RESENHA/REVIEW

Aléxia BRETAS[1]

MARCUSE Herbert. Collected Papers of Herbert Marcuse: Art and Liberation. Volume 4. Editor: Douglas Kellner. Londres e Nova Iorque: Routlegde, 2007. p.264.

A coletânea de artigos de Herbert Marcuse comemora em 2007 o lançamento de mais um volume: Art and Liberation. Originada de uma série de visitas empreendidas, a partir de 1989, por Douglas Kellner aos Arquivos Marcuse em Frankfurt, esta coletânea de artigos prevê o lançamento de seis volumes, cada um dos quais dedicado ao tratamento de um tema específico. Único impresso no Brasil, o primeiro engloba alguns textos escritos em colaboração com o governo norte-americano, e discute a relação entre a tecnologia, a guerra e o fascismo (MARCUSE, 1999). Já o segundo volume compreende trabalhos que destacam o comprometimento de Marcuse com o projeto frankfurtiano de construção de uma Teoria Crítica da sociedade e o terceiro deles reúne artigos que abordam o envolvimento do filósofo com a New Left nos anos 60 e 70. Ainda inéditos, o quinto volume discutirá o nexo entre filosofia, psicanálise e emancipação, e o sexto será dedicado ao marxismo, com destaque para os desdobramentos políticos das idéias de revolução e de utopia.

Recém publicado, o quarto tomo da série inclui boa parte dos textos estéticos de seu autor, além de conferências, diálogos, anotações, cartas e entrevistas concedidas sobre o mesmo tema. Com rigorosa introdução do editor (“Marcuse, Art and Liberation”, p.1-70) e posfácio assinado por Gerhard Schwenpenhäuser (“Art as Cognition and Remembrance: Autonomy and Transformation of Art in Herbert Marcuse's Aesthetics”, p.237-56), a publicação é, sem dúvida, de grande valor para a atualização dos estudos marcusianos – especialmente aqueles voltados para a discussão do estatuto das artes em seu programa filosófico-político.[2] Entre seus méritos principais destaca-se a reunião de artigos dispersos e, sobretudo, a divulgação de materiais inéditos do Arquivo Marcuse, em Frankfurt, bem como da coleção particular do autor radicada em San Diego – como o poema “On Inge’s Death”, e a breve correspondência trocada com Samuel Beckett. Além dos ensaios mais conhecidos – como “The Affirmative Character of Culture”, “Art in the One-Dimensional Society” e “Society as a Work of Art” – fazem parte desta bem cuidada compilação estética: as quase esquecidas “Jerusalem Lectures”; notas sobre o estado da arte para uma conferência no Conservatório de Música; fragmentos sobre Lukács, Goethe e Proust; correspondências endereçadas aos Surrealistas de Chicago; e ainda duas interessantes entrevistas intituladas “On the Aesthetic Dimension” e “The Philosophy of Art and Politics”, ambas de 1978.

O resultado não decepciona. A apresentação comentada dos textos escolhidos oferece importantes aportes para se corrigirem alguns graves malentendidos que, infelizmente, acompanham a recepção da obra marcusiana.[3] De acordo com Kellner, os comentadores tendem a oscilar entre dois extremos polares: ora exageram – positiva ou negativamente – o lugar assumido pela dimensão estética em sua experiência intelectual, ora subestimam seu significado para a articulação de sua produção teórica. Barry Katz, por exemplo, postula a centralidade do tema para uma correta interpretação do pensamento de Marcuse, e equipara a concepção estética do autor a uma “ontologia transcendental” (cf. KATZ, 1982). Timothy J. Lukes, por seu turno, concorda quanto à primazia ocupada pela arte em sua obra, mas responsabiliza uma certa recaída no “esteticismo” pelo malogro de seu projeto (LUKES, 1985). Já Charles Reitz divide a teoria estética de Marcuse em dois grandes blocos. Seu inovador Art, Alienation and the Humanities contrapõe os textos que defendem a “arte contra a alienação” daqueles que advogam a “arte como alienação”: enquanto escritos como “An Essay on Liberation” (1969) seriam emblemáticos daquela primeira categoria, outros como A dimensão estética (1977) representariam exemplarmente este último grupo (REITZ, 2000).

