ASPECTOS QUE CONFEREM COMPLEXIDADE
À INTERPRETAÇÃO NA PERSPECTIVA DO
INRPRETE EDUCACIONAL DO ENSINO MÉDIO
ASPECTS THAT CONFER COMPLEXITY TO
INTERPRETATION FROM THE PERSPECTIVE OF THE
HIGH SCHOOL EDUCATIONAL INTERPRETER
Patrícia Cardoso de OLIVEIRA
Mestranda em Educação Especial. Instituto Federal de São Paulo – IFSP, Pirituba, São Paulo, Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-0831-9767 | pattycardoso.oli@gmail.com
Cristina Broglia Feitosa de LACERDA
Doutora em Educação. Docente associada do curso de Licenciatura em Educação Especial e do Programa de
pós-graduação em Educação Especial, Universidade Federal de São Carlos – UFSCAR, São Paulo, Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-3250-1374 | clacerda@ufscar.br
OLIVEIRA, Patrícia Cardoso de; LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de. Aspectos que conferem complexidade à
interpretação na perspectiva do intérprete educacional do ensino médio. Revista Diálogos e Perspectivas em Educação
Especial, v. 11, n. 2, e0240021, 2024.
RESUMO: à custa de uma maior inserção dos surdos no meio acadêmico, o intérprete educacional de Língua Brasileira de
Sinais – Libras, vem ganhando reconhecimento em relação à importância da sua atuação no processo de ensino desse estudante.
Este estudo explorou os aspectos que conferem complexidade a interpretação de português para Libras no meio educacional,
objetivando identificar, entender e ofertar reflexões sobre os elementos que fomentam esse fenômeno, com o intuito de construir
novas perspectivas no campo de atuação do intérprete educacional de Libras, com ênfase no trabalho colaborativo entre o docente
e o intérprete educacional. Com um estudo de caso único, por meio do instrumento de autoconfrontação simples proposto
por Yves Clot (2010) com abordagem na psicodinâmica do trabalho que buscou promover a reflexão do próprio agir durante a
atividade laboral. Entrelaçando à concepção de Sobral (2008) e os pressupostos de Bakhtin (2009, 2010) que enfatizam a natureza
dialógica da linguagem, argumentado que o significado das palavras emerge da interação em contextos específico e o campo
da tradução que há necessidade de recriar o diálogo entre culturas e contextos sociais diferentes. Resultando no levantamento
dos seguintes elementos que conferem complexidade ao ato interpretativo na esfera educacional: I) construção de conceitos: de
simples a complexos; II) o trabalho colaborativo entre o docente e o intérprete educacional; III) aspectos emocionais na atuação
do intérprete educacional.
PALAVRAS-CHAVE: Educação Especial. Complexidade. Interpretação. Língua Portuguesa. Língua Brasileira de Sinais.
ABSTRACT: at the expense of a greater insertion of the deaf in the academic environment, the educational interpreter
of Brazilian Sign Language – Libras, has been gaining recognition in relation to the importance of his performance in the
teaching process of this student. is study explored the aspects that confer complexity to the interpretation of Portuguese for
Libras in the educational environment, aiming to identify, understand and offer reflections on the elements that foster this
phenomenon, in order to build new perspectives in the field of action of the educational interpreter of Libras, with emphasis
on the collaborative work between the teacher and the educational interpreter. With a unique case study, through the simple
self-confrontation instrument proposed by Yves Clot (2010) with an approach in the psychodynamics of work that sought
to promote the reflection of ones own action during the work activity. Intertwining the conception of Sobral (2008) and the
assumptions of Bakhtin (2009, 2010) that emphasize the dialogic nature of language, it argued that the meaning of words
emerges from interaction in specific contexts and the field of translation that there is a need to recreate the dialogue between
different cultures and social contexts. Resulting in the survey of the following elements that confer complexity. Resulting in the
survey of the following elements that confer complexity to the interpretative act in the educational sphere: I) construction of
concepts: from simple to complex; II) collaborative work between the teacher and the educational interpreter; III) emotional
aspects in the performance of the educational interpreter.
Keywords: Special education. Complexity. Interpretation. Portuguese language. Brazilian Sign Language.
REVISTA DIÁLOGOS E PERSPECTIVAS EM
EDUCAÇÃO ESPECIAL
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS
https://doi.org/10.36311/2358-8845.2024.v11n2.e0240021
is is an open-access article distributed under the terms of the Creative Commons Attribution License.
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 2, e0240021, 2024. 1-20
Aspectos que conferem complexidade à interpretação na perspectiva do intérprete
educacional do ensino médio
Artigo
ASPECTOS QUE CONFEREM COMPLEXIDADE
À INTERPRETAÇÃO NA PERSPECTIVA DO
INTÉRPRETE EDUCACIONAL DO ENSINO MÉDIO
ASPECTS THAT CONFER COMPLEXITY TO
INTERPRETATION FROM THE PERSPECTIVE OF
THE HIGH SCHOOL EDUCATIONAL INTERPRETER
Patrícia Cardoso de OLIVEIRA
1
Cristina Broglia Feitosa de LACERDA
2
RESUMO: à custa de uma maior inserção dos surdos no meio acadêmico, o intérprete educacional de Língua Brasileira de
Sinais – Libras, vem ganhando reconhecimento em relação à importância da sua atuação no processo de ensino desse estudante.
Este estudo explorou os aspectos que conferem complexidade a interpretação de português para Libras no meio educacional,
objetivando identificar, entender e ofertar reflexões sobre os elementos que fomentam esse fenômeno, com o intuito de
construir novas perspectivas no campo de atuação do intérprete educacional de Libras, com ênfase no trabalho colaborativo
entre o docente e o intérprete educacional. Com um estudo de caso único, por meio do instrumento de autoconfrontação
simples proposto por Yves Clot (2010) com abordagem na psicodinâmica do trabalho que buscou promover a reflexão do
próprio agir durante a atividade laboral. Entrelaçando à concepção de Sobral (2008) e os pressupostos de Bakhtin (2009,
2010) que enfatizam a natureza dialógica da linguagem, argumentado que o significado das palavras emerge da interação
em contextos específico e o campo da tradução que há necessidade de recriar o diálogo entre culturas e contextos sociais
diferentes. Resultando no levantamento dos seguintes elementos que conferem complexidade ao ato interpretativo na esfera
educacional: I) construção de conceitos: de simples a complexos; II) o trabalho colaborativo entre o docente e o intérprete
educacional; III) aspectos emocionais na atuação do intérprete educacional.
