWIS, A. F; BOLTON R. (ed.) Form, Matter, and Mixture in Aristotle. . Oxford, UK: Blackwell Publishers, 1996, p. 183-215.

FURTH, Montgomery. Substance, form and psyche: an Aristotelian metaphysics. Cambridge: Cambridge University Press, 1988.

NUSSBAUM, Martha C. Aristotle on teleological explanation. In: NUSSBAUM, Martha C. Aristotle’s De motuanimalium text with translation, commentary, and interpretive essays. Princeton: Princeton University Press, 1985, p. 59-99.

PELLEGRIN, Pierre. Aristote, partes des animaux: Livre I, Paris - Introduction. GF-Flammarion, 1995.

WATERLOO, Sarah. Nature, change and agency in Aristotle’s Physics. Oxford: Clarendon Press, 1982.

WHITING, Jennifer E. Living bodies. In: NUSSBAUM, M; RORTY, A (eds.) Essays on Aristotle’s De anima. Oxford: Clarendon Press, 1992, p. 75-91.

Recebido: 27/6/2018 - Aceito: 04/7/2019

Publicado

30-06-2020 — Atualizado em 14-07-2022

Como Citar

Carvalho, R. R. de. (2022). O caráter substancial dos organismos vivos em Aristóteles. TRANS/FORM/AÇÃO: Revista De Filosofia Da Unesp, 43(2), 281–294. Recuperado de https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/transformacao/article/view/7967

Edição

Seção

Artigos e Comentários