Processamento sensorial e engajamento de criaas
autistas nas rotinas infantis
SenSory proceSSing and engagement of autiStic children
in childhood routineS
Carina Sousa ELIAS
Doutoranda em Terapia Ocupacional pela Universidade Federal de São Carlos - UFSCar.
https://orcid.org/0000-0003-3633-227X | carinasousaelias@yahoo.com.br
Anderson Henrique França Figueredo LEÃO
Pós-doutorado pela Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP.
https://orcid.org/0000-0003-3633-227X | carinasousaelias@yahoo.com.br
Patrícia Carla de Souza DELLA BARBA
Pós-doutorado pela Universidad Catolica de Valencia - UCV, Espanha. Docente do
Programa de Pós-Graduação em Terapia Ocupacional da UFSCar.
https://orcid.org/0000-0002-7893-8133 | patriciadellabarba@gmail.com
ELIAS, Carina Sousa; LEÃO, Anderson Henrique França Figueredo; DELLA BARBA, Patrícia Carla de Souza. Processamento
sensorial e engajamento de crianças autistas nas rotinas infantis. Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 1,
e0240005, 2024.
RESUMO: Introdução: As ocupações se constituem como a base da existência humana, porém o comprometimento nas habilidades
de processamento das informações sensoriais pode impactar no engajamento de crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro
Autista (TEA). Objetivo: investigar a relação entre o processamento sensorial e o engajamento de crianças autistas de 2 a 5 anos
em suas rotinas. Método: foi realizado estudo correlacional. As respostas dos cuidadores foram coletadas através de pesquisa online,
empregando a técnica de amostragem Bola de Neve com dois questionários, o SPM-P (Medida do Processamento Sensorial – Versão
Casa) e o QEC (Questionário de Envolvimento de Crianças). Resultados: obteve-se um total de 56 famílias [30 famílias com crianças
autistas e 26 com crianças com desenvolvimento típico (DT)]. Uma análise de correlação e regressão múltipla identificou que os escores
finais de processamento sensorial e engajamento se correlacionaram inversamente em crianças com TEA ou DT, e que o diagnóstico
de TEA e o Planejamento Motor e Ideias prejudicados reduziram significativamente o engajamento, enquanto a idade maior e a
escolaridade aumentaram o engajamento. Conclusão: observou-se que a utilização de estratégias que aumentem o engajamento da
criança em suas rotinas é essencial para promover a aquisição de novas habilidades para a participação no cotidiano.
PALAVRAS-CHAVE: Transtorno do Espectro Autista. Engajamento em rotinas. Terapia Ocupacional. Integração Sensorial.
Processamento Sensorial.
ABSTRACT: Background: Occupations constitute a foundation of human existence, however, the impairment of skills in processing
sensory information can impact the engagement of children diagnosed with Autism Spectrum Disorder (ASD). Objective: to
investigate the relationship between sensory processing and the engagement of autistic children with 2 to 5 years old in their routines.
Method: a quantitative correlational study was carried out. Caregivers responses were collected through an online survey, employing
a chain-referral sampling method with two questionnaires, the SPM-P (Sensory Processing Measure - Preschool - Home Form) and
the CEQ (Childrens Engagement Questionnaire). Results: a total of 56 respondent families [30 families with ASD children and
26 with typically developing (TD) children] were obtained. A correlation and multiple regression analysis identified that the final
scores for sensory processing and engagement correlated inversely in ASD and TD children, and that ASD diagnosis and impaired
Motor Planning and Ideas significantly reduced engagement, while higher age and schooling incresead engagement. Conclusion: we
observed that the use of strategies that increase the child’s engagement in their routines is essential to promote the acquisition of new
skills for participation in daily life.
KEYWORDS: Autism Spectrum Disorder. Engagement in Childhood. Occupational erapy. Sensory Integration. Sensory
Processing.
REVISTA DIÁLOGOS E PERSPECTIVAS EM
EDUCAÇÃO ESPECIAL
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS
https://doi.org/10.36311/2358-8845.2024.v11n1.e0240005
is is an open-access article distributed under the terms of the Creative Commons Attribution License.
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 1, e0240005, 2024. 1-24
Processamento sensorial e engajamento de crianças autistas nas rotinas infantis Artigos
Processamento sensorial e engajamento
de crianças autistas nas rotinas infantis
SENSORY PROCESSING AND ENGAGEMENT OF
AUTISTIC CHILDREN IN CHILDHOOD ROUTINES
Carina Sousa ELIAS
1
Anderson Henrique França Figueredo LEÃO
2
Patrícia Carla de Souza DELLA BARBA
3
RESUMO: Introdução: As ocupações se constituem como a base da existência humana, porém o comprometimento nas
habilidades de processamento das informações sensoriais pode impactar no engajamento de crianças diagnosticadas com
Transtorno do Espectro Autista (TEA). Objetivo: investigar a relação entre o processamento sensorial e o engajamento de
crianças autistas de 2 a 5 anos em suas rotinas. Método: foi realizado estudo correlacional. As respostas dos cuidadores foram
coletadas através de pesquisa online, empregando a técnica de amostragem Bola de Neve com dois questionários, o SPM-P
(Medida do Processamento Sensorial – Versão Casa) e o QEC (Questionário de Envolvimento de Crianças). Resultados:
obteve-se um total de 56 famílias [30 famílias com crianças autistas e 26 com crianças com desenvolvimento típico (DT)].
Uma análise de correlação e regressão múltipla identificou que os escores finais de processamento sensorial e engajamento
se correlacionaram inversamente em crianças com TEA ou DT, e que o diagnóstico de TEA e o Planejamento Motor e
Ideias prejudicados reduziram significativamente o engajamento, enquanto a idade maior e a escolaridade aumentaram
o engajamento. Conclusão: observou-se que a utilização de estratégias que aumentem o engajamento da criança em suas
rotinas é essencial para promover a aquisição de novas habilidades para a participação no cotidiano.
