HERDEIROS DO IDEALISMO ALEMAO
Ricardo MUSSE
1
RESUMO: Acompanha-se, aqui, a pertinencia do lema de Engels, que
concebe 0 marxismo como
"herdeiro
do
idealismo
alemao"
nas
teorias
de
Lukacs,
Horkheimer
e
Adorno.
Enquanto
Lukacs
assenta
o metoda manGsta
na vertente da filosofia hegeliana e Horkheimer assume explicitamente 0
legado kantiano, Adorno nao se prop6e a ser herdeiro, mas sim critico do
idealismo alemiio.
PALAVRAS- CHAVE
:
Dialetica
;
raziio
;
teoria critica
;
marxismo
ocidental
;
idealismo alemao.
Georg Lukacs apresenta
Hist6na
e consclBn cia de cJasse, sob a
egide do
"marxismo ortodoxo", como ".
..
uma
explicaC;ao
da
doutrina
de
Marx
no
sentido
de
Marx"
(19
74
,
p.
8)
Porem
,
premido
pe
la
necessidade
de
conhecer
0
presen
te,
des
carta
a
integ
ridade
estetica
do
sistema,
concen
trando
-se
na
de
canta
c;
ao do metoda
de
Marx
.
o
"c
entro
vita
l"
,
0
aspec
to
ess
encial
desse metodo
,
se
gundo
Luk
acs
,
e
a
diale
tica
.
Elevada a
primeiro plano, a considerac; ao metodol6gica
da
dialetica
nos
remete
as
relac;oes entre Marx e Hege1.
2
A intenc;ao
de Lukacs,
aqui,
e
determinar de
urn
modo
mais preciso
-
indo alem das afirmac;oes indefinidas de
Engels e Plekhanov, que concebiam abstratamente 0 marxismo e 0
1
Departamento de Filosofia - Faculdade de Filosofia e CiE!Ocias
- UNESP -
17525-900
-
MarHia - SP.
movimento operario como "herdeiros da filosofia c!assica alema" 3
-
os
pontos em que as categorias do metoda hegeliano se tornaram decisivas
para 0 materialismo hist6rico.
o projeto explicito
-
assumido modestamente por Lukacs como uma
tentativa de tomar consciente 0 metoda de Marx
-
e refazer 0 percurso
da apropriac; ao das
categorias
da
dialetica
hegeliana
por
Marx
.
A
recon
stru
c;
ao desse
itinerario
-
assen- tada na ideia de que e possivel uma
apropiac;ao fragmentaria das categorias da Cien cia
da 16gica
-
parte de
urn pressuposto que desde Engels norteia a incorporac;ao da
filosofia
de Hegel pelo marxismo:4 a crença na possibilidade e
factibilidade de uma
separação que, por um lado, conserve o
método, a dialética e, por outro, se desem-
barace das amarras do
sistema.
A primeira providência de Lukács, por conseguinte, é
desmantelar a arquitetura
"morta" do sistema, separando a
dialética do seu arcabouço histórico, em outras palavras,
... a tarefa consiste em proceder a uma discriminação entre as
tendências múltiplas que se entrecruzam e que em parte se
contradizem violentamente e de salvar, enquanto força intelectual
viva para o presente, o que de metodologicamente fecundo no
seu pensamento. (1974, p. 11)
As categorias desmembradas da filosofia de Hegel e a dialética
cuidadosamente extraída do sistema atendem, no entanto, a um
objetivo raramente expresso, diria, até, a um projeto inconsciente.
Transplantadas para a teoria de Marx visam unificar as
ambigüidades e complementar os fundamentos filosóficos da obra
de Marx.
Aquilo que move Lukács a retomar a dialética, a revitalizar o
peso e a importância
da filosofia hegeliana na teoria de Marx, não
é a mera constatação de que toda uma série de categorias
decisivas continuamente usadas por Marx que provêm
diretamente da Lógica de Hegel, mas sim a convicção de ter
reencontrado o fio que
permite, na interpretação da obra de Marx,
"... compreender o sistema e o método -
tais como nos são dados
-
na sua unidade coerente e de preservar esta unidade"
(p.
11).
