PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS NA
EDUCAÇÃO BÁSICA: UMA ANÁLISE DA
PRODUÇÃO CIENTÍFICA
INCLUSIVE PEDAGOGICAL PRACTICES IN
ELEMENTARY EDUCATION: AN ANALYSIS OF
SCIENTIFIC PRODUCTION
Eron Moreno Chagas ROCHA
Mestre em Design. Professor da rede municipal de ensino de Cambé, Paraná, Brasil.
https://orcid.org/0009-0000-5043-5326 | eron.moreno.chagas@uel.br
Deivid Alex dos SANTOS
Doutor em Educação. Professor colaborador no Departamento de Educação do Centro de Educação,
Comunicação e Artes da Universidade Estadual de Londrina – UEL, Londrina, Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-2611-6947 | mensagemprodeivid@gmail.com
ROCHA, Eron Moreno Chagas; SANTOS, Deivid Alex dos. Práticas pedagógicas inclusivas na educação básica: uma
análise da produção científica. Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 2, e0240024, 2024.
RESUMO: Essa pesquisa buscou analisar a produção científica sobre as práticas pedagógicas utilizadas pelos professores
da Educação Básica, favorecedoras da aprendizagem de alunos com deficiência sob a perspectiva analítica do Desenho
Universal para a Aprendizagem (DUA). Foi feita uma busca bibliográfica baseada em três palavras-chave: deficiência,
práticas pedagógicas e inclusão. Para todos os documentos encontrados foram determinados como critérios de inclusão:
abordar práticas pedagógicas com alunos com deficiência, publicações entre 2011 e 2022, pelo portal de periódicos da
capes e possuir: “prática pedagógica”, no título e no resumo. Como resultado, foram encontrados 16 artigos, destacando-
se a compreensão de professores sobre a Educação Inclusiva, a Atuação do Atendimento Educacional Especializado
(AEE), o uso do Plano Educacional Individualizado (PEI), estimulação positiva dos professores e família na educação.
A pesquisa também apontou os desafios da adequação do currículo escolar e da formação dos professores para um
ensino que contemple a participação e aprendizagem de todos. Sob a análise crítica da abordagem do DUA, este estudo
evidenciou que ainda estamos longe de ter currículos e professores preparados para a realização de práticas pedagógicas
que todos possam participar sem a necessidade de adaptações no momento da aula na Educação Básica.
PALAVRAS-CHAVE: Deficiência. Práticas pedagógicas. Inclusão.
ABSTRACT: this research sought to analyze the scientific production on the pedagogical practices used by elementary
education teachers, which favor the learning of students with disabilities from the analytical perspective of Universal
Design for Learning (UDL). A bibliographic search was carried out based on three keywords: disability, pedagogical
practices and inclusion. For all documents found, inclusion criteria were determined: addressing pedagogical practices
with students with disabilities, publications between 2011 and 2022, through the portal de periódicos da capes
and having: “pedagogical practice”, in the title and abstract. As a result, 16 articles were found, highlighting the
understanding of teachers about inclusive education, the performance of Specialized Educational Assistance (SEA), the
use of the Individualized Educational Plan (IEP), positive stimulation of teachers and family in education. e survey
also pointed out the challenges of adapting the school curriculum and training teachers for a teaching that contemplates
everyone’s participation and learning. Under the critical analysis of the UDL approach, this study showed that we are
still far from having curricula and teachers prepared to carry out pedagogical practices that everyone can participate in
without the need for adaptations during classes in basic education.
KEYWORDS: Disability. Pedagogical practices. Inclusion.
REVISTA DIÁLOGOS E PERSPECTIVAS EM
EDUCAÇÃO ESPECIAL
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS
https://doi.org/10.36311/2358-8845.2024.v11n2.e0240024
is is an open-access article distributed under the terms of the Creative Commons Attribution License.
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 2, e0240024, 2024. 1-20
Práticas pedagógicas inclusivas na educação básica: uma análise da produção
científica
Artigo
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS NA
EDUCAÇÃO BÁSICA: UMA ANÁLISE DA
PRODUÇÃO CIENTÍFICA
INCLUSIVE PEDAGOGICAL PRACTICES IN
ELEMENTARY EDUCATION: AN ANALYSIS OF
SCIENTIFIC PRODUCTION
Eron Moreno Chagas ROCHA
1
Deivid Alex dos SANTOS
2
RESUMO: Essa pesquisa buscou analisar a produção científica sobre as práticas pedagógicas utilizadas pelos professores
da Educação Básica, favorecedoras da aprendizagem de alunos com deficiência sob a perspectiva analítica do Desenho
Universal para a Aprendizagem (DUA). Foi feita uma busca bibliográfica baseada em três palavras-chave: deficiência, práticas
pedagógicas e inclusão. Para todos os documentos encontrados foram determinados como critérios de inclusão: abordar
práticas pedagógicas com alunos com deficiência, publicações entre 2011 e 2022, pelo portal de periódicos da capes e possuir:
prática pedagógica”, no título e no resumo. Como resultado, foram encontrados 16 artigos, destacando-se a compreensão
de professores sobre a Educação Inclusiva, a Atuação do Atendimento Educacional Especializado (AEE), o uso do Plano
Educacional Individualizado (PEI), estimulação positiva dos professores e família na educação. A pesquisa também apontou
os desafios da adequação do currículo escolar e da formação dos professores para um ensino que contemple a participação e
aprendizagem de todos. Sob a análise crítica da abordagem do DUA, este estudo evidenciou que ainda estamos longe de ter
currículos e professores preparados para a realização de práticas pedagógicas que todos possam participar sem a necessidade
de adaptações no momento da aula na Educação Básica.
PALAVRAS-CHAVE: Deficiência. Práticas pedagógicas. Inclusão.
ABSTRACT: this research sought to analyze the scientific production on the pedagogical practices used by elementary
education teachers, which favor the learning of students with disabilities from the analytical perspective of Universal Design
for Learning (UDL). A bibliographic search was carried out based on three keywords: disability, pedagogical practices and
inclusion. For all documents found, inclusion criteria were determined: addressing pedagogical practices with students
with disabilities, publications between 2011 and 2022, through the portal de periódicos da capes and having: “pedagogical
practice”, in the title and abstract. As a result, 16 articles were found, highlighting the understanding of teachers about
inclusive education, the performance of Specialized Educational Assistance (SEA), the use of the Individualized Educational
Mestre em Design. Professor da rede municipal de ensino de Cambé, Paraná, Brasil. E-mail: eron.moreno.chagas@uel.br.
