CONCEPÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE
UM SISTEMA WEB PARA AVALIAÇÃO DE
ACESSIBILIDADE DE SITES E GERAÇÃO
AUTOMATIZADA DE SELO
DESIGN AND DEVELOPMENT OF A WEB SYSTEM
FOR ASSESSING WEBSITE ACCESSIBILITY AND
AUTOMATED STAMP GENERATION
Durval Ferreira SOBRINHO JUNIOR
Graduando em Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano – IFBaiano/Brasil.
https://orcid.org/0009-0002-6228-6262 | durvaljunior117@gmail.com
Andréa Poletto SONZA
Doutora em Informática na Educação. Professora titular e Assessora de Ações Afirmativas,
Inclusivas e Diversidade do Instituto Federal do Rio Grande do Sul – IFRS/Brasil.
https://orcid.org/0000-0003-0033-4409 | andrea.sonza@ifrs.edu.br
Woquiton Lima FERNANDES
Doutor em Educação Especial. Professor Titular do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia Baiano – IFBaiano/Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-2846-307X | woquiton.fernandes@ifbaiano.edu.br
SOBRINHO JUNIOR, Durval Ferreira; SONZA, Andréa Poletto; FERNANDES, Woquiton Lima. Concepção
e desenvolvimento de um sistema web para avaliação de acessibilidade de sites e geração automatizada de selo. Revista
Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 3, e0240035, 2024.
RESUMO: a acessibilidade digital continua sendo um desafio crítico para a inclusão plena das pessoas com deficiência,
especialmente em um contexto onde a tecnologia desempenha um papel central na vida cotidiana. Nesse sentido, um
sistema web, atualmente na versão beta, que avalia a conformidade de websites com as diretrizes de acessibilidade das Web
Content Accessibility Guidelines (WCAG), foi criado para atuar como um monitor de acessibilidade digital. O objetivo
do sistema é procurar assegurar que websites públicos atendam aos padrões de acessibilidade e promover a inclusão
digital. A metodologia envolveu o desenvolvimento de um software que realiza análises automatizadas dos sites com base
nos princípios da WCAG: perceptível, operável, compreensível e robusto. Após a implementação e testes rigorosos, o
sistema começou a avaliar sites e gerar relatórios detalhados sobre seu nível de conformidade. Os resultados revelaram
que a maioria dos sites avaliados está na faixa de 41%-60% de acessibilidade, com poucos alcançando faixas superiores.
Essas descobertas destacam uma necessidade crítica de melhorias substanciais na acessibilidade digital, apontando para a
importância de um monitoramento contínuo e da adoção de melhores práticas para alcançar uma web verdadeiramente
inclusiva. As considerações finais ressaltam a necessidade urgente de ações corretivas e a importância de promover uma
cultura de acessibilidade, incentivando a implementação das diretrizes de forma mais ampla e consistente para garantir
que todos os usuários possam acessar e utilizar a internet de maneira plena e eficaz.
PALAVRAS-CHAVE: Educação Especial. Pessoa com Deficiência. Acessibilidade Digital. Tecnologia Assistiva.
REVISTA DIÁLOGOS E PERSPECTIVAS EM
EDUCAÇÃO ESPECIAL
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS
https://doi.org/10.36311/2358-8845.2024.v11n3.e0240035
is is an open-access article distributed under the terms of the Creative Commons Attribution License.
ABSTRACT: digital accessibility remains a critical challenge for the full inclusion of people with disabilities, especially
in a context where technology plays a central role in everyday life. In this sense, a web system, currently in beta version,
which assesses the compliance of websites with the accessibility guidelines of the Web Content Accessibility Guidelines
(WCAG), was created to act as a digital accessibility monitor. e objective of the system is to ensure that public websites
meet accessibility standards and promote digital inclusion. e methodology involved the development of software that
performs automated analysis of websites based on WCAG principles: perceivable, operable, understandable and robust.
After implementation and rigorous testing, the system began evaluating websites and generating detailed reports on their
level of compliance. e results revealed that the majority of sites evaluated are in the 41%-60% accessibility range, with
few reaching higher ranges. ese findings highlight a critical need for substantial improvements in digital accessibility,
pointing to the importance of ongoing monitoring and adoption of best practices to achieve a truly inclusive web. Final
considerations highlight the urgent need for corrective actions and the importance of promoting a culture of accessibility,
encouraging the implementation of guidelines more broadly and consistently to ensure that all users can access and use
the internet fully and effectively.
KEYWORDS: Special Education. Person with Disability. Digital Accessibility. Assistive Technology.
