AproximAções entre nietzsche e Adorno AcercA dA mAssificAção dA culturA e dA vidA AdministrAdA[1]
Resumo: Pretendemos pensar as relações entre arte e sociedade, tendo sempre em mente a tensão irredutível entre a autonomia e a heteronomia de uma em relação a outra. Para tanto, traçaremos uma análise dos argumentos principais a respeito dessa relação dialética, em dois momentos distintos da reflexão filosófica sobre o tema. Em um primeiro momento, traremos a defesa de uma certa autonomia da arte com referência não apenas à sociedade que a produz, como também aos valores morais que são ensinados através dela, com as reflexões e, sobretudo, com as críticas de Nietzsche sobre suas interpretações da tragédia clássica, a partir principalmente de O Nascimento da Tragédia, para, em um segundo momento, poder traçar um paralelo dessa argumentação com a constatação de Adorno a respeito da instrumentalização e da comercialização da arte, no contexto contemporâneo, expondo algumas das críticas de Nietzsche realizadas no séc. XIX sobre as produções culturais gregas do séc. IV a. C. e contextualizando-as em relação aos fenômenos estéticos contemporâneos.
Palavras-Chave: Nietzsche. Adorno. Estética.
As relações entre arte e sociedade sempre foram complexas, principalmente no que diz respeito à dependência ou submissão de uma em relação à outra. Se uma obra de arte, como qualquer outra produção cultural, não pode ser separada do contexto social no qual ocorre, também não pode ser resumida a ele ou por ele instrumentalizada. Os fenômenos estéticos contemporâneos nos levam a perceber, muito mais explicitamente do que jamais pôde ter sido percebido, na longa trajetória histórica de influência entre ambas essas esferas, que, quando desprovida de sua verdade intrínseca, de sua autonomia, quando subjugada ao contexto social, a arte perde seu caráter de produção espontânea e transforma-se em propaganda ideológica. Obviamente, seria ingenuidade pretender que apenas no séc. XX, com os meios de comunicação em massa, a arte estivesse limitada ou influenciada, ainda que não de maneira consciente e intencional, por determinada rede de valores e concepções, até mesmo pré-conceitos, sustentados por uma configuração social, econômica e histórica específica, a qual terminava por dar a essas obras a sua individualidade, possibilitando-lhes uma diferenciação dos milhares de demais obras já produzidas. Seu valor enquanto obra de arte se dá na medida em que ela se relaciona com tal contexto, muitas vezes rompendo suas vinculações com os dogmas já culturalmente aceitos, e possibilita, a partir de si, a criação de algo novo. Essa autonomia sustentada pelas criações culturais que Adorno chamará de “arte séria”, e que se contrapõe à subserviência mercadológica das produções culturais de consumo e entretenimento, lhes propicia um diálogo com o contexto social de seu surgimento. Isso vale dizer que, ainda que uma obra de arte específica esteja em profunda interdependência da época, dos recursos, da técnica, das possibilidades do artista, das diversas contingências que, enfim, a limitam enquanto produção física e concreta, ela, por outro lado – e é isso o que mais nos interessa nesse momento –, dá um testemunho precioso de tal contexto e da cultura florescente em tal situação. Por causa disso, analisar uma obra de arte específica ou um gênero artístico pode nos levar mais além, pode nos propiciar um entendimento de todo o contexto cultural, social e econômico de tal produção, pode nos permitir inclusive perceber o quanto de civilização e o quanto de barbárie estão em vigor, amalgamados, nesse momento único de criação artística. Essa é a razão pela qual escolhemos tecer uma crítica da civilização ocidental, do contexto cultural contemporâneo, enquanto resultado direto daquela, em seus pressupostos mais arcaicos.
Tais reflexões podem nos levar a questionar qual seria, por exemplo, o verdadeiro papel social das tragédias áticas para a sociedade grega, se é que elas tinham um valor social ou pedagógico que extravasasse o seu sentido estético. E qual seria hoje, no nosso contexto social, o sentido e o valor das obras de arte e das mercadorias culturais que nos são apresentadas? De que tipo de sociedade e de ser humano elas dão testemunho? Quais são as possibilidades críticas da modernidade, a partir do tipo de arte que ela oferece?