ORCID: https://orcid.org/0009-0000-5043-5326
Doutor em Educação. Professor colaborador no Departamento de Educação do Centro de Educação, Comunicação e Artes
da Universidade Estadual de Londrina – UEL, Londrina, Brasil. E-mail: mensagemprodeivid@gmail.com. ORCID: https://
orcid.org/0000-0002-2611-6947
2-20 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 2, e0240024, 2024.
ROCHA, Eron Moreno Chagas; SANTOS, Deivid Alex dos
Plan (IEP), positive stimulation of teachers and family in education. e survey also pointed out the challenges of adapting
the school curriculum and training teachers for a teaching that contemplates everyone’s participation and learning. Under
the critical analysis of the UDL approach, this study showed that we are still far from having curricula and teachers prepared
to carry out pedagogical practices that everyone can participate in without the need for adaptations during classes in basic
education.
KEYWORDS: Disability. Pedagogical practices. Inclusion.
INTRODUÇÃO
A temática sobre a inclusão escolar começou a surgir com mais intensidade a partir
de 1990 em documentos do cenário mundial, por meio de discussões e publicações.
Desde a década de 90, o Brasil promulgou políticas públicas destinadas a promover
a escolarização de alunos com deficiência, refletindo o compromisso em garantir o direito
institucional à educação para toda a população (Fontana; Cruz; De Paula, 2019). Essas
iniciativas buscam criar um ambiente inclusivo nas instituições de ensino. De acordo com os
dados mais recentes disponíveis, referentes ao ano de 2020, o Brasil contabilizou a matrícula
de 1,3 milhão de alunos com algum tipo de deficiência em suas escolas (Brasil, 2021). Esses
números destacam a importância contínua das políticas educacionais para promover a
participação e a igualdade de oportunidades no cenário educacional do país.
A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva
(Brasil, 2008) determina o direito de todos os alunos aprenderem e participarem das aulas
juntos, sem discriminação. O documento elenca a Educação Inclusiva na concepção de
direitos humanos, e considera a equidade como princípio desse tipo de abordagem devido
às circunstâncias históricas da exclusão, sofrida por pessoas com deficiência dentro e fora da
escola (Brasil, 2008).
A política embasada na Educação Inclusiva está alinhada com a perspectiva do
Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA), que preconiza a implementação de práticas
pedagógicas flexíveis, sem a necessidade de planos específicos para alunos com deficiência, mas
que possibilitem a participação de estudantes com diversas habilidades em uma experiência
de aprendizagem compartilhada. Essa abordagem visa facilitar a inclusão de todos os alunos
não apenas no currículo, mas em todos os aspectos do ambiente escolar, com o objetivo de
promover a justiça social (Nunes; Madureira, 2015).
Ronald Lawrence Mace, arquiteto e diretor do Centro sobre Desenho Universal na
North Carolina State University, propôs o conceito de Desenho Universal em 1997, visando
tornar produtos e ambientes acessíveis a todas as pessoas sem a necessidade de adaptações
posteriores. A extensão desse conceito resultou na formulação da abordagem de Desenho
Universal para a Aprendizagem (DUA), que quebra a dicotomia entre planejamentos para
turmas regulares e adaptações para alunos com deficiência, promovendo um planejamento
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 2, e0240024, 2024. 3-20
Práticas pedagógicas inclusivas na educação básica: uma análise da produção
científica
Artigo
único voltado para o aprendizado e a participação de todos os estudantes (Bock; Gesser;
Nuernberg, 2018).
Diante da convergência entre a política embasada na Educação Inclusiva e a
perspectiva do Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA), que propõe práticas
pedagógicas flexíveis e inclusivas, torna-se essencial empreender uma análise na produção
científica que aborda as estratégias pedagógicas adotadas por professores nos anos iniciais
do Ensino Fundamental. Este estudo tem como objetivo investigar a produção científica
que discute práticas pedagógicas favorecedoras da aprendizagem de alunos com deficiência,
tendo como referência o DUA. A pesquisa compreende dois momentos: inicialmente, um
levantamento bibliográfico sobre práticas pedagógicas com alunos com deficiência nos
Anos Iniciais do Ensino Fundamental relacionadas ao DUA, conforme os procedimentos
de Galvão (2010); em seguida, a seleção de publicações destacando práticas que evidenciem
contribuições para o aprendizado desses alunos.
Este estudo busca minuciosamente identificar quais práticas pedagógicas empregadas
por professores nos anos iniciais do Ensino Fundamental efetivamente incorporam o conceito
do Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA). A compreensão dessas práticas é crucial
não apenas para aprimorar a qualidade do ensino inclusivo, mas também para oferecer
insights valiosos aos professores e estagiários de Pedagogia que atuam em escolas de Anos
Iniciais do Ensino Fundamental, concentrando-se especificamente no desenvolvimento de
alunos com deficiências. As contribuições decorrentes desta pesquisa têm o potencial de
fornecer orientações práticas e estratégias aplicáveis em contextos educacionais diversos,
promovendo a inclusão efetiva e o pleno desenvolvimento de todos os estudantes. Além
disso, ao destacar lacunas na literatura existente sobre o tema, a pesquisa aponta para a
necessidade de futuras investigações e desenvolvimento de recursos que abordem os desafios
específicos enfrentados pelos professores no processo de ensino com alunos com deficiências.
Ao abordar essas questões, este estudo visa contribuir significativamente para a promoção de
práticas pedagógicas mais inclusivas e eficazes, fortalecendo a base de conhecimento na área e
beneficiando a comunidade educacional como um todo.
O DIREITO à EDUCAÇÃO
A compreensão da importância das práticas pedagógicas inclusivas requer um olhar
atento à educação como elemento integrante da constituição social da pessoa com deficiência
no Brasil, conforme destacado por Kassar (2000). Esse entendimento é vital, sendo crucial
fundamentar-se na legislação que versa sobre a inclusão desse grupo. Diversas políticas foram
elaboradas com o intuito de garantir que o Estado não apenas reconheça, mas também
promova a educação como um direito inalienável para as pessoas com deficiência, visando à
construção de uma sociedade mais equitativa e inclusiva. O 5º capítulo da Lei de Diretrizes
4-20 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 2, e0240024, 2024.
