APRESENTAÇÃO

 

 

Ângelo Milhano[1]

Irene Borges-Duarte[2]

Marcos Antonio Alves[3]

 

 

É com grande prazer que apresentamos o Dossier “Filosofia e fenomenologia da técnica”. Trata-se de uma coedição da Trans/Form/Ação e do Praxis: Centro de Filosofia, Política e Cultura, sediado na Universidade de Évora. A parceria foi firmada depois do processo avaliativo dos textos submetidos, percorrendo-se o processo de avaliação por pares duplo cega. Foram aprovados onze artigos e quatro resenhas, quase todos eles escritos em português de Portugal, com exceções de dois artigos, um escrito em espanhol e outro em português do Brasil. Seus autores também são, em sua maioria, afiliados a instituições luso-hispânicas.

A urgência de pensar as implicações inerentes à relação que, ao longo das duas primeiras décadas do século XXI, a humanidade vem estabelecendo com os novos meios e tecnologias digitais renovou o interesse acadêmico sobre a investigação realizada em Filosofia da Técnica e da Tecnologia. A emergência e a disseminação massiva das tecnologias digitais, as quais, para Floridi, marcam o início da 4ª revolução do conhecimento[4], configuram-se, talvez, como um dos temas mais importantes sobre os quais a Filosofia precisa se debruçar. O impacto do digital, não apenas enquanto influência sobre a forma como o ser humano se relaciona consigo mesmo e com os outros, mas também sobre o modo como se mostra capaz de determinar a interpretação e a subsequente relação que este estabelece com o mundo onde se encontra lançado, configuram-se como aspectos de incontornável importância para se compreender em profundidade o contexto sociocultural contemporâneo.

Aliás, a urgência de pensar questões no contexto da Filosofia da Técnica e da Tecnologia, que se faz em língua portuguesa, tem sido motivo de meditação há um bom tempo, na Universidade de Évora, no grupo de trabalho coordenado por Irene Borges Duarte, hoje formalizado no contexto institucional do Praxis – Centro de Filosofia, Política e Cultura. Partindo de uma abordagem fenomenológica e hermenêutica de questões como as elencadas acima, mas tendo em consideração outras recentes problematizações, o trabalho de investigação realizado no biênio 2019/2020 deu lugar, entre outras manifestações públicas, à organização de várias sessões do Seminário Permanente de Fenomenologia, na Universidade de Évora. Um dos resultados desses encontros são os artigos reunidos neste número especial da revista Trans/Form/Ação.

Os ensaios que compõem o volume são, em sua maioria, o resultado do trabalho desenvolvido nesse período, que contou com a participação de investigadores das universidades portuguesas envolvidas (Évora, Beira Interior e Minho), bem como de convidados brasileiros e de outros países. Desses encontros resultou a convicção de que uma atenta problematização do digital necessita de assentar, antes de tudo, em uma compreensão aprofundada dos pressupostos teóricos, os quais, no decorrer da ainda recente história da Filosofia da Técnica/Tecnologia, foram sendo propostos pelos seus principais representantes. Para além disso, e muito embora a tradição fenomenológica se mostre como o fundo conceptual sobre o qual a maioria dos autores reunidos neste volume se enraíza academicamente, a natureza incontornavelmente transdisciplinar da investigação nessa área acaba sempre por se manifestar, o que é evidenciado em cada um dos textos aqui reunidos. Atendendo a essa dupla perspectiva metodológica e factual, os artigos que compõem este Dossier dividem a sua atenção entre, por um lado, os contributos de alguns dos mais importantes pensadores da história da Filosofia da Técnica/Tecnologia e, por outro, alguns problemas que têm ocupado os seus mais recentes desdobramentos.

O primeiro conjunto de artigos deste número da Revista atenta sobre alguns dos autores fundamentais da tradição fenomenológica de problematização da técnica/tecnologia, desde José Ortega y Gasset e Martin Heidegger até Günter Anders e Vilém Flusser. Apesar disso, não deixam esquecer contributos imprescindíveis mais recentes, de herança heideggeriana, como os de Peter Sloterdijk ou Bernard Stiegler. No que respeita aos artigos que compõem a segunda parte do Dossier, procura-se evidenciar a reflexão em torno de alguns dos mais pertinentes problemas que os novos meios e tecnologias digitais – desde algoritmos de processamento de Big Data até às plataformas de Social Media – levantam para a experiência cultural, nos nossos dias, mas também para a consideração teórica e epistêmica do seu alcance efetivo.