PALAVRAS-CHAVE: Transtorno do Espectro Autista. Engajamento em rotinas. Terapia Ocupacional. Integração Sensorial.
Processamento Sensorial.
ABSTRACT: Background: Occupations constitute a foundation of human existence, however, the impairment of skills in
processing sensory information can impact the engagement of children diagnosed with Autism Spectrum Disorder (ASD).
Objective: to investigate the relationship between sensory processing and the engagement of autistic children with 2 to 5
years old in their routines. Method: a quantitative correlational study was carried out. Caregivers responses were collected
through an online survey, employing a chain-referral sampling method with two questionnaires, the SPM-P (Sensory
Processing Measure - Preschool - Home Form) and the CEQ (Childrens Engagement Questionnaire). Results: a total of
56 respondent families [30 families with ASD children and 26 with typically developing (TD) children] were obtained. A
correlation and multiple regression analysis identified that the final scores for sensory processing and engagement correlated
Doutoranda em Terapia Ocupacional pela Universidade Federal de São Carlos - UFSCar. E-mail:
carinasousaelias@yahoo.com.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3633-227X.
Pós-doutorado pela Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP. E-mail: anders.leao@gmail.com. ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-0721-0866.
Pós-doutorado pela Universidad Catolica de Valencia - UCV, Espanha. Docente do Programa de Pós-
Graduação em Terapia Ocupacional da UFSCar. E-mail: patriciadellabarba@gmail.com. ORCID: https://
orcid.org/0000-0002-7893-8133.
2-24 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 1, e0240005, 2024.
ELIAS, Carina Sousa; LEÃO, Anderson Henrique França Figueredo; DELLA BARBA, Patrícia Carla de Souza
inversely in ASD and TD children, and that ASD diagnosis and impaired Motor Planning and Ideas significantly reduced
engagement, while higher age and schooling incresead engagement. Conclusion: we observed that the use of strategies that
increase the child’s engagement in their routines is essential to promote the acquisition of new skills for participation in
daily life.
KEYWORDS: Autism Spectrum Disorder. Engagement in Childhood. Occupational erapy. Sensory Integration. Sensory
Processing.
introduçÃo
Em relação aos impactos sociais relacionados à epidemiologia do Transtorno do
Espectro Autista (TEA), na maioria dos países as pessoas autistas e com outros transtornos
do desenvolvimento representam um grupo vulnerável. Elas são frequentemente sujeitas
a estigma e discriminação, além de privação injusta de serviços de saúde e educação, e de
oportunidades de participação em suas comunidades (WHO, 2013).
O TEA atualmente se enquadra nos transtornos do neurodesenvolvimento, que
se referem a um grupo de condições que se iniciam precocemente, geralmente antes da
entrada na escola, caracterizadas por deficiências no desenvolvimento que comprometem o
funcionamento pessoal, social, acadêmico ou profissional, que vão desde problemas específicos
de aprendizagem até prejuízos globais no desenvolvimento social ou nas habilidades cognitivas
(APA, 2014).
Além destes aspectos, o processamento sensorial atípico é um dos critérios
considerados pelo DSM-V, sendo descrito como alterações na reatividade sensorial de forma
a haver hiporresponsividade ou hiperresponsividade a estímulos sensoriais, manifestadas por
respostas exacerbadas a sons e texturas, busca por estímulos táteis ou olfativos, ou por luzes e
objetos giratórios, aparente indiferença à dor e a variações de temperatura, comportamentos
rígidos e ritualizados, restrições alimentares, dentre outros (APA, 2014).
Uma parcela das pessoas autistas identifica os desafios sensoriais como o cerne da
condição autista (Chamak et al., 2008), e os estudos mostram as importantes implicações
clínicas e sociais das alterações do processamento sensorial em pessoas com este diagnóstico
(Marco et al., 2011; Neufeld et al., 2021; Suarez, 2012; ye et al., 2018).
Quando se considera um processamento sensorial atípico, observa-se que isto pode
contribuir para a falta de participação da criança em atividades na comunidade (Hochhauser;
Engel-Yeger, 2010; Roley et al., 2007), e limita a família nas atividades de trabalho, familiares
e de lazer, tais como a necessidade de realizar funções domésticas com ruídos somente
quando a criança não está em casa, ir embora de eventos festivos antes do esperado devido
à dificuldade da criança com a autorregulação, estabelecimento de rotinas mais estruturadas
para melhor organização da criança, dificuldade em frequentar espaços multissensoriais devido
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 1, e0240005, 2024. 3-24
Processamento sensorial e engajamento de crianças autistas nas rotinas infantis Artigos
aos comportamentos disruptivos que podem acontecer, dentre outras atividades (Shaaf et al.,
2011).
Destaca-se aqui a teoria sobre o engajamento, o qual se refere à “quantidade de tempo
que as crianças passam interagindo com seu ambiente da forma mais sofisticada possível”, e
isto “define a sua participação bem-sucedida na vida diária” (McWilliam; Youngreen, 2019,
p. 11, tradução nossa). A funcionalidade da criança está relacionada ao seu engajamento,
incluindo os seus relacionamentos sociais e a sua independência nas rotinas diárias e em
suas atividades. Isso é diferente das habilidades referentes aos domínios do desenvolvimento
separados por outros autores, tais como coordenação motora fina e grossa, equilíbrio ou a
comunicação, pois todos estes domínios estão inseridos dentro de um domínio maior que é
o engajamento (McWilliam; Youngreen, 2019).
Observa-se então que o engajamento foi organizado por níveis que formam um
continuum de tipos de comportamento, indo do não engajamento, ao engajamento não
sofisticado (esperados para bebês e crianças com comprometimentos do desenvolvimento),
e por fim o engajamento sofisticado (comportamentos mais elaborados e com maior tempo
de interação com os pares, adultos e objetos). Promover a melhora do engajamento pode
gerar resultados positivos nos comportamentos das crianças, nas habilidades de pensamento e
raciocínio, e nos relacionamentos com seus pares. Os diferentes níveis de competência são um
destaque da teoria do engajamento, pois anteriormente, o engajamento era considerado uma
variável dicotômica – engajado ou não engajado (McWilliam; Youngreen, 2019).
