Editorial
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 10, n. 2, p. 07-10, Jul.-Dez, 2023 9
Sheila Lopes de Barros e Débora Dainez, no manuscrito intitulado Tendências da
judicialização na educação da pessoa com deficiência, caracterizam as ações judiciais relacionadas
à Educação Especial ajuizadas em uma comarca do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo,
identificando as principais solicitações, as decisões proferidas e as tendências da judicialização
nessa área.
O texto Direito à educação dos estudantes com deficiência intelectual: percepção dos
responsáveis pela educação especial nas coordenadorias regionais de educação da rede estadual de
Santa Catarina, de autoria de Francislanny Pereira de Jesus, Grazielle Franciosi da Silva Geovana
Mendonça Lunardi Mendes, busca compreender a concepção de educação inclusiva e a forma
como as políticas educacionais são interpretadas e traduzidas pelos atores políticos, que atuam
em diferentes contextos na Rede Estadual de Ensino de Santa Catarina, na garantia do direito à
educação dos estudantes com deficiência intelectual.
Por sua vez, as autoras Nadine da Silva Santos, Kamila Lockmann e Rejane Ramos
Klein, com o estudo As políticas de inclusão escolar e as narrativas docentes: uma análise a partir
dos modelos de deficiência, analisam as concepções de deficiência materializadas em documentos
oficiais referentes às políticas de inclusão escolar brasileiras, da década de 1990 até a atualidade,
assim como em narrativas de duas docentes que atuam junto aos estudantes da Educação Especial
em escola comum.
Dando sequência, Allan Rocha Damasceno, Mônica Pereira dos Santos e Rosangela
Costa Soares Cabral, em “Omnicrítica”: das culturas, políticas e práticas à perspectiva Omnilética,
buscam relacionar o conceito de “Inclusão em Educação”, em uma discussão teórico-epistêmica das
culturas, políticas e práticas, adotando a “Perspectiva Omnilética” em diálogo com a Teoria Crítica
da Sociedade, sobretudo do pensamento de eodor W. Adorno.
Valdelúcia Alves da Costa, no trabalho Educação inclusiva, direitos humanos, formação
docente e democratização da escola, analisa a formação docente, a democratização da escola e a
educação inclusiva na perspectiva dos direitos humanos, considerando as demandas humanas no
combate ao preconceito contra estudantes com deficiência.
Por fim, o último artigo, sob o título Formação docente em perspectiva inclusiva: retrocessos,
lacunas e distanciamentos no contexto brasileiro, de autoria de Ana Paula Dias Pazzaglini Roldi, Erica
Pereira Neto e Décio Nascimento Guimarães, investiga a forma pela qual o direito à educação
das pessoas em situação de deficiência está constituído nos documentos da Política Nacional de
Formação de Professores - BNC Formação e BNC Formação continuada.
Os artigos expõem cenários de violações dos direitos humanos das pessoas com deficiência,
principalmente o direito à Educação Básica e Superior, problematizando vários contextos brasileiros,
bem como os agenciamentos vinculados à judicialização, à política, às práticas, às culturas e à
formação docente para a construção de outras realidades possíveis.
Nessa direção, entendemos que o direito humano à educação da pessoa com deficiência
constitui-se pelo movimento contínuo de lutas: lutas para a positivação de direitos; lutas para a
efetivação de direitos; lutas contra o retrocesso de direitos; e lutas para a ampliação de direitos
(NOZU, 2020). Assim, desejamos que a leitura deste Dossiê produza reflexões sobre a tríade Direitos
Humanos, Inclusão e Educação Especial e, mais ainda, mobilize ações coletivas e colaborativas para
a satisfação da escolarização de estudantes com deficiência no Brasil.