No entanto, apesar de reconhecer um recalcitrante viés “estetizante” que poderia, no limite, reverter-se em quietismo e introspecção, a introdução de Douglas Kellner chama atenção para a predominância de leituras reducionistas ou unilaterais dos textos do autor. Entre os lugares-comuns do “utopismo”, do “idealismo”, do “anacronismo”, da “falta de rigor” ou do suposto “déficit sociológico” de sua elaboração teórica, a tensão insolúvel entre a arte e a transformação social teria, afinal, perdido seu tônus práticopolítico. Nesse sentido, Kellner discorda abertamente de intérpretes que insistem em comparar os escritos de Marcuse aos de um Heidegger,[4] por exemplo, “uma vez que suas reflexões estéticas, desde o período do trabalho com o Instituto de Pesquisa Social na década de 30, são sempre relacionados a uma conjuntura histórica específica e imbricados em uma teoria crítica da sociedade, bem como na política radical” (p.22). Até por isso, o editor avalia que a preocupação com a dimensão estética ainda não foi adequadamente considerada e situada dentro da obra do filósofo como um todo. Ele pondera: “Conforme o leitor atento logo descobrirá, muitos dos melhores artigos de Marcuse sobre arte e estética não foram publicados, permanecendo relativamente desconhecidos durante sua vida” (p.3). E, em seguida, completa: “Espero que os textos e material interpretativos reunidos neste volume possam ajudar nesta tarefa” (p.3).

Sem dúvida alguma, a publicação de Art and Liberation é um grande passo neste sentido. Não por acaso, a abertura da coletânea coincide com o próprio début acadêmico de Marcuse: O romance do artista alemão. O primeiro texto da série corresponde à introdução de sua tese de doutoramento em literatura, escrita sob orientação de Philip Witkop, e defendida junto à Universidade de Freiburg, em 1922. Segundo Leo Löwenthal, o Instituto de Pesquisa Social e seus colaboradores – com os quais Marcuse trabalhara ao longo de aproximadamente quatro décadas[5] – nunca chegaram a discutir um só aspecto deste estudo de juventude. Ao que tudo indica, também seus pares norte-americanos não dispunham de quaisquer outras informações a respeito. Também por isso, Der deutsche Künsterroman é apontado como a fonte até certo ponto “desconhecida” de pelo menos um dos mais fecundos topoi marcusianos: aquele que trata da separação entre a arte e a vida.[6]

Marcuse pondera: “Na obra do artista romântico, o autor considera impossível vislumbrar qualquer satisfação potencial dentro do quadro das condições dadas”. E acrescenta: “Ele foge então para um outro plano, para uma terra dos sonhos idealizada, e constrói lá seu mundo poetizado de realização” (p.79). Legatário dos Cursos de Estética de Hegel, bem como de A alma e as formas e a A teoria do romance de Lukács,[7] o filósofo sustenta que Goethe, Keller e Mann teriam sido os únicos capazes de harmonizar os pólos “subjetivo-romântico” e “objetivo-realista” do Bildungsroman, ultrapassando a tendência dos autores estudados em defenderem o abandono da vida prosaica em nome do primado da arte propriamente dita. Por isso, malgrado as acusações de “esteticismo escapista”, seu trabalho não deve ser tomado, injustamente, como uma simples reafirmação tardia da visão de mundo (Weltanchauung) romântica, mas, antes, como prenúncio do investimento de Marcuse no potencial emancipatório de uma dimensão estética transformada.

Tanto que, alguns anos mais tarde, o próprio filósofo revisitaria a fratura entre a arte e a vida, agora, estimulado pelas discussões com Max Horkheimer a respeito do “falso idealismo” da cultura moderna. O resultado pode ser conferido no já célebre artigo publicado originalmente em 1937 pela Revista do Instituto de Pesquisa Social: “The Affirmative Character of Culture.”[8] Neste texto, Marcuse aponta a separação aristotélica entre o útil e o belo como origem de um duplo desdobramento: por um lado, abre caminho para a consolidação da práxis burguesa e, por outro, desloca a felicidade, a beleza e o conhecimento para uma esfera tida como “superior” – porém, esvaziada de seu substrato social. Donde o conceito de cultura derivado de tal cisão apresentar como marca registrada a promoção de um mundo melhor e “mais valioso” essencialmente distinto do plano da luta pela existência cotidiana. Ao acusar a estética idealista de resignação em face ao existente, Marcuse mostra porque a cultura afirmativa contribui para projetar e, simultaneamente, bloquear as novas condições sociais de vida. Ele resume tal aporia nos seguintes termos: “A destinação do homem a quem se nega a satisfação universal no mundo material é hipostasiada como ideal” (Marcuse, 2007, p.89). Por conta disso, a efetiva gratificação dos indivíduos só pode ser consumada, na prática, contra o idealismo, a partir de uma transformação nas condições materiais de existência – pressuposto para a consecução de “uma nova vida, de novas formas de trabalho e diversão” (Marcuse, 2007, p.90).