Reconstruído em sua unidade, como um sistema aberto, o
sistema de Marx revela um "profundo parentesco" com a
reinterpretação lukácsiana da filosofia de Hegel. Esta proximidade
não é casual; Marx - segundo Lukács - não apenas corrigiu, mas
também "prolongou decisivamente" o sistema de Hegel: "Assim, o
método dialético de Marx nasceu como a continuação conseqüente
do que Hegel visara, mas não tinha atingido concretamente" (p. 33).
Marx, aduz Lukács, leva às últimas conseqüências a tendência
histórica inscrita na filosofia de Hegel, recompondo a dialética
segundo o ponto de vista da totalidade.5 Assim, a dialética marxista
em seu direcionamento para o conhecimento da realidade, da
totalidade do processo histórico
-
aprofundando Hegel
-
ganha em
Lukács uma nova denominação, torna-se o "... método de Hegel-
Marx" (p. 53).
Face
"progressista
" ,
"n
ucleo
revol
ucionar
io
" da
fi
lo
sof
ia
de
Hegel
,
a
dialetica
hegeliana
e,
por
tanto
,
incorporada integralmente
pelo
marx
ismo
ortodo
xo
de
Lukacs
.
PQrem
,
como
nao
se
trata
de
retornar
a
Hegel,
mas
de
supera
-lo,
convem
aplica
r
0
metoda
de
Hegel
inclusive ao
seu
sistema
,
reorientando
a
cria
r;:
ao contra 0
criador
.
Assim
,
a reconstru
r;:
ao lu
kacsiana
da
dialet
ica,
ao
cons
ervar
mesmo
os
pontos
mais
caracteristicos
e
pec
uliares
da
dialetica
hegeliana
-
como
,
por
exem
plo
,
a
nega
r;:
ao do
carater
unilateral
e
limitado
das
determ
ina
r;:
oes do entendimento
-
compreende a
critica
de
Marx
a
Hegel
como
a aplica
r;:
ao da
critic
a
hegeliana do entendimento
aos
vestigios da
filosofia
da
reflexao
presentes
no
proprio
sistema
de
Hegel
.
Apesar
de
conceber a
dialetica
ma
rxista
como
uma
retomada da
logica
hege
li
ana
,
o marxismo ortodoxo de Lukacs nao hesita em eleger a si
proprio como medida adequada para
ju
lgar
"
h
istoricamen
te"
a verdade
da
filoso
fi
a
de
Hegel
.
Seguindo
tal
criterio, condena-se a "rnitologia
conceitual" de Hegel - 0 fato de este conceber a historia
unicamente
na
representa
r;:
ao
dos
filosof
os,
na
imag
ina
r;:
ao espe
culativa,
nao
conse-
guindo
,
por
conseguinte
,
superar a
dualidade contemplativa
de
pensamento
e ser.
Para
estabele
cer
esta
linha
d
e
ruptura
entre
Ma
rx
e
Hegel,
Lukacs
atribui a
fu
n
r;:
ao geratriz ao seguinte ponto
:
.
..
0
\o
\l
em
\\
eQe\
I)
oe
como
1)
,"me"
H\.
e
)('
lQ
€m
cl
o.
ue
su
o.
\
\.\.
OSo\\
o.
0
I)
l\
l\
c\.
I)
\O
seQu
l\
uo
0
CW
o.
\
"
0
vmdadeiro deve ser considerado e expr esso, nao apenas como
sUDstimcia, mas igua\mente como
sujeit
o".
Porem
,
caberia
exclusivamente
a
Marx
descobrir concretamente
este
"ver
dadeiro
enqu
an-
to sujeito" e estabelecer assim a unidacle da teoria e da praxis.
(p. 53)
Impossibilitada pela sua epoca de encontrar "0 verdadeiro sujeito"6, a
filosofia
he
geliana permanece contemplativa
,
unificando
os
momentos
separados
da
razao
numa
recon
cil
ia
r;:
ao
apenas
teorica
:
"a
filosofia
classica
nao
pode,
portan
to
,
de
ixar
como heran
r;:
a
a
evolu
r;:
ao
(burgu
esa)
ulterior
mais
do
que
estas anti
nomias
nao
res
olvidas
" .