Algumas dessas críticas foram tecidas por Nietzsche, ao examinar a arte que lhe foi contemporânea e a sociedade na qual ela se apresentava, evidenciando o quanto a arte e a cultura formam temas preponderantes em seu pensamento. A essa, enquanto crítico de todos os aspectos da modernidade, sua filosofia contrapõe os ideais estéticos que ele traz da Grécia antiga, personificados nas figuras dos deuses Apolo e Dionísio, e no eterno equilíbrio das forças de plasticidade e ordenamento de um, em harmonia com as de dissolução e embriaguez do outro. E é através da arte desse período, a tragédia grega clássica, que ele identifica a decadência dessa cultura e o enfraquecimento de sua vitalidade, em função do predomínio dos elementos apolíneos e sua degeneração em um racionalismo, em um “socratismo”, o qual desequilibraria fatalmente essa tênue aliança entre os deuses, o que transformaria a humanidade em um rebanho submetido aos dogmas da ciência e da moral, à opressão da Igreja e do Estado. Sócrates e Platão seriam, portanto, de acordo com o pensamento de Nietzsche, os responsáveis pela separação da arte e da vida em duas esferas muito distintas, pela separação entre a aparência e a realidade, em dois planos incomunicáveis. O velho deus Dionísio, que fazia com que tudo convergisse em uma coisa só, em um turbilhão esmagador, transformando a existência em obra de arte, é substituído pelo homem teórico, pelo homem moderno, pensador dialético, filósofo teórico e moralista, acima de tudo, otimista. Essa sua crença, esse otimismo no progresso e na ciência, na permeabilidade completa do mundo à razão, sob um olhar mais acurado, se revelará uma fantasia sobre o conhecimento, uma ilusão antropomorfista criada pelo homem, em sua fragilidade, para poder enfrentar as forças da natureza. Desse ponto de vista, é criticado o cientificismo moderno, juntamente com os pressupostos mais fundamentais da teoria do conhecimento, que são, segundo Nietzsche, meras elucubrações metafísicas baseadas em categorias gramaticais, de maneira que os conceitos, formados assim arbitrariamente, enunciem a distância intransponível entre sujeito e objeto que faz com que a única relação coerente entre eles seja estética, e não gnosiológica. A esfera estética torna-se, por conseguinte, uma visão de mundo capaz de se contrapor ao espírito científico exacerbadamente antropomórfico, ao ascetismo da humanidade decadente, ao niilismo que Nietzsche já diagnosticava em seu tempo e cuja continuidade podemos perceber em nosso próprio contexto contemporâneo.
Quiçá por isso o cânon aristotélico coloque a arte em uma posição de superioridade em relação à história, pois, se esta se mantém alheia a qualquer possibilidade de intervenção, aquela estende suas nuances e enche de cores tanto o dia de ontem como o de amanhã. Se assim é, talvez seja justificado afirmar que, mais do que entender os aspectos culturais criticados por Nietzsche, seja necessário problematizá-los e contextualizá-los, de acordo com nossa própria realidade. O século passado, o já finado séc. XX, em qualquer aspecto, cultural, político, social, psicológico, apresentou mudanças significativas no ordenamento do mundo, e a compreensão delas se faz preponderante para podermos obter um significado mais profundo do pensamento de Nietzsche, sem recairmos numa mera repetição exegética. A dificuldade específica de tal tarefa, em nosso caso em especial, reside no fato de que Nietzsche não tinha a mínima possibilidade de entrever tais mudanças, e elas tampouco podem ser desprezadas em uma análise séria da sociedade ocidental contemporânea, sob o ponto de vista cultural.
O pensamento de Nietzsche deixou, por certo, diversos herdeiros, diretos ou indiretos, declarados ou não. Mas, como estamos nos centrando no aspecto específico da crítica da cultura e não na continuidade do pensamento nietzschiano como um todo, distinguimos os ecos de suas marteladas críticas na riqueza vertiginosa do pensamento de um crítico brilhante da cultura contemporânea: Theodor Adorno.
Segundo Rodrigo Duarte (1994, p. 85), a despeito da problematicidade de uma aproximação do pensamento de ambos esses pensadores, por conta, por exemplo, das apropriações feitas pelo nazismo de aspectos racistas do pensamento de Nietzsche, existem diversos pontos passíveis de estabelecimento dessa relação, os quais ainda não estão totalmente explorados. Mesmo o pouco material que se dedica a isso tende a considerar majoritariamente o pensamento de Nietzsche posterior a 1872, não focando especificamente os argumentos de O Nascimento da Tragédia.