Redigido após um longo intervalo de exatos quarenta anos, o próximo texto da série defenderia o papel contestatório desempenhado pelas artes nos movimentos de protesto da juventude da época, confirmando uma fecunda hipótese de trabalho – a propósito, esboçada ainda em 1945, no ensaio sobre o surrealismo: aquela que investe na potência negativa da arte como seu vetor político, por excelência. Consternado pela assimilação das “forças revolucionárias” pelos dispositivos totalitários do “sistema de controles monopolistas” que tudo abrange, Marcuse, ainda neste ensaio, sustentaria: “A arte como instrumento de oposição, depende da força alienadora da criação estética: de seu poder em permanecer estranha, antagônica, transcendente à normalidade e, ao mesmo tempo, ser o reservatório das necessidades, faculdades e desejos reprimidos no homem” (Marcuse, 1999, p.270). Daí, por conta de sua função indissoluvelmente antagonística, ela “permanecer mais real do que a realidade da normalidade” (Marcuse, 1999, p.270).

Em todo caso, se em “Algumas considerações sobre Aragon” (1945), o autor apresenta a “Grande Recusa” como emblema de um certo “estranhamento” (Entfremdung) artístico-político imprescindível para uma mudança qualitativa na vida social, em “Art in the One-Dimensional Society” (1967) ele ratifica sua aposta “romântica”[9] na vocação radicalmente negativa e libertadora das artes como “a única linguagem revolucionária restante hoje” (Marcuse, 2007, p.113). Conforme defende Marcuse, o regime artístico talvez possa ser tomado como o único medium – ainda que precário – capaz de conectar as condições materiais do presente às esperanças “utópicas” no futuro. Assim, enquanto meio privilegiado de comunicação, a dimensão estética teria se convertido em um fator de suma importância na construção de uma outra realidade, livre das determinações e automatismos da percepção danificada pelo regime estandardizante da cultura de massas encampado pela sociedade unidimensional.

Do ponto de vista teórico, Marcuse confirma sua distância tanto de uma ontologia da obra de arte à la Heidegger, quanto da hispostasia irracionalista da imaginação à la Breton e Aragon,[10] tratando o “estético” como categoria insoluvelmente “existencial” e “sociológica”. Ao antecipar uma pregnante hipótese de trabalho – a propósito, desenvolvida no próximo artigo da coletânea, “Society as a Work of Art[11] – o filósofo se pergunta: “Teria chegado o tempo de unir as dimensões estética e política, preparando as bases em pensamento e ação para fazer da sociedade uma obra de arte?” (p.118). Aqui, Marcuse faz uma ressalva certamente fundamental para legitimar seu afastamento, também, do corolário marxista-ortodoxo que identifica arte à mera ideologia. De acordo com a argumentação marcusiana, não se trata de forçar uma apologia vulgar da politização da criação artística, ou mesmo da representação do exercício político como símile da experiência estética; mas, antes, de fomentar as pré-condições requeridas para o suporte de novos modos de sensibilidade necessários para potencializar “formas de vida” substancialmente distintas daquelas autorizadas pelo status quo e seus aparatos de coerção. Tanto que, depois de designar como um “conceito monstruoso” a arte imeditamente política, o autor postula: “Toda tentativa de explicar as categorias estéticas nos termos de sua aplicação à sociedade, ou à construção de um ambiente social, sugere quase inevitavelmente a fraude das campanhas de embelezamento ou o horror do realismo soviético” (Marcuse, 2007, p.118).