ROCHA, Eron Moreno Chagas; SANTOS, Deivid Alex dos
e Bases da Educação Nacional (Brasil, 1996) detalha e busca definir como a Educação
Especial pode ser aplicada almejando a educação inclusiva, também incluiu nacionalmente
o atendimento aos alunos com altas habilidades. Esta Lei especifica a oferta da Educação
Especial desde o nascimento do indivíduo, qualificação dos profissionais envolvidos e demais
aspectos na promoção de uma educação acessível.
As Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (Brasil, 2001)
descreve a Educação Especial como uma proposta pedagógica que proporcione a educação
escolar e a promoção do desenvolvimento das potencialidades dos alunos com deficiência em
todas as etapas da educação básica. Entre as Diretrizes de 2001, uma das mais importantes foi
fazer com que os sistemas de ensino constituam um setor responsável pela Educação Especial
que viabilize materiais e recursos financeiros necessários para a educação inclusiva.
A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Brasil, 2015) foi instituída
com o objetivo de assegurar o exercício dos direitos e das liberdades das pessoas com deficiência.
Esta lei incube ao poder público criar e implementar o projeto pedagógico de atendimento
educacional especializado para atender aos atributos dos estudantes com deficiência e
acautelar o pleno acesso destes ao currículo escolar. Dentre outras determinações, é relevante
citar que este estatuto constitui como crime punível, a recusa e cobrança adicional de pessoas
em instituição de ensino, público ou privado, pelo motivo de sua deficiência. No mesmo
documento também é designado o auxílio-inclusão para pessoas com deficiência moderada
ou grave.
Em relação à Educação Especial, pelo Decreto nº 9465 (Brasil, 2019), o Ministério
da Educação alterou sua estrutura organizacional extinguindo a Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, criando a Secretaria de Modalidades
Especializadas de Educação descentralizada em 3 diretorias que determinam a promoção do
desenvolvimento das ações já descritas nos documentos aqui citados. O Brasil é signatário
de um documento da Unesco (2015) que traz 17 objetivos que devem ser implementados
até 2030, o 4º objetivo que consta no documento compete ao país de assegurar a educação
inclusiva e equitativa de qualidade.
Portanto, ao entrelaçar as diversas legislações brasileiras voltadas para a inclusão
da pessoa com deficiência, desde a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional até a Lei
Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, emerge uma rede jurídica robusta que não
apenas reconhece, mas busca promover efetivamente a educação inclusiva como um direito
inalienável. Essas leis, alinhadas com as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na
Educação Básica e as recentes reestruturações ministeriais, delineiam um compromisso claro
do Estado brasileiro com a promoção de um ambiente educacional acessível e igualitário.
Neste cenário, a aplicação do Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA)
destaca-se como uma proposta pedagógica inovadora e congruente com os preceitos legais,
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 2, e0240024, 2024. 5-20
Práticas pedagógicas inclusivas na educação básica: uma análise da produção
científica
Artigo
visando proporcionar flexibilidade e adaptabilidade no processo educacional. O DUA não
apenas atende à diversidade de habilidades dos alunos, mas também se alinha com a busca
por práticas pedagógicas inclusivas, promovendo a participação plena e eficaz de todos os
estudantes. Ao integrar o DUA como parte integrante das estratégias pedagógicas, cria-se
um ambiente educacional que não apenas cumpre as exigências legais, mas também abraça
a diversidade como um valor intrínseco, visando ao desenvolvimento pleno e igualitário de
cada aluno. Para isso, o desenvolvimento de práticas pedagógicas inclusivas é primordiais e
será discutida no próximo tópico.
PTICAS PEDAGÓGICAS
Para alcançar os objetivos deste estudo, é fundamental compreender o conceito de
práticas pedagógicas, que é abordado de maneira abrangente pelos diversos autores apresentados
nesta seção. Mamas e Avramidis (2013), ao estudarem escolas inclusivas na Inglaterra e
no Chipre, utilizam o termo “estratégia pedagógica” para descrever práticas escolares que
promovem a interação social e a inclusão durante o ensino. Alves et al. (2017) fazem analogias
entre os termos “prática educacional” e “prática pedagógica”, destacando a importância da
educação inclusiva como um processo contínuo para todos os estudantes. Agbenyega e
Klibthong (2020) enfatizam a educação inclusiva como uma qualidade pedagógica que busca
eliminar barreiras para a participação escolar. Hansen (2011) e Majoko (2019) convergem na
ideia de que a prática pedagógica inclusiva deve considerar individualmente as dificuldades
e necessidades de cada aluno, sendo uma ferramenta crucial para melhorar os resultados de
aprendizagem e promover a justiça social.
Bock, Gesser e Nuernberg (2018), em sua pesquisa bibliográfica, identificam
que as alterações no ambiente e no currículo escolar muitas vezes são desencadeadas pela
presença repentina de alunos com deficiência. Eles ressaltam a importância de transferir
a responsabilidade dos alunos para a equipe pedagógica, que deve antecipar barreiras,
proporcionando serviços de acessibilidade educacional para todos os alunos. Por fim, Nunes e
Madureira (2015) contribuem ao pesquisar práticas pedagógicas inclusivas com a abordagem
do Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA). Elas destacam que na escola comum,
todas as crianças devem ser educadas, considerando as diferenças individuais como elementos
para a modificação da gestão do currículo escolar, promovendo um processo de ensino e
aprendizagem inclusivo.
Essas práticas pedagógicas, ao valorizar e celebrar a diversidade como um
componente crucial do processo educacional, convergem para a essência da educação
inclusiva. Ao promover um ambiente que reconhece e respeita as diferenças individuais, essas
práticas não apenas enriquecem a experiência de aprendizagem, mas também desempenham
um papel fundamental no desenvolvimento global dos alunos. Nesse cenário, a abordagem
6-20 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 2, e0240024, 2024.
ROCHA, Eron Moreno Chagas; SANTOS, Deivid Alex dos
do Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA) destaca-se como uma estratégia essencial,
transcendendo o mero reconhecimento da diversidade ao incorporar, de maneira proativa, uma
variedade de métodos e recursos para atender às necessidades específicas de cada estudante.
