A RELAÇÃO ENTRE SUPPOSITIO E SIGNIFICATIO NA SUMMA LO GICAE DE GUILHERME DE OCKHAM

 

Ernesto Perini SANTOS[1]

 

RESUMO : Os conceitos de significatio e de suppositio sao centrais na semi'mtica ockhamiana; a primeira noção e uma propriedade de termos isolados; a segunda, de termos em proposi<;oes . A compreensao da relação entre os dois e muito importante; esta em jogo 0 carater atomista ou proposicional de sua semantica. A definição de cada urn destes termos remete a definição do outro, nao sendo possivel determinar a prioridade de urn sobre 0 outro a partir de suas defini<;oes . Ambos termos tern excessos em relação ao outro, cobrem casos nao cobertos pelo outro. A analise destes excessos permite identificar 0 termo dominante para explicação de tipos diferentes de fen6menos lingiiisticos. Estes tipos de fen6menos sao identificados como campos conceituais diferentes, 0 que permite estabelecer a prioridade de urn termo sobre 0 outro em campos diferentes da semantica.

PALAVRAS- CHAVE: Significatio; suppositio; semantica.

 

 

I

 

Qual a relaQ8.o entre significatio e suppositio em Ockham? A significaQ8.o e uma propriedade do termo tornado isoladamente. Urn signo linguistico e significativo se traz algo ao conhecimento e pode supor por este algo numa proposiQ8.o . Esta definiQ8.o n8.o diz que urn termo s6 e significativo numa proposiQ8.o, mas que ele deve poder entrar numa proposiQ8.o, ou e ele mesmo uma proposiQ8.o. Ser significativo e uma propriedade pre-proposicional do termo . A suposiQ8.o e uma propriedade proposicional do termo . Urn termo s6 supae pOI algo numa proposiQ8.o . Voltaremos as definiQaes de uma e outra propriedade, mas podemos ja ver que definindo uma ou outra como prioritaria estamos fazendo uma oPQ8.0 por uma semantica atomista ou proposicional. Com efeito , se dissermos que a propriedade fundamental do termo e a significaQ8.o , diremos que a semantica fundamenta-se em propriedades do termo tornado isoladamente ; inversamente, se fizermos a oPQ8.0 pela suposiQ8.o, diremos que a semantica interessa-se por propriedades que ocorrem em contextos proposicionais . que esta em jogo nao e pouco , procuramos definir qual e a instancia fundamental de uma teoria do signo linguistico, a partir de duas noc;:6es basicas . Determinar assim a relac;:ao entre significatio e suppositio e uma tarefa importante na compreensao da semantica ockhamiana. Nao iremos refazer 0 rico debate sobre este tema na literatura ockhamiana, os comentadores serao considerados somente na medida em que interessar ao argumento .

Nao e possivel dizer que uma noc;:ao se define em virtude da outra. A definic;:ao de signo linguistico remete a suposic;:ao e inversamente . Vamos inicialmente caracterizar a circularidade de definic;:6es . Em seguida, veremos os excessos da suposic;:ao e da significac;:ao e 0 que os caracteriza. Analisaremos, por fim, a relac;:ao entre os dois excessos , que remetem a casos nos quais nao hcl excesso algum. Esta estrategia nos permitira estabelecer uma relac;:ao entre suposic;:ao e significac;:ao que nao e de prioridade de uma sobre a outra, mas de dominios conceituais diferentes .

 

II

 

A definic;:ao de "signo linguistico " faz referencia a propriedade de suPoI :

 

Compreende-se de outra maneira signo como aquilo que faz vir algo ao conhecimento e esta destinado por natureza a supor por este algo ou a ser adicionado a tal tipo de signo numa proposic;:ao ... ou 0 que e destinado a ser composto de tais signos, como a frase. (Ockham, 1989, p. 7)[2]

 

Propomos a seguinte definic;:ao de "signo linguistico" :

Def. signo lingUistico : x e urn signo lingUistico se e somente se x traz 0 conhecimento de a, se x e apreendido, a e diferente de x e x pode supor por a numa proposic;:ao, fazer parte de uma proposic;:ao ou e uma proposic;:ao .

