Vamos falar sobre elas Artigos
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 10, n. 1, p. 153-168, Jan.-Jun., 2023 153
https://doi.org/10.36311/2358-8845.2023.v10n1.p153-168
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Vamos falar sobre elas: as mulheres com altas capacidades
Let's taLk about them: women with high abiLities
Ana Paula Santos de OLIVEIRA
1
RESUMO: estudos da literatura especializada na área das altas capacidades nos sinalizam a carência de pesquisas com a temática de
adultos, ao afunilarmos para questões de gênero, mais especicamente ao se tratar de estudos com mulheres com altas capacidades,
esse quadro se mostra ainda mais exíguo. As desigualdades de gênero são históricas e culturalmente instauradas, causando prejuízos
para a vida de muitas mulheres ainda hoje, é nessa direção que o presente trabalho vai buscar, através de uma revisão sistemática,
examinar o que vem se falando nacionalmente e internacionalmente sobre a temática, quais são os avanços, e encadeamentos na
vida das mulheres com altas capacidades. As bases de dados utilizadas no estudo foram: Education Resources Information Center
(ERIC), Scientic Electronic Library Online (SciELO), Portal de Periódicos CAPES, a Revista Educação Especial e a Revista Brasi-
leira de Educação Especial, compreendo um recorte temporal dos últimos vinte (20) anos de produções, de 2002 a agosto de 2022.
Foram empregadas diferentes palavras-chaves para as buscas e em três idiomas diferentes, Português, Inglês e Espanhol, são elas:
gifted; talento; women; woman; mujeres; mulheres; high ability; altas capacidades; altas habilidades/superdotação; dotação, a m
de ampliar a gama de estudos encontrados, para assim, trazer mais qualidade às discussões. Como resultados, foram encontradas
discussões extremamente importantes na área, tais quais: a falta de modelos femininos; as mulheres tendem a mascarar suas capaci-
dades; os vieses e estereótipos de gêneros, socialmente instaurados reetem negativamente em suas vidas, assim como, as mulheres
são sistematicamente sub-representadas.
PALAVRAS-CHAVE: Altas habilidades. Gênero. Mulheres. Adultez.
ABSTRACT: studies in the specialized literature in the area of high abilities indicates a lack of research on the subject of adults,
when we rene it to gender topics, more specically when it comes to studies with women with high abilities, this scenario is even
more exiguous. Gender inequalities are historically and culturally established, causing damage to many womens lives even today,
It is in this direction that the present paper will seek, through a systematic review, to examine what has been said nationally and
internationally on the subject, what are the advances, and the implications in the lives of women with high abilities. e databases
used in the study were: Education Resources Information Center (ERIC), Scientic Electronic Library Online (SciELO), Portal
de Periódicos CAPES, Revista Educação Especial (Special Education Journal), and Revista Brasileira de Educação Especial (Brazilian
Journal of Special Education), comprehending the period of the last twenty (20) years of productions, from 2002 to August 2022.
Dierent keywords were used for the searches in three dierent languages, Portuguese, English and Spanish, these terms are:
gifted; talento; women; woman; mujeres; mulheres; high ability; altas capacidades; altas habilidades/superdotação; dotação, in order
to expand the range of studies found, and thus bring more quality to the discussions. As a result, extremely important discussions
were found in the area, such as: the lack of female role models; women tend to mask their abilities; socially instated gender biases
and stereotypes reect negatively on their lives, and women are systematically under-represented.
KEYWORDS: High Abilities. Gender. Women. Adulthood.
Doutoranda em Educação Especial. Universidade Federal de São Carlos – UFSCar. E-mail: annapsicooliveira@gmail.com.
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5881-2595.
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OLIVEIRA, A. P. S.
iNtroduÇÃo
No Brasil, as mulheres representam uma soma de 97.348.809, de acordo com dados
do último censo do Instituto Brasileiro de Geograa e Estatística - IBGE realizado em 2010, no
entanto, em termos sociais, as mulheres ainda são consideradas como uma minoria (GUADIANA;
CÓRDOVA, 2022). E historicamente as mulheres foram e ainda vem sendo consideradas inferiores
ao homem em todos os aspectos, incluindo na capacidade intelectual ou cognitiva (PERALES;
GONZÁLEZ; MARTÍNEZ, 2019), no entanto, as especulações baseadas em diferenças evolutivas
e biológicas parecem ser insucientes para explicar as diferenças de gênero no desempenho
acadêmico e nas realizações (GHASEMI; BURLEY;SAFADEL; 2019) o que nos leva a pensar que
essa problemática tem suas raízes em tônicas sociais.