PALAVRAS-CHAVE: Educação Especial. Complexidade. Interpretação. Língua Portuguesa. Língua Brasileira de Sinais.
ABSTRACT: at the expense of a greater insertion of the deaf in the academic environment, the educational interpreter
of Brazilian Sign Language – Libras, has been gaining recognition in relation to the importance of his performance in the
teaching process of this student. is study explored the aspects that confer complexity to the interpretation of Portuguese
for Libras in the educational environment, aiming to identify, understand and offer reflections on the elements that
foster this phenomenon, in order to build new perspectives in the field of action of the educational interpreter of Libras,
with emphasis on the collaborative work between the teacher and the educational interpreter. With a unique case study,
Mestranda em Educação Especial. Instituto Federal de São Paulo – IFSP, Pirituba, São Paulo, Brasil. E-mail: pattycardoso.
oli@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0831-9767
Doutora em Educação. Docente associada do curso de Licenciatura em Educação Especial e do Programa de pós-graduação
em Educação Especial, Universidade Federal de São Carlos – UFSCAR, São Paulo, Brasil. E-mail: clacerda@ufscar.br.
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3250-1374
2-20 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 2, e0240021, 2024.
OLIVEIRA, Patrícia Cardoso de; LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de
through the simple self-confrontation instrument proposed by Yves Clot (2010) with an approach in the psychodynamics
of work that sought to promote the reflection of ones own action during the work activity. Intertwining the conception
of Sobral (2008) and the assumptions of Bakhtin (2009, 2010) that emphasize the dialogic nature of language, it argued
that the meaning of words emerges from interaction in specific contexts and the field of translation that there is a need to
recreate the dialogue between different cultures and social contexts. Resulting in the survey of the following elements that
confer complexity. Resulting in the survey of the following elements that confer complexity to the interpretative act in the
educational sphere: I) construction of concepts: from simple to complex; II) collaborative work between the teacher and the
educational interpreter; III) emotional aspects in the performance of the educational interpreter.
Keywords: Special education. Complexity. Interpretation. Portuguese language. Brazilian Sign Language.
INTRODUÇÃO
O intérprete de Libras desenvolve suas atividades de trabalho realizando a mediação
da comunicação entre falantes de duas línguas distintas, uma oral-auditiva (português) e a
outra viso-espacial-gestual (Libras), possibilitando a comunicação e interações entre o ouvinte
e o surdo e vice-versa. Este profissional atua como tradutor e intérprete, intermediando a
comunicação entre surdos e ouvintes garantindo o acesso pleno à informação e promovendo
a inclusão. Essa profissão, ainda é considerada uma profissão jovem, inclusive alvo de ampla
discussão, acerca de todos os processos e requisitos à prestação de serviço desse profissional.
A profissão de intérprete de Libras, teve seu primórdio na esfera religiosa, com a
intenção de evangelizar os surdos nas igrejas, templos e outras comunidades, com o passar
dos anos e da maior inserção da comunidade surda na sociedade essa atuação passou a ser
requisitada em outras esferas (Belém, 2010). E com a presença mais ampla de legislações
acerca da educação inclusiva os surdos passaram a estar mais presentes nas salas de aulas,
tanto em escolas bilíngues quanto em escolas comuns, promovendo assim a demanda pelo
profissional intérprete educacional (IE).
Enfatiza-se, que este profissional em sua função difere do intérprete que atua em
outras esferas, por conta das atribuições somadas ao processo de interpretação. O profissional
que atua fora da esfera educacional, está focado na transmissão do enunciado de uma língua
para outra, e a depender da relação social em que este trabalho está inserido, muitas vezes
esse profissional não perfaz um contato direto com o público-alvo de sua interpretação,
o que o distingue do intérprete educacional. E na esfera educacional esse profissional é
agente colaborativo do processo formativo do aluno surdo, tendo como uma as funções,
para além da interpretação dos enunciados, a participação no processo de ensino no que
tange a acessibilidade linguística e a contribuição nas ações de atendimento às necessidades
educacionais específicas do estudante com surdez visando garantir a qualidade e a ética em
sua prática, com como o respeito à cultura e à identidade surda do aluno (Belém, 2010).
A capacidade de internalizar significados, compreender o conceito das unidades
lexicais dentro de um contexto frasal, se faz imprescindível ao processo interpretativo entre
duas línguas distintas, para isso é necessário um processo contínuo de análise do discurso
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 2, e0240021, 2024. 3-20
Aspectos que conferem complexidade à interpretação na perspectiva do intérprete
educacional do ensino médio
Artigo
fonte, entendimento das ideias semânticas nele contidas, internalização e memorização desses
significados. Dessa forma, a produção tradução almejada pelo mediador (intérprete), que
busca transmitir fielmente os significados e nuances do discurso original, nem sempre é
plenamente alcançada, devido a questões como limitações linguísticas, diferenças culturais
e desafios de transposição intelinguísticas, ou seja, para que fique passível de entendimento
pelo público-alvo. (Oliveira, 2022).
O versar de português para Libras não é simples, pois não são somente as palavras
pronunciadas, que de forma direta precisam ser versadas para a Libras, mas sim as ideias
contidas na enunciação. Não se trata apenas do que foi dito no português e os significados
convencionais dos termos na Língua Fonte (LF), mas também, do que se pretende com
aquelas palavras, qual o sentido pretendido, a intenção do enunciador (Sobral, 2008).
Assim, durante sua atuação, o profissional passará por momentos de decisões que
ocasionarão o uso de estratégias para conseguir alcançar os sentidos pretendidos nas línguas
fonte e alvo, ou seja, deve-se manter o compromisso com as duas línguas envolvidas, o que
poderá ser trabalhoso em vários momentos.
