APRESENTAÇÃO
A revista Trans/Form/Ação existe desde 1974 e surgiu com o objetivo de integrar o Departamento de Filosofia a outros departamentos do país. Desde então publica artigos de renomados professores e pesquisadores. Passou por várias reformulações editoriais, contudo preservou sempre sua finalidade de veicular pesquisas acadêmicas. Os últimos editores da revista trataram de manter esta tradição. Jézio Hernani Gutierre (1998-1999) retomou a regularidade, Marco Aurélio Werle (2000-2001) manteve a qualidade, Isabel Loureiro (2002-2003) estabeleceu a semestralidade e Sinésio Ferraz Bueno (20042005) inseriu a revista na biblioteca digital do Scielo (www.scielo.br). No triênio 2001-2003, a revista obteve Qualis Nacional-B, o que a colocou ente as melhores revistas de Filosofia do país. Como é uma das duas primeiras revistas de Filosofia a entrar no Scielo (a outra é a Kriterium, da UFMG), pode-se considerar que alcançou grau de excelência. Isso eleva a responsabilidade dos editores.
A presença da revista no Scielo desencadeou um aumento substancial de propostas de publicação. Até o fascículo 29(1), recebíamos em torno de 20 artigos para publicar 10. Para este fascículo 29(2), recebemos 92 artigos (incluindo um convidado). Antes, as propostas eram majoritariamente de São Paulo, agora a origem é mais ampla: 3 do exterior, 43 de São Paulo e 46 de outros Estados (11 do Paraná, 10 do Rio de Janeiro, 7 de Minas Gerais, 9 do Nordeste, entre outros). Considerando apenas o último vínculo, 62 são da área de Filosofia (Programas de Pós em Filosofia, Departamentos ou Cursos), outros são de Ciências Sociais, Pedagogia, Letras, Direito, Psicologia e Ciências da Religião (em ordem quantitativa). Quanto à titulação, 43 são ao menos doutores (25 em Filosofia), 34 são mestres ou doutorandos (26 em Filosofia) e 17 são graduandos ou mestrandos.
Se, de um lado, estes números garantem a qualidade da revista, de outro, obriga a Comissão Editorial a tomar decisões delicadas e difíceis. Alguns critérios de bom senso foram estabelecidos. Primeiro, exigir um prazo de dois anos para que o mesmo autor volte a publicar na revista. Segundo, sublinhar a titulação, embora este critério não seja eliminatório (pois os pós-graduandos são expertos em suas áreas). Terceiro, manter um teto de 50% para artigos do Estado de São Paulo. Quarto, dinamismo entre a recepção da proposta e a publicação do artigo, de modo a não reter o compromisso da proposta por mais de um fascículo e manter a confiabilidade para os seguintes.
O resultado deste número foi equilibrado: 1 artigo do professor Riccardo Pozzo, da Universitá de Verona, Itália, 9 de São Paulo (incluso 2 traduções e uma resenha) e 9 de outros estados (3 do Paraná). A temática se concentra em Filosofia Moderna e Contemporânea e permite diversas interlocuções. Observamos a presença de assuntos de grande atualidade filosófica, sobretudo em política, ética, filosofia do conhecimento e história da filosofia: propriedade intelectual, marxismo, crítica da verdade, biopolítica e humanismo, materialismo adorniano, utopia, kairos; conhecimento estético, monismo substancial, deveres de virtude, hermenêutica, caráter e anti-humanismo; demarcação interdisciplinar, lógica do sentido, lei de Hume, zumbis e, enfim, espiritualismo francês, lógica especulativa e neurologia freudiana.
Para os próximos fascículos, a Comissão discute a conveniência de estabelecer números temáticos ou dossiês.
No fechamento desta edição, tivemos a triste notícia do desaparecimento do professor Bento Prado Jr. Muitos dos artigos deste número contam com sua presença direta ou indireta. Seu rigor, sua filosofia, sua originalidade nunca nos deixarão, mas sua elegância, seu garbo deixam saudades. Prestamos aqui nossa homenagem.
Ricardo Monteagudo
Departamento de Filosofia, Unesp-Marília
Editor Responsável