As universidades por exemplo, até metade do século passado, eram espaços exclusivos
da população branca, da elite, e homens (GOMES; MORAES, 2012; CUNHA, 2007; CRUZ,
2012 apud SILVA, 2020), e “apesar de esforços legais, a Educação Superior ainda não é um lugar
para todos” (SILVA, 2020, p. 3). Oliveira e Orlando (2022) detectaram através dos microdados do
Censo do Ensino Superior realizado pelo Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP,
que em 2019 o número total de mulheres identicadas com altas capacidades na Educação Superior
constavam apenas 821 matrículas, número esse, muito irrisório diante do total de matriculas da
Educação Superior 12.350.832 deste mesmo ano.
É valido comentar que diante da diversidade de terminologias encontradas na literatura
(RANGNI; COSTA, 2011), neste estudo será tratado como altas capacidades para se referir àqueles
que demonstram um potencial elevado em qualquer uma das áreas, isoladas ou combinadas:
intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade, criatividade e artes (BRASIL, 2008). Worrell,
Subotnik, Olszewski-Kubilius, Dixson (2019) destacam por exemplo, que o termo “talento”,
também utilizado na área, tem tido signicados diferentes ao longo do tempo e é utilizado na área
por diversos autores e por vezes com signicados dissemelhantes. O termo altas capacidades, é
largamente utilizado em estudos fora do Brasil (BENITO, 2009; SIERRA; ROSAL; ROMERO;
VILLEGAS; LORENZO, 2013; PERALES, GONZÁLEZ; MARTÍNEZ, 2019), mas é importante
deixar claro que independente do termo estamos falando do mesmo público: pessoas com um alto
nível de capacidade e desempenho.
Pérez e Freitas (2012) nos advertem que fatores ambientais e situacionais são vinculados
à cultura e transmitem estereótipos de papéis sexuais, principalmente para a mulher em relação
ao contexto familiar, onde se lhes atribui as responsabilidades familiares, transformando-se num
verdadeiro dilema interno entre suas capacidades e seu desenvolvimento pessoal versus suas
obrigações” e cuidados à família. As “diferenças” cognitivas e psicológicas, que muitas vezes nada mais
são que estereótipos, entre homens e mulheres com altas capacidades permeiam todos os processos
de identicação, porém tendem a prejudicar mais a mulher (MASSUDA; ORLANDO, 2019). O
processo de identicação das altas capacidades é muito importante tanto para o reconhecimento e
desenvolvimento de suas habilidades como para a formação de identidade e aceitação da condição
como nos coloca Perez e Freitas (2012), mas de acordo com Reis, Gomes (2011) os processos de
identicação reproduzem estereótipos, privilégios socioculturais e socioeconômicos.
Autores como Massuda e Orlando (2019) nos apontam que os meninos formam a parcela
mais identicada das altas capacidades, ou mais “facilmente” identicados, indicando a existência
de preconceito de gênero e baixas expectativas por parte dos professores em relação às meninas
(MASSUDA; ORLANDO, 2019). Este cenário foi encontrado tanto em estudos estrangeiros
Vamos falar sobre elas Artigos
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 10, n. 1, p. 153-168, Jan.-Jun., 2023 155
quanto na realidade brasileira, denotando a necessidade urgente de formações adequadas sobre
a temática, para que sejam capazes de realizar as indicações dos alunos com mais equidade
(MASSUDA; ORLANDO, 2019) e sem enviesamentos de caráter, crenças limitantes etc. Ainda a
esse respeito, Reis e Gomes (2011 p. 504) nos advertem que “as divisões sociais geradas, reforçadas
e mantidas pela escola afetam não somente o desempenho educacional de alunas, mas também suas
oportunidades e perspectivas de vida”.