Para compor este estudo, os pressupostos de Bakhtin (2009, 2010), à luz da
perspectiva dialógica das línguas, se constituíram como base teórica, visto que é nas relações
sociais que a linguagem existe, que a compreensão dos enunciados, a construção de sentidos
e a constituição do sujeito perante sua língua é possível. Nessa mesma perspectiva, o conceito
de ‘dizer o mesmo a outro e de outra forma’ de Adail Sobral (2008), foi assumido como
perspectiva de reflexão para o desdobramento desta pesquisa.
Como base nestes pressupostos teóricos, buscou-se uma metodologia de estudo
que considerasse a língua como atividade dialógica. Para tal constituindo o gênero prático e
empírico, este estudo promoveu uma intervenção reflexiva no contexto pesquisado com o uso
da observação por autoconfrontação simples (Clot, 2010) das performances interpretativas
do sujeito de pesquisa, no âmbito da esfera educacional.
Dessa forma, tem-se como objetivo geral analisar os aspectos complexos da
interpretação educacional de português para Libras, com base no estudo de caso com
procedimento de autoconfrontação simples como instrumento para a construção de novos
conceitos e como objetivos específicos, (i) identificar e entender os elementos que conferem
complexidade a interpretação na esfera educacional e (ii) evidenciar estratégias para o trabalho
colaborativo do professor regente com o IE.
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OLIVEIRA, Patrícia Cardoso de; LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de
MÉTODO
Pesquisa de abordagem qualitativa caracterizada por estudo de caso com
delineamento de sujeito único (Yin, 2001). A metodologia do estudo de caso, se faz viável
mediante a intenção do pesquisador de levantar questões do tipo “como” e “por que”,
mediante a fenômenos inseridos no contexto da vida real. O que faz este estudo perfazer
um desenho empírico-exploratório, com o intuito de explorar o problema de pesquisa com
uma investigação mais aprofundada, para assim fornecer informações acerca do fenômeno
estudado, partindo de uma perspectiva histórico cultural.
Isto posto, a técnica utilizada para este estudo, foi a autoconfrontação simples, proposta
por Yves Clot, na psicologia do trabalho - Clínica da Atividade (Clot, 2010). A autoconfrontação
simples consiste em fazer o profissional pensar sobre sua própria prática laboral.
A AUTOCONFRONTAÇÃO SIMPLES
Esta estratégia é vista por Clot (2010) como um método dialógico de análise do
trabalho, a autoconfrontação simples é uma técnica que utiliza vídeos para confrontar o
sujeito pesquisado, em sua prática de trabalho, criando a possibilidade de reflexão sobre
sua performance, pois não faz uso de situações simuladas, mas de acontecimentos reais de
trabalho, em que o sujeito possa pensar sobre sua atuação real.
A situação de autoconfrontação é aquela em que os operadores, expostos à imagem do
próprio trabalho, começam por colocar em palavras, para serem utilizadas pelo próprio
parceiro-espectador, o que eles julgam ser suas constantes. Assim, eles dialogam com o
outro e com eles mesmos, ao se descobrirem na tela e ao verbalizarem as condutas que
eles observam (Clot, 2010, p. 138).
Após a atividade laboral gravada e a exposição desta ao trabalhador, ele vai se ver na
presença de um outro. Ao se ver, ele vai procurar explicar o que vê e ao fazer isso ele passa a
refletir sobre seu fazer de uma forma nova. Segundo Clot (2010, p. 253), “a autoconfrontação
simples propõe um novo contexto em que o sujeito se torna, por sua vez, um observador
exterior de sua atividade na presença de um terceiro”.
O que proporciona um ambiente favorável a reflexões e diálogos sobre o que se
fez, sobre o que se está vendo, sobre o que poderia ser feito e sobre o porquê que a atividade
foi feita daquela determinada forma. Levando o sujeito de pesquisa a um entendimento
aprofundado da sua atuação em uma situação real de trabalho.
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 2, e0240021, 2024. 5-20
Aspectos que conferem complexidade à interpretação na perspectiva do intérprete
educacional do ensino médio
Artigo
A autoconfrontação integra-se plenamente a um conjunto de dispositivos que visam
à construção conjunta de conhecimento sobre a atividade desenvolvida, um reposicionamento
dos sujeitos envolvidos frente à situação de trabalho.
LóCUS DE PESQUISA
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) é
uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Educação (MEC), especializada na oferta
de Educação Profissional e Tecnológica (EPT), criada por meio da Lei nº 11.892, de 29
de dezembro de 2008, que institui a Rede Federal de Educação Profissional, Científica
e Tecnológica, cria os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, e dá outras
providências. Ainda que vinculado ao MEC, o IFSP detém autonomia administrativa,
patrimonial, financeira, didático-pedagógica e disciplinar.
O estudante matriculado no Ensino Médio do IFSP, cursa as disciplinas do núcleo
propedêutico, conjuntamente com uma formação numa área técnica de escolha. O curso
técnico integrado oferece a formação geral de forma integrada à formação profissional. O
aluno tem as disciplinas do currículo de referência do ensino médio e as específicas do curso
técnico escolhido, a duração é de três ou quatro anos, dependendo de cada curso.
Para este estudo a disciplina selecionada foi a Sociologia ministrada no 1º ano do
Ensino Médio Técnico de Informática, que normalmente é ofertada na modalidade presencial,
porém por estar no período pandêmico, as aulas eram síncronas, ofertadas pelo aplicativo Zoom.
PARTICIPANTE DE PESQUISA
Os seguintes critérios foram estabelecidos para que o IE do ensino médio, fosse
elegível a participar desta pesquisa: i) estar atuando como intérprete em sala de aula virtual
(atividades educacionais remotas) no ensino médio integrado do Instituto Federal de São
Paulo; ii) ter um acervo em ambiente virtual contendo a gravação das aulas síncronas; iii)
acompanhar aluno surdo sinalizante em Libras.
O curso normalmente é oferecido presencialmente, porém, o período da coleta
de dados da pesquisa ocorreu na pandemia, onde a profissional entrevistada, tinha acesso
as videoaulas. Este material fica disponibilizado no Youtube, em um canal criado para ser
o acervo das aulas do estudante surdo, que foi disponibilizado para a pesquisadora com a
autorização do docente da disciplina e do estudante surdo.