Quando uma alteração na habilidade de processar informações está presente,
pode haver um comprometimento no engajamento em ocupações (Kane, 2013). Pesquisas
mostram que grande parte das pessoas com diagnóstico de TEA apresentam alterações no
processamento das informações sensoriais (Maclennan; Roach; Tavassoli, 2020; Neufeld
et al., 2021; Reda et al., 2021; Tavassoli et al., 2016), alterações estas que podem trazer
implicações para a participação nas atividades em diferentes contextos (Gentil-Gutierrez et
al., 2021; Lin, 2020; Schaaf et al., 2015). Entretanto, estudos anteriores não analisaram
a relação entre o processamento sensorial e o engajamento de crianças autistas através dos
instrumentos SPM-P e CEQ.
Partindo da hipótese de que crianças com o diagnóstico de TEA podem apresentar
disfunções no processamento sensorial e, com isso, ter dificuldade em realizar atividades das
rotinas pertinentes à sua faixa etária (Hazen et al., 2014; Posar; Visconti, 2018; Schaaf et al.,
2011; Suarez, 2012), o objetivo central deste estudo correspondeu a investigar a relação entre
o processamento sensorial e o engajamento de crianças autistas nas rotinas infantis.
4-24 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 1, e0240005, 2024.
ELIAS, Carina Sousa; LEÃO, Anderson Henrique França Figueredo; DELLA BARBA, Patrícia Carla de Souza
materiais e mÉtodo
ParticiPantes
A amostra final incluiu 56 famílias de crianças de 2 a 5 anos, sendo 26 com
crianças com desenvolvimento típico (DT) e 30 com crianças autistas. O recrutamento dos
cuidadores que responderam à pesquisa foi realizado em ambiente virtual através das redes
sociais do Facebook, Instagram e WhatsApp, em âmbito nacional brasileiro, através de busca
ativa de possíveis participantes com o uso de palavras-chaves na busca disponibilizada pelos
dois primeiros aplicativos, e também pelas próprias sugestões dos aplicativos de pessoas que
estivessem dentro do tema buscado. Pelo WhatsApp ocorreu por meio de indicação de outras
pessoas, através da técnica de amostragem não probabilística Bola de Neve.
Para inclusão no estudo, a criança deveria ter entre 2 e 5 anos, desenvolvimento
típico, ou diagnóstico de TEA sem outras condições. Não foi exigido laudo da criança aos
familiares respondentes da pesquisa. Os familiares responderam o perfil sociodemográfico e
dois instrumentos de avaliação do desenvolvimento infantil, através de formulário do Google
Forms.
O CEQ (Children`s Engagement Questionnaire) é composto por 32 itens, com uma
classificação baseada em uma escala de 4 pontos, sendo: 1 (“Nada típico”), 2 (“Um pouco
típico”), 3 (“Típico”) ou 4 (“Muito típico”). Tem como objetivo identificar como a criança
passa habitualmente o seu tempo em diversas atividades, e como é o seu engajamento com
os pares, os adultos e os objetos (McWilliam; Casey, 2008; Pinto, 2013). Este instrumento
é disponibilizado pelo autor para uso livre, e foi traduzido para o português de Portugal por
Pinto (2013).
O SPM-P Home Form (Sensory Profile Measure-Preschool-Home Form) contém
75 itens e mensura o processamento sensorial em 8 dimensões: visão, audição, tato,
paladar e olfato, equilíbrio e movimento (sistema vestibular), consciência corporal (sistema
proprioceptivo), planejamento motor e ideias (práxis), e participação social. Cada item é
classificado considerando a frequência do comportamento em uma escala do tipo Likert de
4 pontos, sendo “Nunca - 1”, “Ocasionalmente - 2”, “Frequentemente - 3” e “Sempre - 4”
(Ecker; Parham, 2010). Este instrumento foi comprado por meio da Editora WPS, a qual
disponibilizou-o em formato PDF, traduzido para o português de Portugal por Gomes et al.
(2016), e formatado no Google Forms com acesso por senha fornecida ao participante.
Desta forma, os respondentes acessavam a pesquisa através de um link que direcionava
para o formulário, juntamente com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido aprovado
previamente pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de São Carlos. Os itens de ambos
os instrumentos foram colocados na íntegra, adicionando-se algumas palavras entre parênteses
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 1, e0240005, 2024. 5-24
Processamento sensorial e engajamento de crianças autistas nas rotinas infantis Artigos
indicando palavras no português brasileiro (por exemplo, “casa de banho” foi identificado
como “banheiro”), aproximando os termos para a realidade brasileira.
análise estatística
Os participantes de pesquisa com DT fizeram parte do grupo controle, com a
finalidade de comparação das variáveis estudadas entre crianças com e sem comprometimento
do desenvolvimento infantil. Ressalta-se que os resultados encontrados corresponderam
à percepção dos cuidadores acerca dos comportamentos observados por eles sobre as suas
crianças.
Os resultados aqui apresentados foram descritos em termos de medidas de frequência
(n total e porcentagem), tendência central (média e mediana) e dispersão (espaço interquartil
r desvio padrão). Para os testes de hipótese, a fim de determinar diferenças entre a média
de grupos utilizou-se testes para estatísticas paramétricas, como o Teste-t de Student para
amostras independentes ou a Análise de Variância (ANOVA) seguidas pelo teste post hoc de
Bonferroni quando conveniente. Ainda, para determinar em que medida as características
demográficas (idade, tipo de escola e diagnóstico para TEA) e as dimensões de processamento
sensorial e outras do SPM-P (participação social, visão, audição, tato, paladar e olfato,
consciência corporal, equilíbrio e movimento, planejamento motor e ideias, e t-escore total),
predizem os escores de engajamento não-sofisticado e sofisticado, empregou-se a correlação
bivariada de Pearson e a regressão multivariada.