Urn signo linguistico significa aquilo por que pode SUpOI. A suposic;:ao a que O ckham faz referencia aqui e a suposic;:ao pessoal (Sp) ; pela definic;:ao , urn signo sup6e por aquilo que significa, 0 que e proprio da suposic;:ao pessoal. A definic;:ao da suposic;:ao pessoal, pOI sua vez , faz referencia ao significado do termo .

De maneira geral, a suposic;:ao e pessoal quando 0 termo sup6e por seu significado.[3]

Propomos a seguinte definic;:ao de "suposic;:ao pessoal" :

Def. suposir;ao pessoa1 : x sup6e em suposic;:ao pessoal por a se e somente se x significa a, x ocupa a posic;:ao de sujeito ou predicado numa proposic;:ao e x fica no lugar de a.

As definic;oes sao circulares , nao e possivel dizer, a partir das definic;oes , qual a noc;ao prioritaria,4 como parece pretender Loux (1979, p.420). Deve-se observar, com Panaccio , que esta circularidade de definic;oes nao e tao grave quanto 0 seria numa construc;ao axiomatica (1984) . Na ordem da definic;8.o , como diz ainda Panaccio , nao M prioridade . Mas nao M so circularidade de definic;oes entre significa tio e suppositio, M tambem excessos num e noutro caso . Urn termo pode supor por algo que nao significa e significar algo por que nao supoe . Nosso proximo passo sera examinar estes excessos, para esclarecer a relac;ao entre estes dois conceitos na Summa 10gicae de O ckham.

 

III

 

A suposic;ao excede a significac;ao quando urn termo em suposic;ao simples (SS)5 ou em suposic;ao material (SM)6 supoe por algo que nao significa. Estes casos podem ser identificados genericamente a noc;ao contemporanea de menc;ao, em oposic;ao ao usa, que se identifica com a suposic;ao pessoal. Nos dois casos, os termos sao tornados nao significativamente . Quais sao as condic;oes de tal excesso? Inicialmente, as condic;oes gerais da suposic;ao. Podemos definir "suposic;ao " sem considerar seus diferentes modos, da seguinte forma :

Def. Suposir;ao: urn termo x supoe por a se e somente se x esta na posic;ao de sujeito ou predicado numa proposic;ao e x fica no lugar de a.

As condic;oes da suposic;ao, independentes de seu modo, sao :

a)   0 termo estar numa proposic;ao ;

b)   0 termo estar em posiC;8.o de sujeito ou predicado ;

c)   0 termo ficar no lugar de alguma coisa.

A condic;ao (a) restringe a propriedade de suposic;ao em relac;ao a significac;ao, pois urn termo e significante independentemente de sua inserc;ao proposicional, 0 que nao ocorre com a suposic;ao . A condic;ao (b) refere-se a "termo " no sentido primeiro do Capitulo 2:

 

o nome "termo" compreende-se de tres modos . Num sentido, chama-se "termo" tudo aqui- 10 que pode ser a copula au a extrema de uma proposic;:ao categorica, a saber 0 sujeita au a predicada au ainda uma determinac;:ao de um extrema au de um verba[4]

Este sentido inclui termos simples e complexos,8 tomados significativamente ou na0 9 Em uma frase como "as moscas engraçãdas chegaram", 0 termo que supoe 8 " as moscas engraçãdas", nao apenas "moscas" . Na frase "' a mesa 8 verde ' 8 uma frase" , 'a mesa e verde ' esta em SS e e um termo apenas no sentido acima apontado, ja que 8 um termo complexo tomado nao significativamente . 0 excesso esta indicado no segundo item, ja que termos supoem por algo que nao podem significar se nao sao tomados significativamente. 0 item (c) e um termo primitivo, que identificamos quando estao realizadas as outras condi90es da suposi9ao lO 0 excesso da suposi9ao em rela9ao a significa9ao esta portanto em termos (no primeiro sentido do Capitulo 2) em contextos proposicionais tomados nao significativamente. S6 M termos tomados nao significativamente em contextos proposicionais . Um termo s6 pode estar em SM ou em SS num contexto proposicional, porque em tais casos deve haver um termo em suposi9ao SP no outro extrema da proposi9ao ll Para que um termo suponha em SS ou SM, e necessario que 0 outro extrema da proposi9ao signifique 0 conceito (SS), ou 0 som vocal ou a marca escrita (SM) pelo que vai supor 0 termo tomado nao significativamente . No exemplo acima, "a mesa 8 verde" esta em suposi9ao simples porque 8 significada como frase pelo predicado "8 uma frase". A suposi9ao e urn conceito que 8 mais amplo que 0 de significa9ao se consideramos os termos em proposi90es .