Portanto, levando em conta todos esses fatores e aspectos elencados, de um
universo de 43 profissionais, atuantes em diversos Institutos Federais em São Paulo, ficou a
intérprete do campus IFSP escolhido, elegível a ser sujeito de pesquisa neste estudo, devido a
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OLIVEIRA, Patrícia Cardoso de; LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de
mesma atender todos os critérios instituídos para inclusão de participante neste processo de
investigação.
Pedagoga de formação, especialista em tradução e interpretação e mestre em
educação especial, a participante escolhida para fazer parte deste estudo, atua na área de
tradução e interpretação de Libras desde 2006 e passou a atuar formalmente como IE no ano
de 2011. E a partir de 2020 passou a ser intérprete educacional no IFSP, todo esse percurso
atribui a participante um arcabouço valioso a sua atuação e a sua participação neste estudo.
SELEÇÃO DO MATERIAL PARA AS SESSõES DE AUTOCONFRONTAÇÃO
As vídeo-aulas de sociologia do curso integrado de informática do IFSP, foram
elencadas de 1 a 6, sendo o vídeo 1 a aula ministrada em 23 de setembro de 2020 e o vídeo 6
a aula ministrada em 03 de novembro de 2021, ou seja, as vídeo-aulas foram analisadas por
ordem cronológica das datas em que foram ministradas.
As aulas síncronas de sociologia foram assistidas na integra, sendo que cada aula
tinha em média 50 minutos e o total de aulas foram 6, se somou então 5 horas de aulas
assistidas. Com a contemplação dos momentos em que o docente da disciplina intui inserir
a constituição de novos conceitos para o aluno surdo, sempre com a observação da atuação
da intérprete de Libras participante da pesquisa. Foi um período de análise, de escuta atenta
e identificação dos momentos que ofertam maior atenção, no ato interpretativo de português
para Libras.
Todos os vídeos foram assistidos minuciosamente e os trechos em que esses novos
conceitos foram ministrados foram elencados e separados para análises posteriores e para
subsídio da autoconfrontação com a participante da pesquisa.
Dos trechos que foram selecionados a partir dessas videoaulas, quatro variáveis
foram configuradas como itens de inclusão destes trechos nas sessões de autoconfrontação,
foram contempladas as seguintes variáveis de análise:
QUADRO 1 - Variáveis de análise
(I) construção de novos conceitos;
(II) pausas reflexivas da intérprete, para construção da interpretação;
(III) presença de uma prolongada construção explicativa por
parte do docente da disciplina, para auxiliar a intérprete;
(IV) equívocos tradutórios;
Fonte: elaborado pela autora.
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 2, e0240021, 2024. 7-20
Aspectos que conferem complexidade à interpretação na perspectiva do intérprete
educacional do ensino médio
Artigo
Partindo da experiência empírica das autoras com os processos de tradução e
interpretação, sendo que estas estão inseridas na área a um tempo relevante para as análises desta
pesquisa. O critério de exclusão, foi a observação de fala sem ambiguidade, continuamente
passível de interpretação por parte da participante de pesquisa, sem maiores dificuldades. Para
o momento da realização da entrevista de autoconfrontação simples, foram separados a priori,
vinte e um trechos retirados das vídeos-aulas de sociologia do curso técnico de informática
integrado do ensino médio.
Os trechos escolhidos, perfizeram momentos de pausas reflexivas, interrupções por
parte da intérprete educacional, buscas de esclarecimentos junto ao docente, com a situação
em que o docente a priori fez uma explicação dos conceitos para a mediadora da comunicação,
enquanto a interpretação estava pausada, para que a posteriori a mensagem fosse interpretada
para o aluno surdo, assim como estavam presentes também nesses momentos prolongamentos
explicativos no ato interpretativo.
ORgANIzAÇÃO DAS SESSõES DE AUTOCONFRONTAÇÃO SIMPLES
As sessões de autoconfrontação simples, a priori foram instituídas em três encontros
síncronos on-line, porém ao longo das sessões ficou evidente que apenas dois encontros seriam
o suficiente para compor a intenção desta pesquisa.
As sessões de autoconfrontação simples foram conduzidas pela pesquisadora, por
meio de roteiro organizado, compondo a seguinte sequência:
QUADRO 2 – Roteiro para sessão de autoconfrontação
(I) acolhimento da participante de pesquisa;
(II) explicação do instrumento de pesquisa;
(III) reprodução do trecho pré-selecionado;
(IV) observação do trecho;
(V) abertura para explanação da entrevista;
(VI) repetição do trecho caso requerido;
Fonte: elaborado pela autora.
A participante da pesquisa, teve total liberdade de conduzir suas explanações, já
que não se visa neste estudo a obtenção de respostas prontas e/ou objetivas sobre os temas
que foram abordados. Assim como buscou-se aprofundar qualitativamente na problemática
estudada, afim de constituir dados relevantes para a formulação de hipóteses acerca dos
aspectos que conferem complexidade a interpretação de português para Libras.
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OLIVEIRA, Patrícia Cardoso de; LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de
PROCEDIMENTO UTILIzADO PARA AS ANáLISES
Para análise dos enunciados produzidos nas sessões de autoconfrontação utilizamos
a proposta de Borges e Silva (2017). Para os autores a análise dos dados produzidos a partir
de entrevistas narrativas e filmagens podem ser tratados por uma análise temática dialógica.
Trata-se de um método analítico qualitativo amplamente utilizado em pesquisas, conforme
disposto por Braun e Clarke (2006), que afirmam que este método é fundamental para uma
análise qualitativa, pois fornece habilidades básicas inerentes a esse tipo de processo analítico.
A transcrição da narrativa é, geralmente, a primeira etapa da análise temática dialógica.
É por meio da transcrição que o pesquisador inicia sua imersão e familiarização com
os dados produzidos, ainda que tenha sido ele mesmo o interlocutor no momento
desta produção. As entrevistas e/ou os materiais verbais produzidos na pesquisa são
transcritos na íntegra constituindo arquivos digitais. Durante as transcrições, além dos
enunciados propriamente ditos (palavras pronunciadas), são registradas as pausas, as
entonações, as interjeições, as tartamudezes e os silêncios, posto que esses elementos
também compõem as enunciações (Borges e Silva, 2017, p. 251-252).
