dia
a luz da guerra civil espanhola). E essa luta her6ica da Resistencia
contra 0 nazismo que da sentido a assimila9ao sartriana do heroismo literario
de Malraux e do heroismo
fi
los6f
ico
de
Heidegger
.
Esq
uematizando: SN
capta
(e
mesmo antecipa)
filo
so
fi
camente urn momenta de virada hist6rica:
a partir de Stalingrado a palavra de ordem "Da Resistencia a Revolu9ao"
come9a a se impor
-
a Revolu9aO mundial poderia finalmente sair da guerra
(assim como em SN a liberdade sai de dentro da nao-liberdade).
Na
encruzilhada de dois mundos, 0 "ensaio de ontologia fenomenol6gica" de
Sartre (cujo
final
de
red
a9ao
,
inicio
de
19
43,
coincide
com
a
vit6ria
de
Stalingra
do)
parece
justamente anunciar a supera9ao de urn estado de
nao-liberdade e 0 advento dos
"T
empos
Moder
nos"
-
uma
epoca
marcada pela
"p
uiss
an
ce
de
la
li
be
rt
{
J'
,
(tal como
Sartre define mais tarde
aquela conjuntura de efervescencia revolucionaria que culmina na
insurrei9ao parisiense de 1944
-
esse "Apocalipse da Liberdade", nas
palavras do autor).
0 livro termina justamente com uma apologia da liberdade
- nessa apolog
ia,
nesse
hino
a
lib
erda
de,
podem
-se
ouvir
os
ecos
da
batalha
de
Stalingrado
.
Nesta
perspec
tiva
,
a
obra
es
taria
rees
crevendo
,
de
forma
dramati
ca,
uma
exp
eriencia hist6rica igualmente dramatica (e da
generaliza9ao te6rica dessa experiencia que vira a filosofia sartriana da
Revolu9ao).
E a pr6pria Hist6ria que esta sendo reconstruida la dentro (de
forma mitol6gica, certamente, mas isso nao impede que veicule problemas
reais)
.
Fora
daquele
"mo
nd
e
resis
tan
t"
, para
usar
a
ling
uagem
do
livro
,
nosso
olhar
retrospectivo sobre SN correria 0 risco (e sao muitos os que hoje
por ai derrapam) de anacronis
mo,
e
ma
is,
de
apresen
tar
a
obra como
u
rn
ensaio
de
ontologia
brilhante
,
mas cujo sentido parece inextricavel diante
dos problemas te6ricos colocados pelo
curso
do
mundo
moderno
.
Voltamos assim ao ponto de onde partimos: nao e que a filosofia
elaborada em
SN
nao
tive
sse
os
pes
no chao
,
e
que
0
chao
hist6rico
ac
abara
de
desa
b
ar
:
"
il
no
us
parut que Ie sol allait manquer sous nos pas",
escreve Sartre em seu balanQo daquele periodo (1948, p. 242)
6
Grau zero
da hist6ria, ou "hist6ria em suspenso", segundo a analise de Merleau-Ponty
-
uma epoca privilegiada de transparencia em que "se tamara impossivel
ignorar a materia social, assim como urn doente ja nao pode ignorar
seu
corpo"
(1975,
p.
203).
Momento
de
euforia
e
de
"descoberta"
da
Hist6ria
(como
no inicio da filosofia classica alema diante da RevoluQao Francesa),