Nesse cenário, as práticas pedagógicas inclusivas desempenham um papel essencial
na concretização da visão proposta pelo Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA).
Ao adotar uma abordagem que não apenas reconhece, mas proativamente promove a
diversidade, as práticas pedagógicas inclusivas alinham-se aos princípios do DUA. Essas
práticas não são apenas conformes às diretrizes legais e atendem às demandas emergentes
da inclusão educacional, mas também refletem um genuíno compromisso com a equidade e
a participação igualitária de todos os estudantes. Ao oferecer uma base flexível e adaptável,
as práticas pedagógicas inclusivas vão além dos requisitos normativos, permitindo não
apenas o acesso, mas também a participação integral, independentemente das habilidades ou
características individuais dos alunos. Dessa forma, essas práticas não apenas contribuem para
a evolução positiva em direção a uma abordagem mais inclusiva e holística da educação, mas
também fortalecem a integridade do sistema educacional. Dado o seu amplo uso, optaremos
por empregar o termo “práticas pedagógicas” como referência para discutir as abordagens
inclusivas ao longo deste trabalho.
MÉTODO
O presente estudo se caracteriza como uma pesquisa do tipo bibliográfica. Para a
realização da pesquisa, Galvão (2010) descreve que é preciso selecionar palavras-chave, assim
foram selecionadas as seguintes palavras-chave: deficiência, práticas pedagógicas, inclusão
e DUA. A seleção destas palavras-chave ocorreu mediante uma análise dos objetivos do
trabalho, visto que foram percebidas como a essência central desta pesquisa.
Em seguida foram selecionadas as bases de dados: Scielo, Scopus e Eric. A escolha
das bases de dados Scielo, Scopus e Eric para conduzir a pesquisa foi fundamentada em
diversas justificativas que visam assegurar uma abordagem abrangente e criteriosa na análise da
literatura científica. Primeiramente, o Scielo é reconhecido por concentrar um amplo acervo de
periódicos científicos, especialmente aqueles relacionados a publicações de cunho acadêmico e
científico em âmbito latino-americano. Sua abrangência regional complementa a pesquisa ao
fornecer uma perspectiva mais específica e contextualizada. Por sua vez, a Scopus é uma base
de dados internacional renomada, conhecida por sua extensa cobertura multidisciplinar. Ao
abranger uma vasta gama de periódicos, conferências e patentes, a Scopus proporciona uma
visão global das pesquisas desenvolvidas em diversas áreas do conhecimento. Essa amplitude
contribui para a identificação de tendências, lacunas e perspectivas internacionais relacionadas
ao tema de estudo. A inclusão da base de dados Eric justifica-se pela sua especialização em
Educação e áreas correlatas. Dado que a pesquisa aborda práticas pedagógicas e inclusão
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 2, e0240024, 2024. 7-20
Práticas pedagógicas inclusivas na educação básica: uma análise da produção
científica
Artigo
educacional, o Eric emerge como uma fonte relevante e especializada, concentrando-se em
publicações que exploram temas educacionais, políticas e práticas pedagógicas específicas.
Todas as bases de dados foram acessadas a partir do acesso remoto ao proxy da
UEL via CAFe (Comunidade Acadêmica Federal), disponibilizado pelo site Periódicos da
Capes em parceria com a biblioteca da Universidade Estadual de Londrina para ter acesso aos
recursos proporcionados por esta parceria. Na base de busca Scopus foi preciso filtrar também
pelas áreas do conhecimento para que fossem selecionados trabalhos que pudessem contribuir
com o objetivo dessa pesquisa. As áreas selecionadas foram: social sciences, psychology e arts
and humanities. Para a seleção das produções localizadas foram determinados 4 critérios de
inclusão que seguem: abordar práticas pedagógicas com alunos com deficiência, publicações
entre 2011 e 2022, ter acesso livre via CAFe e possuir: “prática pedagógica” e sua versão em
inglês em documentos em inglês, no título ou no resumo.
Conforme os critérios de inclusão, ficaram estabelecidos como 4 critérios de
exclusão: não abordar práticas pedagógicas com alunos com deficiência, publicação anterior a
2011, não ter acesso livre via CAFe e não possuir: “prática pedagógica” e sua versão em inglês,
no título ou no resumo. A pesquisa foi limitada à busca eletrônica por meio da internet, por
serem documentos de mais fácil acesso e não contemplou catálogos físicos em bibliotecas.
A busca ocorreu apenas com documentos de formatação PDF, pois o mais comum é que
artigos, teses e dissertações estejam nesse formato. Ao examinar os títulos e resumos, foi viável
eliminar os artigos que, apesar de conterem as palavras-chave, focalizavam objetivos distintos
e não abordavam práticas pedagógicas no contexto da aprendizagem de alunos com múltiplas
deficiências. Reunidos os artigos relevantes para este estudo, os resultados seguem no próximo
tópico.
RESULTADOS
Nenhum resultado foi encontrado nos buscadores de trabalhos científicos quando
a combinação de palavras foram: “aluno com deficiência” AND “práticas pedagógicas” AND
“inclusão” AND “DUA”. Ao empregar as palavras “deficiência” e “DUA” na pesquisa, não
foram identificados resultados nas bases de dados Scielo e Eric. Na Scopus, embora tenham sido
encontrados artigos na área educacional, estes não abordam as práticas pedagógicas específicas
com alunos com deficiência, enquanto os resultados obtidos tratam predominantemente de
uma perspectiva médica, não contemplando, assim, o escopo temático deste trabalho. Ao
utilizar a seguinte estratégia de busca: “práticas pedagógicas” AND “inclusão” e suas versões
em inglês, foram localizados vários trabalhos, conforme observado na Tabela 1:
8-20 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 2, e0240024, 2024.
ROCHA, Eron Moreno Chagas; SANTOS, Deivid Alex dos
TABELA 1Total de trabalhos localizados de acordo com as
estratégias de busca nas diferentes bases de dados.
Base de
dados
(práticas
pedagógicas)
AND (inclusão)
(pedagogical practice)
AND (inclusion)
Aplicação de filtro de
título e resumo para
exclusão, permaneceram:
Scielo 35 52 2
Scopus 4 138 14
Eric 0 27 0
Fonte: Arquivo próprio.