A inuência dos educadores é considerada de vital importância para este grupo, não
só porque fazem parte do processo de identicação, mas porque suas palavras e ações sejam elas
encorajadoras ou desqualicantes sobre o desempenho pessoal e acadêmico das alunas, contribuem
para moldar sua autopercepção (PERALES; GONZÁLEZ; MARTÍNEZ, 2019), aspirações e
realizações como estudantes, futuras prossionais e cidadãs, mas, percebe-se que há poucos esforços
para compreender melhor a inuência de vários fatores no desenvolvimento do potencial das
mulheres (GUADIANA; CÓRDOVA, 2022).
As mulheres carregam estereótipos sociais e de gênero que não propiciam a sua
identicação, que dicultam e/ou impedem-nas de alcançar uma posição de destaque por exemplo
(ALENCAR; VIRGOLIM, 2001), e acabam sendo rotuladas como “difíceis” de se identicar
(MASSUDA; ORLANDO, 2019), denominado por autores como a síndrome da impostora
(PERALES; GONZÁLEZ; MARTÍNEZ, 2019), essa síndrome faz que mulheres passem a duvidar
de suas próprias capacidades, e/ou fazerem que os outros duvidem de suas capacidades, afetando
consequentemente seu sentimento de pertencer e sua conança (BIAN; LESLIE; CIMPIAN, 2018;
PEREZ; FREITAS, 2012). Reis e Gomes (2011) falam também do complexo de Cinderela que
seria um “desejo/necessidade de ser salva”.
Desde a infância as mulheres tendem a serem mais organizadas com os cadernos escolares,
gostam de cumprir as regras, cumprir o padrão social exigido e na adolescência “as mulheres tendem
a valorizar mais as relações sociais, preocupando-se mais em agradar aos outros ou com a aprovação
dos outros” (PEREZ; FREITAS, 2012, pp. 682 – 683). Espera-se que os meninos sejam ativos
e interajam frequentemente com os professores, enquanto que para as meninas, elas devem ser
passivas e receptivas nas aulas (GUADIANA; CÓRDOVA, 2022).
Ainda, Pérez e Freitas (2012) armam que às mulheres lhes são associadas características
como “virtudes” e as qualidades vinculadas ao feminino são: sensibilidade, intuição, dependência,
solidariedade, compreensão, enquanto que para os homens lhes são atribuídos: fortaleza,
independência, autonomia, autoconança, coragem, tomada de decisões e responsabilidade, em
outras palavras a sociedade espera certos comportamentos, padrões cognitivos de homens e não das
mulheres (MASSUDA; ORLANDO, 2019). As autoras (PÉREZ; FREITAS, 2012) completam,
revelando que as mulheres sentem que ao serem ambiciosas estão sendo egoístas, já Stamm,
Niederhauser (2008) alegam que as mulheres sentem menos segurança quanto ao sucesso, e se
observamos e compramos as qualidades citadas acima entenderemos o porquê.
Com o avanço à vida adulta, as responsabilidades vão se aumentando, da carreira
prossional, das decisões pessoais, e assim, se reduz o tempo hábil para o desenvolvimento de
atividades do seu interesse, para as mulheres principalmente, pois, precisam dividir esforços no
empenho de multitarefas, dentro e fora do lar (PEREZ; FREITAS, 2012), e como consequência
à esse movimento, seguir uma carreira acadêmica, por exemplo, se torna um grande desao para
muitas mulheres, sobretudo, para aquelas que decidem ser mães (REIS, 2002, SILVA, 2020).
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OLIVEIRA, A. P. S.
O que ocorre é uma divisão arbitraria de “papéis de gênero”, ou seja, são normas que
ditam o que seria adequado tanto para mulheres e homens, vestir, dizer, como se comportar,
etc., mas esses papeis em nada são funcionais, pelo contrário, fazem com que muitas mulheres
sofram diferentes tipos de violência e discriminação (SILVA, 2020). Os papeis são apreendidos,
reproduzidos e são introjetados ainda em terna idade em espaços de convívio social, seja no meio
familiar, escolar, religioso e assim por diante, quando esse papel a seguir já foi introjetado, os
comportamentos passam a ser regulados por ele, e numa espécie de acordo social todos passam
a julgar o que é adequado ou não para um comportamento masculino ou feminino (DANTAS;
SILVA; CARVALHO, 2014).