Não é, pois, casual que, já em 1978, a conversa com Richard Kearney resuma grande parte do desconforto relativamente consensual entre seus leitores e intérpretes. Este último provocaria: “Sendo um pensador marxista de renome internacional, e mentor inspiracional das revoluções estudantis dos anos 60, tanto nos EUA quanto na Europa, o senhor confundiu a muitos ao se voltar primariamente para as questões estéticas em seus trabalhos recentes. Como desejaria explicar ou justificar tal virada?” (Kearney in Marcuse, 2007, p.225). Em sua réplica, Marcuse reitera o papel da dimensão estética na constituição de uma outra mediação social. E insiste: “A arte nunca deve se tornar direta e imediatamente um fator de práxis política” (Marcuse, 2007, p.226). Deste modo, seu tão vilipendiado tratamento tardio da tese da “permanência da arte” não resulta simplesmente paradoxal, inconsistente, ou mesmo “retrógrado” em relação à postura “progressista” adotada em obras anteriores – como Eros and Civilization (1955) e An Essay on Liberation (1969). Pelo contrário. É ainda em nome da coerência com sua orientação filosófica irredutivelmente prático-política que Marcuse, em A dimensão estética (1977), iria se posicionar – a despeito da empedernida ortodoxia marxista[12] – contra a subsunção da arte pelos dispositivos unidimensionalizantes da cultura de massas, defendendo a autonomia da forma estética como avalista de seu potencial “revolucionário”. Razão pela qual o vínculo entre o regime artístico e a possibilidade de uma mudança social qualitativa se preserva – malgrado as controvérsias – produtivo, dos primeiros aos últimos trabalhos. Art and Liberation é uma excelente prova disso.

Referências bibliográficas

ABROMEIT, John. “Herbert Marcuse's Critical Encounter with Martin Heidegger (1927-1933)”. In: ABROMEIT & COBB, 2004.

ABROMEIT, John & COBB, W. Mark (Org.). Herbert Marcuse: a Critical Reader. Nova York; Londres: Routledge, 2004.

BOKINA, John & LUKES, Timothy J. (Org.). Marcuse: From the New Left to the Next Left. University of Kansas Press, 1994.

CLAUSSEN, Detlev. “The American Experience of the Critical Theorists”. In:

ABROMEIT & COBB, 2004.

COBB, W. Mark. “Diatribes and Distortions: Marcuse's Academic Reception”. In:

ABROMEIT & COBB, 2004.

FEENBERG, Andrew. “Heidegger and Marcuse: the Catastrophe and Redemption of Technology”. In: ABROMEIT & COBB, 2004.

JAMESON, Frederic. “Versions of a Marxist Hermeneutic: Marcuse and Schiller”. In:Marxism and Form. New Jersey: Princeton University Press, 1974.

KANGUSSU, Imaculada. “Sobre a alteridade do artista em relação ao mundo que o cerca, segundo Herbert Marcuse”. Kriterion, vol. 46, n.112, 2005.

KELLNER, Douglas. Herbert Marcuse and the Crisis of Marxism. Berkeley-Los Angeles: University of California Press, 1984.

________. Critical Theory, Marxism and Modernity. Baltimore: The Johns Hopkins University Press, 1989.

________. “A Marcuse Renaissance?”. In: BOKINA & LUKES, 1994.

KATZ, Barry. Herbert Marcuse: Art of Liberation. London and New York: Verso, 1982.

JANSEN, Peter-Erwin. “O processo de Habilitação de Marcuse – uma odisséia” e “Herbert Marcuse/Martin Heidegger: Correspondência”. In: LOUREIRO, 1999.

LOUREIRO, Isabel (Org.). Herbert Marcuse: a Grande Recusa Hoje. Petrópolis: Vozes, 1999.

________. “Herbert Marcuse: anticapitalismo e emancipação”. Trans/Form/Ação, Marília, v.28, n.2, 2005.

LÖWY, Michael. “Figuras do Romantismo Anticapitalista”. In: LÖWY, Michael & SAYRE, Robert. Romantismo e Política. São Paulo: Paz e Terra, 1993.

________. “Marcuse and Benjamin: the Romantic Dimension”. Telos 44, Summer 1980, p.25-34.

LUKÁCS, Georg. “Os anos de aprendizado de Wilhem Meister como tentativa de uma síntese”. In: LUKACS. A teoria do romance. São Paulo: Ed. 34, 2006.

LUKES, Timothy. The Flight into Inwardness. London-Toronto: Susquehanna University Press, 1985.

MAAR, Wolfgang Leo. “Marcuse: em busca de uma ética materialista”. In: MARCUSE, 1997.

MARCUSE, Herbert. Collected Papers of Herbert Marcuse. Volume 1: Technology, war and fascism. Volume 2: Towards a critical theory of society. Volume3: The new left and the 60s. Volume 4: Art and liberation. Editor: Douglas Kellner.London-New York: Routledge, 1998-2007.

