CLASSIFICAÇÕES DE SIGNOS DE C.S.PEIRCE – DE ‘ON THE LOGIC OF SCIENCE’ AO ‘SYLLABUS OF CERTAIN TOPICS OF LOGIC’
João QUEIROZ[1]
■ RESUMO: As classificações dos signos de C.S.Peirce começam a ser desenvolvidas em 1865 e se estendem a até, pelo menos, 1909. Vou apresentar o período que tem início em 1865, e possui dois momentos de intensa produção –“On a New List of Categories” e “On the Algebra of Logic: a contribution to the philosophy of notation”. Em seguida apresento as dez classes de signos, uma morfologia que aparece no “Syllabus of Certain Topics of Logic”, e é desenvolvida a partir de 1903. Meu propósito aqui é familiarizar o leitor com as intrincadas classificações sígnicas de Peirce.
■ PALAVRAS-CHAVE: Signo; Classificações dos signos; Peirce.
Qual a principal dificuldade para apresentar as classificações de signos de Charles Sanders Peirce, dos anos 1860 até as cartas trocadas com Lady Welby, entre 1903 e 1911, e William James, 1909 (Peirce, 1994, par.8.313; idem, 1998, p.492-502)? A teoria do signo começa a ser desenvolvida em 1865 (“Harvard Lectures”, idem, 1984, t.1, p.162), em um período “juvenil” (Freadman 2001a) que antecede a preparação de “On a New List of Categories” (Peirce, 1984, t.2, p.49, idem, 1994, par.1.545, 1867), e se estende até 1909. Não há consenso, entre os especialistas, se observamos uma teoria gradualmente ampliada, ou se há alterações fundamentais em seu desenvolvimento. Há controvérsia, inclusive, sobre se as diversas modificações – a divisão do objeto (dinâmico/imediato) (idem, 1994, par.8.314), as diversas divisões do interpretante (idem, par.8.343), os diferentes padrões de organização das dez tricotomias (sessenta e seis classes) (Farias & Queiroz 2003, 2004, 2006; Queiroz 2006, 2004) – alteram de modo crucial as primeiras construções.
Para Murphey (1993, p.3), o sistema arquitetônico filosófico de Peirce é “continuamente reconstruido a partir de dentro”, por novos métodos e modelos. Mas sabemos que muitas das concepções que baseiam suas classificações sígnicas permaneceram inalteradas em sua obra. Segundo Savan (1987-88, p.125), as mudanças “são expansões de uma teoria fundamental. Muitas das teses essenciais permaneceram não afetadas pelas mudanças que Peirce introduziu depois de 1867-1868.” Trata-se de um lugar comum dizer que a obra de Peirce é um exemplo de “work in progress”; é, portanto, uma boa idéia dividi-la cronologicamente. Muitos comentadores propuseram periodizações para destacar diferentes aspectos. Fisch (1986) dividiu sua obra em três grandes períodos: Cambridge (1851-1870), cosmopolita (1870-1887), Arisbe (1887-1914). Deledalle (1990) segue a divisão de Fisch, renomeia as fases correspondentes – “Leaving the Cave, The Eclipse of the Sun, The Sun Set Free” – e destaca diferentes aspectos de cada fase. Murphey (1993), mais interessado em sua lógica, divide seu pensamento em quatro períodos: (i) fase Kantiana (1857-1865/66), (ii) descoberta da irredutibilidade das três figuras silogísticas (1866-1869/70), (iii) desenvolvimento da lógica das relações (1870-1883), (iv) descoberta dos quantificadores e teoria de conjuntos (1884-1914). Há ainda a sugestão de Houser (1992, p.xxiv), que segue outro esquema de Fisch (1986: 84-200), e divide sua obra conforme a tranformação de uma fase quase-nominalista em um período de realismo radical. Segundo Fisch, encontramos duas fases até 1872 (a primeira vai até 1868), quando Peirce apresenta a tese pragmatista no Clube Metafísico, em Cambridge. As fases seguintes são divididas em dois períodos: pré-Monista (1872-1890) e Monista (1891-1914).[2]
Mas poucas divisões históricas foram propostas sobre sua teoria do signo. Fisch (1986, p.321-55) sugere a seguinte divisão: (i) “primeira fundação” (1865-1869); (ii) 1877-79, (iii) 1879-1883, (iv) 1898-1911. A proposta de Freadman (2001 a,b), com a que estou de acordo, está atenta aos desenvolvimentos do Pragmatismo, e tem seu foco no advento de novas “tricotomias”. Liszka (1996: 34) sugere uma divisão em quatro períodos, que correspondem a quatro diferentes classificações, que ele chama de “original”, “interim”, “expandida”, e “final”. Os períodos que, creio, devem orientar uma cronologia são: (I) de formação, que começa em torno de 1865 e se estende até 1903, e possui ao menos dois momentos de intensa produção – “On a New List of Categories” (Peirce, 1994, par.1.545) e “On the Algebra of Logic: a contribution to the philosophy of notation” (idem, par.3.359); (ii) de experimentação com as tricotomias, em 1903 (idem, 1998, p.267-200); (iii) e um último período, também de intensa experimentação com as tricotomias e com a teoria do interpretante, entre 1905 e 1909 (idem, 1998, p.477-91).
