2-18 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 3, e0240033, 2024.
VALENTIM MONTEIRO, Regina de Fátima Freire; CORREIA, Deyse Morgana das Neves;
LIRA, Andrea de Lucena
ABSTRACT: this paper aims to present a proposal for continuing education for Chemistry teachers, focusing on
methodological accessibility applied to teaching deaf students. e proposal was developed from a master’s research that
identified gaps in the training of Chemistry teachers at the Integrated High School of the Federal Institute of Paraíba
regarding the necessary knowledge for teaching this science to deaf students. It is a pedagogical action research seeking
answers to the needs identified in the institution. e continuing education course was based on recognizing the uniqueness
of deaf people in their relationship with the world, manifested by the cultural artifacts of visual experience and sign language.
e pilot course was developed on the Google Classroom platform and addressed the thematic areas: understanding deafness
and sign language; methodological accessibility; the Chemistry teacher in the education of deaf people; and bilingual
education for the deaf. After offering and evaluating the pilot course, the video lessons produced were restructured and made
available on the YouTube channel of the João Pessoa campus of the Federal Institute of Paraíba, with audio in Portuguese
and signed in Brazilian Sign Language, in addition to the creation of a replicable model version of the course on Google
Classroom. e continuing education course was considered a tool with the potential to minimize the difficulties found
in initial training gaps, starting from teaching situations with concrete examples from classroom reality, beyond a limited
theoretical perspective.
KEYWORDS: Continuing education. Methodological accessibility. Deafness. Inclusion. Chemistry teaching.
INTRODUÇÃO
O processo de educação das pessoas surdas passa por um amplo período de negação
do reconhecimento das particularidades de comunicação que permeiam o universo da cultura
surda. O modelo social construído historicamente vê os surdos como incapazes, por não
ouvirem e, em consequência, terem dificuldade de “falar” oralmente, conforme as expectativas
de normalidade do grupo social majoritário de ouvintes (Valentim-Monteiro, 2023).
Particularmente, pessoas surdas e que não realizam sua comunicação pela “fala”,
como pessoas com paralisia cerebral, apraxia e transtorno do espectro autista, são consideradas,
erroneamente, como não verbais e, geralmente, são associadas a um déficit cognitivo ou
ausência de capacidade de exercerem seus papéis na sociedade. Os surdos, por causa de crenças
e mitos sobre sua condição, viveram muito tempo segregados ou enfrentando diferentes
propostas de educação que enfatizavam a língua oral, como o oralismo e a comunicação total.
Um marco desse processo foi o Congresso de Milão, em 1880, no qual o uso da sinalização foi
proibido nas escolas. Essa proibição durou aproximadamente 100 anos. Muitas instituições
que aceitavam e utilizavam a língua de sinais passaram a empregar unicamente atividades
para o desenvolvimento do treino da fala após o Congresso, forçando os surdos a oralizarem
(Quadros, 1997).
Ainda hoje, esse ideário de segregação e preconceito reflete-se em atitudes excludentes
da sociedade, as quais também são vivenciadas no ambiente escolar. No Brasil, o direito à
acessibilidade para o público surdo e a adoção de propostas educacionais relativas à inclusão
somente foram sentidos, de forma mais robusta, a partir da Lei de Diretrizes e Bases (LDB)
da Educação Nacional (Brasil, 1996).
Na esteira da LDB, destacamos a reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais
(Libras) como língua de comunicação da comunidade surda brasileira para a aquisição de
conhecimentos e informações (Brasil, 2002); a instituição do atendimento educacional