2-17 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 11, n. 1, e0240004, 2024.
SILVA, Jackeline Susann Souza da
INTRODUÇÃO
Este artigo tem como objetivo analisar a experiência de uma universitária com
deficiência física à luz da sua narrativa sobre (in)acessibilidade no Curso de Pedagogia. A
acessibilidade no sistema de ensino é um direito garantido no marco político e legal brasileiro.
O Decreto n° 5.296/2004 regulamenta as leis de acessibilidade, n° 10.048/2000 e n°.
10.098/2000, para a promoção da igualdade de oportunidade e de acessos sociais às pessoas
com deficiência e com mobilidade reduzida. Neste texto legal, a acessibilidade é definida
como:
[...] Condição para a utilização, com segurança e autonomia, total ou assistiva,
dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de
transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por
pessoa portadora de com deficiência ou mobilidade reduzida (Brasil, 2004, Art. 8).
No mencionado decreto, a definição de acessibilidade envolve diferentes elementos
da vida cotidiana e não apenas a estrutura física, como banheiro adaptado ou estacionamento
preferencial. Este termo destaca também sistemas de comunicação e informação, serviços
e tecnologias (Brasil, 2004). Além disso, o público beneficiário direto da acessibilidade são
“pessoas com deficiência” ou qualquer indivíduo, que a curto ou a médio prazo, tenha a
mobilidade reduzida. Neste sentido, todas as pessoas, em algum momento da vida, necessitam
de espaços construídos a partir de critérios de acessibilidade, como por exemplo, grávidas,
crianças, idosos, estrangeiros. A acessibilidade, desta forma, não é uma determinação restrita às
pessoas com deficiência, pois além de ser indispensável para esse grupo, fornece possibilidade
de acessos e qualidade de vida à sociedade em geral.
Portanto, um ambiente acessível é aquele que permite às pessoas, independentemente
de suas características físicas, cognitivas e linguísticas, o usufruto do lugar comum, dos recursos,
dos equipamentos tecnológicos, dos transportes públicos, das informações, da comunicação
e das interações humanas. Resumidamente, o conceito de acessibilidade se fundamenta
na “arquitetura acessível” (Oliveira, 2003, p. 06), mas também em aspectos subjetivos do
cotidiano, abrangendo o direito de trânsito, de liberdade e de uso de serviços, produtos e
tecnologias; o direito das pessoas de relacionarem e conviverem, de forma segura e autônoma
ou assistiva, acessando o que compõe geograficamente o lugar e as dinâmicas sociais.
Contudo, no senso comum, a acessibilidade é, muitas vezes, percebida como resultado
apenas da transformação física, isto é, da adequação arquitetônica do ambiente, para que, por
exemplo, pessoas usuárias de cadeira de rodas possam acessar o banheiro por meio de rampa.
Embora a dimensão arquitetônica seja primordial, o conceito de acessibilidade é amplo,
multifacetado e interdisciplinar (Silva, 2018). No caso da educação superior, este conceito
aplica-se tanto na arquitetura das instituições como nas dimensões da atitude comunitária,