O texto de Irene Borges-Duarte, que abre este número, parte, justamente, da necessidade de “Pensar como Resposta ao Desafio Tecnológico. A escola heideggeriana”. Entende-se por “pensar” não tanto a abordagem teórica, científica ou acadêmica, mas, para além destas, a consideração reflexiva, marcada pela afetividade e pelo distanciamento relativamente ao óbvio, que a natural imersão no mundo cultural condiciona equivocamente. Essa acepção do pensar, dirigida ao habitar no mundo, na época na qual impera a composição tecnológica, a que Heidegger deu o nome de Gestell, perdura em pensadores como Arendt e Agamben. Estes estiveram ligados a ele, nos seus inícios filosóficos, permanecendo fiéis na defesa do que ele designara como o “ser em propriedade” ou autenticidade, que se manifesta de forma eminente no pensar. Com essa base, a autora propõe um necessário “enfrentar-se ao projeto cibernético ou tecnológico do mundo”, nas suas representações simbólicas, com um imprescindível “passo atrás […] que não lhe volta as costas” e que obriga a Filosofia a repensar o seu próprio papel, na contemporaneidade.

“No Horizonte do Estranho Modo de Ser Humano: A Actividade Técnica segundo José Ortega y Gasset” é o ensaio de Margarida Amoedo. O texto é um convite à reflexão sobre a atualidade do contributo oferecido por um dos principais impulsionadores – no entanto, tantas vezes omitido – da problematização fenomenológica das questões que se levantam com a  técnica. A autora começa destacando como a fenomenologia propiciou a determinação da especificidade ontológica do ser humano, no pensamento de Ortega y Gasset sobre a questão da técnica. Para ele, o humano compreende-se como um “centauro ontológico”, dividido entre a sua dimensão natural, biológica, e a sua capacidade de transcender essa mesma natureza, por via da ação técnica, a qual é capaz de exercer sobre si e sobre o mundo que o rodeia. Segundo Amoedo, aquilo que, no pensamento de Ortega y Gasset, se mostra como exclusivamente humano, é o resultado da sua própria criação, da sua capacidade de moldar as suas circunstâncias em função da sua vontade. A técnica, assim perspectivada, desenha-se como a ação criadora por excelência; a condição essencial do humano, o que lhe permite transformar o mundo. A técnica é, assim, compreendida como a capacidade que o ser humano possui de se “ensimesmar”; o seu poder de moldar a natureza em função dos seus desejos, o que, no final, acabará por se revelar como um problema sobre o qual a Filosofia terá obrigatoriamente que refletir.

Ainda na senda da história da problematização filosófica da técnica/tecnologia, João Príncipe convida o leitor a adentrar-se pelo pensamento de António Sérgio. Em “A Técnica, o Trabalho e as Origens do Conhecimento Científico Humano”, Príncipe desenvolve uma importante contextualização da obra do pensador português, analisando aquelas que considera ser algumas das suas mais importantes influências. O autor presta especial atenção à influência que a “educação nova” de Proudhon desempenhou sobre Sérgio, sobretudo no que respeita à influência que o pragmatismo dessa tradição teve sobre a apropriação dos conceitos de “educação” e de “trabalho”, na construção, não apenas da sua mundividência científica, mas do próprio modo como o ser humano acaba por compreender e agir sobre o mundo. Príncipe compreende ainda o trabalho de Sérgio a partir da influência que os textos de Louis Weber desempenharam sobre ele, particularmente sobre a forma como Sérgio se apropria da noção de conhecimento com origem na prática, na experimentação. Uma apropriação que se reflete com especial pregnância na leitura sergiana do contexto científico que marcou o Portugal (e, também, a restante Europa) quinhentista. Com essa proposta, Príncipe acaba por sublinhar a atualidade da atitude experimental no contexto do trabalho e na construção do conhecimento científico da atualidade.