Os materiais verbais e filmagens resultantes das sessões de autoconfrontação, que
foram gravadas por reuniões online no Google Meet, foram analisados seguindo a sequência
proposta pelas autoras: a) transcrição das entrevistas; b) definição das unidades analíticas; c) a
leitura intensiva do material transcrito; d) organização das enunciações em temas e subtemas;
e) a elaboração e análise de mapas semióticos (Borges e Silva, 2017).
A transcrição das sessões foi realizada na integra, não apenas das palavras ditas e dos
enunciados, mas também foram considerados os momentos de silêncio, as expressividades
verbais e não verbais, assim como todos os elementos não verbais que compõem os enunciados.
Após a etapa de transcrição dos vídeos, foi feita uma ostensiva revisão de texto, para
que nenhuma nuance fosse omitida. Em seguida, passou-se para a definição das unidades
analíticas, destacando elementos considerados importantes na perspectiva da intérprete
educacional participante da pesquisa, elementos recorrentes e outros que de alguma forma
atendiam as metas deste estudo. Com a leitura da transcrição e escuta atenta dos áudios dos
encontros de autoconfrontação pôde-se levantar os seguintes temas:
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 2, e0240021, 2024. 9-20
Aspectos que conferem complexidade à interpretação na perspectiva do intérprete
educacional do ensino médio
Artigo
QUADRO 3 – Elementos que conferem complexidade a interpretação
do Português para a Libras na esfera educacional
(I) não receber os conteúdos das aulas com antecedência;
(II) conteúdos complexos;
(III) peculiaridades linguísticas do aluno surdo;
(IV) falta do trabalho colaborativo do professor com o intérprete;
(V) falta de domínio do conteúdo da aula, por parte do intérprete educacional;
(VI) pressão emocional que o intérprete educacional sofre durante sua atuação;
(VII) se basear pelo sinal convencional no ato interpretativo;
(VIII) Trajetória formativa do intérprete;
(IX) Desempenhar diversos papeis ao mesmo tempo.
Fonte: elaborado pela autora.
Partindo desses temas, buscou-se condensar as temáticas em unidade analíticas
correlacionadas. Novamente, foi realizada uma leitura intensiva da transcrição dos encontros,
agora focalizando os destaques de cada um dos temas, para assim obter um agrupamento das
enunciações, que pudessem compor unidades temáticas similares e ou que se complementam,
sempre considerando os objetivos do estudo. Para tanto, foi idealizado um mapa de significados
correlatos (Figura 1) construído por meio da análise da dinâmica e inter-relação existente
entre os temas elencados na tabela 3.
FIGURA 1 - Mapa de Significados Correlatos
Fonte: elaborado pela autora
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OLIVEIRA, Patrícia Cardoso de; LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de
Seguindo o percurso de análise dos temas levantados, as seguintes unidades analíticas
relevantes para este estudo, foram organizadas:
QUADRO 4 - Unidades analíticas
( I ) construção de conceitos: de simples a complexos;
( II ) o trabalho colaborativo entre docente e intérprete educacional;
( III ) aspectos emocionais na atuação do intérprete educacional.
Fonte: elaborado pela autora
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nas enunciações da intérprete educacional, buscou-se compreender como se procede
o trabalho de interpretação de aspectos considerados complexos e suas implicações em sua
atuação. As análises foram feitas à luz do referencial teórico apresentado, que auxiliou na
busca pela resposta à grande questão desta pesquisa: Quais são os possíveis elementos que
conferem complexidade a interpretação de Libras na esfera educacional do ensino médio?
Nesse sentido, os temas de análise elencados foram: (I) Construção de conceitos:
de simples a complexos; (II) O trabalho colaborativo entre docente e intérprete educacional;
(III) Aspectos emocionais na atuação do intérprete educacional.
CONSTRUÇÃO DE CONCEITOS: DE SIMPLES A COMPLEXOS
O intérprete faz uso de estratégias, que conduzam para uma tradução e interpretação
que produza uma construção de sentido
3
, dentro das possibilidades que os contextos forneçam.
Como afirma Lacerda (2015), o intérprete atua na fronteira entre os sentidos da língua de
origem e da língua alvo, com os processos de interpretação relacionados com o contexto no
qual o signo é formado.
O sentido do enunciado é construído na interação verbal e é atualizado no contato
com outros sentidos, na relação estabelecida entre interlocutores. A interpretação é
um processo ativo, que procede de sentidos que se encontram, existindo, apenas, na
relação entre eles, como um elo nessa cadeia de sentidos. Pode-se dizer, assim, que a
interpretação se revela na multiplicidade de sentidos existentes (Lacerda, 2015, p. 08).
O processo de tradução e interpretação não pode estar focado apenas no nível
linguístico, mas precisa levar em conta aspectos culturais e situacionais, e é por isso, que
O sentido, aquilo que algo que dizer, ou melhor aquilo que alguém quer dizer usando algo, não é algo pronto, mas sim algo
construído, a partir das possibilidades de expressão da língua e das situações em que essa língua é usada – nessas situações
de uso (Sobral, 2008, p. 131).
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 2, e0240021, 2024. 11-20
Aspectos que conferem complexidade à interpretação na perspectiva do intérprete
educacional do ensino médio
Artigo
a ênfase deve estar na construção de sentidos (Lacerda, 2015). Na construção de novos
conceitos, não só estão em jogo as escolhas interpretativas do IE, mas também o caminho
explicativo do professor e o processo de aquisição de conceitos do jovem surdo.
O fato abordado por Vygotsky (2008), sobre a dificuldade dos adolescentes em
expressar conceitos por meio de palavras, mesmo que compreendam esses conceitos de foram
concreta, é corroborado pela observação realizada nas aulas selecionadas para este estudo.
Durante essas aulas, ministradas na disciplina de sociologia, o professor frequentemente
propunha a construção de novos conceitos aos alunos, nas quais ocorriam proposições de
construção de novos conceitos por parte do docente da disciplina de sociologia.
Dentro deste contexto, podemos salientar que para o aluno alcançar a construção do
conceito pretendido pelo professor foram necessárias diversas tentativas de explicações, sendo
algumas propostas pelo professor, outras pela intérprete e essa interação entre eles se fez vital
para que o objetivo da aula fosse alcançado.