Não se trata, portanto, de simples comparação entre dois pensadores distintos, o que perderia muito da riqueza específica de cada um, no exercício inútil da planificação, todavia, de uma busca de continuidade entre ambos, de desenvolvimento contextualizado das críticas de um deles, a partir do que já havia sido apontado sobre o mesmo assunto pelo seu antecessor. Assim, pretendemos assegurar a amplitude da reflexão, sem jamais descuidar das particularidades inerentes a cada contexto e a cada assunto, não deixando de lado as diferenças ao longo do processo de construção de uma crítica coesa e abrangente da cultura contemporânea, possível através de um filósofo como Adorno, extremamente relevante por suas diversas contribuições para a discussão de temas importantes, tanto para a sociologia quanto para a filosofia, e que não deixe, igualmente, de contemplar também as bases estruturais da civilização que gerou essa cultura, presentes na crítica de Nietzsche a partir dos elementos que ele traz diretamente da cultura grega.
A continuidade dessas críticas deve, como já comentamos, levar em conta acontecimentos do séc. XX, preponderantes e revolucionários em diversas áreas, sobretudo na esfera da cultura. A mercantilização dos bens culturais, o assombroso desenvolvimento técnico-científico, a possibilidade de difusão massiva dos meios de comunicação, todas as modificações ocorridas na sociedade humana, por efeito da tecnocracia e do capitalismo monopolista, transformando-a em uma sociedade de consumo, objetos da reflexão da Escola de Frankfurt, em geral, e de Adorno, em particular (SLATER, 1978, p. 11), bem como as guerras e os extermínios em massa, são obscenidades históricas dificilmente imaginadas pelos pensadores do séc. XIX, muito embora esses fatos tenham se dado a partir de um fluxo contínuo dos fenômenos socioculturais que esses pensadores puderam presenciar, como a mercantilização da cultura presente na análise de Adorno sobre a indústria cultural, escrita juntamente com Horkheimer, e que explicita os elementos subliminares de dominação ideológica, através do consumo de bens culturais massivamente distribuídos.
Segundo José Guilherme Merquior (1969, p. 48), apesar de praticamente todos os pensadores que podem ser considerados integrantes da Escola de Frankfurt se dedicarem à arte como tema de reflexão, é Adorno o que se demonstrou o pensador mais significativo do grupo, nesse campo, especialmente através de suas abordagens profundas sobre música como fenômeno estético, tanto em relação às suas análises técnicas quanto, e principalmente, nas reflexões que faz acerca da fecunda relação entre arte e problematização cultural da sociedade.
Assim, a arte, então banalizada, se transforma em um produto como outro qualquer, quantificável em seu preço e imediatamente consumido. Sua autonomia se esvai, cedendo lugar à lógica monetária que valora a obra de acordo com a possibilidade de lucro e aceitabilidade dela e que prescinde completamente de qualquer conteúdo de verdade ou profundidade. As transformações psicológicas desencadeadas por influência dessa dominação ideológica são o esvaziamento da subjetividade e a decadência da cultura como um todo. A partir de tais reflexões, nosso trabalho se baseia na hipótese de que é possível traçar uma continuidade argumentativa, ao longo do pensamento desses dois críticos da cultura moderna e contemporânea, a fim de melhor percebermos suas mazelas e mais facilmente encontrarmos uma atitude alternativa ao esquema que então predomina.
Uma das continuidades possíveis entre Adorno e Nietzsche (ALVES JÚNIOR, 2005, p. 176, 223) pode ser encontrada no âmbito da imanência, dentro da qual são pensados não apenas os valores morais como também todos os demais conceitos que regem a vida humana em sociedade. Tal imanência obriga a colocar a fundamentação desses conceitos em nenhum outro lugar a não ser o corpo e os impulsos, os quais terão, como denunciam ambos, de ser subjugados pela racionalidade num nível psicológico de dominação da natureza interna, recalcamento do desejo, bem como da natureza externa, na medida em que tais valores sejam aceitos por uma comunidade e a própria civilização se aproprie deles, como auxiliares no processo de dominação técnica da natureza. Essa possibilidade imanente de crítica só advém da importante conclusão de que os valores fundamentais de uma determinada cultura não possuem peso ontológico, porém, são construções elaboradas pelos sujeitos históricos e contingentes, são perspectivas dos agentes de dominação, daqueles que exercem o poder dentro daquela estrutura.