Foram escolhidos 16 artigos a partir desse conjunto, após a análise dos títulos e
resumos, levando em conta os critérios de inclusão, uma vez que esses artigos tratavam de
práticas pedagógicas aplicadas a alunos com deficiência. Destes, um total de quatro artigos
foram publicados no âmbito nacional e estão organizados no quadro 1 a seguir:
QUADRO 1 – Autor, ano de publicação, título do artigo, local de
publicação, DOI ou link de acesso da produção nacional.
Autor e
Ano:
Título do Artigo
Local de
publicação
DOI ou Link
de Acesso
Anjos et.
al. (2013)
Práticas pedagógicas e inclusão:
a sobrevivência da integração
nos processos inclusivos.
Campinas
https://doi.
org/10.1590/S0101-
73302013000200010
Alves et.
al. (2017)
Physical education classes
and inclusion of children
with disability: brazilian
teachers’ perspectives.
Porto Alegre
http://dx.doi.
org/10.22456/1982-
8918.66851
Santiago,
Santos e
Melo (2017)
Inclusão em educação:
processos de avaliação
em questão.
Rio de Janeiro
http://doi.
org/10.1590/S0104-
40362017002500652
Torres e
Mendes
(2019)
Atitudes sociais e formação
inicial de professores para
a educação especial.
Bauru
http://dx.doi.
org/10.1590/s1413-
65382519000400014
Fonte: Arquivo próprio.
Com a leitura desses artigos foi possível compreender a abordagem das pesquisas
na temática deste trabalho. Os autores Anjos et al. (2013) analisaram o processo inclusivo,
retomando os conceitos de prática pedagógica e inclusão, a estratégia observada foi que o
mesmo conteúdo lecionado para alunos regulares, era exposto para alunos com deficiência
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 2, e0240024, 2024. 9-20
Práticas pedagógicas inclusivas na educação básica: uma análise da produção
científica
Artigo
de forma diversificada, com outros materiais e com o tempo diferente. Outra análise foi
feita pelos pesquisadores Alves et al. (2017) sobre o conceito de inclusão dos professores
de educação física, em suas práticas esses procuraram adaptar as atividades propostas para
estudantes com deficiência.
Santiago, Santos e Melo (2017) buscaram refletir sobre os processos de avaliação e
inclusão em educação, na prática era o mesmo conteúdo para alunos com e sem deficiência,
sendo que aqueles frequentavam também a sala de recursos, com flexibilização para a avaliação
adequada. Os pesquisadores Torres e Mendes (2019) verificaram o potencial na promoção de
mudanças de atitudes sociais em estudantes de licenciatura que cursaram uma disciplina de
educação especial, evidenciando a importância desse conteúdo na formação docente.
Em suma, os trabalhos analisados versam sobre a adaptação de atividades para os
alunos com deficiência, porém não retratam práticas pedagógicas inclusivas com referência ao
Desenho Universal de Aprendizagem (DUA). Este modelo, não trata apenas de adaptações
físicas, do currículo ou das atividades, mas sim uma modificação das práticas devido às
transformações da realidade educativa (Nelson, 2013). Ao invés de pensar em uma adaptação
específica para o aluno com deficiência, o ideal é se pensar em formas diferenciadas de se
ensinar o currículo para todos os estudantes (Alves et al., 2013).
O Quadro 2 apresenta a identificação dos 12 artigos internacionais resultantes da
busca e da aplicação dos filtros utilizados.
QUADRO 2 – Autor, ano de publicação, título do artigo, local de
publicação, DOI ou link de acesso da produção internacional.
Autor e Ano Título do Artigo
Local da
Publicação
DOI ou Link de Acesso
Baglieri et.
al. (2011).
Disability studies
in education:
the need for
a plurality
of perspectives
on disability.
Londres
http://dx.doi.
org/10.1177/0741932510362200
Hansen (2012).
Limits to
inclusion.
Londres
https://doi.
org/10.1080/13603111003671632
10-20 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 2, e0240024, 2024.
ROCHA, Eron Moreno Chagas; SANTOS, Deivid Alex dos
Mamas e
Avramidis
(2013).
Promoting social
interaction in
the inclusive
classroom:
Lessons from
inclusive schools
in England
and Cyprus.
San Diego
https://doi.org/10.1016/j.
lcsi.2013.07.001
Florian (2014).
What counts
as evidence
of inclusive
education?
Londres
https://doi.org/10.1080/08
856257.2014.933551
Pagnez e Bissoli
(2016).
As salas de apoio
e acompanhameto
à inclusão em
São Paulo.
Lisboa
http://dx.doi.org/10.1111/1471-
3802.12140
Padilha e
Oliveira (2016).
Conhecimento,
trabalho docente
e escola inclusiva.
Lisboa
https://doi.org/10.1111/1471-
3802.12294
Overton,
Wrench e
Garrett (2017).
Pedagogies for
inclusion of
junior primary
students with
disabilities in PE.
Londres
https://doi.org/10.1080/17
408989.2016.1176134
Sagner-Tapia
(2018).
An analysis
of alterity in
teacher’s inclusive
pedagogical
practices.
Londres
https://doi.org/10.1080/13
603116.2017.1370735
Syrjämäki,
Pihlaja e
Sajaniemi
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Enhancing peer
interaction during
guided play in
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special groups.
Londres
https://doi.
org/10.1080/1350293X.2018.1463908
Majoko (2019).
Inclusion of
Children With
Disabilities
in Physical
Education in
Zimbabwean
Primary Schools.
ousand
Oaks
https://doi.
org/10.1177/2158244018820387
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 2, e0240024, 2024. 11-20
Práticas pedagógicas inclusivas na educação básica: uma análise da produção
científica
Artigo
Fontana, Cruz
e Paula (2019).
Plano Educacional
Individualizado:
uma estratégia
de inclusão e
aprendizagem
nas aulas de
Educação Física.
Lisboa
https://doi.org/10.25757/
invep.v9i2.188
Agbenyega
e Klibthong
(2020).
Exploring ai
early childhood
teachers
experiences
of inclusive
teaching practices:
a qualitative study.
Berlim
http://dx.doi.org/10.1007/
s13384-020-00380-1
Fonte: Arquivo próprio.