Em 1865, Peirce faz uma série de conferências em Harvard – “On the Logic of Science” (idem, 1984, t.1, p.162-302). Aparecem nestas conferências muitos dos tópicos mais recorrentes em sua obra, entre os quais: a filosofia de Kant, a teoria da probabilidade e a álgebra de Boole. Na segunda parte da primeira conferência, Peirce descreve uma abordagem não-psicológica da lógica e propõe, a partir da identificação que Locke faz da lógica com a semiótica, sua própria versão, ampliada, dessa identificação. Neste ponto, confere à lógica a tarefa de investigar três tipos de representações, por meio de uma simbolística. A tarefa da lógica não é “considerar como um objeto, ou uma idéia, podem ser apresentados, mas como podem ser representados” (idem, t.1, p.163), algo cujas linhas básicas serão definidas em “On a New List of Categories” – lógica revisada por uma abordagem semiótica (Apel 1995; Freadman 2004, p.7). Depois de desenvolver diversos argumentos a favor de uma visão da lógica dissociada da psicologia, Peirce propõe uma definição de lógica como “ciência das representações em geral”, e restringe seu escopo de atuação a certos “tipos de representação”: “A semelhança de um retrato com seu objeto, por exemplo, não é uma verdade lógica”. Aqui, Peirce sugere uma divisão tricotômica de gêneros de representação, conforme as relações com seus objetos: “É necessário dividir os gêneros de representação conforme os diferentes modos em que podem estar de acordo com seus objetos” (Peirce, 1984, t.1, p.169).
Esta é, provavelmente, a primeira classificação triádica formulada por Peirce: “O primeiro e mais simples tipo de verdade é a semelhança de uma cópia. Ele pode, aproximadamente, consistir em uma similitude de predicados” (idem, t.1, p.170). Logo conclui que a lógica não pode tratar de cópias: “O segundo tipo de verdade é a denotação de um signo de acordo com uma convenção prévia” (ibidem). Denotação refere-se aqui a objetos individuais, concepções individuais, atos individuais, e “signos, neste sentido estrito, não são tratados na lógica porque a lógica lida somente com termos gerais”(ibidem); “o terceiro tipo de verdade, ou acordo de uma representação com seu objeto, é aquele que inere na própria natureza da representação, seja original ou adquirida esta natureza. A esta representação eu dou o nome de símbolo” (ibidem). Na oitava palestra (“Forms of induction and hypothesis”, idem, t.1,p.256), a mesma classificação é assim apresentada:
Encontramos representações de três tipos – Signos, Cópias, Símbolos. Por uma cópia, eu quero indicar uma representação cuja concordância com seu objeto depende meramente de uma similitude de predicados. Por um signo, eu quero indicar uma representação cuja referência a seu objeto é fixado por convenção. Por um símbolo eu me refiro a algo sobre o qual o ser é apresentado à mente – sem qualquer semelhança com seu objeto e sem qualquer referência a uma convenção prévia – um conceito.
Em seguida, Peirce divide as condições às quais se sujeitam os símbolos e associa cada uma a uma ciência correspondente: (i) Gramática formal, ou “ciência das leis gerais das relações dos símbolos com logoi”, (ii) Lógica, ou “ciência das leis gerais de suas relações com os objetos”, (iii) Retórica geral, ou “ciência das leis gerais de suas relações com outros sistemas de símbolos”.
No manuscrito “Teleological Logic”, de 1865 (idem, t.1, p.303-4) aparece, além de uma lista de definições (lógica, simbolística, semiótica, representação, “coisa”), uma classificação de representações divididas de acordo “com suas verdades ou coincidência com seus objetos”, em um domínio de leis gerais da lógica: (i) signos: “representações em virtude de uma convenção”, (ii) símbolos: “representações em virtude de sua natureza natural ou adquirida”, (iii) cópias: “representações em virtude de uma similaridade de predicados”.