As características demográficas e escores para as dimensões do SPM-P foram tratadas
como variáveis independentes, enquanto que o engajamento não-sofisticado e sofisticado
foram tradados como variáveis dependentes em todas as análises.
As análises estatísticas foram conduzidas pelo segundo autor através do software
IBM-SPSS Statistics Versão 22 para Windows (IBM Inc., Armonk, Nova York, EUA),
enquanto que as imagens foram produzidas usando o Prism GraphPad Versão 8.0.0 para
Windows (GraphPad Software, San Diego, California, USA) e Adobe Illustrator CS6 para
Windows (Adobe Inc., San José, Califórnia, EUA).
resultados
características sociodemográficas
As características sociodemográficas dos respondentes e das crianças são mostradas
nas Tabelas 1 e 2, através de estatística descritiva:
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Tabela 1 – Perfil Sociodemográfico dos Cuidadores
Variável n (%)
Respondente
Raça Branco
Pardo
Negro
Amarelo
40 (71%)
14 (25%)
1 (1.8%)
1 (1.8%)
Gênero Masculino
Feminino
2 (3.6%)
54 (96.4%)
Idade 36 (±6.7)
Região Centro-oeste
Nordeste
Norte
Sudeste
Sul
4 (7.1%)
6 (10.7%)
2 (3.6%)
43 (76.8%)
1 (1.8%)
Renda Familiar Sem renda
Máx. ½ salário mínimo
Máx. 1 salário mínimo
Máx. 3x salário mínimo
Acima de 3x salário mínimo
3 (5.4%)
2 (3.6%)
5 (8.9%)
17 (30.4%)
29 (51.8%)
Variável n (%)
Respondente
Estado Civil Solteiro
União Estável
Casado
Divorciado
7 (12.5%)
9 (16.1%)
33 (58.9%)
7 (12.5%)
Educação Ensino Fundamental
Ensino Médio
Superior
Pós-Graduação
1 (1.8%)
9 (16.1%)
18 (32.1%)
28 (50%)
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Processamento sensorial e engajamento de crianças autistas nas rotinas infantis Artigos
Ocupação Estudante
Desempregado
Funcionário Público
Funcionário Privado
Trabalhador Rural
Autônomo
Empresário
Trabalho não-remunerado
4 (7.1%)
3 (5.4%)
19 (33.9%)
11 (19.6%)
1 (1.8%)
6 (10.7%)
1 (1.8%)
11 (19.6%)
Relação com
a criança
Mãe
Pai
Outro
46 (82.1%)
2 (3.6%)
8 (14.3%)
Fonte: Elaboração dos autores
Tabela 2 – Perfil Sociodemográfico das Crianças
Criança 3.2 (±1.1)
Idade 2 anos
3 anos
4 anos
5 anos
18 (32.1%)
15 (26.8%)
15 (26.8%)
8 (14.3%)
Diagnóstico Desenvolvimento Típico
TEA
26 (46.4%)
30 (53.6%)
Escola Sem escola
Pública
Privada
13 (23.2%)
18 (32.1%)
25 (44.6%)
Idade é representada como média ± desvio padrão (DP)
Fonte: Elaboração dos autores
Processamento sensorial
Os gráficos a seguir (Fig. 1) ilustram os padrões de processamento sensorial de
cada domínio do questionário SPM-P Home Form, independente do gênero e idade da
criança, sendo que a classificação de acordo com os escores normativos corresponde a:
Desempenho Típico, Disfunção Leve a Moderada, e Disfunção Definitiva. Preliminarmente,
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a fim de confirmar os comprometimentos no processamento sensorial de crianças em idade
pré-escolar, construiu-se um gráfico de setores com a distribuição percentual no nível de
comprometimento de acordo com a classificação citada acima, para cada dimensão sensorial,
e também a classificação final do instrumento para crianças com DT e com diagnóstico de
TEA (último item do gráfico).
De modo geral, observou-se que crianças autistas apresentaram maior
comprometimento do processamento sensorial em todas as áreas em relação às crianças com
DT, exceto na Participação Social. Considerando-se que a coleta desta pesquisa foi conduzida
durante a pandemia de Covid-19, as medidas de restrição social parecem ter influenciado a
percepção dos cuidadores sobre crianças com DT para a Participação Social, gerando uma
tendência a pontuações negativas neste grupo.
Desta maneira, 73.08% das crianças com DT pontuaram em intervalos compatíveis
com Disfunção Definitiva nesta área de Participação Social, enquanto que apenas 33.33%
das crianças autistas foram classificadas neste intervalo. Ainda assim, a distribuição do
comprometimento sensorial em crianças autistas no que diz respeito à Participação Social foi
compatível com as demais áreas do processamento sensorial, sugerindo que a tendência para
percepções negativas dos cuidadores em relação a este item aconteceu apenas no grupo DT.
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 1, e0240005, 2024. 9-24
Processamento sensorial e engajamento de crianças autistas nas rotinas infantis Artigos
Figura 1 – Gráfico de setores para o percentual de comprometimento das dimensões
de processamento sensorial (SPM-P Versão Casa) em crianças autistas e com DT
Fonte: Elaboração dos autores
engajamento nas rotinas infantis
Da mesma forma, a fim de confirmar o comprometimento no engajamento
de crianças em idade pré-escolar, construiu-se um diagrama de caixas com a distribuição
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em quartis dos escores para “engajamento sofisticado” e “engajamento não sofisticado” do
instrumento CEQ em crianças com DT e com diagnóstico de TEA (Fig. 2).
Destaca-se que os cuidadores de crianças autistas identificaram índices menores
tanto de engajamento não sofisticado (mediana; TEA = 2.38 versus DT = 3.05) quanto de
engajamento sofisticado (mediana; TEA = 2.28 versus DT = 3.37), comparadas ao grupo com
DT [t (54) = 5.259, p < 0.001; teste-t independente de Student].