Além disso, podemos relacionar o pensamento de Adorno com traços do pensamento nietzschiano, na medida em que ambos escreveram contra o tradicional sistema e qualquer forma de pensamento que pretendesse uma validade absoluta e que insinuasse onipotência conceitual em relação à esfera empírica, refletindo, em sua forma de exposição, como numa exposição sistemática, um conteúdo que se relaciona a uma filosofia com vista a um absoluto ou com pretensão a uma totalidade (TIBURI, 2003, p. 50). Por isso, o texto adorniano se apresenta aforismático, como em Minima Moralia, ou insiste tanto na ruptura e na crítica à tradição, por meio do questionamento ostensivo das categorias e métodos de que se vale a razão tradicional na manutenção de seus domínios. O modelo aforismático da Teoria Estética (JIMENEZ, 1977, p. 14), por exemplo, deixa bem clara a dificuldade, da qual o pensamento adorniano tem plena consciência, de uma relação definitiva e firme entre a forma de apresentação dialética e as ideias assim expressadas. O pensamento adorniano não se comporta, portanto, como um sistema dotado de linearidade, mas como um conjunto de pensamentos que prescinde de uma ideia inicial que vá desenrolando o argumento por movimentos sucessivos, formando como que uma teia de pensamentos os quais se relacionam a um núcleo, que se ramifica em diversas reflexões equidistantes do centro e que se inter-relacionam, de modo que nenhuma delas, de forma individual, seja conclusiva, senão em sua relação estreita com as demais. A maneira concêntrica através da qual se apresenta dá ao pensamento de Adorno o aspecto de uma constelação (DUARTE, 2007, p. 23; BENJAMIN, 1984, p. 49 et seq.), evitando fazer afirmações definitivas, conservando sempre a capacidade de autocrítica, que é peculiar ao pensamento dialético, levantando questões, ao invés de presumir poder dar a elas uma resposta última e dogmática. De acordo com Rodrigo Duarte (2007, p. 23), tal caráter constelatório na filosofia de Adorno constitui um “conceito estético de grande impacto”, oriundo da obra de Benjamin Origem do Drama Barroco Alemão (BENJAMIN, 1984, p. 49), em cujo prólogo a constelação é trazida como uma maneira de ilustrar a doutrina benjaminiana das ideias, segundo a qual a filosofia não se relaciona com o conhecimento, em seu caráter de posse, contudo, com a verdade, que é uma contemplação das ideias sem possessividade, evidenciando-se, então, uma relação eminentemente estética. E tais ideias não podem representar a verdade individualmente, senão em sua relação com as demais, com o todo, em um caráter, portanto, constelatório.
Assim, Nietzsche, como crítico não apenas do modo como se constrói e apresenta a história da filosofia, mas também da maneira pela qual os próprios filósofos desenvolvem seu pensamento, como tecem seus conceitos, culminando em um questionamento dos próprios conceitos e da verdade enquanto fundamento e objetivo desse esforço de racionalização, tem exatamente em Adorno, ainda que com certas particularidades, um continuador de seus esforços. Ambos fazem do não-idêntico um prudente aviso quanto ao caráter ameaçador do ensandecimento da razão. De ambos se pode dizer que não são caóticos ou assistemáticos, porém, antissistemáticos. Já no Prólogo à Dialética Negativa (ADORNO, 1992, p. 8), Adorno coloca-a como um antissistema, assim como em estética se alude a anti-heróis protagonistas de antidramas, pois tal dialética, através dos recursos de uma lógica dedutiva, nega a superioridade do conceito e a superioridade hierárquica de um princípio de unidade em um sistema, fazendo com que caia, por isso, também a invulnerabilidade do próprio sistema e da unidade subjetiva que o sustenta. A sistematicidade revela a ditadura da identidade, pano de fundo da filosofia tradicional, como uma neurose obsessiva da filosofia ocidental, doença quiçá incurável da consciência associada ao espírito absoluto e à razão onipotente.
Outro aspecto capital que pode ser ressaltado como palco dessa continuidade é referente à importância que ambos dão à estética, mesmo dentro da teoria do conhecimento, o que repercute diretamente sobre a concepção de sujeito e sua relação estética com o mundo. Nietzsche destaca, em Introdução teorética sobre os conceitos de verdade e mentira no sentido extramoral, a artificialidade do sujeito (ONATE, 2000, p. 89) e da verdade, esta calcada na racionalidade e que vem a se tornar o cânone de uma determinada sociedade que a sustenta. Para ele, que inicia o seu texto denunciando ironicamente o antropocentrismo gnosiológico, a verdade, tomada como proposição universalmente válida e cientificamente comprovável, não passa de uma necessidade humana na sua luta pela sobrevivência em um mundo hostil, não passa de estratégia evolutiva desencadeada pela fraqueza física do homem em relação aos obstáculos que lhe impõe a natureza. Nietzsche denuncia, por conseguinte, a arbitrariedade com a qual se formam os conceitos, enunciando a distância intransponível que separa sujeito e objeto e apontando que a única relação possível entre estes é uma relação estética, e não gnosiológica (MARQUES, 2003, p. 37). Queremos entender aqui o ataque de Nietzsche ao sujeito, não como uma tentativa de anulação da unidade subjetiva, todavia, como uma crítica ao sujeito hipertrofiado que se coloca como único acesso a verdade através da razão, procedimento por meio do qual Nietzsche se torna adversário do pensamento sistêmico e autoritário e ao sujeito como instância fundante do conhecimento, de maneira que o ataque ao sujeito seja um reflexo do seu ataque à metafísica e que, no nosso entender, muito longe de se opor à valorização da subjetividade crítica defendida por Adorno, a corrobora e reforça (ONATE, 2000, p. 89).