Para completar a pré-história de “On a New List of Categories”, devese mencionar a série de doze palestras ministradas por Peirce, no Lowell Institute, em Boston, 1866 (idem, t.1, p.358). Os principais tópicos de sua semiótica já estão, seminalmente, nos “Lowell Lectures”, especialmente na palestra IX proferida em novembro de 1866 (idem, t.1, p.471-88): uma teoria do símbolo, de diferentes formas de relação entre os termos da tríade, uma definição quase-formal do interpretante que privilegia a noção de “relação”, uma explicação do método de separação mental que permite estabelecer as relações de dependência entre concepções (I, it, thou), e entre os termos da tríade sígnica.
Mas é no artigo “On a New List of Categories” (idem, 1994, par.1.545; idem, 1984, t.2, p.49) que Peirce sistematiza as idéias que irá desenvolver em diferentes domínios – teóricos, formais, algébricos, diagramáticos – por mais de 40 anos. O artigo é a “pedra de fundação” da teoria das categorias. Muitos autores têm enfaticamente apontado para o fato de que as divisões e subdivisões da semiótica dependem diretamente das categorias e do modo como podem ser combinadas – “A semiótica de Peirce, mais do que qualquer outro aspecto de seu trabalho, é baseado em suas três categorias, Primeiridade, Secundidade e Terceiridade” (Savan 1987-88, Introdução). Para Nauta (1981, p.121), “cada fragmento da obra de Peirce está impregnado com [as categorias], estruturado por elas, e muito frequentemente obscurecido por elas.” Estão entre os fragmentos a que Nauta se refere, e cujos desdobramentos são cruciais para uma compreensão detalhada da teoria do signo: (I) distinção entre relações genuínas e degeneradas, (ii) irredutibilidade das relações, (iii) princípio de dependência entre as relações (um princípio que afeta a ordem das tricotomias, nas classificações sígnicas, e que determina as relações de pressuposição entre as classes de signos).
Segundo Fisch (1986, p.324), a partir deste artigo, as categorias (Qualidade, Relação, Representação) funcionam como um poderoso “princípio orientador”, e são usadas para distinguir: tipos de representações (ícones, índices e símbolos); tipos (trivium) de ciências concebíveis (gramática formal, lógica, e retórica formal); tipos gerais de símbolos – termos, proposições, e argumentos; tipos de argumento – hipótese, indução, dedução. Muitos autores têm destacado o papel do artigo como responsável por uma radical reconcepção da lógica como semiótica – “[Lógica] passa a ser definida em dois sentidos: em um sentido amplo, é sinônimo de semiótica, em outro sentido, é uma teoria geral das inferências” (Ransdell 1983: 11). Para Murphey (1993, p.106), no artigo “os fenômenos da experiência são concebidos como representação e estão conectados com outros através de relações representativas.” Ao fim dele, três classes de signos são descritas: símbolos, índices, ícones (likeness). A questão central aqui diz respeito à síntese das impressões em uma “unidade cognitiva”, a “unidade da proposição” (ibidem), que é analisada em termos de “comparação” (Peirce, 1994, par.1.553), como um efeito de “comparação”: “A psicologia empírica tem estabelecido que podemos conhecer uma qualidade apenas por seu contraste ou similaridade com outra qualidade. Por contraste, e acordo, uma coisa refere-se a um correlato” (idem, par.1.552).
Evidências indicam que há três tipos de comparação: concorrência, oposição e imputação de uma qualidade. Estes tipos são usados para distinguir a divisão “ícone (likenesses)/índice/símbolo”, a última das quais no escopo de interesse da lógica (idem, par.1.559). Os exemplos que satisfazem esta divisão (idem, par.1.553, 1.558) são: comparação de “b” e “p”, relação “assassino e assassinado”, imputação de uma propriedade às palavras “man” e “homme”. Mas o que é uma comparação? Quando, ao interpretar um signo, outro signo, do mesmo objeto, é produzido, isto é uma comparação. Esta operação (“mediating representation”) define a natureza do “interpretante”, seu mecanismo sendo comum às três classes: o ícone é uma representação “cuja relação com seu objeto é uma mera comunidade de alguma qualidade”; o índice é uma representação cuja “relação com seu objeto consiste em uma correspondência de fato”; o símbolo é uma representação cujo “fundamento da relação com seu objeto é uma característica imputada” (idem, par.1.558). O símbolo, por sua vez, se divide em “termo, proposição e argumento”.