Luk
acs,
porem
,
conhece
u
rn
pressuposto
teorico
capaz
de
res
olver
os
dilemas da filosofia
idealista
:
A
efetiva
ao
desta viragem
operada
pela
filosofia
classica
e
que
come
ava
,
pelo menos metodologicam
ente,
a
apontar
para
alem
destes limites
,
a
efetiva
ao
do metoda dialetico
como
metodo da
historia, ficou reservada a classe que estava habilitada a descobrir em
si mesma, a par-
tir do seu fundamento Vital, 0 sujeito· objeto identico, 0
"nos" da genese
:
ao proletariado. (p. 168)
Comparada a "realidade" do proletariado
,
ao nucleo da teoria de
Lukacs, a filosofia de Hegel
-
avaliada enquanto especie org€mica
incipiente
-
assume a forma
de
u
rn
ger
me,
de
uma
antecipa
r;:
ao
das
teses
ce
ntrais do mar
xi
sm0
Contudo
,
ao apres
entar
0 pr
oletariado
como
uma
soluyao
,
u
rn
fecho
metodol6
-
gico para as "antinomias do pensamento burgues", Lukacs nao
apenas postula a realizayao efetiva da filosofia classica burguesa, mas
tambem transforma a "viragem" operada pelo "marxismo ortodoxo"
-
a
postulada necessidade de complementar
filo
soficamente a
teoria
de
Marx
-
num
prolongamento da
fi
lo
so
fi
a classica alema
.
Levando
ao pe da
letra
a
af
irmayao
de
Eng
els
,
Lukacs
reivindica para
sua
teor
ia
e,
por
conseg
uinte
,
para 0
proletar
iado
,
a condiyao
de
he
rdeiros
do
idealism
o
ale
mao.
Horkheimer desconfia da afirmayao de urn sujeito global
supratemporal e com isso esquiva-se do artificio dialetico que concebe 0
proletariado como urn sujeito-ob-
je
to
iden
tico
.
0
sujeito
da
"
f
ilo
so
fi
a
mater
ial
ista"
-
des
carta
dos
os
modelos do esp
irito
abstrato
ou
da
razao
em
si
mesma
-
nao
e
0
Eu,
tampouco
0
absolu
to
,
mas
sim
os
"homens de
uma determinada epoca hist6rica", ou seja,
...
urn individuo determinado, em seus relacionamentos efetivos com
outros individuos e grupos,
em
seu
confronto
com
uma
c1asse
determinada
,
e,
par
ultimo,
mediado
por
este
entrela\=amento,
em sua
inser\=ao no todo social e na natureza
B
(Harkheimer, 1980a, p. 132)
o
pensamen
to
"
c
ritico
" ,
por
tanto
,
nao
deve
ser
modelado
nem
pelo
ego
aut6
-
nomo
,
a
m6nada
individual
,
nem
por
uma
arti
culayao
conc
eitual
centrada
na
genera
-
lidade
dos
ind
ividu
os
;
na
verda
de,
situ
a-se
a meio
caminho
,
sa
lientando
a recusa
de
dois
ex
tremo
s :
0 eu pontual da
fi
loso
fi
a
burg
uesa
,
"
0
dualismo
car
tesiano
entre
pe
ns
ar
e
ser"
;
e
a perspectiva
de
He
gel
,
0
lugar
...
onde coincidem sujeito e objeto, e donde se pudesse extrair par isso
urn saber absoluto No
pensamento
sobre
0
homem,
sujeito
e
objeto
divergem
urn
do
outro
;
sua
identidade
se
en contra
no futuro e nao no presente. (1 980a, p. 132-
3)
Ine
xistente
no
pres
ente
,
Hor
k
heimer desloca
pa
ra
0 futuro a
efetivayao
de
uma
reconc
ili
ayao
entre
individuo
e
coleti
vo
,
ou
,
ainda,
entre
sujeito
e
obj
eto
.
Assim,
ins
tala
como meta da teoria critica uma "imagem
do futuro " moldada pela coincidencia entre os objetivos dos individuos
particulares e os fins da coletividade.