Objetivo esse testado através de questionamentos que o docente fazia ao aluno
surdo, sobre o que ele acabará de explicar e enquanto o aluno não lograva êxito na resposta
desses questionamentos, docente e IE continuavam com as tentativas de fazer o estudante
compreender o conceito que estava sendo ministrado.
Neste aspecto, fica perceptível o fluxo árduo do processo de interpretação de novos
conceitos. Nitidamente, a intérprete entrevistada avalia que não houve fruição dos argumentos,
percebe que pausas e retomadas precisaram ser realizadas, consultas colaborativas entre professor
e intérprete, da intérprete com o aluno surdo e da intérprete com professor, para que cada
um com suas contribuições favorecesse a construção de sentidos para o aluno na direção do
conceito pretendido. No que tange a interpretação educacional essa triangulação é e precisa
ser cotidiana, pois, em sala de aula onde se tem alunos surdos, o processo de comunicação se
constitui através de um enunciador em língua portuguesa (professor), um enunciador em língua
de sinais (intérprete educacional) e o alvo dessas enunciações (aluno surdo).
Sobremaneira, a intérprete, quando fica à frente de um conteúdo pela primeira vez,
no ato da sua enunciação, ela tem que dispor de várias funções para conseguir efetuar a sua
performance de forma eficaz, o que acentua a complexidade do processo. Segundo Magalhães
(2007), isso ocorre porque a comunicação é um processo dinâmico, o que envolve mais do
que a substituição de palavras, a depender das línguas envolvidas, podem haver alterações
semânticas a serem compensadas.
O intérprete educacional está exposto a muitos conteúdos e é capaz de media-los de
português para Libras, mas em contrapartida este profissional, por vezes, pode não conseguir
explicar conceitos específicos contidos nos enunciados pretendidos, por serem termos que não
fazem parte da sua área de conhecimento aprofundado, requerendo uma atenção maior do
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OLIVEIRA, Patrícia Cardoso de; LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de
docente da disciplina em ações de planejamento para alinhar com a intérprete a significação
de conceitos, antes de construir com o aluno surdo.
O TRAbALhO COLAbORATIVO NA PERSPECTIVA DO INTÉRPRETE EDUCACIONAL
Para o intérprete, entender o sentido pretendido pelo enunciador é fundamental, é a
base da escolha dos sinais que irá empregar na interpretação. Pois, para o (Sobral, 2008), ao se
realizar uma tradução é fundamental se ater a dimensão e construção de sentidos. Para tanto
é necessário tempo hábil para estudo e análise dos conteúdos alvo do processo interpretativo.
No caso da intérprete que estamos analisando, a queixa central é de não receber com
antecedência os conteúdos que serão apresentados nas aulas de Sociologia, de não se preparar
com antecedência para a atividade. Assim, pode-se revelar que não receber tais conteúdos
com antecedência, prejudica o profissional. Por falta de estudo do conteúdo e de tempo para a
elaboração de estratégias interpretativas as soluções tradutórias que ela encontra são avaliadas
por ela como menos interessantes.
Quando existe entre o professor regente e o IE uma interlocução, uma preparação,
a performance desse profissional é positivamente influenciada, segundo a participante. Como
podemos constatar no seu relato, quando cita o docente da disciplina de exatas, alegando que
o trabalho colaborativo com este professor acontece de forma eficaz, com a antecipação dos
conteúdos, com o diálogo sobre as melhores estratégias para ministrar esses conteúdos para o
aluno surdo e com o esclarecimento de dúvidas, antes das aulas acontecerem.
O fato de o intérprete receber o material antecipadamente, compondo um trabalho
em parceria com o docente da disciplina, parece contribuir para que o processo tradutório
intermodal (oral para sinalizado) flua, pois assim, o intérprete dispõe de tempo para lidar com
a complexidade de traduzir esses conteúdos ainda que se trate de conteúdo de uma área que
não seja a de maior conforto para ele.
Para corroborar com esses elementos, Santos (2014) aponta aspectos específicos para
a atuação do intérprete em diferentes níveis educacionais:
[...] preparação anterior à atuação em sala de aula por meio de estudo/leitura; pesquisa
de vocabulário específico dos conteúdos a serem abordados; conhecimento acerca
das tecnologias e mídias que favorecem o processo tradutório; conhecimento das
áreas temáticas e diferentes disciplinas escolares; conhecimento das projetos de
desenvolvimento humano e de linguagem; preparação para o trabalho junto à equipe
escolar ; relações de parceria intérprete/professor e intérprete/aluno; conhecimentos
pedagógicos; dentre outros (Santos, 2014, p. 86).
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 2, e0240021, 2024. 13-20
Aspectos que conferem complexidade à interpretação na perspectiva do intérprete
educacional do ensino médio
Artigo
Assim, o professor contribui com o acesso antecipado ao conteúdo, o IE busca
adequar as formas de dizer com a realidade do aluno surdo e daí deriva a prática no momento
da aula. A intérprete educacional pesquisada defende a junção dessas experiências como meta
para se pensar no trabalho em colaboração com o professor.
O domínio da matéria a ser trabalhada, a preparação da aula responsabilizando-
se pelos conteúdos que serão ensinados e estratégias que serão usadas, é da
competência do professor. Se ele fizer o planejamento conjuntamente com o
intérprete educacional, este poderá com seus conhecimentos sobre a surdez e sobre
os alunos surdos, colaborar com sugestões e ideias que tornarão a aula mais visual,
mais adequada aos alunos surdos, o que não implicaria num planejamento que
atendesse somente aos alunos surdos, mas também aos demais alunos, ouvintes, que
poderiam se beneficiar da mesma forma, dos recursos e estratégias utilizados pelo
professor (Belém, 2010, p. 112).
O fato levantado pela IE entrevistada, de que o trabalho colaborativo é feito a
contento por alguns docentes, mas por outras nos traz à tona uma reflexão sobre a diferença
entre o que está documentado, na legislação interna da instituição, e o que se efetiva na
prática do dia a dia. Mesmo a instituição pesquisada sendo sensível aos subsídios necessários
a atuação do IE e tendo dentro do seu escopo de legislação portarias, resoluções e instruções
normativas que resguardam a regulamentação da atividade do intérprete, ainda se pode
encontrar práticas que destoam dos acordos documentais registrados na instituição.