Com respeito ao status que as classes possuem em qualquer sistema de representação, e em “qualquer raciocínio”, a posição assumida por Peirce em “On a New List of Categories” é revisada em 1885 em dois trabalhos: “The Religious Aspect of Philosophy” (idem, par.8.39) e “On the Algebra of Logic: a contribution to the philosophy of notation” (idem, 1984, t.5, p.62; idem, 1994, par.3.359). Esta “revisão” se seguiu à publicação de Studies in Logic, by Members of the Johns Hopkins University, editada por Peirce em 1883. Em um dos trabalhos, Oscar Mitchell, que é um de seus alunos, desenvolveu, independentemente de Frege, uma notação formal para as noções de quantificação e quantificador lógicos (idem, 1994, par.3.363; ver Quine 1995, p.31). Diversos autores (e.g. Flower & Murphey 1977, p.600) têm salientado o impacto dessa descoberta na obra de Peirce, da lógica formal à metafísica, passando pela fenomenologia e semiótica. O conceito de índice, como signo relativo a individuais que denota, seguiu-se à conexão explicitamente estabelecida entre quantificação e secundidade, e sua necessidade é afirmada em diversas passagens.
Agora achamos que, ao lado de termos gerais, dois outros tipos de signos são perfeitamente indispensáveis em todo raciocínio. Um desses tipos é o índice, que, como um dedo apontado, exerce uma força fisiológica real sobre a atenção, como o poder de um mesmerizer, direcionando os sentidos para um objeto particular. Tal índice deve entrar em toda proposição, sendo sua função designar o sujeito do discurso. (Peirce, 1994, par.8.39)
Os efeitos desse impacto têm consequências na descrição do símbolo. Segundo Freadman (2001a, p.14), “no artigo de 1867, Peirce não discrimina entre a função das palavras: são todas ‘palavras’ e signos racionais. No artigo de 1885, ‘On the Algebra of Logic’, entretanto, esta classe é delimitada ao “principal corpo da fala”, e explicitamente exclui ‘pronomes relativos e demonstrativos’”, que são agora exemplos de índices. O critério de “indexicalidade” é estendido a princípios de causalidade (e.g. sintomas físicos), de contiguidade espacial (e.g. letras em geometria) e de conexão espaçotemporal (e.g. pronomes demonstrativos) (Peirce, 1994, par.3.361-362).
Também neste artigo, Peirce generaliza a natureza da proposição que torna-se “qualquer modo de expressar um julgamento”. O ícone, por sua vez, é usado “para analisar a função diagramática da sintaxe notacional” e a teoria do signo para “descrever a notação lógica” (Freadman 2001a, p.14; Peirce, 1994, par.3.363). São estes os novos exemplos, ajustados à nova abordagem (tabela 1):
Tabela 1 – Exemplos das classes “ícone, índice, símbolo”
|
1867 (Peirce, 1984, t.2, p.49) |
1885 (Peirce, 1994, par.3.359) |
Ícone |
Retrato |
Diagramas geométricos, pinturas |
Índice |
Assassino |
signos naturais, sintomas físicos, “weathercock”, dedo apontado, pronomes relativos e demonstrativos, números em álgebra |
Símbolo |
“man/homme”, palavra, proposição |
Palavras gerais, fala, qualquer modo de julgamento |
Um dos desenvolvimentos mais relevantes refere-se à introdução da noção de “degeneração” na teoria do signo, extraída do estudo das “seções cônicas” (Peirce, 1998, p.544-5) como a redução de uma figura geométrica a figuras mais simples. Esse desenvolvimento deve ser atribuído à revisão da teoria das categorias, baseada na lógica das relações, entre 1870 e 1883 (cf. Murphey 1993), e cujo principal trabalho (“One, two, three: fundamental categories of thought and of nature”, Peirce, 1984, t.5, p.242) data do mesmo ano de “On the algebra of logic”. As categorias são logicamente apresentadas como classes de relações – monádicas, diádicas, e poliádicas (Parker 1998, Houser 1997, Brunning 1997, Murphey 1993). Predicados monádicos são não-relativos; diádicos, se dividem em genuínos e degenerados; triádicos podem ser genuínos e possuem duas formas de degeneração.
