Editorial
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 9, n. 1, p. 07-10, Jan.-Jun., 2022 7
EDITORIAL
O volume nove, número um da Revista Diálogos e Perspectivas em Educação
Especial (RDPEE) de 2022 é constituído por relatos de pesquisa, relatos de experiência e
revisão bibliográca, que abordam a Educação Inclusiva em diferentes temáticas e contextos
escolares e sociais.
Nesse número podemos encontrar estudos sobre experiências inclusivas, abordando a
formação docente e a reexão sobre a formação continuada de professores em meio a diversidade
escolar. Além de relatos de pesquisa sobre diferentes deciências e realidades escolares, nas
quais essas estão inseridas. Também, a importância do empoderamento e desenvolvimento
da autoadvocacia de pessoas com deciência, para a inserção no mercado de trabalho. Por
m, uma revisão bibliográca abordando o acesso e a permanência do aluno surdo no Ensino
Superior.
No relato de pesquisa Autoadvocacia de pessoas com deciência inseridas no mercado
de trabalhodas autoras Luana Fernandes de Jesus, Maewa Martina Gomes da Silva e Souza
e Simara Pereira da Mata foi abordada a importância da educação para o empoderamento
de pessoas com deciência. Com o objetivo de descrever o perl de pessoas com deciência
inseridas no mercado de trabalho foi possível inferir, por meio da pesquisa qualitativa de natureza
descritiva, na qual se fez uso da entrevista semiestruturada, que a inserção e participação ativa
de pessoas com deciência no mercado de trabalho é um fator positivo para o desenvolvimento
de habilidades de autoadvocacia.
No relato de pesquisa “O ensino da língua portuguesa: a realidade do estudante surdo
em Arapiraca – ALdo autor Anderson Francisco Vitorino e das autoras Maria Gabryelle da
Silva Santos e Rita de Cácia Santos Souza foi apresentado um estudo de caso, cujo objetivo
foi vericar a prática pedagógica em sala de aula que inclui alunos surdos. O estudo faz
apontamentos importantes sobre a inclusão de estudantes surdos e enfatiza a necessidade do
pertencimento linguístico no ensino desse grupo, bem como a sua inclusão na sociedade escolar.
https://doi.org/10.36311/2358-8845.2022.v9n1.p07-10
is is an open-access article distributed under the terms of the Creative Commons Attribution License.
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No relato de pesquisa “Estudantes com deciência física em Santa Catariana: perl e
acessibilidade, de autoria de Marcelo Dias e eresa Katarina Bezerra de Amorim, buscou-se
caraterizar o perl de estudantes com deciência física na rede regular e estadual de ensino
de Santa Catarina/BR e as suas condições de inclusão. Por meio de um estudo transversal e
documental analisou-se os dados do sistema de gestão educacional do estado. O estudo apontou
a necessidade dos estudantes com deciência física em relação a acessibilidade, pois apenas
51,7% das escolas possuía condições arquitetônicas para receber esse público. Nesse sentido,
evidenciou-se a distância entre o que é preconizado nas políticas de Educação Especial vigentes
e a realidade encontrada nas escolas.
No relato de pesquisa “Formação docente para lecionar aos alunos público-alvo da
Educação Especialdas autoras Albina Capeletti e Roberta Cajaseiras de Carvalho foi
abordada a Educação Inclusiva nos Institutos Federais (IF) brasileiros e por meio de um
estudo de caso, objetivou-se identicar a percepção dos docentes do IFSC, localizado na cidade
de Chapecó (SC), sobre as condições necessárias para lecionar aos alunos público-alvo da
Educação Especial. Foram participantes da pesquisa 21 docentes, que responderam a um
questinário online. Destacou-se que quase metade dos entrevistados não se sente seguro e
capaz de organizar atividades para alunos público-alvo da Educação Especial.
No relato de pesquisa “ Inclusão educacional: a avaliação psicoeducacional no contexto
escolar e as adaptações curriculares de pequeno portede autoria de Elis Regina Broday,
Gilmar Carvalho Cruz e Khaled Omar Mohamed El Tassa foi abordada a conguração da
inclusão educacional, com o objetivo de analisar como os professores da Educação Básica se
posicionam frente a alguns desaos da inclusão educacional, dentre essas, identicação e
avaliação psicoeducacional do aluno público-alvo da Educação Especial. Por meio do emprego
de um questionário composto por perguntas abertas e da Análise de Conteúdo foi possível
destacar que o professor do ensino regular, possuía práticas distantes da inclusão educacional
e desvinculadas do Atendimento Educacional Especializado (AEE), depositando no professor
especialista a responsabilidade da avaliação psicoeducacional, bem como o acompanhamento
dos alunos público-alvo da Educação Especial.