A instituição dispõe, entre outras normativas, de uma instrução normativa que
estabelece orientações e diretrizes sobre as formas e estratégias de trabalho do intérprete, no
âmbito do IFSP. A instrução normativa nº 001, de 13 de agosto de 2020, dispõe na sua seção
III – Das orientações aos docentes, de itens que evidenciam qual o papel do docente perante
ao intérprete educacional e o que este precisa fornecer para que o trabalho de ambos possa de
realizar satisfatoriamente. No seu artigo sétimo a instrução dispõe entre outros requisitos que
cabe ao docente dentro do âmbito do IFSP:
§2º Fornecer os conteúdos e materiais referentes à disciplina ao discente e ao TILSP
por meio do SUAP
4
com antecedência, para que o estudante possa se organizar
antecipadamente, inteirar-se do material e vocabulário. Também receber uma
sinalização mais específica, com sinais dicionarizados/reconhecidos pela comunidade
surda, criados ou até mesmo pesquisados/adaptados (IFSP, 2020, p. 3).
O Sistema Unificado de Administração Pública (SUAP) é o principal sistema para gestão dos processos administrativos
do IFSP
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OLIVEIRA, Patrícia Cardoso de; LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de
Assim como dispõe sobre o trabalho em colaboração desses profissionais em relação a
preparação dos materiais de aula de forma conjunta, presente na seção III, artigo 7, parágrafo
4 da instrução normativa do IFSP, que especifica que o docente necessita:
§4º Adequar o conteúdo didático a realidade da pessoa surda com uma linguagem
simples e objetiva, de acordo com as habilidades/competências do discente, as quais
deverão ser previamente diagnosticadas pelos próprios docentes em parceria com o
TILSP (IFSP, 2020, p. 4).
No entanto, esse trabalho colaborativo apesar de previsto na documentação do
Instituto Federal de São Paulo, nem sempre se converte em ações efetivas. A intérprete percebe
problemas em sua atuação causadas pelo não acesso antecipado aos conteúdos. Além disso,
mesmo que o professor adote uma postura de fornecer novas estratégias elas dependem das
possibilidades de tradução e dos conhecimentos prévios do estudante. Uma aula não nasce
no ato da sua ministração, ela é pensada e planejada, assim o IE também precisa desse recurso
reconhecido como subsídio para a sua atuação, para que consiga preparar a interpretação da
aula em Libras nos moldes que atendam as especificidades do aluno surdo, configurando
então um trabalho em colaboração do docente da disciplina com o IE.
ASPECTOS EMOCIONAIS NA ATUAÇÃO DO INTÉRPRETE EDUCACIONAL
A falta do trabalho em colaboração do professor regente, dos recursos disponibilizados
antecipadamente para o intérprete educacional, acarreta a este profissional uma carga a mais
de pressão em relação a sua atuação na sala de aula, tendo este que suprir aspectos que não lhe
cabem, como a responsabilidade de ensino, avaliação e aprendizagem do aluno surdo. Assim
como a função de transferir, traduzir e interpretar conteúdos que não são do seu domínio, que
não fazem parte da sua formação, conteúdos que não foram acessados anteriormente, que não
foram estudados. Todos esses aspectos, influenciam no processo de tradução e interpretação
do IE, pois este se vê em situações nas quais não consegue executar a contento a sua função,
por conta da falta de subsídios necessários e por causa das pressões sofridas durante o processo
de interpretação educacional.
A pesquisa de Dias (2018), traz a questão emocional e a pressão psicológica como
fatores que afetam o ato interpretativo. Estudos como os de Woodcock e Fischer (2008) e de
Guarinello e Lisboa (2017) afirmam que os profissionais intérpretes de língua de sinais têm
uma sobrecarga psicológica, devido a pesada carga horária de trabalho, ao pouco, ou nenhum,
tempo de descanso, ao esforço de movimentos repetitivos e incessantes, e também pelo fato
de não conhecerem os conteúdos a serem interpretados ou de não conhecerem os surdos para
quem irão interpretar, o que pode causar a eles estresse cognitivo, mental e físico.
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 2, e0240021, 2024. 15-20
Aspectos que conferem complexidade à interpretação na perspectiva do intérprete
educacional do ensino médio
Artigo
Alguns intérpretes podem se sentir intimidados por pessoas em posições de poder,
assuntos específicos ou até mesmo certos consumidores. Embora possam ser capazes
de interpretar o conteúdo discutido na situação, sentem-se desconfortáveis. [...]
discutir o assunto ou interpretar as preferências com os consumidores surdos pode
ajudar a desmistificar a situação. Se o problema for conhecimento de conteúdo ou
como transmitir um conceito em língua de sinais, trazer os enunciadores e os surdos
para o processo de interpretação pode ser útil (Woodcock; Fischer, 2008, p. 45).
Durante o processo de pesquisa a participante se vê frente a uma explicação
proferida pelo docente, que em seu julgamento se faz ineficiente e fica em um dilema: devo
complementar ou não? Quando ela opta por fazer esses complementos, ela permanece em
tensão porque se julga: será que fiz certo ou será que atribui a mim uma função de docência
que não é minha? Ou seja, a participante convive com uma sensação de insegurança durante
todo seu ato interpretativo, sempre se colocando em dúvida sobre como agir – já que busca a
compreensão do aluno, mas para isso, por vezes, sai de seu papel de intérprete, não seguindo
à risca a explicação do professor.
Barbosa (2004) ressalta a importância da formação profissional considerando as
peculiaridades linguísticas e culturais da Libras e sua transposição, tão necessária para tornar
visível e compreensível as escolhas técnicas utilizadas pela intérprete.
Fica explicito na fala da intérprete a tensão permanente do ‘fazer escolhas’: hora
tradutórias, hora para decidir se apenas interpreta ou se também ensina o aluno surdo, com
suas próprias estratégias para além das trazidas pelo professor da disciplina. E além de todo
esse processo, ainda fica numa constante avaliação sobre se alcançou o entendimento do aluno
surdo ou não. Demonstrando assim sua fragilidade profissional, preceitos éticos e regimentais
presentes nos documentos da instituição que atua.