O signo é um exemplo de relação triádica (signo, objeto, interpretante; S-O-I) . Uma relação sígnica, S-O-I, envolve uma relação diádica, S-O. Se a relação triádica pode prescindir do terceiro termo (I), então ela é uma relação degenerada em primeiro grau, e trata-se de um índice, que são “signos degenerados em primeiro grau” – “Um índice é um signo que perderia o caráter que faz dele um signo se seu objeto fosse removido, mas manteria este caráter se não houvesse interpretante” (Peirce, 1994, par.2.304). Se S é um índice de O, ele é realmente afetado por O, e é isto que faz dele um índice – “Um índice é um signo que se refere ao objeto que denota em virtude de ser realmente afetado por este objeto” (idem, par.2.248). Se a relação triádica pode prescindir do segundo e terceiros termos, então ela é duplamente degenerada, e trata-se de um ícone. Ícones podem prescindir dos correlatos da relação triádica, já que dependem de suas qualidades intrínsicas – “a relação dual entre o signo e seu objeto é degenerada e consiste em mera semelhança entre os dois” (idem, par.3.362); “Um ícone é um signo que se refere ao objeto que denota meramente em virtude de seus próprios caracteres, que ele possui, seu objeto realmente exista ou não” (idem, par.2.247). Se a relação triádica não pode prescindir de qualquer um dos correlatos, então ela é uma relação genuína, e portanto, é um símbolo. O símbolo é
um signo [que] está em uma relação de conjunção com a coisa denotada e a mente. Se esta tripla relação não é de uma espécie degenerada, o signo está relacionado com seu objeto apenas em consequência de uma associação mental, e depende de um hábito. Tais signos são sempre abstratos e gerais, porque hábitos são regras gerais às quais o organismo tem se sujeitado. Eles são, em sua maior parte, convencionais ou arbitrários e incluem todas as palavras gerais, o principal corpo da fala e qualquer modo de julgamento. (idem, par.3.360)
A noção de “degeneração” é provavelmente a mais importante mudança introduzida por Peirce no interior da primeira classificação, mas a estrutura deste esquema permanece inalterada até 1903, quando novas divisões tricotômicas são incrementadas.
Para Houser (1991, p.432), pode-se traduzir as tricotomias em perguntas. A “mais fundamental divisão de signos” (cf. vimos acima) resulta da pergunta: como estão relacionados S-O da relação triádica S-O-I? O que obtemos, de acordo com as relações (monádica, diádica e triádica), divide os signos em ícones, índices, e símbolos, e estabelece algumas relações entre eles (e.g. pressuposição hierárquica, depêndencia lógica). Segundo Ransdell (1983, p.63), esta classificação “é obtida pela distinção entre diferentes tipos de identidades semióticas que um signo pode ter, em virtude de diferentes tipos de relações que mantém com seu objeto como signo dele”. Para Liszka (1996, p.37), ela descreve o “caráter representativo” do signo: “o caráter de representatividade de um signo (a divisão de signos provavelmente mais familiar aos leitores), refere-se ao modo como o signo está em relação com seu objeto e, portanto, se coloca como uma representação daquele objeto”. O principal desenvolvimento a partir de 1903 refere-se a introdução de novas divisões tricotômicas – três tricotomias (dez classes) (Peirce, 1998, p.289), seis tricotomias (vinte e oito classes) (idem, p.478-81), dez tricotomias (sessenta e seis classes) (idem, p.483-90). O resultado, pode-se facilmente supor, é um enorme detalhamento das relações observadas em S-O-I. Vou examinar aqui as dez classes, deixando as vinte e oito e sessenta e seis classes para outro tratamento.