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 3, e0240035, 2024. 1-17
Concepção e desenvolvimento de um sistema web para avaliação de acessibilidade de
sites e geração automatizada de selo
Artigos
CONCEPÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE
UM SISTEMA WEB PARA AVALIAÇÃO DE
ACESSIBILIDADE DE SITES E GERAÇÃO
AUTOMATIZADA DE SELO
DESIGN AND DEVELOPMENT OF A WEB SYSTEM
FOR ASSESSING WEBSITE ACCESSIBILITY AND
AUTOMATED STAMP GENERATION
Durval Ferreira SOBRINHO JUNIOR
1
Andréa Poletto SONZA
2
Woquiton Lima FERNANDES
3
RESUMO: a acessibilidade digital continua sendo um desafio crítico para a inclusão plena das pessoas com deficiência,
especialmente em um contexto onde a tecnologia desempenha um papel central na vida cotidiana. Nesse sentido, um sistema
web, atualmente na versão beta, que avalia a conformidade de websites com as diretrizes de acessibilidade das Web Content
Accessibility Guidelines (WCAG), foi criado para atuar como um monitor de acessibilidade digital. O objetivo do sistema é
procurar assegurar que websites públicos atendam aos padrões de acessibilidade e promover a inclusão digital. A metodologia
envolveu o desenvolvimento de um software que realiza análises automatizadas dos sites com base nos princípios da WCAG:
perceptível, operável, compreensível e robusto. Após a implementação e testes rigorosos, o sistema começou a avaliar sites
e gerar relatórios detalhados sobre seu nível de conformidade. Os resultados revelaram que a maioria dos sites avaliados
está na faixa de 41%-60% de acessibilidade, com poucos alcançando faixas superiores. Essas descobertas destacam uma
necessidade crítica de melhorias substanciais na acessibilidade digital, apontando para a importância de um monitoramento
contínuo e da adoção de melhores práticas para alcançar uma web verdadeiramente inclusiva. As considerações finais
ressaltam a necessidade urgente de ações corretivas e a importância de promover uma cultura de acessibilidade, incentivando
a implementação das diretrizes de forma mais ampla e consistente para garantir que todos os usuários possam acessar e
utilizar a internet de maneira plena e eficaz.
PALAVRAS-CHAVE: Educação Especial. Pessoa com Deficiência. Acessibilidade Digital. Tecnologia Assistiva.
 Graduando em Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
Baiano – IFBaiano/Brasil. E-mail: durvaljunior117@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0009-0002-6228-6262
 Doutora em Informática na Educação. Professora titular e Assessora de Ações Afirmativas, Inclusivas e Diversidade do
Instituto Federal do Rio Grande do Sul – IFRS/Brasil. E-mail: andrea.sonza@ifrs.edu.br. ORCID: https://orcid.org/0000-
0003-0033-4409
3
Doutor em Educação Especial. Professor Titular do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano – IFBaiano/
Brasil. E-mail: woquiton.fernandes@ifbaiano.edu.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2846-307X
2-17 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 3, e0240035, 2024.
SOBRINHO JUNIOR, Durval Ferreira; SONZA, Andréa Poletto; FERNANDES, Woquiton Lima
ABSTRACT: digital accessibility remains a critical challenge for the full inclusion of people with disabilities, especially
in a context where technology plays a central role in everyday life. In this sense, a web system, currently in beta version,
which assesses the compliance of websites with the accessibility guidelines of the Web Content Accessibility Guidelines
(WCAG), was created to act as a digital accessibility monitor. e objective of the system is to ensure that public websites
meet accessibility standards and promote digital inclusion. e methodology involved the development of software that
performs automated analysis of websites based on WCAG principles: perceivable, operable, understandable and robust.
After implementation and rigorous testing, the system began evaluating websites and generating detailed reports on their
level of compliance. e results revealed that the majority of sites evaluated are in the 41%-60% accessibility range, with
few reaching higher ranges. ese findings highlight a critical need for substantial improvements in digital accessibility,
pointing to the importance of ongoing monitoring and adoption of best practices to achieve a truly inclusive web. Final
considerations highlight the urgent need for corrective actions and the importance of promoting a culture of accessibility,
encouraging the implementation of guidelines more broadly and consistently to ensure that all users can access and use the
internet fully and effectively.
KEYWORDS: Special Education. Person with Disability. Digital Accessibility. Assistive Technology.
INTRODUÇÃO
Durante décadas, as pessoas com deficiência têm lutado incansavelmente por
respeito, dignidade e inclusão plena na sociedade, reivindicando direitos fundamentais
que muitos consideram garantidos. Essa luta reflete a necessidade urgente de integrar a
acessibilidade em todos os espaços e serviços, assegurando que essas pessoas possam usufruir,
de forma autônoma, tudo o que a sociedade tem a oferecer. Com base na Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2022, divulgada pelo IBGE e pelo Ministério dos
Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), o número de pessoas com deficiência no Brasil
foi estimado em 18,6 milhões, o que corresponde a 8,9% da população com 2 anos ou
mais. Esse dado é significativamente mais atualizado do que o censo de 2010, que revelou a
existência de 45,6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, representando 23,9% da
população na época (Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, 2023).
Considerando esses percentuais, a Lei Brasileira da Inclusão - Lei nº 13.146 (Brasil,
2015), a Lei da Acessibilidade – Lei nº 10.098 (Brasil, 2000) e o Decreto que a regulamenta
- Decreto nº 5.296 (Brasil, 2004), urge que se faça cumprir o ordenamento jurídico, no
que diz respeito à acessibilidade dos sites, portais, sistemas web. Os três documentos trazem
a obrigatoriedade da acessibilidade nos sítios da internet mantidos por empresas brasileiras
ou por órgãos de governo, de forma que as pessoas com deficiência possam ter acesso às
informações veiculadas, em consonância com as diretrizes de acessibilidade à web.