A avaliação dos estudos conduzidos internacionalmente revelou uma quantidade
significativa de publicações em países estrangeiros, com dez na Europa e dois na América do
Norte. Esses resultados podem ter relação com o fato de que a Europa é pioneira no movimento
da educação inclusiva, ocorridos na década de 70 na Itália e norteada pela Convenção de
Salamanca de 1994 (Chiappetta, 2014). Indica-se também um crescente aumento no número
de publicações ao longo dos anos, uma vez que dos dez trabalhos selecionados seis (60%) são
publicações dos últimos cinco anos, sendo que esse aumento nas publicações é concomitante
com o avanço nas discussões e nos movimentos em prol da educação inclusiva (Franco, 2020).
Prosseguindo com a análise qualitativa foi possível observar que Baglieri et al. (2011)
buscaram proporcionar a compreensão da deficiência no âmbito social, cultural e histórico,
e evidenciaram a necessidade de envolver novos pensamentos e perspectivas filosóficas, ir
além do convencional, os autores propõem que sejam elaboradas ideias que não se ajustam
facilmente às suposições atuais de inclusão, em busca de novas soluções e formas de ensino.
Hansen (2012) também argumentou sobre o conceito de inclusão e discorreu sobre os limites
da inclusão coletando opiniões de professores sobre este tema, em termos gerais os professores
participantes afirmaram que os alunos com deficiência podem aprender melhor em uma sala
ou instituição própria para eles.
Os autores Mamas e Avramidis (2013) apresentaram uma lista de estratégias e
práticas escolares que promovem a inclusão de todas as crianças. Nesse estudo, a inclusão foi
reconhecida quando havia interação entre os alunos com e sem deficiência, e as atividades
criativas, jogos e esportes foram aquelas que mais houve interações entre as crianças. Florian
(2014) buscou esclarecer o trabalho da educação inclusiva, a pesquisa elencou práticas de
ensino que buscavam a inclusão como: criar um ambiente de aprendizado com oportunidades
12-20 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 2, e0240024, 2024.
ROCHA, Eron Moreno Chagas; SANTOS, Deivid Alex dos
para a participação de todos, qualidade de relacionamento entre professor e aluno, abordagem
flexível para alterar o planejamento da aula e procurar por novas formas para o ensino de
todas as crianças.
Os pesquisadores Pagnez e Bissoli (2016) estudaram o funcionamento das salas
de recursos multifuncionais e constataram que os alunos sentam em grupos, são utilizados
materiais adaptados, alguns feitos até pelos próprios professores. São utilizados também
jogos pedagógicos, material dourado e brinquedos. Nesse estudo foi ressaltado o trabalho
de professores de Atendimento Educacional Especializado (AEE), na complementação do
ensino dos alunos com deficiência. Padilha e Oliveira (2016) identificaram e discutiram as
necessidades de conhecimento teórico enunciadas por professores especialistas em Educação
Especial. As principais dificuldades encontradas na prática pedagógica orientada para os
alunos da Educação Especial são os aspectos referentes às peculiaridades desses alunos como:
alfabetização de alunos com deficiência intelectual, a participação restrita da família na vida
escolar do filho, ao currículo inadequado e ao envolvimento dos profissionais da escola com
esses alunos. Os autores Overton, Wrench e Garrett (2017) exploraram práticas pedagógicas
utilizadas por professores para a inclusão de crianças com deficiência da educação infantil nas
aulas de educação física. As estratégias pedagógicas incluem o uso de equipamentos adaptados,
uma comunicação efetiva com: verbalização direcionada individualmente aos alunos de forma
positiva, linguagem corporal e os professores como participantes ativos nos jogos.
Sagner-Tapia (2018) examinou qual era a percepção dos professores regentes sobre
suas práticas pedagógicas para crianças com deficiência. Segundo o estudo, os professores se
inspiraram na praxeologia, explicada pelo autor como o estudo da prática, ou ainda, da práxis.
Os professores participantes da pesquisa concluíram que só é vantajoso o ensino de um aluno
com deficiência em uma sala de alunos regulares, se aquilo que será ensinado não conflita
com a necessidade desse aluno. Os professores concordam que o ensino individualizado é
o melhor para alguns tipos de necessidades do aluno, como possibilitar um ambiente com
menos barulho e outras distrações, para a concentração do estudante.
Os pesquisadores Syrjämäki, Pihlaja e Sajaniemi (2018) examinaram como as
práticas pedagógicas dos profissionais foram usadas para melhorar a interação entre alunos
em brincadeiras. Foram realizadas brincadeiras de jogos sociais, “faz-de-conta” e com peças
de Lego. Os autores chamam de estratégias pedagógicas: o encorajamento dos alunos nas
brincadeiras, o estímulo dos professores para a verbalização dos alunos, fazendo perguntas
sobre o progresso das brincadeiras e o controle de situações de conflito entre as crianças.
Majoko (2019) explorou práticas pedagógicas utilizadas por professores para a inclusão de
crianças com deficiência da Educação Infantil nas aulas de Educação Física. Como estratégia
pedagógica de inclusão foram realizadas atividades de jogos e circuitos, e os professores
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 2, e0240024, 2024. 13-20
Práticas pedagógicas inclusivas na educação básica: uma análise da produção
científica
Artigo
focaram mais nas potencialidades das crianças do que nas deficiências. O autor identificou
que a inclusão é facilitada quando nas aulas são utilizados elementos de interesse dos alunos.
Fontana, Cruz e de Paula (2019) elaboraram e aplicaram um Plano Educacional
Individualizado (PEI) nas aulas de Educação Física, como estratégia de inclusão e
aprendizagem, em uma turma com alunos com deficiência. Foram realizados danças, jogos e
brincadeiras junto com os alunos regulares. Os autores elencaram como estratégias de ensino
aprendizagem: consciência e expressão corporal, fatores de movimentos e percepção rítmica.
Agbenyega e Klibthong (2020) descreveram e analisaram a perspectiva dos professores de
Educação Infantil, considerando suas experiências da educação inclusiva. Algumas das
estratégias de ensino descritas pelos professores como comuns foram: ordenar às crianças
que seguissem as instruções dos professores, separar as crianças em grupos de alunos com
deficiência e ameaçar as crianças com punição para encorajá-las a se comportarem bem, ao
entendimento desses professores.