Quando a significa9ao excede a suposi9ao? Urn termo significa de maneira secundaria aquilo por que nao pode supor, 0 que nao depende de um contexto proposicional. "Branco " remete, de maneira secundaria, a brancura, mesmo fora de uma proposi9ao . 0 que determina 0 excesso da significa9ao neste caso? 0 termo ter mais de urn significado, isto e, significar de mais de um modo aquilo que significa. Termos conotativos sao justamente termos que significam aquilo que significam de mais de urn modo, 12 em oposi9ao a termos absolutos . 13 Ha uma primeira oposi9ao em rela9ao a suposi9ao : nao interessa aqui a inser9ao proposicional do termo . Esta oposi9ao aponta para uma outra, a do sentido de "termo" . No caso anterior, vimos como "termo" 8 tomado no sentido da primeira defini9ao do Capitulo 2. Neste caso, "termo " e tornado no sentido da segunda defini9ao deste mesmo Capitulo. E termo todo elemento incomplexo, distinto da proposi9ao. E neste sentido de "termo" que podemos falar de termos conotativos e absolutos. Ockham mesmo diz que 8 neste sentido que "termo" e tornado na Summa. 14 Sao conotativos termos simples, urn termo complexo nao e dito conotativo . E claro que , sendo uma propriedade do termo independente do contexto proposicional, 0 termo aqui nao pode ser tornado nao significativamente, o que s6 ocorre numa proposi9aO .

A rigor, nao se deveria falar em "ser tornado" de modo algum, ja que urn termo s6 e tornado de tal ou tal modo em uma proposi9aO . Convem esclarecer 0 sentido de "ser tornado significativamente ". Urn termo esta em SP quando e tornado significativamente, e isto a distingue dos outros tipos de suposi9aO . Termos tornados em SP e apenas termos tornados em SP sup6em pOI seu significado. Ora, termos em SP e apenas eles sao tornados significativamente, assim, "supor pOI seu significado " e "ser tornado significativamente" sao equivalentes, nos dois casos identificamos os termos em SP. 1 5 Assim, se consideramos 0 significado de urn termo, tratamos daquilo porque sup6e se tornado significativamente . E claro que, tratando do excesso da significa9aO sobre a suposi9aO, urn termo significa algo por que sup6e e algo pOI que nao pode SUpOI.

 

IV

 

Ora, num e noutro caso a possibilidade dos excessos refere-se a urn termo no qual nao ha excesso, seja urn termo em SP, seja urn termo que nao significa nada por que nao possa SUpOI. Urn termo que sup6e em SS ou SM sup6e por aquilo que nao significa e esta possibilidade e ela mesma coordenada pOI urn termo em SP, que sup6e por aquilo que significa. A possibilidade da suposi9aO exceder a significa9aO refere-se a urn termo cujos supposita identificam-se aquilo que significa.

Termos que significam algo por que nao sup6em sao termos que tern uma significa9aO primaria e uma significa9aO secundaria. Eles significam aquilo que significam os termos principais a partir dos quais foram impostos , pelo que nao podem SUpOI. Esta referencia ao significado principal aparece no Capitulo 33 de SL , no terceiro sentido de "significar":

 

Compreende-se "significar" de outro modo quando se diz que e significado aquilo a partir do que 0 som vocal foi imposto ou aquilo que e significado de modo primario pelo conceito principal ou pelo som vocal principal. Deste modo, dizemos que "branco" significa a brancura, porque "brancura" significa a brancura, pelo que contudo 0 signo "branco" nao sup6e.16

 

