Trans/Form/Ação, Marília, v. 46, n. 1, p. 15-36, Jan./Mar., 2023. 17
A longa trajetória de um intelectual brasileiro Artigos / Articles
(1981), Oliveira Vianna de corpo inteiro (1991), entre outros. Além desses,
enfatizamos aquelas obras que consolidaram Antonio Paim como um dos
liberais mais destacados entre os intelectuais brasileiros, tais como: Evolução
histórica do liberalismo (1987), O liberalismo contemporâneo (1995), A agenda
teórica dos liberais (1997), O liberalismo social: uma visão histórica (1998, em
colaboração com o renomado liberal José Guilherme Merquior e Gilberto de
Mello Kujawski), A bem-sucedida privatização brasileira (2007), entre outros.
Antonio Paim foi um dos mais longevos membros do Instituto
Brasileiro de Filosoa (IBF). O IBF foi fundado na cidade de São Paulo, em
1949, sendo responsável pela Revista Brasileira de Filosoa (RBF), publicada
por cinco décadas, desde 1951. A liderança do IBF cabia ao jurista paulista
Miguel Reale (1910-2006). Antonio Paim publicou seu primeiro artigo na
RBF, em 1965, sobre Tobias Barreto, e passou a ser um dos mais assíduos
autores, com 74 artigos publicados até o ano 2000.
5
Nos anos 1950, concluiu o curso de losoa da Universidade do Brasil,
no Rio de Janeiro, e o doutorado na Universidade Lomonossov de Moscou,
Rússia. Antonio Paim fala detalhadamente nesta entrevista sobre a estadia na
capital russa. Pela sua atuação junto do PFL, Antonio Paim foi considerado um
importante intelectual liberal, mas, antes disso, na juventude fora um militante
do Partido Comunista Brasileiro (PCB) da Bahia, de onde despontaram
grandes quadros do partido e da esquerda brasileira, como Carlos Marighella e
Jacob Gorender. O próprio lósofo aborda, nesta entrevista, sua trajetória no
PCB, do qual acabou se desligando após a divulgação do “Relatório Secreto”,
o qual revelou os crimes de Stálin, divulgado pelo presidente soviético Nikita
Kruschev, durante o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética,
em 25 de fevereiro de 1956.
Na entrevista, Antonio Paim diz que desligar-se do PCB foi uma coisa,
sair do marxismo foi outra e levou muito mais tempo, somente após anos de
estudos da obra de Kant e de sua adesão ao kantismo. O “acerto de contas”
do autor com o marxismo viria praticamente meio século depois da saída do
PCB, com a publicação do livro Marxismo e descendência, em 2009.
Paulo Mercadante (1923-2013), intelectual com quem nosso autor
publicou estudos sobre Tobias Barreto, diz que Antonio Paim buscou uma
A lista completa de artigos publicados por Antonio Paim, na Revista Brasileira de Filosoa, encontra-
se no Índice (CDPB, 2005, p. 322-324). Sobre o Instituto Brasileiro de Filosoa, a Revista Brasileira
de Filosoa e Miguel Reale, indicamos: GONÇALVES (2016, 2017a, 2017b, 2019a, 2017b, 2020a e
2020b), MOTOYAMA (2001), PATSCHIKI (2014), PINHO (2019), ZILLES (2000).