COMO É POSSÍVEL A FILOSOFIA? UMA ANÁLISE A PARTIR DO MODELO DO SISTEMA DE ESQUEMAS DE AÇÕES E OPERAÇÕES SOBRE SÍMBOLOS E SIGNOS

Autores

  • Ricardo Pereira Tassinari Professor do Departamento de Filosofia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Campus de Marília http://orcid.org/0000-0003-1026-730X

DOI:

https://doi.org/10.36311/1984-1655.2020.v12n2.p6-40

Palavras-chave:

Conhecimento Filosófico, Construção do Real, MoSEAOSS, Descentração epistêmica

Resumo

Por que teorias filosóficas parecem ser tão reais aos filósofos que as propõem? Por que, mesmo se apresentando como reais aos seus autores, existe uma grande diversidade de teorias filosóficas? Quais seriam, pelo menos em linhas gerais, as estruturas necessárias ao conhecimento filosófico? Na medida em que a Epistemologia Genética se constitui como uma teoria do conhecimento que estuda as estruturas necessárias ao conhecimento, seria importante que, a partir dos estudos e pesquisas nessa área, buscasse-se responder a tais questões. O objetivo deste artigo é discutir, em linhas gerais, como o Modelo do Sistema de Esquemas de Operações sobre Símbolos e Signos (MoSEAOSS), introduzido por Tassinari (2014), explica a possibilidade do conhecimento filosófico e, nesse sentido, responder a tais questões. O MoSEAOSS foi elaborado a partir de alguns dos principais resultados teóricos e experimentais a que chegaram Jean Piaget, suas colaboradoras e seus colaboradores, articulando-os em uma visão sistêmica, sistemática e sintética. Trata-se aqui de uma discussão teórica envolvendo os conceitos fundamentais do MoSEAOSS e resultados das Epistemologia e Psicologia Genéticas. Mediantes as razões apresentadas a partir do MoSEAOSS, mostra-se que sempre existe a possibilidade de uma grande diversidade de teorias filosóficas e cada uma delas aparenta ser real ao filósofo que a propõe. A razão principal é que a coordenação de seus esquemas de ações e operações sobre símbolos e signos constituem o real para ele, ou ainda, as diversas teorias filosóficas determinam operações sobre signos (envolvendo significações teóricas) que coordenam os esquemas de operações sobre símbolos (em especial, sobre imagens mentais), regulando as possibilidades de imaginação, e, consequentemente, as possibilidades dos comportamentos atribuídos aos objetos e às suas próprias ações. Conclui-se, pois, que o sistema de esquemas de ações e operações sobre símbolos e signos se constitui em uma estrutura necessária, não apenas ao conhecimento científico, mas também ao fazer e conhecer filosóficos. Por fim, os resultados obtidos possibilitam introduzir a descentração epistêmica como à visão filosófica que compreende e explica a existência de diversas teorias e visões filosóficas e científicas possíveis, bem como de diferentes realidades, construídas devido a elas. Nesse sentido, a descentração epistêmica se mostra como um estágio superior das formas de compreensão do real e, seria o cume das diversas formas de descentrações estabelecidas por Piaget, suas colaboradoras e seus colaboradores. 

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Publicado

2020-12-31

Edição

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Artigo