Pensar a técnica com base na tradição fenomenológica pressupõe sempre uma referência à sua problematização, no contexto do pensamento heideggeriano. O artigo de Guillermo Moreno Tirado procura fazer isso mesmo, tomando como pano de fundo o fenômeno da linguagem, na sua relação com a técnica. Em “Lenguage y Técnica desde Heidegger: El Presupuesto de Traducibilidad Exhaustiva Interlinguística”, a linguagem é perspectivada em virtude da apropriação que dela faz a fenomenologia-hermenêutica de Martin Heidegger, confrontando-a, de seguida, com a circunscrição que dela é feita pela Linguística, nomeadamente na sua formulação saussuriana. Moreno Tirado compreende a Linguística como uma interpretação técnica da linguagem, que acaba por reduzi-la à sua estrutura comunicativa, descartando, por essa via, o carácter poiético, nela implícito, segundo Heidegger. Atentando sobre o pressuposto estruturalista de que todas as línguas podem ser alvo de uma tradução exaustiva interlinguística – uma vez que tomam a língua enquanto estrutura significativa –, Moreno Tirado lê nesse pressuposto a influência do poder que, de acordo com Heidegger, subjaz à essência da técnica moderna como Gestell. Na pressuposição da tradutibilidade exaustiva interlinguística, que guia a circunscrição da linguagem proposta pela linguística saussuriana, o autor procura, então, evidenciar a queda do seu “poetar”, o qual, por via da instrumentalização da linguagem, é descartado, em função da sua dimensão meramente informativa.

Ainda no que respeita à contextualização histórica dos autores que acabaram por traçar as linhas da tradição fenomenológica da Filosofia da Técnica/Tecnologia, João Ribeiro Mendes apresenta uma interpretação dos contributos de Günter Anders. O autor começa por contextualizar o pensamento de Anders, considerando o quadro histórico do desenvolvimento tecnológico com o qual este se confrontou – aquele que imediatamente se seguiu à criação da bomba atômica, explicando o significado e a extensão do conceito de tecnologia, no contexto do pensamento de Anders. A partir disso, desenvolve a capacidade que esta possui de se apropriar do mundo. Segundo Mendes, Anders compreende as origens da tecnologia moderna na revolução industrial do século XVIII, sob a noção de “dispositivo universal”, em duas fases. A primeira, expansiva, compreende o seu crescimento exponencial, a multiplicação dos diversos dispositivos que, por se mostrarem dependentes de um mesmo paradigma funcional, se correlacionam, sob a ideia de um dispositivo único. Na segunda fase, a realização histórica do “dispositivo universal” implica necessariamente a sua fragmentação, a autonomização das diversas partes que o constituem, mas que, entretanto, não deixam de se encontrar dele estruturalmente dependentes. Na leitura desse carácter expansivo da técnica moderna, para Mendes, Anders demonstra o carácter assimilador e apropriador do mundo, inerente à sua estrutura e funcionamento. E o faz de tal maneira que, para além de transformar o mundo e a sua percepção, acarreta também, e por isso, a transformação do ser humano, seu habitante, e da sua compreensão da história, onde se encontra lançado.

Outro dos nomes incontornáveis da tradição fenomenológica da Filosofia da Técnica/Tecnologia e que, no contexto da mais recente problematização do digital, vem ganhando renovado interesse, é o de Vilém Flusser. Em “Pensar com V. Flusser a Propósito da Técnica”, Helena Lebre propõe-se refletir com o autor checo sobre a determinação técnica da história e sobre o lugar ocupado pelo ser humano. A autora começa por analisar como a técnica moderna (enquanto eletrônica, informática e, sobretudo, digital), vem determinando uma nova forma de conceber e compreender o mundo, à qual o ser humano terá de “adaptar o seu olhar”. O problema filosófico fundamental exposto é, por isso, o da liberdade. Daquela que o ser humano ainda possui, mesmo quando se encontra lançado numa cultura determinada pela técnica. Pensar fenomenologicamente a técnica mostra-se, para a autora, sempre a par com o trabalho de Flusser, como a mais autêntica manifestação da liberdade humana, no contexto de uma civilização tecnologicamente determinada.