Essas afirmações nietzschianas ecoam na obra de Adorno (GAGNEBIN, 1997, p. 113), principalmente na Dialética Negativa, onde o filósofo frankfurtiano dirá que a igualação do não-igual é uma arbitrariedade, desenvolvendo, logo, uma teoria do não-idêntico, da mesma maneira que afirmará que o conceito não consegue abarcar plenamente a coisa a qual se refere ou, em outras palavras, que o objeto é sempre mais que o seu conceito, e achar que através do conceito se tem a posse de tal objeto, não passa de uma arbitrariedade do sujeito em seu comportamento usual, identificante e homogeneizante, retomando, portanto, a tese nietzschiana de que o pensamento opera representativamente com conceitos e ideias que são arbitrariamente organizadas segundo o esforço não apenas de sobrevivência, mas também de dominação. De acordo com isso, assim como Nietzsche, Adorno vai defender uma verdade associada à estética, a qual teria a sua validade apenas enquanto reconhecesse a sua mutabilidade e efemeridade, a sua capacidade de devir, propondo, mais radicalmente do que aquele, que “[...] a verdade só existe como o que esteve em devir” (ADORNO, 1982, p. 13), no lugar da formulação de que também o que foi devir poderia ser considerado verdade.
A inconsistência da racionalidade, tomada como fundamento da ética, da teoria do conhecimento, da metafísica e até mesmo da estruturação social, vai recuperar, em ambos, a importância da estética e, mais especificamente, da arte. Por essa razão é que daremos maior ênfase argumentativa às críticas da cultura tecidas por ambos, com base nas suas reflexões sobre a arte. Investigaremos, por conseguinte, a recepção da crítica cultural de Nietzsche, a partir de O Nascimento da Tragédia, dentro das críticas culturais frankfurtianas, mais especificamente na obra Dialética do Esclarecimento, sem que isso exclua, de maneira alguma, o recurso a outras obras, tanto de Nietzsche quanto de Adorno ou de outros pensadores da escola de Frankfurt. Esse esforço teórico se dará no sentido de perceber o quanto o desaparecimento do sentimento trágico denunciado por Nietzsche vai constituir um dos aspectos determinantes para a decadência da cultura, mesmo na esfera cultural do capitalismo tardio, conforme as reflexões de Adorno e Horkheimer, em sua crítica da indústria cultural.
Nietzsche desenvolve, em O Nascimento da Tragédia, a oposição entre os dois princípios estéticos do apolíneo e do dionisíaco. Enquanto aquele é responsável pela plasticidade, pela forma, este último é o elemento de profundidade da produção artística, é o que lhe possibilita seu peso, sua possibilidade de ligação entre arte e vida. Na medida em que o equilíbrio entre esses aspectos é suplantado pela superficialidade da produção cultural que Nietzsche chama de operística, a produção cultural se transforma em mero divertimento, aproximando as críticas de Nietzsche da cultura que lhe foi contemporânea às posteriores reflexões sobre a indústria cultural. Mesmo que alguns argumentos desse texto de juventude de Nietzsche tenham sido renegados por ele, posteriormente, um dos principais, e que mais nos interessa no momento de traçar a possibilidade de tal aproximação, se mantém plenamente atual, o de que a arte sofre um processo de mercantilização e institucionalização, o qual acompanha de perto a sua transformação em diversão e entretenimento, aspectos posteriormente desenvolvidos pelas críticas de Adorno e Horkheimer à indústria cultural, em Dialética do Esclarecimento.