Em complemento, Pierre Lévy (1996) refere que os sistemas de informação e
comunicação provocam a mobilização de competências; só que, para mobilizá-las, segundo o
autor, é necessário identificá-las e reconhecê-las em toda a sua diversidade. E, quando se trata
de reconhecimento das competências, Lévy (1995) reforça a necessidade de possibilitar a
cada indivíduo os meios para o reconhecimento de seus saberes e habilidades, pois valorizando
as capacidades de cada um, o denominado sistema de árvores de conhecimento dá ao que
se sente excluído o meio de se conhecer e de se fazer reconhecer” (Lévy, 1995, p. 151-152).
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 3, e0240035, 2024. 3-17
Concepção e desenvolvimento de um sistema web para avaliação de acessibilidade de
sites e geração automatizada de selo
Artigos
E transcorridas quase três décadas, a citação de Lévy ainda é atual, pois um
grande contingente de usuários com deficiência ainda sofre cotidianamente com a falta de
acessibilidade à web.
De acordo com Cifuentes (2000), Caplan (2002) e Dias (2003), entende-se por
acessibilidade à rede a possibilidade de qualquer indivíduo, utilizando qualquer tipo de
tecnologia de navegação (navegadores gráficos, textuais, especiais para cegos ou para sistemas
de computação móvel), poder visitar qualquer site e obter um total e completo entendimento
da informação contida nele, além de ter total e completa habilidade de interação. Zunica
(1999) complementa referindo que a acessibilidade das páginas web depende da interação de
três elementos, quais sejam: os sistemas de acesso ao computador (tecnologia assistiva
4
), os
navegadores utilizados e o desenho das páginas que compõem os sites web.
Para Sonza, Nascimento e Egami (2021), a acessibilidade digital ou virtual significa
que todos devem poder acessar, compreender e interagir com o computador e seus recursos.
Desse modo, a acessibilidade pode ser entendida como um conceito guarda-chuva que agrega
outros dois conceitos de qualidade de uso de sistemas: a usabilidade e a comunicabilidade.
A acessibilidade propriamente dita significa que qualquer pessoa em qualquer espaço virtual
(site, portal, sistema web, objeto de aprendizagem, texto, apresentação de slides, elementos
multimídia, dentre outros) utilizando qualquer tipo de tecnologia assistiva, seja em
computadores ou dispositivos móveis, consegue interagir em igualdade de condições. Já a
usabilidade refere-se à facilidade de navegação, inclusive quando utiliza agentes de usuário
5
(Sonza, 2008). E a comunicabilidade deve “comunicar” a todos, oferecer uma linguagem
simples, clara, direta, de fácil compreensão, evitando o uso de linguagem excessivamente
rebuscada, metáforas, palavras incomuns ou de difícil compreensão (Sonza; Nascimento;
Egami, 2021).
Nesse contexto, em uma era marcada pelo avanço da tecnologia e pela expansão
da educação para o ambiente digital, a falta de acessibilidade permanece representando um
desafio alarmante. A sociedade atual, frequentemente chamada de “sociedade da informação
ou “sociedade do conhecimento”, continua a falhar na produção de conteúdo acessível para
todas as pessoas, criando barreiras que impedem o pleno exercício de direitos básicos.
A Web Content Accessibility Guidelines (WCAG) desenvolvida pelo World Wide
Web Consortium (W3C) é um marco importante que visa estabelecer padrões para tornar
Tecnologia assistiva ou ajuda técnica refere-se a “produtos, equipamentos, dispositivos, recursos, metodologias, estratégias,
práticas e serviços que objetivem promover a funcionalidade, relacionada à atividade e à participação da pessoa com
deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social”
(Brasil, 2015, p.2).
5
Os agentes de usuário referem-se “a qualquer software que obtenha e apresente conteúdos da Web aos usuários”. Exemplos:
navegadores web, reprodutores de multimídia, plug-ins e outros programas, incluindo tecnologias assistivas, que ajudam a
obter, apresentar e interagir com conteúdo da Web” (W3C, 2021, p. 44).
4-17 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 3, e0240035, 2024.
SOBRINHO JUNIOR, Durval Ferreira; SONZA, Andréa Poletto; FERNANDES, Woquiton Lima
o conteúdo da web acessível a todos, incluindo pessoas com deficiência (W3C, 2023). No
entanto, muitas plataformas online ainda não estão em conformidade com essas diretrizes,
resultando na exclusão de pessoas com deficiência, especialmente em ambientes educacionais,
nos quais a acessibilidade é crucial para a autonomia e participação efetiva dos alunos.
A negligência na acessibilidade digital levanta questões preocupantes, quais sejam:
Como está a qualidade do acesso à informação nos sites públicos brasileiros? E, talvez mais
crítico, como está sendo realizado o monitoramento e o cumprimento do Decreto nº 5.296
(Brasil, 2004), que exige que sítios eletrônicos e portais sejam acessíveis a todas as pessoas?
A legislação brasileira, como a Lei nº 10.098 (Brasil, 2000), o Decreto nº 5.296
(Brasil, 2004) e a Lei Brasileira de Inclusão, Lei nº 13.146 (Brasil, 2015), assegura que todos
os cidadãos têm o direito à educação e acesso à informação, independentemente de suas
limitações físicas, sensoriais ou cognitivas. No entanto, a ausência de ambientes adequados e
de plataformas digitais acessíveis ainda compromete esses direitos, evidenciando uma lacuna
significativa entre a legislação e a prática.