As dez classes de signos baseiam-se em três divisões tricotômicas. Isto deve-se ao fato de que os Signos possuem certas “características”, “estão em relação com algo”, e “podem ser traduzidos” (idem, 1984, t.1, p.332-3). Estas divisões estão arranjadas conforme uma ordem de pressuposição, associada às categorias: caráter de apresentação do signo (primeiridade do signo) > caráter de representação do signo (secundidade) > poder interpretativo do signo (terceiridade). A questão aqui é, que se estamos em condição de sermos capazes de examinar certas coisas como signos de outras, uma explicação deste fenômeno deve envolver três modos de relação pelo qual o signo, quanto à sua própria natureza (primeira tricotomia), relativamente ao seu objeto (segunda tricotomia), e como representa seu objeto para outro signo, que é seu interpretante (terceira tricotomia), se constitui. Em um manuscrito que acompanha as Lowell Lectures (1903), “Syllabus of Certain Topics of Logic”, na seção “Nomenclature and Divisions of Triadic Relations, as far as they are determined” (idem, 1967, par.540), as três divisões aparecem pela primeira vez. Mas Peirce, antes de chegar a este resultado 3-tricotômico, sugere um esboço “intermediário”: “Representamens são divididos por duas tricotomias” (idem, 1998, p.273). Para Freadman (2001b), esta “fórmula” é uma variação “inconsistente” do modelo “o representamen […] se divide por tricotomia em signo geral, ou símbolo, índice e ícone” (idem, 1994, par.5.73), porque desrespeita sua habitual “triadomania” (idem, par.1.568). Esta versão aparece em “Sundry Logical Conceptions” (idem, 1967, par.478), em uma subsecção desse manuscrito (“Speculative Grammar”), fragmentariamente publicado nos Collected papers (idem, 1994, par.2.274-77, 283-84, 292-94 e 309-31). É adicionada, nesta subseção, a divisão tricotômica “sumisignos, dicisignos, argumentos” à divisão ícone/índice/símbolo (idem, 1998, p.275). Posteriormente, entre as 10 classes, esta tricotomia (interpretante) será renomeada (rema, dicente, argumento): o dicisigno, por exemplo, é um “representamen cujo interpretante o representa como sendo índice de seu objeto” (idem, p.277). A partir daqui, uma classe resulta do cruzamento de tricotomias, e as classificações tornam-se “sistemas de relações cruzadas” (Freadman 1996, p.150; 2001b).
A pergunta mais óbvia a esta altura deve ser: quais “cruzamentos” são permitidos? Eles são restritos por regras, e diversas construções não são permitidas.[3] Segundo Peirce, “Nossa definição proíbe o ícone de ser um dicisigno, porque o interpretante de um ícone não pode representá-lo como um índice” (Peirce, 1998, p.277); “Argumentos podem apenas ser símbolos, não índices ou ícones (idem, p.286).
Os três termos (correlatos) da relação S-O-I podem ser primeiridades, secundidades, e terceiridades. Eles são designados por [1,2,3] respectivamente (cf. uma notação que aparece em Peirce, 1967, par.799). Vinte e sete combinações podem ser produzidas, das quais dez são permitidas. Isto é, de acordo com certas restrições (idem, 1994, par.2.235-236-237), apenas dez classes são permitidas. Savan (1987-88, p.14) chama as restrições de “regra de qualificação”. Esta regra é a expressão de uma lei – praecisio (idem, 1994, par.1.353, 1.549, 2.428, 5.449) – que permite aplicar recursivamente as relações, restringindo as possibilidades livres de combinação das respostas obtidas pelas tricotomias. O tipo de relação que responde à primeira questão “qualifica” a segunda que “qualifica” a terceira. Um “primeiro pode ser qualificado apenas por um primeiro; um segundo pode ser qualificado por um primeiro e por um segundo; um terceiro pode ser qualificado por um primeiro, por um segundo e por um terceiro” (Savan 1987-88, p.14). Ainda segundo Savan (ibidem), “a ‘regra de qualificação’ estipula que, em qualquer sucessão, um membro de uma categoria pode ser seguido por um membro de uma categoria igual ou menor que a si-mesmo – um primeiro pode ser qualificado apenas por um primeiro; um segundo pode ser qualificado por um primeiro e por um segundo; um terceiro pode ser qualificado por um primeiro, segundo, ou terceiro”. Esta regra, Deledalle (apud Jappy 1984, p.16) a chama de “princípio hierárquico cenopitagórico”, e Tursman (1987, p.38) de “coerção de ligação faneroquímica”.
Figura 1 – Os cruzamentos correspondem às relações permitidas entre as tricotomias. Os números se referem às dez classes (figura baseada em Merrell 1996, p.8). A notação é encontrada em Peirce no manuscrito 799 (Peirce, 1967).
A primeira tricotomia do signo indica que, com respeito a sua própria constituição, “caráter de apresentação” (Liszka 1996, p.35), um signo pode ser uma qualidade (qualisigno), um existente (sinsigno), ou uma lei (legisigno).