Peter Sloterdijk é outro dos autores contemporâneos cujo contributo para a problematização fenomenológica da técnica não poderia deixar de ser referido, neste volume. Em “Traços Fundamentais do Pensamento de Sloterdijk sobre a Técnica/Tecnologia”, Bernhard Sylla desenvolve uma interpretação dos principais contributos do filósofo de Karlsruhe para a investigação que se desenvolve nesse domínio. Sylla propõe-se, por isso, explorar as duas concepções da técnica/tecnologia que se encontram pressupostas no pensamento de Sloterdijk: a da “alotécnica”, um conceito tecnófobo, próximo, segundo Sylla, da noção heideggeriana de Gestell, e o da “homeotécnica”, tecnófilo, próximo da noção heideggeriana de “habitar”. Esta última, de acordo com o autor, passa a caracterizar a posição de Sloterdijk desde os anos 2000. Sylla contextualiza o pensamento de Sloterdijk relativamente à técnica/tecnologia sempre numa referência à incontornável influência de Heidegger sobre ele. Discorrendo sobre as duas leituras mencionadas, Sylla entende que homeotécnica surge na sua proposta como uma forma de “pensar com Heidegger contra Heidegger”, uma delimitação conceptual na qual a técnica/tecnologia se representa como um modo antropológico de “habitar” o espaço. Nessa concepção da técnica enquanto “habitar”, tal como proposta por Sloterdijk, se demonstraria, contra Heidegger, o necessário enraizamento antropológico da reflexão fenomenológica em torno da técnica/tecnologia. O ser humano só por via da ação técnica se torna capaz de habitar o mundo e se revela capaz de transformá-lo.

Dentre as várias propostas contemporâneas que desenvolvem a problematização fenomenológica da técnica/tecnologia, a de Bernard Stiegler apresenta-se como uma das que mais popularidade vem alcançando, nas últimas décadas. Em “O Homem e a Técnica em Bernard Stiegler”, Adelaide Pacheco debruça-se sobre os principais pressupostos do pensamento do autor parisiense, procurando mostrar, por essa via, a sua pertinência e acutilância, no contexto da investigação que hoje se desenvolve em Filosofia da Técnica/Tecnologia. Inicialmente, a autora contextualiza o pensamento de Stiegler, destacando logo aí a sua circunscrição da técnica como um phármakon. Trata-se de uma noção que pressupõe uma delimitação conceitual da técnica, onde esta surge representada, na sua essência, como ambivalente. A par da proposta de Bernhard Sylla referente a Peter Sloterdijk, também Adelaide Pacheco faz por destacar o necessário carácter antropológico que Stiegler interpreta como sendo inerente à essência da técnica moderna, e sobre o qual considera que assenta toda a sua essência ambivalente, i.e., o seu carácter pharmacológico. Nessa concepção ambivalente da técnica, segundo a autora, evidenciam-se ainda as raízes do antropoceno e o caminho para a sua eventual superação, aplicando tal fórmula aos problemas que se levantam com a emergência das correntes pós e transumanistas, no curso das últimas décadas.

A problematização hermenêutica do digital é introduzida por Alberto Romele, como uma das questões sobre as quais a tradição fenomenológica da Filosofia da Técnica/Tecnologia terá obrigatoriamente que refletir. Em “A Hermenêutica Digital como Hermenêutica do Sujeito”, Romele reconfigura a sua proposta de uma Hermenêutica Digital, de forma a poder, através dela, problematizar o modo como o sujeito se constrói, a partir das interações que estabelece com os diversos meios e tecnologias digitais com os quais interage. Nesse horizonte, Romele contextualiza conceitualmente, a princípio, a sua ideia de uma Hermenêutica Digital. Esta não se limita a uma determinação estritamente ontológica do digital, tendo em consideração a dimensão empírica, sobre a qual se fundamenta todo esse contexto. Nesse sentido, concentra-se na dimensão hermenêutica da relação travada entre o sujeito e o digital, atentando particularmente sobre a forma como a construção do sujeito acaba por ser heterodeterminada por esse domínio e de como essa heterodeterminação acaba também por ser influenciada pela maneira como os processos de interpretação, que estão em jogo no funcionamento das próprias tecnologias digitais – designados pelo autor com o termo “emaginação” –, se mostram capazes de criar habitus digitais no sujeito utilizador.