Para enfrentar esses desafios, foi concebido e desenvolvido
6
um sistema web,
atualmente em sua versão beta
7
, projetado para avaliar a acessibilidade digital de sítios
eletrônicos com base nas diretrizes das WCAG 2.2 (W3C, 2023). O sistema proposto foi
nomeado como “selo brasileiro” para refletir uma abordagem de território nacional na
avaliação da acessibilidade em sites. No entanto, é importante esclarecer que esse nome não
implica aprovação ou certificação oficial por órgãos governamentais. Assim, utilizar-se-á a
sigla SBA ao longo do texto, representando “Selo de Boa Acessibilidade” ou “Selo pelo Bem
da Acessibilidade”.
Nesse sentido, o objetivo do SBA é procurar assegurar que os sites públicos sejam
acessíveis e permaneçam comprometidos com a inclusão, que procura assegurar que todas as
pessoas, incluindo aquelas com deficiência, possam acessar informações e exercer plenamente
seus direitos. Além disso, o sistema propõe um monitoramento contínuo para atestar que
as modificações nos sites não prejudiquem a acessibilidade ao longo do tempo, promovendo
uma sociedade mais justa e inclusiva para todos.
Simultaneamente, é importante destacar as diversas ferramentas automatizadas
disponíveis para verificar e validar a acessibilidade na web. Essas ferramentas, como o ASES
8
(Avaliador e Simulador de Acessibilidade em Sítios), no Brasil, e extensões de navegadores
O projeto foi aprovado e financiado pelo edital de pesquisa nº 28 de 13 de março de 2023, com apoio do IF Baiano/
PROPES, iniciado em 01/08/2023 e finalizado em 01/09/2024.
 Fase de desenvolvimento de um software em que ele já está funcional e próximo da versão final, mas ainda passa por testes
e ajustes. É disponibilizado para um grupo de usuários ou para o público em geral com o objetivo de identificar falhas,
otimizar funcionalidades e coletar feedback. E possivelmente buscando apoio para sua continuidade e melhorias.
 Disponível em https://asesweb.governoeletronico.gov.br/.
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 3, e0240035, 2024. 5-17
Concepção e desenvolvimento de um sistema web para avaliação de acessibilidade de
sites e geração automatizada de selo
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amplamente utilizadas, como o “axe
9
e o WAVE
10
, facilitam o processo de avaliação,
permitindo uma análise abrangente. Iniciativas como o eMag
11
(Modelo de Acessibilidade em
Governo Eletrônico) também são, ou foram, considerando a última versão disponível 3.1 de
abril de 2014, fundamentais para buscar assegurar a conformidade com as normas brasileiras,
oferecendo um conjunto de recomendações voltadas para os websites governamentais.
DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO
O desenvolvimento e a implementação do SBA foram realizados com base em uma
metodologia
12
rigorosa, estruturada em duas etapas principais: desenvolvimento do sistema
13
e validação do software. Desde o início, o SBA foi projetado para atender às diretrizes da
Web Content Accessibility Guidelines (WCAG), estabelecidas pelo World Wide Web Consortium
(W3C), com o objetivo de garantir a acessibilidade digital em websites.
DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA
Na primeira etapa, focada no desenvolvimento do software, o processo começou
com a coleta de requisitos, na qual foram identificadas e documentadas as funcionalidades
desejadas do sistema.
Após a coleta de requisitos, iniciou-se a fase de planejamento e design, na qual o
sistema foi estruturado com base nas necessidades identificadas. Foram criados diagramas
de arquitetura do sistema que mapearam os componentes principais e a interação entre eles,
além de uma estrutura de base de dados que garantiria a organização e o gerenciamento
eficiente das informações. Esses diagramas foram fundamentais para procurar assegurar que o
sistema fosse robusto, escalável e capaz de lidar com grandes volumes de dados, uma vez que o
SBA precisaria processar e avaliar continuamente múltiplos sites com uma grande quantidade
de páginas.
O desenvolvimento propriamente dito teve início, focando na codificação das
funcionalidades principais. O sistema foi desenvolvido utilizando uma arquitetura modular,
no qual cada componente foi codificado de forma a permitir fácil manutenção e atualização.
 Disponível em https://www.deque.com/axe/
10
Disponível em https://wave.webaim.org/
11
Disponível em https://emag.governoeletronico.gov.br/, dois dos autores deste artigo fizeram parte da equipe que
desenvolveu as diretrizes de acessibilidade e o ASES.
12
O trabalho não envolveu o estudo com seres humanos, portanto, não foi necessário submetê-lo ao Comitê de Ética.
13
O sistema foi desenvolvido utilizando as seguintes tecnologias e ferramentas: Python com as bibliotecas Beautiful Soup,
Requests, Selenium e HTMLSession para a extração e análise de dados; PHP e Laravel para o Back-End; JavaScript e Vue.js
para o Front-End. O banco de dados MySQL foi empregado para armazenar e gerenciar dados de acessibilidade.
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SOBRINHO JUNIOR, Durval Ferreira; SONZA, Andréa Poletto; FERNANDES, Woquiton Lima
A integração com o banco de dados foi realizada para buscar garantir que todas as informações
necessárias fossem armazenadas e recuperadas de maneira eficiente, suportando a análise de
acessibilidade contínua e em larga escala. A interface de usuário foi projetada com foco em
acessibilidade e usabilidade, procurando assegurar que qualquer usuário, independentemente
de suas habilidades, pudesse interagir com o sistema de maneira intuitiva e eficiente.