Como ele é em si mesmo, um signo é da natureza de uma aparência, quando o chamo de qualisigno; ou, em segundo lugar, é um objeto individual ou evento, quando eu o chamo de sinsigno (a sílaba sin sendo a primeira sílaba de semel, simul, singular, etc.); ou, em terceiro lugar, é da natureza de um tipo geral, quando eu o chamo legisigno. (Peirce, 1994, par.8.334)
Qualisigno é uma qualidade que é um signo, que funciona como um signo sem qualquer referência a qualquer outra “coisa”. Para Savan (198788, p.20), ele é “um signo que significa através de sua qualidade como tal; a primeiridade da qualidade, à parte qualquer relação empírica, ou espaçotemporal, da qualidade com qualquer outra coisa”. Já o sinsigno é uma ocorrência, um fato, um evento particular, que é um signo. O legisigno é um signo que é uma “lei”. Segundo Ransdell (1983, p.54), é um signo “observado apenas com respeito a um particular poder que tem para agir semioticamente, isto é, para gerar signos interpretantes”.
um Sinsigno (onde a sílaba sin é tomada como significando ‘sendo uma única vez’, como em singular, simples, no Latin semel) é uma coisa ou evento existente que é um signo (Peirce, 1994, par.2.245); Um Legisigno é uma lei que é um Signo. Usualmente, esta lei é estabelecida pelos homens. Todo signo convencional é um legisigno (mas a recíproca não é verdadeira). Não é um objeto singular, mas um tipo geral que, tem-se concordado, será significante. (Peirce, 1994, par.2.246)
A segunda tricotomia (relação S-O), o “caráter representativo” do signo (Liszka 1996, p.37), não sofre grave modificação. A terceira tricotomia, o “poder interpretativo do signo” (Liszka 1996, p.40), descreve o poder do signo para produzir interpretantes, e se divide em Rema, Dicente e Argumento (Peirce, 1994, par.2.250). O rema é um signo que, para seu interpretante, é um signo de Primeiridade. Ele é interpretado como um signo de “possibilidade” – “um signo de possibilidade qualitativa, ou seja, entendido como representando esta e aquela espécie de objeto possível” (idem, par.2.250). O dicente é um signo que, para seu interpretante, é um signo de existência real, um evento ou uma ocorrência – “portanto, ele não pode ser um ícone, que não fornece base para interpretá-lo como sendo algo que se refere a uma existência real” (idem, par.2.251). O argumento é um signo que é interpretado como um signo de lei.
Um argumento é um signo que, para seu interpretante, é um signo de lei. Ou podemos dizer que um rema é um signo que é entendido representar seu objeto meramente por seus caracteres; que um dicisigno [dicente] é um signo que é entendido representar seu objeto com respeito a uma existência real; e que um argumento é entendido representar seu objeto em seu caráter de signo. (idem, par.2.252)
O que obtemos são as dez classes especificadas na tabela abaixo:
Tabela 2 – As dez classes de signos
Classes |
Primeira tricotomia |
Segunda tricotomia |
Terceira tricotomia |
111 (I) |
Qualisigno |
Ícone |
Remático |
211 (II) |
Sinsigno |
Ícone |
Remático |
221 (III) |
Sinsigno |
Índice |
Remático |
222 (IV) |
Sinsigno |
Índice |
Dicente |
311 (V) |
Legisigno |
Ícone |
Remático |
321 (VI) |
Legisigno |
Índice |
Remático |
322 (VII) |
Legisigno |
Índice |
Dicente |
331 (VIII) |
Legisigno |
Símbolo |
Remático |
332 (IX) |
Legisigno |
Símbolo |
Dicente |
333 (X) |
Legisigno |
Símbolo |
Argumento |
Exemplos, relativamente a cada classe, são mencionados por Peirce: (I) 111, ou qualisigno, é uma “qualidade” que é um signo; relativamente a sua própria natureza é uma primeiridade. Assim, só pode ter um ícone como objeto, e um rema como interpretante – uma “sensação de vermelho” (idem, par.2.254). (II) 211, ou um sinsigno icônico, é um evento, ou ocorrência (como todo sinsigno), que é um signo; é uma secundidade quanto a sua própria natureza. Seu objeto é um ícone, que ele interpreta como um rema – um “diagrama particular” (idem, par.2.255). (III) 221, ou sinsigno indexical remático, é uma ocorrência que é um signo, que está para seu objeto, também uma ocorrência, através de um rema (signo de possibilidade) – “um grito espontâneo” (idem, par.2.256). (IV) 222, ou sinsigno indexical dicente, é um signo que é uma ocorrência, e que é interpretado como realmente afetado por seu objeto, também uma ocorrência – um “catavento” (idem, par.2.257). (V) 311, ou legisigno icônico, é uma lei que é signo, e cujo objeto é uma possibilidade – um “diagrama à parte sua individualidade” (idem, par.2.258). (VI) 321, ou legisigno indexical remático, é uma lei que é signo, e que está para seu objeto, que é uma ocorrência, através de uma possibilidade – um “pronome demonstrativo” (idem, par.2.259). (VII) 322, ou legisigno indexical dicente, é uma lei que é signo, e que está para seu objeto, uma ocorrência, através de uma conexão de fato – um “pregão de mascate” (idem, par.2.260). (VIII) 331, legisigno simbólico remático, é uma lei que está para um objeto da mesma natureza através de uma possibilidade – um “substantivo comum” (idem, par.2.261). (IX) 332, ou legisigno simbólico dicente, é uma lei, interpretada como estando para um objeto da mesma natureza através de uma conexão de fato – é uma “proposição ordinária” (idem, par.2.262). (X) 333, ou legisigno argumental simbólico, é uma lei, e representa um objeto da mesma natureza como uma lei – “argumento” (idem, par.2.263).
