162 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 10, n. 1, p. 153-168, Jan.-Jun., 2023
OLIVEIRA, A. P. S.
eram brancas não-hispânicas, 9% asiáticas-americanas, 5% negras não hispânicas, 3% latinas ou
hispânicas, 1% outro (os pais não especicaram), e 12% multirracial.
As análises dos experimentos contaram com analises estatísticas de probabilidade,
frequência, metanálise e usaram também a regressão do brms – R (Bayesian multilevel models), como
resultados, encontraram nos três (3) experimentos realizados um viés de desenvolvimento precoce
contra meninas e mulheres em circunstâncias onde a capacidade intelectual é considerada essencial
para o sucesso. Os participantes, independentemente do sexo, tinham menos probabilidade de indicar
mulheres para uma posição que exigia capacidade intelectual. Este viés também foi encontrado no
experimento 2 que contava com uma amostra maior e mais diversicada, e no experimento 3
também com crianças de 5 a 7 anos de idade. No experimento 3 as crianças deveriam selecionar
colegas de equipe para um jogo, no início, selecionaram colegas de equipe de seu próprio sexo, mas,
quando a atividade era descrita para crianças que são “really, really smart”, exigindo inteligência,
escolheram menos meninas, este resultado, portanto, se gura como uma parte importante da
explicação do porquê as mulheres são sub-representadas nas altas capacidades.
Um último ponto que os autores trazem na discussão, é a que questão dos modelos,
pessoas que deram grandes contribuições para a sociedade, ou modelos de cargos maiores, com
grandes responsabilidades, e que talvez os homens tenham indicado mais homens por terem
mais modelos masculinos, Perez e Freitas (2012) também tratam desta questão dos modelos, nos
comentando que ao solicitarmos a qualquer um citar grandes nomes da humanidade, poucos ou
quase nenhum desses nomes serão de mulheres, esse desconhecimento de modelos femininos de
sucesso, é muito preocupante, especialmente em áreas dominadas por homens como nas STEM. O
que acontece é que em todas as áreas sempre houve mulheres que se destacaram (PEREZ; FREITAS,
2012) mas baseado em algumas discussões até aqui, podemos hipotetizar que devido a preceitos
sociais e construtos patriarcais a história dessas mulheres brilhantes são apagadas, sobrepujadas por
homens. A falta de modelos femininos também foi observada no estudo de Gill, Mills, Franzway e
Sharp (2008, p. 232) na fala de uma das participantes “More female role models… we never had any
female tutors or that… Any reference to engineers in the texts was always male”.
Essa questão dos modelos recai diretamente na formação da identidade da mulher,
que por falta deles, não identica as altas capacidades como parte da sua identidade pessoal, não
permitindo assim, que se elabore sua autoimagem (visão pessoal que tem de si mesma) ou uma
autoimagem positiva de ser uma mulher com altas capacidades, a autoimagem por sua vez, está
relacionada diretamente com a autoestima, e uma baixa autoestima, pode ser a causa de cobranças
exacerbadas, culpa, ansiedade, depressão, insatisfação pessoal, frustração, entre outros, e isso pode
barrar o processo de desenvolvimento das suas capacidades (PERALES; GONZÁLEZ; MARTÍNEZ,
2019). Massuda, Orlando (2019) relatam que as meninas pareceram mais suscetíveis a ter um
baixo autoconceito, principalmente quando associado à uma comparação social. E quando essa
representação ou autoimagem é carregada de sentimentos negativos ou repleta de mitos em relação
às com altas capacidades, isso pode fazer com que ela “decida mascarar a sua identidade individual,
de “outro”, para não ter censurada sua identidade “coletiva” (PEREZ; FREITAS, 2012, p. 682).
As autoras ainda explicam que assumir a identidade de mulher com altas capacidades implica em
negar a identidade de mulher “normal” e assumir-se diferente, “esse processo é muito doloroso, já
que o outro não contribui dialeticamente para a construção de si mesmo, mas é um parâmetro de
exclusão” (PEREZ; FREITAS, 2012, p. 682).
Quanto a ideia de alto padrão, que foi trazida no estudo de Bian, Leslie e Cimpian
(2018), com o uso das palavras “genius elds” e “brillance” é importante se atentar que muitas