Figura 2 – Diagrama de Caixas para o CEQ: Engajamento Não-Sofisticado (A)
e Engajamento Sofisticado (B) em crianças autistas e DT. Diagrama representado
como mediana ± intervalos interquartis e escores individuais de cada caso.
*** p < 0.001; teste-t independente bicaudal de Student.
Fonte: Elaboração dos autores
correlaçÃo entre as variáveis engajamento e Processamento sensorial em crianças
autistas e com desenvolvimento tíPico
A fim de explorar o relacionamento entre as medidas para o engajamento sofisticado
e não sofisticado (CEQ) e as medidas para os sistemas sensoriais (SPM-P), construiu-se um
correlograma (correlação bivariada de Pearson) entre os escores obtidos para as dimensões de
ambos os questionários (Fig. 3). Neste caso, quanto mais próximo o coeficiente estiver de +1
ou -1 mais intensa é a sua cor, o que significa correlações mais fortes (Miot, 2018). Assim,
quanto mais a cor estiver intensa (azul-positivo, ou vermelho-negativo), mais forte é a sua
correlação com a variável analisada.
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 1, e0240005, 2024. 11-24
Processamento sensorial e engajamento de crianças autistas nas rotinas infantis Artigos
Figura 3 – Correlograma para as dimensões do CEQ e
SPM. Coeficiente de Correlação de Pearson
(r de Pearson) com apenas correlações significativas representadas (p < 0.05).
Fonte: Elaboração dos autores
Observou-se um alto grau de concordância interna para as medidas de processamento
sensorial, que se correlacionam positivamente entre si (azul), com exceção da Participação
Social. Do mesmo modo, houve um alto grau de concordância entre o engajamento
sofisticado e o não-sofisticado, também apresentando uma correlação positiva. Isto é, os itens
dos instrumentos medem as variáveis com consistência interna, suportadas por pontuações
confiáveis.
Entre os questionários, nota-se que tanto o engajamento sofisticado quanto o
engajamento não-sofisticado correlacionaram negativamente (vermelho) com as dimensões
internas e com o t-escore final do processamento sensorial, exceto a Participação Social.
Isto significa que houve uma correlação inversamente proporcional (negativa), em que
quanto maior o escore do processamento sensorial (ou seja, processamento sensorial mais
comprometido), menor o escore do engajamento (baixo nível de engajamento). Estes
resultados confirmam os relatórios descritivos apresentados anteriormente e indicam que um
maior comprometimento do processamento sensorial está associado a um pior desempenho
no engajamento de crianças autistas e com DT.
12-24 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 1, e0240005, 2024.
ELIAS, Carina Sousa; LEÃO, Anderson Henrique França Figueredo; DELLA BARBA, Patrícia Carla de Souza
Em vista destes resultados, construiu-se também um gráfico de dispersão do
engajamento não sofisticado e sofisticado pelo t-escore final obtido pela medida do
processamento sensorial, discriminando crianças autistas e com DT, como mostrado na Fig.
4 abaixo:
Figura 4 – Gráfico de Dispersão com ajuste de uma regressão linear para o
Engajamento Não- Sofisticado (A) e Sofisticado (B) em relação ao t-escore final
para a medida de processamento sensorial em crianças autistas e com DT.
Fonte: Elaboração dos autores
O ajuste da regressão linear simples para o engajamento não sofisticado com t-escore
final do SPM-P como variável independente, retornou uma reta estaticamente significativa (p
< 0.001) definida como [engajamento não sofisticado] = [t-escore] * -0,026 + 4.48 (Fig. 4A),
enquanto que o mesmo ajuste para o engajamento sofisticado retornou a reta [engajamento
sofisticado] = [t-escore] *-0,045 + 5.59 também estaticamente significativa (p < 0.001) (Fig. 4B).
Isto é, para um incremento equivalente a 1 no t-escore, há uma diminuição equivalente a 0.026
e 0.045 nos escores de engajamento não-sofisticado e engajamento sofisticado, respectivamente.
Portanto, a relação entre o t-escore que define o comprometimento do processamento
sensorial é inversamente proporcional ao engajamento sofisticado e não sofisticado de crianças
autistas e com DT.
engajamento infantil em relaçÃo às variáveis sociodemográficas
Anteriormente, verificou-se que crianças em idade pré-escolar de 2 a 5 anos com
diagnóstico de TEA apresentaram menor engajamento sofisticado e não sofisticado no CEQ
comparadas com crianças DT (Fig. 2A.B). Buscando decompor as influências das variáveis
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 1, e0240005, 2024. 13-24
Processamento sensorial e engajamento de crianças autistas nas rotinas infantis Artigos
demográficas da criança sobre o engajamento, foi construído um diagrama de caixas com a
distribuição em quartis dos escores para engajamento sofisticado e não sofisticado em crianças
autistas e com DT pelo tipo de escola e pela idade das crianças (Fig. 5).
Para explorar a possibilidade do tipo de escola e diagnóstico clínico estarem
interagindo sobre os escores de engajamento, aplicou-se uma ANOVA de duas vias para o
engajamento não sofisticado e sofisticado, com tipo de escola e diagnóstico clínico como
fatores independentes. A ANOVA de duas vias revelou efeito significativo apenas para o
diagnóstico [F (1,50) = 23.789; p < 0.001], mas não para o tipo de escola [F (1,50) = 1.900;
p = 0.160] nem para interação entre os fatores diagnóstico e tipo de escola [F (1,50) = 0.283;
p = 0.755], sobre os escores de engajamento não sofisticado (Fig. 5A).
Um padrão de efeitos semelhantes foi observado para o engajamento sofisticado
com efeitos significativos para o diagnóstico [F (1,50) = 51.224; p < 0.001] e para o tipo de
escola [F (1,50) = 4.148; p = 0.022], mas não para a interação entre os fatores diagnóstico e
tipo de escola [F (1,50) = 1.497; p = 0.234] (Fig. 5B).