Dentro dessa possibilidade de continuidade, destacamos a importância que ambos esses pensadores dão à dimensão trágica e sua relevância para a vida humana, ao longo de suas críticas a um modelo cultural que vai tender a eliminar essa tragicidade de suas obras, destituindo a produção cultural de sua profundidade e de sua possibilidade de incremento intelectual de seus destinatários. As produções culturais, transformadas, assim, de arte em mercadoria, terão como característica a leveza e, plenamente inseridas no cotidiano, servirão como modelo da sociedade e do comportamento social dos indivíduos, ao invés de serem uma expressão mediatizada do recalcado pela cultura, seja enquanto reflexo dionisíaco da dor e do terrível da existência, seja enquanto manifestação da dissonância.
Obviamente, não poderíamos aproximar diretamente dois contextos culturais tão distantes, como a Grécia antiga e a industrialização da cultura do capitalismo tardio do séc. XX, se o próprio texto de Adorno e Horkheimer não nos sugerisse essa possibilidade. No capítulo sobre a indústria cultural de Dialética do Esclarecimento, um longo trecho, no qual se encontram, inclusive, citações de Nietzsche, se dedica a explicar como a indústria cultural vai eliminando o trágico das suas produções, ao mesmo tempo em que o simula nelas de uma forma deturpada, de uma forma enfraquecida, no intuito de simular a profundidade que a tragicidade traz consigo, para que o indivíduo seja substituído por uma pseudoindividualidade, que desista da possibilidade de felicidade por uma aceitação inquestionada do sofrimento e da sua derrota, quando confrontado com a inexorabilidade de uma vida instrumentalizada pela organização da sociedade de consumo. A oposição do indivíduo à sociedade, outrora a essência da sociedade mesma e pressuposto da oportunidade de posicionamento crítico desse indivíduo frente à sociedade que lhe excede, é substituída, na ausência do trágico, pela fungibilidade e integração do indivíduo à sociedade que o oprime. Essa é a possibilidade que a dissolução do trágico inaugura, no âmbito da indústria cultural, a de uma recepção passiva de conteúdos moralizantes e pedagógicos que já era apontada, nos parece, pelas críticas de Nietzsche à produção cultural operística em O Nascimento da Tragédia. Mesmo assim, tal aproximação carece de contextualização, de maneira que não apenas esse, mas também os demais aspectos da crítica da cultura devam ser trazidos a nossa argumentação, a par de elementos sobre o mesmo tema desenvolvido em outras obras de Adorno, como em Minima Moralia e Teoria Estética, por exemplo.
Da mesma maneira que muitas aproximações possam ser estabelecidas entre Nietzsche e Adorno, por outro lado, temos que ter em mente que alguns aspectos são, em ambos os pensadores, apesar de pautados em uma reflexão comum, amplamente divergentes. Em ambos se percebe uma visão crítica da ética contemporânea, baseada na consideração não de valores universais e sagrados para a reflexão ética, mas em valores historicamente contextualizados, produzidos e sustentados por uma moralidade respaldada por um modelo específico de sociedade. A divergência entre ambos reside no fato de que, enquanto Nietzsche, frente a essas considerações, faça a apologia de uma aristocracia guerreira arcaica, Adorno apontará a moralidade como mais um dos mecanismos de dominação social contemporânea, baseado na racionalidade instrumental do processo de esclarecimento.
No entanto, a despeito de toda essa problemática ligada ao desenvolvimento dos argumentos nietzschianos, decorrente de sua passagem de uma esfera etimológico-histórica para conceitos morais e posteriormente psicológicos, podemos considerar alguma verdade na afirmação, presente em ambos, de que o conceito de nobreza, associado ao de excelência, sempre esteve ligado a uma diferenciação material entre as classes componentes da sociedade humana, em suas diversas configurações através dos tempos. Isso deixa bem clara a importância da riqueza, ou seja, das relações comerciais, como símbolo de distinção, valendo-se, para tanto, da mesma regressão etimológica que caracteriza sua genealogia.
É verdade que, talvez na maioria dos casos, eles designam a si mesmos conforme simplesmente a sua superioridade no poder (como “os poderosos”, “os senhores”, “os comandantes”) ou segundo o signo mais visível dessa superioridade, por exemplo, “os ricos”, “os possuidores” (esse o sentido de arya, e de termos correspondentes em iraniano e eslavo). (NIETZSCHE, 2004, p. 22, grifo do autor).