Após a conclusão da codificação, o sistema passou por uma fase de testes. Essa etapa
incluiu testes unitários, que verificaram o funcionamento de cada módulo individualmente;
testes de integração, que garantiram que os diferentes módulos do sistema funcionassem
corretamente em conjunto. Esses testes foram realizados para procurar assegurar que todas as
funcionalidades do SBA operassem conforme o esperado e que o sistema estivesse em plena
conformidade com as diretrizes das Web Content Accessibility Guidelines (WCAG 2.2).
Uma vez concluída a fase de testes e garantida a estabilidade do sistema, o SBA
foi implantado em um servidor web, tornando-o acessível ao público, passível de acesso
pelo endereço “www.acessibilidadedigital.net.br”. O sistema, atualmente em sua versão
beta, opera de maneira satisfatória, realizando análises de acessibilidade em sites públicos
de forma contínua, gerando relatórios detalhados e buscando assegurar que as avaliações
estejam sempre alinhadas com as normas da WCAG 2.2 (W3C, 2023). Portanto, é
preciso lembrar da premissa de que um sistema computacional está em contínua avaliação e
recebendo ajustes ou novos requisitos, quando necessário.
Os resultados preliminares, nesta primeira versão, mostraram-se adequados e
funcionais, mas é importante notar que a ferramenta ainda precisa passar por uma série de
testes adicionais para confirmar sua eficácia em diferentes cenários. É necessário realizar testes
mais abrangentes para validar esses resultados em contextos variados, pois a construção do
conhecimento científico exige uma avaliação mais aprofundada.
ANÁLISE DE ACESSIBILIDADE
O software
14
se baseia nas normas das Web Content Accessibility Guidelines (WCAG)
15
,
visando garantir uma avaliação precisa da acessibilidade de websites. Essas diretrizes,
estabelecidas pelo World Wide Web Consortium (W3C), são organizadas em quatro princípios
fundamentais: perceptível, operável, compreensível e robusto, que orientam o SBA na análise
e validação de conteúdo digital.
O princípio “perceptível”, assegura que as informações e componentes de interface
dos sites analisados sejam apresentados de forma a serem percebidos por todos os usuários,
incluindo aqueles que dependem de recursos de tecnologia assistiva. No contexto do SBA,
14
Acessível em: www.acessibilidadedigital.net.br
15
Acessível em: https://www.w3c.br/traducoes/wcag/wcag22-pt-BR/
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 3, e0240035, 2024. 7-17
Concepção e desenvolvimento de um sistema web para avaliação de acessibilidade de
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isso significa verificar, por exemplo, se as imagens possuem textos alternativos que descrevem
adequadamente seu conteúdo, permitindo que pessoas com deficiência visual compreendam
essas informações por meio de leitores de tela.
Com base no princípio “operável”, o SBA examina se os sites podem ser navegados e
utilizados por meio de diferentes dispositivos de entrada, como teclados, mouses adaptados,
acionadores…, garantindo acessibilidade para usuários com mobilidade reduzida. O software
verifica, por exemplo, se todos os links, botões e formulários podem ser acessados e ativados
via teclado, sem a necessidade de um mouse. Essa funcionalidade é crucial para garantir que
o site seja operável por todos os usuários, independentemente de suas limitações físicas.
O princípio “compreensível” é aplicado pelo SBA para assegurar que o conteúdo e as
operações dos sites sejam claras e facilmente compreendidas por todos os usuários. O software
avalia se a linguagem utilizada é simples, se as instruções são claras e se a navegação é intuitiva.
Por exemplo, o SBA verifica se os formulários têm instruções precisas e se a estrutura da
página é lógica e consistente, facilitando a compreensão para todos, independentemente de
seu nível de alfabetização ou familiaridade com a web.
O SBA busca garantir que os sites analisados sejam suficientemente robustos para
serem interpretados corretamente por uma ampla variedade de recursos de tecnologia assistiva
e navegadores, seguindo o princípio “robusto”. Isso envolve a verificação da integridade
do código HTM
16
, CSS
17
e outras tecnologias utilizadas, assegurando que o conteúdo seja
acessível e interpretável mesmo em face de futuras atualizações tecnológicas.
Esses princípios são operacionalizados no SBA por meio de uma análise automatizada,
que aplica técnicas de validação baseadas nas diretrizes da WCAG 2.2 (W3C, 2023). Os
períodos de análise são definidos periodicamente de acordo com a quantidade de websites
cadastrados na plataforma, pois o serviço em nuvem utilizado, apesar de estável, possui
limitações de processamento; sendo assim, é necessário ajustar os intervalos de análises para
não sobrecarregá-lo.
O software realiza uma avaliação de cada página dos sites cadastrados, verificando os
critérios de sucesso das 13 diretrizes da WCAG 2.2
18
(W3C, 2023) e aplicando 314 técnicas
de validação que asseguram a conformidade com as normas de acessibilidade. A plataforma
atribui o mesmo peso para todas as técnicas, mesmo que façam parte de critérios com
diferentes níveis (A, AA, AAA). No futuro estes detalhes da avaliação podem ser alterados a
fim de tornar as métricas geradas mais acuradas, assim como os períodos de análise podem ser
16
Hyper Text Markup Language (Linguagem de Marcação de Hipertextos): linguagem de marcação utilizada para estruturar
páginas web.