Porem
,
ao conceber a
reconciliayao
como
a
efetiv
ayao do
desejo de urn mundo sem explara\=ao nem opressao, no qual existiria
urn sujeito agindo de fato, isto e, uma humanidade autoconsciente, e no
qual surgiriam as condi\=oes de uma elabora\=ao te6rica
unit
aria
bern
como
de
u
rn
pensamento
que
transcende
os
individuos
.
(1
980a,
p.
15
3)
Horkheimer destoa do modele hegeliano
:
estabelece como paradigma de
sujeito e de sociedade futura a nOyao kantiana de "consciencia em geral"
,
apresentando a "ideia de uma sociedade livre que se autodetermina", a
atividade supra-individual da "humanidade autoconsciente"
,
como a inversao
materialista da unidade da subjetivi- dade geraP
Assim
,
ao en
carregar
a
teor
ia
critica
da
missao
de
determinar
os
seus
pr6prios
fins
,
ao orientar 0 seu comportamento e seu conhecimento para a
constituic;ao de uma coletivi
dade
de
homens
liv
res,
Hork
heimer a
asso
cia
,
de
modo
estri
to,
nao
somente a meta de uma organizac;ao racional, mas
tamMm
-
numa remodelac;ao da razao pratica de Kant
-
ao conceito de uma
racionalidade voltada para a emancipac;ao.
Horkheimer inscreve assim no
amago da teoria critica, enquanto interesse emancipa- t6rio
-
antes de se
confrontar com 0 dilema de ter que redefini-Ia pela critica da Aufklarung
-, a concepC;ao kantiana de razao lO
Longe do formalismo e neutralidade da razao "tradicional", a teoria
critica,
dotada
de
fins
determi
nad
os,
esta,
portan
to
,
orientada
pel
a
taref
a
pr
atica
de
raciona-
lizagao
do
real
,
is
to
e,
pela
ex
igencia
de
con
stitu
i
c;
ao
de
uma
organiza
C;
ao
so
cial fundada
na
razao
.
Assim
,
se
apresen
ta
como
uma
"t
eoria
atrave
ssada
e
do
min
ada pelo interesse em urn estado racional".
o
prop6sito
de
ordenar
as
a
c;
6es
humanas
sob
a unidade da
razao
,
0
ideal
de
u
ma
autodetermina
c;:
ao
independente
do
agir
humano
pela
razao
,
culmina
na
e
xp
osi
gao
da
emancipa
c;
ao
como
u
rn
inter
esse
humano
universa
l
.
Assim
,
Hork
heimer in
stitui
como urn momenta de
sua teoria critica a tese kantiana de urn interesse da razao.
ll
It
essa apropriac;ao do interesse pratico
como fim ultimo da filosofia
que
permite a Horkheimer - apesar de sua rejeic;ao da " razao afirmativa", da
reconciliac;ao espiritual conduzida pela
filosofia
hegeliana
-
asseverar
que
".
..
a
teoria
critica
preserva
nao
s6 a heranc;a do idealismo alemao
,
mas da pr6pria
filosofia" (1980b, p. 156).
A
heran
c;
a
avocada
pela
teor
ia
critica
nao
e
mais
,
como
em
En
gels
e
Luk
acs,
0
metoda
de
Hegel
.
Agora,
Horkhei
mer
assume
ex
pl
icitamente
que
0
que
deve
ser
conservado
na
conversao ao
materia
li
smo
e
0
con
ceito
idea
li
sta
de
razao
.
Privile
gi
ando
o
lado
criti
co da
teor
ia
,
em
detrimento
do
aspec
to
a
fi
rmativo
,
a
teoria
de
Horkhe
imer
se
situ
a
como
u
rn
prolongame
nto da
filosofia
tran
scen
dental
;
assim
,
complementa a recusa
da reconc
ilia
c;
ao hegeliana
-
conser
v
ando
,
pelo
menos
em par
te,
0 legado
do idealismo
-
pel
a
assun
c;
ao da heran
c;
a
de
Kant
.
Numa
conferencia
radiof
onica
,
posteriormente
reescrita
e
publicada
em
E
in
g
rif
fe
com
0
titulo
de
"W
ozu
noch
Philosophie
" ,
Adorno
si
tua-
se,
brevemente
,
em
rela
<;:
ao ao
idea
lismo alemao
.