Peirce construiu dois modelos gráficos das dez classes (figuras 2 e 3). Eles podem ser chamados de “diagramas de relações periódicas”, ou de “relações de afinidade” entre classes de signos e baseiam-se em “taxas” de proximidade relativas entre suas partes.[4]
Figura 2 – Dez classes de signos (Peirce, 1994, par.2.264; idem, 1998, p.296).
Figura 3 – Dez classes de signos (Peirce, 1994, par.8.376; idem, 1998, p.491).
A intrincada teoria do signo de C.S.Peirce tem atraído e desafiado gerações de pesquisadores em muitas áreas. São diversos os desenvolvimentos sofridos pelas classificações dos signos, dos anos iniciais de sua formulação, à sua fase madura. Para mencionar os mais conhecidos: descoberta dos quantificadores existenciais, e sua relação com o índice; subdivisão do ícone em hipoícones (imagem, diagrama e metáfora); divisão do fundamento (ground) do signo; divisão dos objetos e interpretantes; advento de novas tricotomias (três e dez tricotomias) e a subsequente produção de dez e sessenta e seis classes de signos. Fiz aqui uma apresentação do “período de formação”, cujo início data de 1865, e tem dois momentos cardeais de produção, “On a New List of Categories” e “On the Algebra of Logic”, e da fase mais madura, inciada pelo “Syllabus of Certain Topics of Logic”, em 1903, e caracterizada pelo advento de novas tricotomias.
Relativamente à mais conhecida classificação (ícone, índice, símbolo), a divisão em dez classes (3-tricotômica), introduzida em 1903, possui importantes novidades conceituais. Em primeiro lugar, trata-se de um sistema de relações cruzadas; em segundo lugar, subdivisões do símbolo (termo, proposição, argumento) passam a formar uma tricotomia (terceira tricotomia: rema, dicente, argumento); em terceiro lugar, uma divisão tricotômica é introduzida para analisar o “fundamento” do signo, ou sua própria natureza (primeira tricotomia). Tomados em conjunto, estas tricotomias formam um modelo capaz de produzir uma descrição detalhada das relações que operam na tríade S-O-I.
Em trabalhos futuros, deve-se detalhar a reconstrução dessa morfologia (dez classes), baseada em procedimentos formais (teoria lógica-matemática de relações) e na fenomenologia, e das classificações desenvolvidas ulteriormente – vinte e oito e sessenta e seis classes de signos.
J.Q. agradece ao apoio do CNPq/FAPESB.
■ ABSTRACT: Peirce’s classifications of signs started to be developed in 1865 and it extends up to 1909. I will present on the period that begins in 1865, and that has two moments of intense production – “On a New List of Categories”and “On the Algebra of Logic: a contribution to the philosophy of notation”. It is an introductory approach whose intention is to make the reader be familiar with the Peircean complex classifications of signs.
■ KEYWORDS: Sign; classifications of signs; Peirce.
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[1] João Queiroz (Álvaro João Magalhães de Queiroz) é Professor Adjunto do Departamento de Biologia Geral e do Programa de Pós-Graduação de História, Biologia e Ensino de Ciências Biológicas da Universidade Federal da Bahia-UFBa.
[2] Thibaud (1975) é outro autor que pode ser mencionado, e é quem faz a mais cuidadosa cronologia das descobertas em lógica, entre 1867 e 1911.
[3] Sobre como a independência das tricotomias pode produzir muitas classes, sugiro a leitura dos manuscritos 284 e 499 em Peirce, 1967.
[4] Publicamos, recentemente, dois trabalhos com foco nos procedimentos diagramáticos implicados na construção destes modelos gráfico (Farias & Queiroz 2003, 2004).