17
Folhas de estilo em cascatas, usados para estilizar websites.
18
Disponível em: https://www.w3c.br/traducoes/wcag/wcag22-pt-BR/. Acesso em:11 set. 2024.
8-17 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 3, e0240035, 2024.
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encurtados caso a plataforma seja migrada para um serviço mais robusto e que suporte mais
processamento de dados em paralelo.
Atualmente o SBA não possui suporte para análise de todas técnicas de validação,
uma vez que muitos passos de validação envolvem uma análise mais complexa, da qual
precisaria da inferência humana ou de tecnologias mais complexas como processamento de
linguagem natural e inteligência artificial.
Figura 1 - Tela do sistema apresentando a avaliação de um site institucional de acordo com
os quatro princípios da WCAG e listando as páginas do site que passaram pela análise.
Fonte: Elaboração própria.
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Concepção e desenvolvimento de um sistema web para avaliação de acessibilidade de
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Figura 2 –Tela do sistema apresentando a avaliação detalhada de
uma página específica de um site institucional de acordo com os
princípios, diretrizes e técnicas de validação da WCAG.
Fonte: Elaboração própria.
Como pode ser observado nas figuras 1 e 2, ao concluir a análise de um site, o SBA
gera relatórios detalhados que indicam o nível de conformidade do site de acordo com as
diretrizes da WCAG, destacando tanto as áreas que atendem aos padrões quanto aquelas que
necessitam de melhorias.
No exemplo exposto da figura 1, o sítio eletrônico apresentou 40,21% de
conformidade com as diretrizes da WCAG, sendo 72,72% em “Perceptível”, 37,51% em
“Operável”, 14,21% em “Compreensível” e 38,46% em “Robusto”. É importante destacar
que as diretrizes e técnicas de validação aplicadas a cada página analisada podem ser detalhadas,
como mostra a figura 2, de modo a apresentar os acertos, erros e pontos de atenção a serem
ajustados.
O cálculo que resulta na média de cada um desses quatro princípios leva em
consideração a aplicação das técnicas que cada um possui; desta forma, é calculada a
acessibilidade média de todas as técnicas detidas por determinado princípio em todas as
páginas analisadas, gerando assim a média geral para o princípio.
A acessibilidade geral do website, que determina a classificação em estrelas, é obtida
a partir da média da conformidade de todas as páginas analisadas. Cada página é submetida a
10-17 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 3, e0240035, 2024.
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uma avaliação, que é analisada com base em até 314 técnicas de validação que abrangem 13
diretrizes, distribuídas entre os 4 princípios da WCAG. Esse processo assegura que a avaliação
da acessibilidade seja abrangente e representativa do desempenho do site como um todo.
A escala de avaliação da acessibilidade é um aspecto relevante, definida neste trabalho
da seguinte forma: websites com acessibilidade entre 86% e 100% recebem 5 estrelas, entre
76% e 85% recebem 4 estrelas, entre 61% e 75% recebem 3
estrelas, entre 41% e 60% recebem 2 estrelas, e entre 0% e 40% recebem 1 estrela.
Esta abordagem segue o princípio do escalonamento progressivo, ou seja, com faixas variáveis.
Essa estruturação, semelhante a um afunilamento, visa incentivar, motivar e reconhecer os
websites que buscam a excelência em acessibilidade. Com isso, espera-se que as instituições
tenham um incentivo para a melhoria contínua, sendo recompensadas por um esforço
incremental.
A avaliação propriamente dita começa com a coleta do conteúdo da página principal
do website usando um crawler, uma ferramenta que extrai o conteúdo HTML da página. Uma
vez obtido o conteúdo, o código utiliza um coletor de URLs para identificar todas as URLs
internas presentes na página. Se não forem encontradas URLs inicialmente, o coletor tenta
novamente, garantindo que todas as páginas relevantes do site sejam incluídas na análise.
Com a lista de URLs em mãos, o sistema cria um relatório de análise para o website.
Este relatório inclui o número total de páginas a serem analisadas e armazena essas informações
no banco de dados. Em seguida, a análise detalhada de cada página começa. Para cada URL
coletada, o conteúdo da página é recuperado novamente e uma instância de análise da página
é criada e salva no banco de dados.
A análise de acessibilidade das páginas é realizada com base nas diretrizes da WCAG
2.2. Cada página é verificada em relação a várias diretrizes, e o nível de acessibilidade para
cada diretriz é calculado com base nas técnicas identificadas. O nível de acessibilidade para
cada diretriz é então utilizado para calcular o nível médio de acessibilidade da página.
A fórmula para calcular o nível de acessibilidade de uma página é:
NAP = SAD/QD
NAP = Nível de Acessibilidade da Página / SAD = Soma da Acessibilidade das Diretrizes / QD = Quantidade de Diretrizes
Depois de analisar todas as páginas, o código calcula o nível médio de acessibilidade
do website. Este nível médio é obtido através da média dos níveis de acessibilidade de todas as
páginas analisadas. A fórmula utilizada é:
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 3, e0240035, 2024. 11-17
Concepção e desenvolvimento de um sistema web para avaliação de acessibilidade de
sites e geração automatizada de selo
Artigos
NAW = NAP/QP
NAW = Nível Acessibilidade do Website / NAP = Nível de Acessibilidade da Página / QP = Quantidade de Páginas
O relatório final também inclui a duração total da análise, que é calculada como a
diferença entre o tempo inicial e o tempo final da análise.