Figura 5 – Diagrama de Caixas para os escores de Engajamento Não-
Sofisticado e Sofisticado (CEQ) pelo tipo de escola (A e B) e idade (C e
D) em crianças autistas e DT. Diagrama representado como mediana ±
intervalos interquartis e escores individuais de cada caso. * p < 0.05,
** p < 0.01, e ***p < 0.001; ANOVA de duas vias seguida pelo test post hoc de Bonferroni.
Fonte: Elaboração dos autores
14-24 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 1, e0240005, 2024.
ELIAS, Carina Sousa; LEÃO, Anderson Henrique França Figueredo; DELLA BARBA, Patrícia Carla de Souza
De modo geral, observa-se que crianças com diagnóstico para TEA apresentam
menor engajamento não sofisticado e sofisticado (Fig. 5A.B). No entanto, crianças que
frequentavam escola pública ou particular apresentaram maior engajamento comparadas às
que não frequentavam escola, especialmente para os escores de engajamento sofisticado (Fig.
5B).
Tendo isso em consideração, é possível que a diferença observada para o tipo de
escola sobre o engajamento sofisticado e não sofisticado seja um subproduto da idade, já que
o grupo de crianças que não frequentava escola em sua maioria era composto por crianças
com idade de 2 anos, quando ainda não há a obrigatoriedade para a matrícula escolar.
Portanto, a fim de explorar a possibilidade da idade e diagnóstico clínico estarem
interagindo sobre os escores de engajamento, aplicou-se também uma ANOVA de duas
vias para o engajamento não-sofisticado e sofisticado, com a idade da criança e diagnóstico
clínico como fatores independentes. A ANOVA de duas vias revelou efeito significativo para
o diagnóstico [F (1,48) = 26.782; p < 0.001] e para a idade [F (1,48) = 5.057; p = 0.004],
mas não para a interação entre os fatores diagnóstico e idade [F (1,48) = 90.452; p = 0.716],
sobre os escores de engajamento não-sofisticado (Fig. 5C). O mesmo padrão de efeitos foi
observado para o engajamento sofisticado com efeitos significativos para o diagnóstico [F
(1,48) = 59.817; p < 0.001] e para a idade [F (1,48) = 10.364; p < 0.001], mas não para
a interação entre os fatores diagnóstico e idade [F (1,48) = 0.140; p = 0.935] (Fig. 5D).
Observou-se, portanto, que crianças autistas pontuaram menos nos escores de engajamento
sofisticado e não-sofisticado, porém o engajamento destas crianças aumenta à medida que
aumenta a idade independente do diagnóstico para TEA ou DT (Fig. 5C.D).
Processamento sensorial como Preditor do engajamento infantil
A partir do modelo de regressão multivariada, foi analisado como o processamento
sensorial poderia contribuir para a predição do engajamento, acrescentando no método passo
a passo, o diagnóstico para TEA, idade (dicotomizada em 2-3 anos e 4-5 anos), e os escores
para as medidas de Visão, Audição, Toque, Consciência Corporal, Equilíbrio e Movimento,
e Planejamento Motor e Ideias. Na entrada de variáveis passo a passo, utiliza-se um método
computadorizado para adicionar e remover as variáveis com maior contribuição para o modelo
construído, retendo apenas as variáveis estatisticamente significativas.
Os escores para Participação Social foram excluídos desta análise, em razão do
comportamento fora do esperado observado em crianças com DT (Fig. 1), e também as
dimensões de paladar e olfato por não produzirem t-escore normalizado como as outras
dimensões.
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 1, e0240005, 2024. 15-24
Processamento sensorial e engajamento de crianças autistas nas rotinas infantis Artigos
A inclusão dos escores para as medidas de processamento sensorial retornou o
modelo apresentado na Tabela 3. Observamos então que o novo passo do modelo (passo 3)
incluiu apenas o escore para Planejamento Motor e Ideias, e que este resultou em um ganho
de 6.3% na variância explicada pelo modelo sobre o engajamento sofisticado. O nível de
significância (p < 0.001) e coeficientes padronizados (β) para o Planejamento Motor e Ideias
sugerem que esta dimensão de processamento sensorial é particularmente importante para a
predição dos escores de engajamento sofisticado, de modo que o incremento em uma unidade
do escore t para o Planejamento Motor e Ideias representa uma perda em -0,0.26 pontos de
escore no engajamento sofisticado. Assim, quanto maior o comprometimento da dimensão
de Planejamento Motor e Ideias, pior é o desempenho no engajamento sofisticado.
Tabela 3 – Influência do Processamento Sensorial no Engajamento Sofisticado
Variável dependente
Engajamento Sofisticado (CEQ)
Coeficientes
não padronizados
Coeficientes
padronizados
B Erro Padrão de B
β
Passo 1
Intercepto 3.266 0.105
Transtorno do Espectro Autista -1.067 0.144 -0.710***
Passo 2
Intercepto 2.957 0.107
Transtorno do Espectro Autista -0.965 0.121 -0.642 ***
Idade de 4 e 5 anos 0.617 0.123 0.405 ***
Passo 3
Intercepto 4.297 0.398
Transtorno do Espectro Autista -0.429 0.190 -0.285*
Idade de 4 e 5 anos 0.468 0.120 0.307***
Planejamento motor e ideias -0.026 0.007 -0.460**
R² = 0.664 para passo 2; ∆R² = 0.063 do passo 2 para o passo 3 (*p < 0.05, ** p< 0.01, *** p < 0.001)
Fonte: Elaboração dos autores
Tomados de modo geral, os resultados obtidos indicam que a idade e diagnóstico de
TEA são fatores determinantes para o grau de engajamento não sofisticado e sofisticado de
crianças com idade pré-escolar entre 2 e 5 anos.
Quanto ao comprometimento das modalidades de processamento sensorial,
observou-se que a dimensão do Planejamento Motor e Ideias revelou-se como um bom
preditor para o engajamento sofisticado de crianças em idade escolar.