Nao entraremos aqui na discussao deste trecho, que envolve uma relaQao entre signos nem sempre considerada pelos comentadores. Basta notar como "branco" remete a brancura, que nao significa de modo primario, pelo que portanto nao pode SUpOI. Por que "branco" significa a brancura neste sentido de "significar"? Porque significa aquilo a partir do que foi imposto . "Branco " remete justamente aquilo que e significado por "brancura", que , sendo urn termo absoluto, supae por aquilo que significa. E justamente isto que queriamos estabeleceI. Urn e outro excesso remetem a situaQoes nas quais nao ha excessos, ou seja, a termos em SP ou a termos absolutos . Vimos no inicio do texto como os casos principais da suposiQao (Sp), que determina a possibilidade do desvio da suposiQao, e da significaQao (termos absolutos), a partir do qual sao impostos os termos cuja significaQao excede a suposiQao, remetem urn ao outro, ou seja, nao saimos da circularidade das definiQaes .

A passagem pelos excessos nos indica, contudo, campos diferentes dominados ou pela suposiQao ou pela significaQao . A suposiQao e 0 conceito central no nivel proposicional.

 

Inicialmente, Ockham quer tomar a nor;ao de referencia padrao ou suppositio pessoal como conceitualmente anterior a nor;ao de sentido ou significa tio; ele quer dizer que nao h8. relar;ao palavra- mundo semanticamente mais fundamental do que aquelas envolvidas no funcionamento de urn termo como artificio de referencia (referring device) em contextos proposicionais normais. (Loux, 1979, p 423)17

 

Considerada no nivel proposicional, a linguagem tern como conceito central a suposiQao . 0 sentido de "termo" usado na definiQao de "suposiQao" considera a linguagem ja formada, ja constituida em proposiQaes ; 0 termo ai e 0 resultado da consideraQao de sua funQao sintatica em proposiQaes . Se toda lingua gem for proposicional, a suposiQao e 0 conceito central.

Mas toda linguagem e proposicional em Ockham?

 

A complexidade desta relar;ao entre significar;ao e suposir;ao manifesta-se no aspecto teleol6gico dos enunciados que concernem ao signo e a significar;ao. 0 signo esta destinado a supor , ele e definido por esta aptidao ao mesmo tempo em que ele e colocado como anterior. Resumindo, a significar;ao e colocada como suposir;ao potencial. (Biard, 1989, p 93)18

 

o signo assim definido e 0 signo linguistico . Ele s6 e signo lingilistico na medida em que pode entrar numa proposiQao , que e aquilo que 0 diferencia de outros tipos de signo . 0 fato de ser destinado a fazer parte de uma proposiQao, supondo ou nao, distingue "signo linguistico" de "signo" no Capitulo 1 de SL .

Urn signo linguistico que pode entrar numa proposiQao nao esta contudo necessariamente numa proposiQao . It dificil justificar esta posiQao na Summa, porque urn signo nao esta num contexto proposicional se considerarmos sua genese a partir da experiencia, que nao e tematizada na Summa . Assim, na Orclina tio, que trata da teoria do conhecimento, podemos ler :

 

todo ato judicativo pressupoe na mesma potEmcia 0 conhecimento incomplexo dos termos, porque pressupoe 0 ato de apreensao, e o ato de apreensao a respeito de urn certo complexo pressupoe o conhecimento incomplexo dos termos ... (Ockham, 1967, p.21} 19

 

Esta passagem refere-se a termos mentais, mas a propriedade de ser significativo fora de contextos proposicionais pode ser transferida a termos convencionais a eles associados . Do ponto de vista da origem da significaQao, a linguagem nao e necessariamente proposicional, ou antes os termos nao estao necessariamente em proposiQoes. Ao contrario , a apreensao de complexos (proposiQoes) pressupoe a apreensao de incomplexos (termos), que sao, portanto, anteriores e podem existir no intelecto sem as proposiQoes . Ora, deste ponto de vista, nao a suposiQao, mas a significaQao, e prioritaria.

Considerando a linguagem urn conjunto de proposiQoes , a suposiQao e 0 conceito principal; considerando a linguagem do ponto de vista do surgimento da significaQao a partir da experiencia, isto e, a partir de uma teoria do conhecimento, a significaQao e 0 conceito principal. It interessante observar como ambos aparecem no texto da Summa, no qual poderiamos esperar que apenas a suposiQao dominasse . Os dois excess os encontrados indicam precisamente que os dois conceitos centrais da semantica ockhamiana sao alternadamente dominantes no texto mesmo da Summa e em campos bern precisos .