De forma geral, todos os artigos selecionados trouxeram a perspectiva da educação
inclusiva para analisar com a realidade da escola e a opinião de professores que atuam com
alunos com deficiência. A pesquisa de Agbenyega e Klibthong (2020) se destacou por evidenciar
que alguns professores não tinham uma compreensão bem definida do ensino inclusivo, uma
vez que os relatos dos professores não demonstraram equidade e ambiente de aprendizagem
saudável: estratégias segregacionistas e baseadas na punição, dados esses que convergem com
os resultados de Hansen (2012). Este autor (Hansen, 2012) denuncia que os professores
participantes da pesquisa relatam não quererem ter que aprender a ensinar um aluno com
deficiência e não têm a intenção de promover a educação inclusiva, justificando a segregação
como se fosse o melhor para alunos com deficiência. Isso vai na contramão do proposto
pelo modelo de inclusão: que tem o objetivo de auxiliar os professores a compreenderem as
necessidades dos alunos, estabelecer metas, ajustes no currículo e na metodologia para as aulas
(Fontana; Cruz; Paula, 2019), assim como se contrapõe ao modelo do DUA: que não objetiva
a adaptação curricular, mas que este já seja pensado para a eliminação de barreiras que possam
impedir qualquer aluno de aprender (Bock; Gesser; Nuernberg, 2018).
O desenvolvimento de processos e práticas inclusivas busca proporcionar aos alunos
com deficiência uma aprendizagem comum, em conjunto com os alunos sem deficiência,
evitando a segregação. Nunes e Madureira (2015) elucidam que evitar a segregação a partir
do DUA significa: a participação integral de todos os alunos no currículo comum e nas
atividades em conjunto.
Com exceção de Hansen (2012) e Agbenyega e Klibthong (2020), todos os outros
14 trabalhos selecionados apresentam abordagens inclusivas na educação como o caminho
a ser seguido para uma sociedade mais justa e que promova o aprendizado não só dos
alunos com deficiência, mas de todos os envolvidos. O serviço de Atendimento Educacional
14-20 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 2, e0240024, 2024.
ROCHA, Eron Moreno Chagas; SANTOS, Deivid Alex dos
Especializado (AEE) apareceu como um aspecto importante em pelo menos quatro artigos: o
de Pagnez e Bissoli (2016), Sagner-Tapia (2018), Majoko (2019) e Alves et. al. (2017). Pagnez
e Bissoli (2016) ressaltaram o trabalho de professores do AEE na complementação do ensino
aos alunos com deficiência, descrevendo a sala de recursos como um espaço favorecedor do
aprendizado, disponibilizando materiais adaptados pelos próprios professores e tecnologias
assistivas.
Majoko (2019) explicita o benefício da atuação do profissional de apoio a alunos
que necessitam e a boa interação desses alunos com alunos regulares nas aulas de Educação
Física. O autor ainda enfatiza a importância da colaboração dos professores com a família
dos alunos, para a promoção do desenvolvimento deste. Alves et al. (2017) afirmam que
as adaptações em aulas não são exclusivas para alunos com deficiência, elas devem ser feitas
para a inclusão de todos os alunos da sala, por exemplo: os alunos tímidos e introvertidos. É
importante a participação de um assistente com o professor e o trabalho do professor com a
mesma turma ao longo do tempo, não havendo muita troca de professor, para este conhecer
bem os alunos.
Mamas e Avramidis (2013) sugerem como proposta pedagógica, que os conteúdos
que forem possíveis de serem adaptados para serem realizados fora da sala de aula, favorecem a
participação e integração dos alunos com e sem deficiência. Para Fontana, Cruz e Paula (2019)
chamam de estratégia de inclusão a utilização do Plano Educacional Individualizado (PEI),
enfatizando que este documento auxilia no ensino de alunos com deficiências, pois estabelece
princípios que guiam a equipe pedagógica, considerando sempre a flexibilidade no processo
de planejamento. Tanto as considerações de Mamas e Avramidis (2013) e Fontana, Cruz e
Paula (2019) descrevem propostas que enfatizam a elaboração de planos individualizados
e adaptados para os alunos o que vai contra os princípios do DUA, sendo que o currículo
escolar e as propostas pedagógicas precisam ser orientados sem distinção dos alunos com e
sem deficiência (Alves et al., 2013).
Todos os autores salientaram desafios enfrentados pela perspectiva da educação
inclusiva, Torres e Mendes (2019) afirmaram que uma variável que afeta significativamente as
atitudes dos professores é a precariedade do ambiente escolar, no que diz respeito ao suporte
para o trabalho na perspectiva inclusiva. Padilha e Oliveira (2016) criticaram a falta de
formação específica de professores ao exporem a necessidade de uma formação consistente,
que possibilite a esses profissionais atuarem com os alunos público-alvo da Educação Especial
em diferentes espaços na escola regular.
Nunes e Madureira (2015) afirmam que o DUA é uma competência a ser
desenvolvida pelos docentes, é preciso conceber uma formação que aborde: as características
dos alunos com deficiência e considere os objetivos de aprendizagem, estratégias facilitadoras
destes e as tecnologias educativas. As autoras elencam que para a transição de um currículo
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 2, e0240024, 2024. 15-20
Práticas pedagógicas inclusivas na educação básica: uma análise da produção
científica
Artigo
inacessível para um acessível é necessário: o desenvolvimento de novos conhecimentos
científicos sobre o processo de aprendizagem e a formação de docentes. As pesquisadoras
alertam que é imprescindível que sejam implementados processos de formação inicial e
continuada para professores, que preconizem o desenvolvimento de práticas educacionais
inclusivas, caracterizando uma escola e pedagogia centrada no aluno. O estudo de Nunes e
Madureira (2015) ressalta a importância crucial do Desenho Universal para a Aprendizagem
(DUA) como uma competência a ser desenvolvida pelos educadores. A discussão proposta
pelas autoras enfatiza a necessidade de uma formação abrangente que aborde as características
específicas dos alunos com deficiência, considere os objetivos de aprendizagem, estratégias
facilitadoras e a integração das tecnologias educativas. A concepção de uma formação que
compreenda as complexidades da diversidade dos alunos representa um passo fundamental
na transição de um currículo inacessível para um acessível. O desenvolvimento de novos
conhecimentos científicos sobre o processo de aprendizagem destaca a importância de uma
abordagem fundamentada em evidências, proporcionando aos educadores as ferramentas
necessárias para atender às diversas necessidades de seus alunos.
