A DISTINÇÃO FORTE ENTRE ATRIBUTOS PRINCIPAIS EM DESCARTES E A SUTIL INDIFERENÇA ENTRE ATRIBUTOS EM ESPINOSA

Autores

  • Iago Orlandi Gazola Mestrando no Programa de Pós-graduação em Filosofia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Campus de Marília https://orcid.org/0000-0002-6983-7285

DOI:

https://doi.org/10.36311/1984-8900.2021.v13n34.p207-230

Palavras-chave:

Substância, Atributos, Deus, Ontologia

Resumo

Descartes afirma que cada substância tem um atributo principal do qual todos os seus atributos secundários dependem. A substância corpórea possui o atributo principal da extensão, do qual dependem a figura e até mesmo o movimento. Por outro lado, a substância pensante possui o atributo principal do pensamento, do qual dependem a imaginação, a sensação e a vontade. O que é corpóreo não pode apresentar o atributo principal do pensamento e vice-versa. Para ele, a alma é indivisível; o corpo, divisível. Uma coisa pensante não pode ser extensa e uma coisa extensa não pode ser pensante, pois não pode ser indivisível e divisível ao mesmo tempo. Tal argumentação encontra problemas. Espinosa oferece um contra-argumento com o qual pretende atingir em cheio a tese da exclusividade de atributo. Espinosa propõe uma distinção fraca de atributos, baseada somente na independência de concepção entre eles. A incomunicabilidade entre os atributos, dirá Espinosa, não é suficiente para o estabelecimento da incompatibilidade entre eles. Nosso objetivo é mostrar que Espinosa opõe-se a Descartes a respeito desse ponto valendo-se de argumentos que parecem encontrar certo respaldo em passagens do próprio texto cartesiano nos quais Descartes parece contradizer-se.

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Referências

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Publicado

2021-07-08

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Seção

Artigos