Adorno critica em Nietzsche o fato de que sua negação da moral tenha um caráter inteiramente abstrato, sem dar-se conta de que, por estarem baseados nos mesmos pressupostos, a saber, a contingência dos valores morais e sua associação às estruturas de dominação social, ele mesmo poderia ser acusado da mesma falta que aponta. A distância entre as duas filosofias não é assim tão grande, como pode parecer a Adorno, em um primeiro olhar, principalmente se atentarmos ao fato de que Nietzsche, mesmo sem ter nenhuma pretensão de abordar temas relativos à economia e à sociedade, foi, entre seus contemporâneos, um dos que melhor compreendeu a necessidade de subverter a ordem social e moral, até mesmo psicológica, de uma estrutura de organização humana dominada pelo valor de troca, desenvolvendo a noção comum a ambos de que nem todo valor pode ser resumido a um valor econômico e social, subjugado pela estrutura comercial que a tudo atribui valor de troca. Sobre esse tema específico, o passo adiante executado por Adorno, no qual as reflexões de Nietzsche estariam suprassumidas, é a possibilidade que ele tem de, a partir das leituras de Marx, desenvolver uma crítica a tal estruturação social, do ponto de vista de sua inserção no mecanismo de produção capitalista, e descrever a degradação moral e a desintegração do sujeito, a partir de termos econômico-políticos, ao passo que as reflexões nietzschianas sobre economia, sobre a gênese dos valores nas relações comerciais, notadamente na segunda dissertação de Genealogia da Moral, estão mais colocadas como argumentos dentro de uma tentativa de explicação da gênese universal da linguagem, da racionalidade e da hierarquia de valores do que em uma determinada estrutura de produção e reprodução de riqueza, como a organização social capitalista.
Por sua vez, mesmo não tomando o partido ou fazendo a louvação das bestas louras aristocráticas que tanto entusiasmaram Nietzsche, Adorno concordará com a relação intrínseca entre riqueza e nobreza, desde a antiguidade clássica, e a herança cultural disso para a sociedade contemporânea. Ao fazer derivar do papel social dentro do estado o valor de um indivíduo, a polis clássica permite que a riqueza adquira uma valorização moral condizente com a participação de tal indivíduo nos interesses e na manutenção da harmonia do estado.
Desde Homero que o uso da língua grega faz interferir um com o outro os conceitos do bom e do rico. A kalokagathia, que os humanistas da sociedade moderna apresentaram como modelo de uma harmonia estética e moral, acentuou sempre a importância da posse, e a Política de Aristóteles admite abertamente a fusão do valor interior com o status ao definir a nobreza como “riqueza herdada, unida à excelência”. (ADORNO, 1992, p. 162, grifo do autor).
A relação entre posse e virtude se dá, portanto, no início da civilização ocidental, como a oposição organizada da vida sedentária e urbana, da organização racional, às ameaças da natureza e ao estilo de vida nômade incompatível com a propriedade fixa e com a organização social hierárquica que a civilização nascente condena, nos costumes estrangeiros. A coincidência entre ser bom e possuir bens deve evidenciar a capacidade do homem bom em ser prudente, em controlar seus desejos de satisfação imediata, para poder acumular riquezas. Com o desenvolvimento da sociedade, essa habilidade vai ser sempre mais valorizada, pois, além de beneficiar de certa forma a sociedade em seu desenvolvimento, o vazio da subjetividade não vai permitir outro critério de valoração do indivíduo que não a quantificação de sua riqueza e de sua capacidade de trabalho.
“Nesse sentido, a bárbara religião do sucesso dos dias de hoje não é simplesmente contra a moral; ao contrário, é o retorno do ocidente aos veneráveis costumes de seus pais.” (ADORNO, 1992, p. 163).
O domínio quase inabalável de tal estrutura, em todos os aspectos da vida humana, requer uma crítica que lhe faça justiça, ou seja, tão abrangente e bem arquitetada quanto sua adversária. Mesmo levando em consideração os parcos recursos de que dispõe qualquer oposição intelectual a um mecanismo opressor tão difundido como a cultura de massas e toda a estrutura social de exploração e dominação que ela ideologicamente sustenta, é necessário ainda e sempre lembrar que, apesar do que é comumente alardeado pelas várias formas de ideologia que fundamentam o mundo administrado e ocasionam a vida fragmentada, ter acontecido não é justificativa suficiente para que um fato absurdo, como qualquer maneira de manifestação da barbárie racionalista do mundo administrado, perdure ou se repita.
A crítica a tendências da sociedade atual sofre automaticamente a objeção – antes mesmo de ter sido expressa por completo – de que as coisas sempre foram assim. [...] obedece-se àquilo que as filosofias de todos os matizes trombetearam nos ouvidos dos homens: que tudo o que tem ao seu lado o peso persistente da existência provou por isso mesmo ter razão. (ADORNO, 1992, p. 204).