Ha uma mudanQa do sentido de "termo ", 0 que e urn fato importante quando se trata justamente da 16gica dos termos , 0 tema da primeira parte da Summa . Os fatos relevantes tambem nao sao os mesmos . Nao e a mesma coisa, com efeito, referir-se a origem do significado de urn termo na experiencia e referir-se a organizaQao de termos numa proposiQao . Ha uma mudanQa de ponto de vista, ou seja, os fatos considerados relevantes num contexto nao 0 sao em outro . Nao interessa saber 0 termo mental a partir do qual urn termo convencional foi imposto para saber em que tipo de suposiQao esta. Inversamente, a inserQao proposicional de urn termo nao e relevante se vamos considerar a imposiQao de urn termo .

Se podemos definir onde cada noc;ao e dominante, nao podemos separa-Ias de maneira estanque. Da linguagem ja organizada em proposic;oes, somos remetidos a relac;ao entre termos que se explicam a partir da origem da significac;ao . E, inversamente , 0 signo lingiifstico, mesmo quando definido antes de sua inserc;ao proposicional, define-se como lingiifstico pela possibilidade da inserc;ao proposicional. Esta e a circularidade de definic;oes . Ha uma outra circularidade, que nos remete de urn e outro excessos a casos nos quais nao ha excesso .

Sugerimos assim que existem na primeira parte da Summa dois dominios conceituais distintos, que consideram aspectos diferentes da linguagem e usam diferentes sentidos de "termo". Num destes dominios, onde "termo" e definido como elemento simples e a linguagem e considerada a partir de sua origem na experiencia, a noc;ao de significatio e mais importante. No outro dominio, onde "termo" e definido a partir de sua func;ao sintatica e consideram-se as relac;oes entre os signos, a noc;ao de suppositio e prioritaria. Devemos estar atentos as ferramentas conceituais usadas em cada caso para entender que noc;ao e dominante em cada momenta e que aspectos da linguagem sao relevantes . Esta e uma distinc;ao de metodo, dirfamos hoje, para abordar aspectos diferentes da teoria do signo lingiiistico . Nao sao abordagens contraditorias, mas complementares . Ha uma duplicidade de metoda que procura se adequar a complexidade dos fen6menos abordados . Se esta duplicidade nao e tematizada par O ckham, ela e pelo menos praticada, como acreditamos ter mostrado parcialmente neste texto .

 

 

SANTOS, E. P. Suppositio and significa tio in Ockham's Summa Logicae. TranslFormlAr;ao (Sao Pa ulo), v. 19, p. 195-203, 1996 .

 

ABSTRACT: Significatio and suppositio are central notions in Ockham 's semantics; the former is propriety of isolated terms, the later, of terms in propositional contexts. Understanding the relation between both notions is important to determine the atomistic or propositonal character of Ockham 's semantics. The definition of each term refers to the other, not allowing any priority of one of them. Both terms exceed one another, covering cases which are outside the scope the other. We identify, through the analysis of this excess the dominant term for the explanation of different kinds oflinguistic phenomena. These different kinds of phenomena are identified with two different conceptual fields, each term (suppositio and significatio) being dominant in one field.

KEYWORDS: Significatio; suppositio; semantics.

 

Referemcias bibliogrcificas

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SPADE, P. V. Ockham's distinctions between absolute and connotative terms. Vivarium , v.13, n.1, p. 55-76, 1975.



[1] Professor de Filosofia - Universidade Federal de Minas Gerais - 31 270-900 - Belo Horizonte - MG.

[2] "Aliter accipitur sign um pro ilia quod aliquid fa cit in cognition em venire et natum est pro ilia supponere vel tali addi in proposition e ... vel quod natum est componi ex talibus, cuiusmodi est oratio. " Somme de Logique doravante sera citada como SL.

[3] "Suppositio personalis, universaliter, est ilia quando terminus supponit pro suo significato ... ", (SL, p.201).

[4] "Est autem sciendum quod hoc nomen 'termin us ' tripliciter accipitur. Un o modo vacatur termin us omne illud quod potest esse copula vele extremum propositionis categoricae, subiectum videlicet vel praedicatum, vel etiam determinatio extremi vel verbi'" (SL, p.8).