________. Tecnologia, guerra e fascismo: coletânea de artigos de Herbert Marcuse.São Paulo: Editora UNESP, 1999.

________. A dimensão estética. Lisboa: Edições 70, 2000.

________. “Sobre o caráter afirmativo da cultura”. In: Cultura e sociedade. Vol. 1.São Paulo: Paz e Terra, 1997.

________. Eros e civilização: uma interpretação filosófica do pensamento de Freud.Rio de Janeiro: LTC. 1999.

MÉSZÁROS, István. “Os dilemas da 'Grande Recusa' de Marcuse”. In: O poder da ideologia. São Paulo: Boitempo, 2004. p.203-10.

REITZ, Charles. Art, Alienation, and the Humanities. Albany and New York: State University of New York Press, 2000.

ROSEMONT, Franklin. “Herbert Marcuse and the Surrealist Revolution”. Rev. Arsenal 4, 1989. Disponível em: <http://www.marcuse.org/herbert/pubs/70spubs/ 73surreal/arsenalindex.htm>. Acesso em: set/2007.

SOARES, Jorge Coelho. Marcuse no Brasil: entrevistas com filósofos. Londrina:

EDUEL, 1999.

VAISMAN, Ester. “A leitura marcuseana de Marx: algumas aproximações”. CD-ROM Colóquio Dimensão Estética: homenagem aos 50 anos de Eros e Civilização.Belo Horizonte: Associação Brasileira de Estética, 2006.

WIGGERSHAUS, Rolf. “Herbert Marcuse”. A Escola de Frankfurt: história, desenvolvimento teórico, significação política. Rio de Janeiro: Difel, 2002.



[1] Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade de São Paulo-USP sob orientação de Olgária Chaim Feres Matos e com financiamento da FAPESP.Resenha recebida em set/07 e aprovada em dez/07.

[2] A respeito da importância dos materiais encontrados nos arquivos de Herbert Marcuse para uma possível revitalização do pensamento do autor, veja KELLNER, 1994.

[3] Sobre as vicissitudes que envolvem a problemática recepção do filósofo, veja COBB, 2004. Sobre a recepção marcusiana no Brasil, veja SOARES, 1999.

[4] Sobre os pontos de contato e afastamento entre os dois autores cf. JANSEN, 1999; WIGGERSHAUS, 2002; ABROMEIT, 2004; e FEENBERG, 2004.

[5] Sobre a participação de Marcuse na elaboração programática de uma Teoria Crítica da sociedade, cf. Marcuse, vol.2, 1998-2007; WIGGERSHAUS, 2002; e CLAUSSEN, 2004.

[6] A esse respeito, vale conferir KANGUSSU, 2005.

[7] Ratificando a influência do jovem Lukács em sua apreciação do romance do artista alemão em geral, e de Goethe, em particular, vale conferir este último em LUKÁCS, 2006, p.138-50.

[8] O texto em questão é publicado originalmente em alemão como “Über den affirmativen Charakter der Kultur”. Vale lembrar que o artigo encontra-se disponível também em português em tradução de Wolfgang Leo Maar, MARCUSE, 1997.

[9] Acerca da consideração da obra de Marcuse sob a perspectiva marxista de um certo “romantismo anticapitalista”, veja LÖWY, 1993; e LÖWY, 1980.

[10] Sobre as significativas afinidades entre Marcuse e o movimento surrealista, vale conferir também Franklin Rosemont, que pontua seu intercâmbio intelectual com Herbert Marcuse e chama atenção para os pontos de contato e distanciamento entre os dois (ROSEMONT, 1989).

[11] O referido artigo é originalmente apresentado em alemão na Terceira Conversação sobre o Humanismo de Salzburg, em agosto de 1967, publicado pelo periódico austríaco Neues Forum XIV/1678 (863-6). Ver MARCUSE, XXX, p.123-29.

[12] A esse respeito, no prefácio de A dimensão estética, Marcuse garante: “Este ensaio pretende contribuir para a estética marxista, mediante a impugnação de sua ortodoxia predominante” (MARCUSE, 2000, p.11). Sobre a inscrição do pensamento de Marcuse no horizonte mais amplo de uma tradição “marxista”, sob diferentes perspectivas interpretativas, veja. KELLNER, 1984; KELLNER, 1989; BOKINA & LUKES, 1994; JAMESON, 1974; MÉSZÁROS, 2004; MAAR, 1997; LOUREIRO, 2005; e VAISMAN, 2006.