Ao alertarem para a necessidade de processos de formação inicial e continuada, as
pesquisadoras reconhecem a evolução constante das práticas educacionais e a importância
de manter os profissionais atualizados. A implementação desses processos não apenas
capacita os professores a lidar com desafios emergentes, mas também fortalece a promoção
de uma educação inclusiva. Esse enfoque na formação continuada destaca a dinamicidade
da educação e a necessidade de adaptação constante. A proposta de uma escola e pedagogia
centrada no aluno, conforme apresentada por Nunes e Madureira, alinha-se com os princípios
fundamentais da educação inclusiva. Colocar o aluno no centro do processo educacional não
apenas reconhece a singularidade de cada estudante, mas também contribui para a criação de
um ambiente que valoriza a diversidade e promove a equidade.
A discussão apresentada por Nunes e Madureira ressalta que a efetiva implementação
do DUA demanda uma mudança profunda na formação de professores. Essa mudança não
se restringe apenas à aquisição de habilidades técnicas, mas engloba uma compreensão mais
ampla das necessidades dos alunos, o desenvolvimento de estratégias flexíveis e a promoção
de uma abordagem centrada no aluno. A integração desses elementos na formação docente
é um passo crucial para avançar em direção a práticas educacionais mais inclusivas e eficazes.
A análise dos resultados destaca tanto avanços quanto desafios na implementação
da educação inclusiva e na adoção do Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA). A
proposta de Baglieri et al. (2011) e Hansen (2012) de revisitar as concepções de deficiência
é crucial, pois reconhece a importância de uma abordagem mais abrangente e social para
superar estigmas. Contudo, a resistência observada por Hansen (2012) entre alguns professores
destaca a persistência de barreiras atitudinais que ainda precisam ser superadas.
16-20 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 2, e0240024, 2024.
ROCHA, Eron Moreno Chagas; SANTOS, Deivid Alex dos
No contexto das práticas pedagógicas inclusivas, as estratégias promovidas por Mamas
e Avramidis (2013) e Florian (2014) evidenciam a necessidade de atividades envolventes
para estimular a interação entre alunos com e sem deficiência. Entretanto, a pesquisa de
Agbenyega e Klibthong (2020) revela que estratégias segregacionistas persistem, indicando a
falta de compreensão clara de alguns professores sobre o ensino inclusivo. A discussão sobre o
DUA, conforme apresentado por Nunes e Madureira (2015), ressalta a importância de evitar
a segregação por meio da participação integral de todos os alunos. Contudo, a divergência
apontada por Fontana, Cruz e Paula (2019) ao utilizar Planos Educacionais Individualizados
(PEIs) sugere uma tensão entre abordagens individualizadas e a filosofia do DUA, que propõe
um currículo orientado para todos.
A pesquisa de Torres e Mendes (2019) destaca a precariedade do ambiente escolar
como um desafio significativo. Melhorias infraestruturais são essenciais para criar um
ambiente propício à inclusão, destacando a necessidade de investimentos e políticas mais
abrangentes. A conclusão reforça que, apesar dos desafios, a importância da educação inclusiva
é amplamente reconhecida nos estudos. No entanto, a coexistência de diferentes abordagens e
a persistência de desafios indicam a necessidade de uma abordagem mais holística. A filosofia
do DUA emerge como uma estratégia flexível, mas sua eficácia depende da compreensão e
comprometimento de todos os atores educacionais. A colaboração entre educadores, gestores
e formuladores de políticas é essencial para superar os desafios e promover uma educação com
práticas verdadeiramente inclusivas.
CONSIDERAÇõES FINAIS
Esta pesquisa teve como objetivo analisar a produção científica sobre práticas
pedagógicas na Educação Básica, focalizando aquelas que promovem a aprendizagem de
alunos com deficiência sob a perspectiva analítica do Desenho Universal para a Aprendizagem
(DUA). A busca bibliográfica dedicada ao tema resultou na seleção de 16 artigos, revelando
que persistem abordagens segregacionistas por parte de alguns professores e as análises dos
resultados permitem inferir.
Dentre as práticas e estratégias pedagógicas abordadas nos artigos, destacam-se
elementos como o reconhecimento da importância do Atendimento Educacional Especializado
(AEE), o envolvimento da família, a utilização de Planos Educacionais Individualizados
(PEIs) e a adoção de estratégias verbais e estímulos positivos pelos professores durante as
atividades, visando manter a atenção dos alunos com deficiência. A análise detalhada
desses artigos também revela desafios significativos, tais como a precarização de ambientes
escolares devido à falta de recursos e a ausência de formação específica dos professores para
práticas inclusivas e adaptação curricular. Para além do direito legal, a inserção do aluno
com deficiência em um grupo social, possibilita a comunicação e compreensão do que se
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 2, e0240024, 2024. 17-20
Práticas pedagógicas inclusivas na educação básica: uma análise da produção
científica
Artigo
passa em volta dos sujeitos envolvidos, o que pode ser considerado como benefício para a
sociedade. Este trabalho não buscou elaborar uma orientação sobre quais práticas pedagógicas
professores de Educação Básica devem utilizar com os alunos com deficiência, mas expor
práticas pedagógicas publicadas em literatura disponível que podem favorecer o aprendizado
de alunos com deficiência.
Esta pesquisa se torna uma contribuição valiosa para a educação inclusiva ao não
apenas analisar de forma crítica as práticas pedagógicas na Educação Básica, sob a ótica
do Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA), mas também ao destacar os desafios
existentes e ressaltar a urgência de investimentos em formação continuada para os professores.
Essa abordagem visa fomentar um ambiente escolar mais inclusivo, capaz de proporcionar
uma aprendizagem eficaz e equitativa para todos os alunos, independentemente de suas
habilidades ou características individuais. Ao examinar criticamente o Desenho Universal
para a Aprendizagem (DUA), destaca-se a imperatividade de ajustar o currículo. Além disso,
a pesquisa ressalta que ainda estamos distantes de implementar uma formação continuada
eficaz para os professores no ambiente escolar, a qual deveria favorecer um ensino que englobe
plenamente a participação e aprendizagem de todos os alunos.
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