Es
tab
elecer
diferen
<;:
as
em
rela
<;:
ao a
Hegel
,
ap
ice
da especula
<;:
ao
filo
s6
fi
ca,
segundo Adorno, e uma exigencia dada pelo movimento da
pr6pria "coisa"
,
isto e, pela pr6pria hist6ria (incluindo ai a hist6ria da
filosofia) e nao uma mera questao de
conv
ic
<;:
6es
individua
is
.
Desse
modo
,
se
Adorno
rejeita
alguns
dos
elementos
nos
quais
vive
a
fi
los
ofia
hegeli
ana
:
a aspira
<;:
ao
de
total
ida
de,
a
determina
<;:
ao sistemica
,
a
pretensao
do
absolu
to
,
a fundamenta
<;:
ao apoditica
e
au
to-
suf
iciente
do
sa
ber
;
isso
advem
de
uma
justi
f
ic
a
<;:
ao da
filosofia
segundo
a
qual
"
.
. .
unicamente 0
caminho
critico
restaria
ainda
ab
er
to"
(Adorno
,
19
64
,
p.
14)
.
A
adesao ao lema
de
Ka
nt,
a
atuali
dade da
crit
ica,
porem
,
nao
signif
ica
,
em
Adorno
,
a
per
sistencia da
filosofia
transcenden
tal
ou
mesmo
a
assun
<;:
ao da
necessi-
dade
de
u
rn
novo
pr
olongamento
fi
los6f
ico da obra
de
Kant
.
Pelo
contrario
,
e
oriunda
de
uma
interpreta
<;:
ao
da hist6ria da
filosofia
que
res
salta
a necessidade
de
uma
critica
sem
treguas
da heran
<;:
a da hist6ria da
filo
sof
ia.
Para
est
a
interpreta
<;:
ao,
a
c
ri
ti
ca
e
0
ner
vo
vital
da verdade
fi
los6f
ica
.
Assim
,
a unidade da hist6ria da
fi
losofia
s6
adq
uire
sen
tido
-
desde
Xen6f
anes em
rela
<;:
ao
as
fo
r
<;:
as
naturais
ate
Marx
em
rela
<;:
ao a
Hegel,
passa
ndo
pela
anal
ise
aristotelica
da
ideia
plato
nica
,
pela
critica
qu
e
Kant
dirigiu
ao empirismo
e
ao
racional
ismo
,
e
tam
re
m
pela critica de Hegel a filosofia transcendental
-
atrav8s dos problemas e
argumentos postos
a
luz
pela
crit
ica
.
E
na
critica
que
reside
a medula
temporal,
a
posi
<;:
ao
hist6
ri
ca
que
faz
da
produ
<;:
ao
te6rica
destes
pensad
ores
algo
de
eterno
e
intempor
al
.
Dor
avan
te
,
quando
a
filosofia
dei
xa
de
ser
u
rn
mero
instr
um
ento
,
uma
te
cnica
de
dominio
da
vida
,
e
encon
tr
a-se,
resistindo
a
ju
stif
ica
<;:
ao
do existent
e,
em
con
tra
-
posi
<;:
ao
irrecon
ciliavel
a conscienc
ia
dominante
,
0
se
u
itinerar
io
se
orienta
pela
critic
a da
tradi
<;:
ao
fil
os6fica
.
Deste modo
,
Adorno
nao
qu
er
ser
0
herdeiro
mas
se
imp6e
enq
uanto
critico
do
idea
lismo alemao
.
MU
SSE,
R
The
heirs
of
German
ideali
sm.
Tr
ansl
FormlA
r;
ao
,
Sao
Paulo
,
v.
17,
p.
31
-37,
1994.
ABSTRACT: This article evalua tes the pertinence ofEngel's lemma
according to which Marxism is the "heir of German idealism " in
Lukac's, Horkheimer's and Adorno's theories. While Lukacs considers
the
Marxist method as springing fJOm the Hegelian philosophy and
Horkheimer explicitly assumes the
Kantian legacy, Adorno does not
in tend to be himself the heir, but the critic of the German idealism.
KEYWORDS: Dialectics; reason; critical theory; western Marxism;
German idealism.
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ria
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Porto
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Es
corpiao
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DEN,
V.
In
teresse
da
mzao
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