16-24 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 1, e0240005, 2024.
ELIAS, Carina Sousa; LEÃO, Anderson Henrique França Figueredo; DELLA BARBA, Patrícia Carla de Souza
discussÃo
O estudo teve como propósito investigar a relação entre o processamento sensorial e
o engajamento em rotinas de 30 crianças autistas e 26 crianças com desenvolvimento típico.
Os resultados da aplicação dos questionários Sensory Processing Measure - Pre-School (SPM-P) e
Children´s Engagement Questionnaire (CEQ), na perspectiva dos cuidadores, permitiram além
de correlacionar as variáveis, analisar o impacto da idade, da escolarização, do diagnóstico e
da dimensão do Planejamento Motor e Ideias sobre o engajamento das crianças.
Questionou-se nesta pesquisa se o comprometimento no processamento das
sensações poderia impactar no nível de engajamento de crianças autistas nas rotinas diárias,
quais seriam os sistemas sensoriais com maior influência sobre o engajamento, e se a idade
associada à condição autista poderia influenciar o nível de engajamento nas rotinas. Ressalta-
se aqui que o instrumento SPM-P caracteriza-se apenas como um questionário para rastrear
possíveis dificuldades no processamento de sensações, lançando pontuações que podem
gerar indícios de alterações (Miller Kuhaneck et al., 2010), sem denotar um diagnóstico
estabelecido de Disfunção da Integração Sensorial.
Observou-se neste estudo que crianças autistas apresentaram maior comprometimento
do processamento sensorial em quase todas as áreas do que crianças com desenvolvimento
típico, o que também pode ser observado em outros estudos comparativos entre os dois
grupos (Ashburner; Ziviani; Rodger, 2008; Gutiérrez; Chang; Blanche, 2016; Little et al.,
2018; Oliveira, 2019; Pérez-Fonseca et al., 2019; Sanz Cervera et al., 2014).
Neste caso, os três sistemas sensoriais mais comprometidos no grupo TEA referem-
se aos sistemas vestibular, visual e tátil. De acordo com o que o instrumento SPM-P se
propõe a avaliar, crianças com alterações no processamento vestibular podem apresentar
comportamentos relacionados a dificuldades nos ajustes posturais, nos movimentos corporais
voltados para as atividades diárias, e para manter o equilíbrio e a estabilidade emocional
(Ecker; Parham, 2010).
Quanto ao processamento visual, este instrumento identifica possíveis alterações
por meio de dificuldades relacionadas ao controle ocular, no sentido de estabilizar o campo
visual durante os movimentos corporais, na percepção visual das características de pessoas
e objetos, além de comportamentos distrativos em ambientes com muitas estímulos visuais
(Ecker; Parham, 2010).
Crianças com alterações no processamento sensorial tátil podem apresentar reações
negativas a uma ampla gama de estímulos táteis, como sabores de alimentos, texturas de
roupas, desconforto com a afetividade promovida por outras pessoas por meio do toque, e
dificuldade em perceber o próprio corpo (Ecker; Parham, 2010).
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 1, e0240005, 2024. 17-24
Processamento sensorial e engajamento de crianças autistas nas rotinas infantis Artigos
Além das possibilidades de alterações do processamento sensorial descritas, neste
estudo o domínio do Planejamento Motor e Ideias também se mostrou muito mais afetado
nas crianças autistas do que nas crianças com desenvolvimento típico, com 66,67% de crianças
autistas com Disfunção Definitiva neste domínio, e 15,38% de crianças DT com Disfunção
Leve a Moderada (com 0% de crianças DT com Disfunção Definitiva).
Estudos mostram que crianças autistas podem apresentar prejuízos no planejamento
motor (Larson et al., 2008; Macneil; Mostofsky, 2012; Serrada-Tejeda et al., 2021), os
quais estão relacionados a comprometimentos nas habilidades sociais, de comunicação e
comportamentais que definem o transtorno do espectro autista (Abelenda; Mailloux; Roley,
2015; Dowell; Mahone; Mostofsky, 2015; Dziuk et al., 2007).
O planejamento motor se constitui como a função mais complexa do desenvolvimento
humano (Fonseca, 2012), pois depende de uma integração sensorial considerável no tronco
cerebral e nos hemisférios cerebrais, e requer atenção consciente, sendo então o elo de
ligação entre os aspectos sensório-motores e cognitivos no funcionamento cerebral. Um
planejamento motor bem organizado permite que a criança domine mais rapidamente uma
nova aprendizagem e consiga, por exemplo, conversar e pular amarelinha ao mesmo tempo
(Ayres, 1998).
Em consonância com o instrumento SPM-P, crianças com dificuldades de
Planejamento Motor e Ideias podem apresentar dificuldades na articulação entre habilidades
motoras e a cognição, resultando em problemas na aprendizagem de novas atividades, na
coordenação motora voltada para atividades escolares e para o autocuidado, e na participação
em novos desafios (Ecker; Parham, 2010).
Remetendo-se aos achados desta pesquisa no grupo DT, os três sistemas com maiores
diferenças na funcionalidade sensorial foram a visão, a consciência corporal (propriocepção),
e o equilíbrio e movimento (sistema vestibular), com a classificação de Disfunção Leve a
Moderada e porcentagem de 26,92% para cada sistema.
De acordo com o instrumento SPM-P, crianças com alterações proprioceptivas
podem ter dificuldade em perceber as mãos e o próprio corpo no espaço, nos movimentos
para segurar objetos adequadamente, e na consciência corporal durante as interações com
outras pessoas (Ecker; Parham, 2010).