Assim, o processo descrito assegura que a acessibilidade do website seja avaliada
de acordo com as diretrizes estabelecidas, proporcionando uma visão clara do nível de
conformidade e permitindo melhorias contínuas na acessibilidade do site.
A aderência rigorosa do SBA às normas das WCAG não só garante que os sites
sejam acessíveis a todos os usuários, mas também posiciona o software como uma ferramenta
essencial para desenvolvedores e administradores de sites que buscam promover a inclusão
digital e alinhar-se com as melhores práticas internacionais de acessibilidade.
ANÁLISE DE RESULTADOS
O SBA utiliza um sistema de classificação que atribui de 1 a 5 estrelas aos sites
avaliados, com base em uma pontuação percentual que reflete seu nível de acessibilidade.
Sites que obtêm uma pontuação de 0 a 40% recebem 1 estrela, reconhecendo esforços iniciais;
aqueles com 41 a 60% são classificados com 2 estrelas, indicando práticas de acessibilidade
mais consistentes; uma pontuação de 61 a 75% resulta em 3 estrelas, refletindo um
compromisso sólido com a acessibilidade; sites que alcançam de 76 a 85% recebem 4 estrelas,
demonstrando um esforço significativo; e aqueles com 86 a 100% recebem a classificação
máxima de 5 estrelas, atestando altos padrões de qualidade em acessibilidade digital.
A análise de 66 sites avaliados pelo SBA revelou uma grande variação nas classificações.
4 sites receberam 1 estrela, enquanto a maioria, 60 sites, obtiveram 2 estrelas. Apenas 2 sites
alcançaram a classificação de 3 estrelas, e nenhum site atingiu as 4 ou 5 estrelas. Esses resultados
indicam que a maioria dos websites avaliados ainda precisa melhorar significativamente sua
acessibilidade digital para alcançar um nível satisfatório.
Uma análise detalhada das médias gerais dos princípios de acessibilidade, conforme
as diretrizes das Web Content Accessibility Guidelines (WCAG), também foi realizada.
Considerando todos os sites avaliados, o princípio “perceptível” obteve uma média de
67,95%, sugerindo um bom nível de conformidade na apresentação de informações, mas
ainda apontando áreas que necessitam de melhorias para garantir plena acessibilidade. O
princípio “operável” apresentou uma média de 35,10%, destacando-se como uma área crítica
12-17 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 3, e0240035, 2024.
SOBRINHO JUNIOR, Durval Ferreira; SONZA, Andréa Poletto; FERNANDES, Woquiton Lima
que requer atenção urgente para garantir que todos os componentes dos sites sejam acessíveis
e utilizáveis por todos os usuários. O princípio “compreensível” teve uma média de 47,25%,
indicando a necessidade de aprimorar a clareza e a usabilidade das informações apresentadas
nos sites. Por fim, o princípio “robusto” alcançou uma média de 51,93%, demonstrando
um esforço razoável para assegurar a compatibilidade com diversas tecnologias assistivas, mas
ainda com espaço para melhorias.
Figura 3 - Quantificação de sites da categoria “Rede EPT” classificados por estrelas no SBA
Fonte: Elaboração própria.
Como é possível observar na figura 3, as métricas de acessibilidade voltadas apenas
para a categoria Rede EPT (Educação Profissional e Tecnológica) revelam um panorama
preocupante: nenhum site alcançou as faixas de 86%-100% ou 76%-85% de acessibilidade,
indicando que nenhum site atingiu níveis de conformidade considerados excelentes ou bons.
Apenas um site está na faixa intermediária de 61%-75%, sugerindo que ele possui um nível
razoável de acessibilidade, mas ainda com deficiências. A maioria dos sites, 37 dos 48 avaliados,
está na faixa de 41%-60%, indicando problemas substanciais que afetam a acessibilidade. A
ausência de sites na faixa mais baixa de 0%-40% é um sinal positivo, mas reflete que, apesar
de nenhuma avaliação extrema, a maioria dos sites ainda precisa de melhorias significativas
para alcançar padrões mais elevados de acessibilidade.
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 3, e0240035, 2024. 13-17
Concepção e desenvolvimento de um sistema web para avaliação de acessibilidade de
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Artigos
Figura 4 - Gráfico de acessibilidade média nos últimos 30
dias para a categoria “Rede EPT” no SBA
Fonte: Elaboração própria.
A gura 5 representa um gráco em linhas entre a data 14 de julho de 2024 a 8 de agosto
de 2024, onde a acessibilidade média dos sites vericados na categoria Rede EPT tem mostrado
uma variação signicativa. O gráco de linha que ilustra esses dados revela uma tendência de
acessibilidade que oscilou entre 48,36% e 55,18%, com algumas quedas temporárias e períodos
de recuperação.
14-17 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 3, e0240035, 2024.
