16 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 9, n. 1, p. 11-26, Jan.-Jun., 2022
JESUS, L. F.; SOUZA, M. M. G. S.; MATA, S. P.
Por outro lado, os mesmos relatos expressaram aspectos positivos como o cuidado
dos prossionais com a integridade de P1, a articulação e parceria entre família e escola com
a participação da mãe de P1 em seu processo de escolarização, a disponibilização, ainda que
tardia, do Braille para P2 e a permanência e concretização dos estudos por P3 ainda que na
modalidade de Educação de Jovens e Adultos.
Especicamente sobre a continuidade dos estudos por pessoas com deciência
na Educação de Jovens e Adultos, Rosa e Denari (2013) descreveram uma considerável
porcentagem de matrículas nesta modalidade, ressaltando assim, a existência de alguns entraves
ainda em relação ao acesso e permanência deste público no ensino regular.
Quadro 4 – Formação prossional
PARTICIPANTE TRECHOS DOS RELATOS
P1
Daí eu ingressei na faculdade em 2012 e embora seja uma faculdade que é
referência na cidade, o banheiro era lá embaixo, então, muitas coisas
foram se modicando no decorrer desses quatro anos de curso, a faculdade foi se
adequando diante das necessidades. [...] na faculdade eu tinha uma diculdade,
por exemplo, no anteatro, a professora marcava uma palestra no anteatro que
não tinha acessibilidade. Sempre foi a questão do acesso, nunca essa questão de
preconceito, de diferença não, sempre o que pegou para mim foi o acesso, esse
sempre foi muito restrito. Ah, quais as maiores diculdades encontradas nesse
percurso? Foi sem dúvida foi o acesso, a acessibilidade que sempre foi muito
restrita, muito precária, e essa foi a maior diculdade.
P2
Sobre as diculdades enfrentadas, a falta de conhecimento das pessoas para
com uma
pessoa com deciência.
P3
Em relação as diculdades na graduação (dos dois cursos?), não foram muitas,
porque as duas instituições eram acessíveis, tinham rampas, tinham banheiros
adaptados e em uma delas tinha piso tátil. [...] para poder da conta dos conteúdos,
fazer as anotações, as provas e tudo mais eu levava meu notebook. Um notebook
que tem um software de voz com adaptação. Eu ia acompanhando as aulas com
os materiais que os professores deixavam disponíveis na sala de aula virtual.
Então, todo o conteúdo que era trabalho na sala de aula, eu os tinha baixados no
meu computador[...] Em relação as diculdades, eu não tive tantas. Eu senti um
pouco de diculdade as vezes
com o livro, com as leituras recomendadas pelos professores. Alguns livros eu
busquei na internet, eu consegui baixar, mas, outros não [...].
Fonte: Elaboração própria.
Referente a formação prossional, P1 e P3 relataram diculdades de acesso aos
espaços, tendo como limitadoras as barreiras arquitetônicas dos espaços de formação, no caso
as universidades. Por outro lado, as barreiras atitudinais foram relatadas na fala de P2 como a
maior diculdade enfrentada nesse período.
Sabe-se que a formação prossional de pessoas com deciência no Brasil ainda ocorre
majoritariamente em instituições especializadas e em programas segregados, o que implica em
restrição de escolha, já que a maioria dos programas são voltados para o desenvolvimento de