No relato de pesquisa “ Paradigmas históricos da inclusão e da educação de pessoas
com deciênciade Sirlene Caxias da Costa, Selma Mota do Carmo, Carlos Alberto Batista
Santos e Artur Gomes Dias Lima teve por objetivo apresentar a perspectiva de um grupo de
pessoas com deciência visual, acerca da realidade por estes vivenciada, na busca pelo direito
e garantia de uma educação com igualdade de condições e oportunidades. Em meio a reexão
sobre os paradigmas históricos da inclusão foi realizada a análise dos resultados, que apresentou
a evolução obtida acerca do direito de acesso a educação por esse grupo, mas ainda há que se
fazer para sobrepor as adversidades e fazer-se cumprir os direitos constitucionais.
No relato de experiência “ As diculdades enfrentadas na docência com educandos com
deciência, Transtornos Globais do Desenvolvimento e Altas Habilidade ou Superdotação: relato
de experiência no colégio ACM em Santa Inês/BAos autores Carlos André Santos Barreto,
Cátia Cilene Farago, Tainy Caldas dos Santos e Carlos Magno Augusto Sampaio abordaram
a experiência vivida por um cuidador educacional. Com o objetivo de descrever a experiência
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vivida no colégio, por meio da narrativa do cuidador, foi utilizado um diário de campo. Como
resultado dessa ação foi possível constatar o processo gradual que ocorre na instituição para
promover a inclusão, tanto de forma arquitetônica quanto pedagogicamente. Contudo, foi
possível constatar a diculdade dos professores em lidar com os educandos com deciência,
enfatizando a falta de formação continuada para a Educação Inclusiva.
No relato de pesquisa “Maternidade e religiosidade nas representações sociais da infância
por mães de crianças com deciênciade Fernando Antônio da Silva, Fátima Maria Leite
Cruz e Wilma Pastor de Andrade Sousa foi promovida a reexão sobre as atitudes e crenças
preconceituosas sobre a deciência na infância. Com o objetivo de identicar as representações
sociais da infância por mães de crianças com deciência,foi desenvolvida uma pesquisa
qualitativa, com 60 mães. Os resultados obtidos demonstraram a representação social da
infância de crianças com deciência com a objetivação da dor pela perda do lho idealizado,
o adiamento de projetos de vida, bem como a aceitação da diferença pautada na religiosidade.
No relato de pesquisa “Síndrome de Down e entendimento da funcionalidade nos dias
atuais”, de autoria de Daine Rodrigues de Almeida, Lisiane Machado de Oliveira Menegotto
e Rosemari Lorenz Martins, objetivou-se apresentar as características da Síndrome de Down,
relacionando-as com as possibilidades de construção da autonomia e funcionalidade. Tratou-se
de um estudo de caso, no qual uma jovem com Síndrome de Down, sua mãe, avó e avô foram
os participantes. Por meio da entrevista semiestruturada e de questionário, os dados foram
coletados em cinco encontros. Os resultados obtidos foram organizado em três categorias,
sendo essas: letramento e família; autonomia como produto do letramento; letramento e
entendimento dos instrumentos sociais. Nesse sentido, foi possível considerar que a autonomia
confere possibilidade de construção de uma vida diária com melhor qualidade de vida.
Na Revisão bibliográca “ Acesso e permanência do aluno surdo no Ensino Superior”
de Crislaine Vereta e Eliziane Manosso Streiechen foi apresentada a busca em analisar o
acesso e a permanência do aluno surdo no Ensino Superior. Para isso, as autoras realizaram um
levantamento de dados no Banco de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal Superior - CAPES, no período de 2017 a 2020. Por meio do procedimento foi
possível analisar que: há um longo caminho para que o candidato surdo consiga ingressar no
Ensino Superior e após conquistar condições para permanecer na graduação, embora tenha o
direito garantido desde o processo seletivo, de atendimento as suas necessidades. No entanto, a
comunicação continua a ser a maior barreira a transpor.
No relato de pesquisa “ A promoção de formação continuada sobre inclusão na
percepção de educadores do sistema público no Distrito Federal/Brasil: avanços e desaosdas
autoras Aline Oliveira e Sonia Carvalho Leme Moura Véras abordou-se a análise de um
programa de formação continuada, realizado com professores especialistas de sala de recursos
da rede pública de ensino do Distrito Federal. Foi aplicado aos professor do curso um
questionário baseado no levantamento bibliográco sobre formação continuada, inclusão e
deciência. Os resultados apontaram que metade dos professores participantes, equivalente
a 14 professores, consideraram a formação continuada recebida como mediana, pontuando a
falta de recursos de Tecnologia Assistiva e apoio do professor titular de sala, o que diculta o
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acompanhamento e atendimento dos alunos com deciência. Nesse sentido, os participantes
da pesquisa consideraram que a inclusão é processual e está em desenvolvimento.
Os artigos que constituem o volume nove, número um de 2022, nomeado “Educação
Inclusiva” apresenta estudos sobre diferentes cenários e níveis de ensino, contudo pontua o
quanto a inclusão e emancipação de pessoas com deciência, por meio da Educação, é um
desao e ainda tem um longo caminho a ser percorrido.
Boa leitura a todxs!
Amabriane da Silva Oliveira Shimite
Equipe Editorial
Sandra Eli Sartoreto de Oliveira Martins
Editora Chefe