SOBRINHO JUNIOR, Durval Ferreira; SONZA, Andréa Poletto; FERNANDES, Woquiton Lima
Figura 5 - Gráfico de acessibilidade média nos últimos 6
meses para a categoria “Rede EPT” no SBA
Fonte: Elaboração própria.
A análise dos últimos 6 meses é apresentada na figura 5, que mostra uma média de
acessibilidade variando de 47,26% a 54,22%. Embora haja um progresso gradual, a tendência
geral sugere que ainda há muito a ser feito para alcançar uma acessibilidade ideal. A evolução
das médias mensais indica que, apesar de evidenciar algumas melhorias, a consistência e a
qualidade na aplicação das diretrizes de acessibilidade ainda são áreas críticas que precisam de
atenção contínua.
Estes resultados sublinham a importância de esforços contínuos e de estratégias mais
robustas para alcançar a acessibilidade digital. A aplicação da ferramenta SBA evidenciou a
necessidade de suporte adequado para melhorar a experiência dos usuários com deficiência,
indicando que, embora algumas iniciativas estejam em andamento, há muito a ser feito para
que os websites atinjam padrões elevados de acessibilidade. É essencial que os administradores
de sites tomem medidas proativas para corrigir as deficiências identificadas, de modo a
proporcionar uma experiência digital verdadeiramente inclusiva para todos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As análises realizadas pelo SBA evidenciam que, apesar de os sites avaliados estarem
em conformidade parcial com as diretrizes da WCAG (Web Content Accessibility Guidelines),
ainda existem áreas críticas que precisam de melhorias substanciais para garantir a acessibilidade
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 3, e0240035, 2024. 15-17
Concepção e desenvolvimento de um sistema web para avaliação de acessibilidade de
sites e geração automatizada de selo
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digital. No entanto, a adoção dessas diretrizes não é uniforme, e os resultados das análises do
SBA demonstram que há uma lacuna significativa entre a teoria e a prática.
A variação na conformidade entre os sites avaliados destacou vários desafios.
Primeiramente, a complexidade dos sites modernos, que muitas vezes incorporam elementos
dinâmicos e interativos, pode dificultar a implementação de práticas acessíveis. Além disso,
há uma resistência perceptível entre desenvolvedores e administradores de sites em adotar
plenamente medidas de inclusão digital. Essa resistência pode ser atribuída a uma falta de
compreensão da importância da acessibilidade, bem como a percepções errôneas sobre o
custo e a dificuldade de implementar mudanças necessárias.
Outro ponto crítico identificado nas análises foi a inconsistência no código fonte
dos sites, o que afetou diretamente a eficácia das técnicas de validação e monitoramento de
acessibilidade aplicadas pelo SBA. Um código mal estruturado ou inconsistente pode impedir
que recursos de tecnologia assistiva, como leitores de tela, funcionem corretamente, criando
barreiras adicionais para os usuários com deficiência.
A média geral de acessibilidade dos sites analisados foi considerada insatisfatória,
revelando que a maioria deles ainda não atingiu um nível adequado de conformidade com as
normas estabelecidas pela WCAG. Esse resultado é preocupante, pois sugere que muitos sites
não estão preparados para atender às necessidades de todos os usuários, o que pode resultar
em exclusão digital para uma parcela significativa da população.
Esse cenário sublinha a importância de um esforço contínuo e coordenado para
melhorar a acessibilidade digital. Ferramentas como o SBA desempenham um papel crucial
nesse processo, ajudando a identificar falhas específicas e promovendo correções direcionadas.
Além de fornecer um diagnóstico das condições atuais, essas ferramentas incentivam a adoção
de melhores práticas e a implementação de mudanças estruturais nos sites.
Este estudo, baseado no SBA e em seus resultados, evidencia a necessidade de manter
um monitoramento constante das práticas de acessibilidade e de implementar mudanças efetivas
e duradouras. Isso inclui não apenas ajustes técnicos, mas também a sensibilização e educação
de desenvolvedores e administradores sobre a importância de criar uma web verdadeiramente
inclusiva. Somente com um compromisso coletivo será possível buscar assegurar que todos
os usuários, independentemente de suas habilidades, possam acessar e utilizar a internet de
maneira plena e eficaz, promovendo a inclusão digital em toda a sua extensão.
Para avançar, com a disponibilidade de recursos humanos e financeiros, a intenção
é prosseguir com o desenvolvimento, implementando melhorias contínuas e gerando versões
cada vez mais robustas e estáveis, como é comum em sistemas computacionais. Lembrando
que a razão principal deste trabalho é promover a inclusão e a acessibilidade para pessoas com
deficiência no meio digital. Vale destacar que o SBA foi premiado com o 1º lugar na modalidade
16-17 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 3, e0240035, 2024.
SOBRINHO JUNIOR, Durval Ferreira; SONZA, Andréa Poletto; FERNANDES, Woquiton Lima
oral do Eixo Temático 7 - Inovação, Tecnologias e Produtos para Inclusão e Acessibilidade,
bem como com o Prêmio Romeu Sassaki no IV Congresso Nacional de Inclusão na Educação
Superior e Educação Profissional Tecnológica. Essa distinção não apenas honra o trabalho
desenvolvido, mas também serve como uma significativa fonte de motivação para continuar
a busca pela excelência e inovação no campo da acessibilidade digital.
REFERÊNCIAS
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