Além das questões relacionadas às possibilidades de alterações sensoriais nos
participantes do estudo, as medidas de restrição social parecem ter gerado uma percepção
negativa dos cuidadores de crianças com DT no que diz respeito ao domínio da Participação
Social avaliado no SPM-P, em que 73,08% pontuaram na classificação de Disfunção
Definitiva, e apenas 33,33% das crianças autistas pontuaram nesta faixa. Hipotetizou-se
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ELIAS, Carina Sousa; LEÃO, Anderson Henrique França Figueredo; DELLA BARBA, Patrícia Carla de Souza
então que a coleta de dados realizada no momento de distanciamento social em decorrência
da pandemia de Covid-19 pode ter influenciado nesta percepção dos cuidadores.
A pandemia trouxe como um de seus impactos para o desenvolvimento infantil o
isolamento social, o qual limitou as relações da criança somente com seu núcleo familiar após
o fechamento das escolas, dos espaços de lazer e de outros locais de convívio (Fiocruz, 2020;
Jiao et al., 2020; Paiva et al., 2020; Santos; Silva, 2021) e, consequentemente, a importante
questão das rupturas sociais (Lewnard; Lo, 2020).
Neste cenário onde foi possível observar uma diferença considerável entre o
processamento das informações sensoriais entre crianças autistas e crianças DT, e na
participação social diminuída de crianças DT, segue-se agora para os aspectos do engajamento
dos participantes da pesquisa nas rotinas infantis. Destaca-se que apesar de o instrumento
CEQ possibilitar o cálculo das médias do engajamento sofisticado e não sofisticado de cada
participante, não é gerada uma classificação geral da criança avaliada, e sim valores que
indicam que quanto mais elevados estiverem, mais engajada a criança estará.
Foram identificados menores índices de engajamento no grupo TEA do que no grupo
DT nesta pesquisa. Para McWilliam and Casey (2008), espera-se que a criança desenvolva
níveis de engajamento cada vez mais sofisticados na medida em que a idade aumenta, com
comportamentos mais complexos relacionados às habilidades de simbolização, de solução
de problemas, e de construção de novas ideias e ações. O engajamento afeta a aprendizagem
infantil, trazendo ganhos quanto aos aspectos cognitivo, social e de comportamento
(Mcwilliam; Casey, 2008), e crianças com transtornos do desenvolvimento tendem a passar
menos tempo engajadas com adultos, com outras crianças e com objetos (Mcwilliam; Bailey,
1995).
Crianças com dificuldade em manter a atenção sustentada podem ter um impacto
na aquisição de novas habilidades e conhecimentos (Betts et al., 2006). Dificuldades no uso
do contato visual e de gestos para direcionar a atenção de outra pessoa para objetos e para si
mesma, para compartilhar experiências com o outro, são alguns dos preditores do autismo
(Charman, 2003; Jones, 2009).
No estudo de Dahlgren e Gillberg (1989) sobre sintomas em crianças autistas de
até 2 anos de idade, observou-se a presença de comportamentos predominantemente de
isolamento social, baixo repertório lúdico, pouca atenção para as atividades, falta de sorriso
social e olhar vazio.
A aprendizagem só é possível através do envolvimento, e as crianças com condições
de atraso no desenvolvimento podem ter dificuldade em se envolver em atividades por conta
própria. Tais questões, como as necessidades de saúde física, sensorial, cognitiva e emocional,
nas interações sociais e na comunicação, geram uma demanda para a construção de estratégias
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 1, e0240005, 2024. 19-24
Processamento sensorial e engajamento de crianças autistas nas rotinas infantis Artigos
específicas que visem aumentar o engajamento nas atividades em sala de aula e na comunidade
(Carpenter et al., 2015).
Dessa forma, investir em estratégias para aumentar o engajamento das crianças
pode auxiliá-las a se desenvolver em diversas áreas, incluindo a melhoria do comportamento
em sala de aula por meio do aumento das interações com pessoas e objetos, e redução de
comportamentos agressivos ou passivos diante das demandas ambientais (Mcwiliam; Bailey,
1995).
imPlicações e direções futuras
Considerando que este estudo fez um recorte com crianças pré-escolares, propõe-se
estudos futuros incluindo instrumentos que possam abarcar várias faixas etárias, no sentido
de aumentar a compreensão sobre as necessidades das pessoas autistas, a partir da análise dos
impactos das variáveis relacionadas ao processamento sensorial e ao engajamento nas rotinas.
limitões
A coleta de dados realizada durante a pandemia de Covid-19 parece ter interferido
na percepção dos cuidadores, devido às medidas de restrição social que modificaram os
contextos infantis, em especial quanto às interações sociais.
Além disso, devido ao fato de o SPM-P não ser uma avaliação aprofundada, não
é possível fazer o diagnóstico de Disfunção de Integração Sensorial, mas apenas sugestões
de comprometimentos sensoriais que podem impactar no engajamento de crianças em suas
rotinas.
Outra limitação é que apesar das Disfunções de Integração Sensorial se constituírem
como importante causa para prejuízos no engajamento, outras variáveis podem influenciar
neste aspecto, tais como fatores da dinâmica familiar, os vínculos estabelecidos nas relações
sociais, os estímulos oferecidos pelo ambiente, e o desenvolvimento cognitivo, motor e
emocional da própria criança. Isto é, crianças autistas com ótimas condições de estímulo ao
desenvolvimento, ainda que tenham comprometimento do processamento sensorial, podem
apresentar um melhor engajamento comparadas a crianças com DT que estejam em condições
prejudiciais e adversas ao seu desenvolvimento.
conclusões
Pode-se concluir com este estudo que o processamento sensorial apresentou correlações
importantes com o engajamento de crianças autistas e crianças com desenvolvimento típico
20-24 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 1, e0240005, 2024.
ELIAS, Carina Sousa; LEÃO, Anderson Henrique França Figueredo; DELLA BARBA, Patrícia Carla de Souza
nas rotinas da infância. Apontou-se como o engajamento nas rotinas infantis é estruturante
para o processo de aprendizagem da criança, promovendo a construção de habilidades cada vez
mais complexas. Os contextos naturais da criança são espaços essenciais para promover essas
aquisições, por meio do incentivo da família, da escola e das interações sociais promovidas na
vida da criança.
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