Todos esses pontos geram na intérprete, uma série de dilemas ao longo da sua
atuação, e um desses dilemas, segundo Woodcock e Fischer (2008), é a necessidade de abster-
se de corrigir “injustiças”, fator presente nas concepções da profissão como uma atribuição do
intérprete, o que pode causar conflitos emocionais adicionais e inesperados.
No caso da entrevistada, esses dilemas são corriqueiros e ao longo dos processos
de autoconfrontação, ela se percebe diante de vários momentos, em que não sabe se pausa
o professor, se explica a seu modo, se diz que o surdo não está entendendo, se fala para o
professor que faltou trabalho colaborativo, se fala para o professor que ela não entendeu o
conteúdo, entre outros dilemas. Ela identifica uma pressão emocional constante, por não
conseguir realizar seu trabalho a contento e por não saber ao certo como agir diante das
situações complexas que enfrentava na interpretação das aulas de sociologia.
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OLIVEIRA, Patrícia Cardoso de; LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de
Então os aspectos emocionais relativos a atuação do intérprete, não são apenas interpessoais,
mas também intrapessoais. A partir do momento em que a intérprete se sente constrangida com
o fato de perceber que o docente está tomando um caminho explicativo pouco producente e
inconsistente no que tange atingir o perfil do aluno surdo, e passa a sentir emoções em relação a
isso. Ela exerce sobre si uma pressão, e por vezes o professor nem toma conhecimento dessa pressão
que a intérprete está se colocando. A interpretação constitui claramente um trabalho que implica
e é implicado por emoções, e se sentimentos como raiva, impotência e constrangimento estiverem
presentes no ato interpretativo este pode sofrer prejuízos.
Sendo assim, a complexidade dos processos de construção de conceitos sobrecarrega
o trabalho do IE, principalmente no que tange o ensino a nível médio, por conta do perfil
do jovem surdo, que em suma, apresenta dificuldade de abstração de conteúdos, quando
questionado sobre o que foi transmitido. Então para que o trabalho desse profissional
possa fluir com mais eficácia, demanda-se uma colaboração dos profissionais envolvidos
no processo de ensino e aprendizagem do aluno surdo, pois quando o intérprete não conta
com esse trabalho em colaboração ele se sobrecarrega, porque para além das dificuldades já
arraigadas ao processo de interpretação, se somam aspectos emocionais que tornam a atuação
do intérprete ainda mais complicada.
CONCLUSõES
O desenvolvimento acadêmico do aluno surdo é diretamente influenciado pela
negligência cumulativa de todo um processo educacional, tendo atuação do intérprete de
Libras, a função de mediar a comunicação e viabilizar a constituição desse estudante como
sujeito participante do ambiente acadêmico.
Isto posto, o IFSP foi escolhido como locus de pesquisa, por ter uma legislação
interna acerca do trabalho do IE, o que pode ser considerado um avanço na área. Este ponto
é positivo, porém, ter as normativas não garante que as ações nela contidas de fato serão
realizadas, fica exposto nesta pesquisa que essas legislações carecem de maior divulgação e
apropriação por parte dos envolvidos no trabalho do IE, ou seja, o desafio de fazer o regimento
se tornar uma prática, ainda permanece.
Pois o IE faz parte do processo formativo do aluno surdo, tendo como função,
bem mais que a interpretação dos enunciados, tem a incumbência de contribuir nas ações
de atendimento às necessidades educacionais específicas do estudante com surdez e carece
desse reconhecimento e que os professores que são responsáveis pelo processo de ensino e
aprendizagem possam trabalhar em conjunto com o IE.
Sendo assim, o entendimento sobre os subsídios que estes profissionais precisam
para perfazer uma interpretação eficaz, precisa de uma atenção, pois a essência da tarefa do IE
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 2, e0240021, 2024. 17-20
Aspectos que conferem complexidade à interpretação na perspectiva do intérprete
educacional do ensino médio
Artigo
no ensino médio é tornar o desconhecido compreensível e visto que a formação dos conceitos
é resultado de uma complexa atividade em que todas as funções intelectuais fundamentais
participam, se faz necessário vivenciar transferências de significados, para além da palavra e
para além do objeto que carregam a ideia correlata a um determinado conceito para conseguir
compreende-lo.
Consonante a isto, a concepção de um trabalho coletivo e dialógico, com a
possiblidade de compartilhamento dos saberes específicos desses profissionais é uma das
premissas que essa pesquisa releva, corroborando com a ideia da necessidade da criação de
um espaço formativo e, colaborativo entre professores e IE, para esses profissionais, no qual a
junção das experiências destes propiciará possivelmente um processo de ensino e aprendizagem
mais efetivos no que tange preparar o aluno surdo para a vida adulta e profissional.
Fato ligado diretamente ao aspecto emocional inerente a função do IE, interferindo
diretamente nos processos de cognição mental, exigidos no ato interpretativo. E para além
dessa interferência, outras situações emergem por conta da pressão emocional envolvida no
trabalho do intérprete, questões de saúde mental e emocional.
Portanto, para que esses aspectos possam ser tratados se faz necessário ouvir as
angústias do IE em relação aos subsídios que este precisa para desempenhar o seu trabalho.
Perspectiva que ainda precisa ser mais explorada, com um aprofundamento nesta questão da
pressão emocional sofrida por este profissional ao longo da sua atuação, quais as causas raiz
desse julgamento auto infringido, quais estratégias para além da colaboração podem atenuar
esses aspectos emocionais.
A exposição dos elementos que conferem complexidade a interpretação educacional
no ensino médio, não perfaz todo o escopo necessário da pesquisa para alavancar a atuação do
IE, muito mais há para se aprofundar, e a base geral para esse aprofundamento é a relação da
tríade professor – aluno surdo – intérprete educacional, pois é na interação desses envolvidos
que a função desse profissional acontece. A busca por soluções precisa advim dessa relação,
cada membro da tríade pode contribuir com a sua perspectiva em relação a colaboração, é
preciso criar uma cultura inclusiva e colaborativa nas instituições para que o trabalho do TILS
possa acontecer em sua totalidade e com resultados mais qualitativos.
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