Em “Valores Estéticos, Acervos Imagéticos e Procedimentos Estruturados: Ampliando e Descolonizando a Reflexão Filosófica sobre a Tecnologia”, Cristiano Cordeiro Cruz propõe uma reflexão em torno dos processos de criação e desenvolvimento tecnológicos, que visa a destacar o papel desempenhado pelos elementos não inteiramente racionais sobre eles. Para tal, o autor fundamenta a sua leitura numa posição eclética, que tão bem caracteriza a investigação em Filosofia da Técnica/Tecnologia, e que combina uma leitura crítica. Esta se impõe contra a ideia de um determinismo tecnológico, com uma interpretação que delimita os processos de desenvolvimento tecnológico como um fenômeno hermenêutico. Na perspectiva do autor, o desenvolvimento tecnológico encontra-se em grande medida dependente de um conjunto de valores estéticos e culturais, os quais influenciam as decisões que determinam os vários projetos de criação e desenvolvimento tecnológico. Na parte final do seu texto, o autor lança uma reflexão sobre as limitações que esses elementos acabam por pressupor, para a eficiência do funcionamento dos dispositivos que acabam por determinar.

O texto de Ângelo Milhano, o qual fecha os artigos que compõem este Dossier, procura chamar a atenção para o modo como os Social Media podem ser capazes de influenciar a compreensão que o sujeito seu utilizador é capaz de fazer de si e do seu mundo. A relação que o ser humano vem estabelecendo com o digital, sobretudo no que respeita aos Social Media, surge problematizada sob uma perspectiva hermenêutico-fenomenológica que toma o trabalho de Martin Heidegger como o seu principal referencial teórico. O autor reflete sobre o problema da “imagem da existência”, que os Social Media vêm potencializando, complementando a sua abordagem com a leitura que Alberto Romele constrói do problema do digital. Com isso, busca mostrar que a “imagem da existência” que impera nessas plataformas determina, por sua vez, uma interpretação “inautêntica” do mundo, nos seus utilizadores. Tal interpretação, consequentemente, resulta numa existência “inautêntica”, para a qual considera que o pensamento hermenêutico-fenomenológico se poderá apresentar como uma possível solução.

A esse conjunto de estudos juntam-se as resenhas de quatro obras recentes, de autores que participam deste Dossier e que contribuem para dar mais profundidade ao horizonte já desenhado. São publicações em língua portuguesa e inglesa, em que são analisados, traduzidos e interpretados alguns dos escritos fundamentais para o desenho da história e da actualidade do problema: a proximidade de arte e técnica em Heidegger, longe de qualquer axiologia (BORGES-DUARTE, 2019); as abordagens de Günther Anders, Sloterdjik e Blumenberg, enquanto uma “tecnofilosofia” em tempos de cultura líquida e na perspectiva do Antropoceno (MENDES; SYLLA, 2019); a proposta inovadora de uma “hermenêutica digital” (ROMELE, 2020); e a problematização “instabilizadora” de um certo nihilismo, inerente à cultura tecnológica (OLIVEIRA, 2018).

 

Recebido: 19/02/2021

Aceito: 18/3/2021

 



[1] Pesquisador no Phenomenology and Culture Group – Praxis: Centre of Philosophy, Politics and Culture (University of Évora), Évora – Portugal. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9830-6224. Email: a.s.n.milhano@gmail.com.

[2] Pesquisadora Phenomenology and Culture Group – Praxis: Centre of Philosophy, Politics and Culture (University of Évora). Professora Associada do Departamento de Filosofia da Universidade de Évora, Évora – Portugal. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5218-6754. Email: iborgesduarte@gmail.com.

[3] Editor responsável da Trans/Form/Ação: revista de Filosofia da Unesp. Docente no Departamento de Filosofia e Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Marília, SP – Brasil. Pesquisador CNPq/Chamada Universal. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5704-5328. E-mail: marcos.a.alves@unesp.br.

[4] Luciano Floridi propõe a infoesfera (cuja origem o autor faz remontar ao trabalho de Alan Turing) como a quarta revolução epistemológica. Esta se apresenta na sequência histórica daquelas que foram impulsionas pelos trabalhos de Nicolau Copérnico, Charles Darwin e Sigmund Freud. Veja-se: FLORIDI, L. The 4th Revolution: How the Infosphere is Reshaping Human Reality. Oxford: Oxford University Press, 2014.