E a própria cultura não pode ser encarada meramente enquanto mascaramento do inaceitável, na presente estrutura da nossa sociedade, pois, assim, ela desempenha um papel precioso para a manutenção do estado em que se encontra a civilização, transformando-se, essa cultura que poderia produzir um esclarecimento e uma nova aurora para a humanidade, em ideologia a serviço das classes dominantes e da exploração econômica das atuais condições da existência.
Entre os temas da crítica da cultura, o da mentira é de longa data central: que a cultura simula uma sociedade digna do homem, que não existe; que ela encobre as condições materiais sobre as quais se ergue tudo o que é humano; e que ela serve, com seu consolo e apaziguamento, para manter viva a má determinação econômica da existência. Essa é a concepção de cultura como ideologia, tal como a possuem em comum, à primeira vista, a doutrina burguesa do poder e seus adversários, Nietzsche e Marx. (ADORNO, 1992, p. 36).
A cultura, a arte, a filosofia, se encaradas como a mais sublime das capacidades humanas, são a única esperança de redenção do mundo, a partir do atual estado das coisas. Desistir disso é entregar o futuro da humanidade ao domínio da técnica e todas as consequentes decorrências da racionalidade ensandecida e da instrumentalização de todos os aspectos da existência. Assim como a beleza é promessa de felicidade, mais do que algo dado, a cultura deve ser encarada sempre como uma promessa de continuidade, como uma derradeira esperança. “O fato de que a cultura tenha fracassado até os dias de hoje não é uma justificativa para que se fomente o seu fracasso [...].” (ADORNO, 1992, p. 37).
As produções culturais, reflexos das condições estruturais da sociedade, seguem, por um lado, alheando-se à realidade social, entesourando-se, e, por outro lado, integrando-se à administração planejada da indústria cultural que, imiscuída à ideologia, condiciona essas produções a se tornarem um conjunto de bens culturais confeccionados para, em primeiro lugar, atrair a atenção de uma massa humana composta de consumidores e, num segundo momento, auxiliar a fixar a consciência desses consumidores, de acordo com os seus próprios interesses. Nesse sentido, podemos perceber mais marcantemente a extrema racionalização à qual a produção cultural contemporânea está submetida, e a consequente subserviência de todos os seus aspectos aos interesses dos grupos dominantes, o que transforma as manifestações culturais em um instrumento de dominação psicológica e alienação, com vistas ao lucro e ao enfraquecimento da capacidade crítica dos consumidores. Embora a catarse possa estar presente também nas mercadorias culturais, a indústria cultural não é o desenvolvimento de qualquer aspecto negativo da arte clássica, mas a consequência objetiva de um processo de racionalização de todos os aspectos da existência possibilitado nesse momento específico por um desenvolvimento tecnológico sem precedentes.
A esperança de Nietzsche quanto ao caráter libertador do pensamento, ocasionado pelo fim da metafísica, em sua obra, tão bem ilustrada pelo episódio da morte de Deus, o qual poderia abrir caminho aos espíritos livres, aos livres pensadores, se desfaz juntamente com a esperança de Benjamin de que a reprodutibilidade das obras de arte poderia democratizar a cultura. O que se verifica é a democratização da estupidificação, da qual a indústria cultural detém o monopólio, que, ao deixar desvelar sua estrutura, revela que ela não é outra coisa senão a padronização, a comercialização, a qual retira da arte seu caráter de obra e atribui-lhe o de mercadoria.
AbstrAct: We examine the relationship of art to society, bearing in mind the irreducible tension between the autonomy and heteronomy of the one in relation to the other. To do so, we analyze the main arguments about this dialectical relationship in two distinct moments of philosophical reflection on the subject. First, we argue for a degree of autonomy of art in relation not only to the social context that produces it but also with respect to the moral values that are taught through it, as found in the critique of Nietzsche in his interpretation of classical tragedy, principally in his The Birth of Tragedy. We then draw a parallel between this argumentation and that of Adorno on the exploitation and marketing of contemporary art. In this context, we also discuss Nietzsche’s critique of the cultural productions of Greece in the fourth century BC, and contextualize them in relation to contemporary aesthetic phenomena.
Keywords: Nietzsche. Adorno. Aesthetics.
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Recebido em 20/06/2016
Aceito em 18/09/2016
[1] O presente texto é o resultado parcial de uma pesquisa de doutorado a respeito das possíveis relações entre Nietzsche e Adorno, especialmente no que tange às questões da filosofia da cultura e da indústria cultural.
[2] Doutor em Estética e Filosofia da Arte pela UFMG; Professor do PPG-Letras da Universidade de
Passo Fundo, RS. E-mail: fcofianco@upf.br.