Práticas enviesadas pelo género, advindas tanto de professores como de pais, podem reetir
negativamente na vida adulta das mulheres, condicionando seu desempenho (ANTUNES, 2019),
e inclusive, até sua escolha de carreira (MASSUDA; ORLANDO, 2019), e assim, as diferenças que
aparentemente podem ser sutis na forma de pensar ou tratar mulheres e homens (REIS; GOMES,
2011; BIAN; LESLIE; CIMPIAN; 2018), se traduzem em desigualdades de nível macro em suas
trajetórias prossionais (BIAN; LESLIE; CIMPIAN, 2018).
Observamos na literatura uma necessidade de mais estudos com a temática de gênero,
especicamente sobre mulheres na área das altas capacidades (OGEDA; PEDRO; CHACON, 2016;
MASSUDA; ORLANDO, 2019; OLIVEIRA; ORLANDO, 2022), isso posto nos indagamos, ao
falarmos de inclusão que a Educação Especial propõe, quais vozes exatamente damos ouvido e
lugar de fala? Uma maneira um tanto óbvia de superar a falta de estudos é a realização de mais
pesquisas para entender e impulsionar as discussões sobre a realidade deste grupo social, dando voz
a estas mulheres que tanto são esquecidas. Tensionar esse debate “é deslegitimar formas de poder,
de exclusão, de dominação, de violência e de silenciamentos” (VERONEZI; RIBEIRO; GOMES,
2022, p. 242). Diante do exposto, a presente pesquisa buscou através de uma revisão sistemática,
examinar a produção cientíca nacional e internacional, explorando quais são os avanços na temática
e/ou reexos na vida das mulheres que possuem altas capacidades.
mÉtodo
De acordo com Bujes (2007, p. 15 – 16) a pesquisa nasce sempre de uma preocupação
ela provém, quase sempre, de uma insatisfação com respostas que já temos, com explicações das
quais passamos a duvidar, com desconfortos mais ou menos profundos em relação a crenças que,
em algum momento, julgamos inabaláveis”, esta pesquisa adveio então, de inquietações internas e
sociais geradas pela posição que ocupo na sociedade: de mulher e pesquisadora, como Kerr (2000)
nos coloca, nós enquanto pesquisadores, temos a tarefa de descobrir as barreiras internas e externas
das mulheres com altas capacidades e encontrar meios de superá-las.
Dito isso a pesquisa se caracteriza por uma revisão da literatura, realizada no período
de Julho a Agosto de 2022, que segundo Gil (2002, p. 162) a revisão de literatura busca a
contextualização teórica do problema que se deseja analisar, mas, “não pode ser constituída apenas
por referências ou sínteses dos estudos feitos, mas por discussão crítica do estado atual da questão”.
No que concerne a procedimentos metodológicos da pesquisa, foi adotado Costa e Zoltowski
(2014) como referencial teórico, ao qual propõe oito (8) etapas básicas: delimitação da questão
a ser pesquisada; escolha das fontes de dados; eleição das palavras-chave para a busca; busca e
armazenamento dos resultados; seleção de artigos pelo resumo, de acordo com critérios de inclusão
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Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 10, n. 1, p. 153-168, Jan.-Jun., 2023 157
e exclusão; extração dos dados dos artigos selecionados; avaliação dos artigos, e como última etapa,
síntese e interpretação dos dados.
As bases de dados utilizadas (segunda etapa) no estudo foram: a) Education Resources
Information Center (ERIC), ao qual, é uma base de dados bibliográca na área de Educação
patrocinada pelo departamento Norte-Americano de Educação; b) Scientic Electronic Library Online
(SciELO), sendo ela uma base nacional que compreende diversas áreas e estudos internacionais
também; c) Portal de Periódicos CAPES, que também compreende tanto periódicos e produções
nacionais e internacionais das mais diversas áreas, e duas revistas brasileiras especializadas na área
da Educação Especial, sendo a e) Revista Educação Especial e a d) Revista Brasileira de Educação
Especial, compreendo um recorte temporal dos últimos vinte (20) anos de produções. Justica-se a
escolha de tais bancos de dados por possuírem uma ampla cobertura de estudos e/ou serem revistas
cienticas especializadas da área.
Diante da multiplicidade de terminologias na temática das altas capacidades (RANGNI;
COSTA, 2011) como apontado anteriormente, optou-se, por utilizar diversos termos e/ou palavras-
chaves a m de encontrar um maior número de trabalhos. As buscas, que compete a terceira etapa
do método adotado, se deram através de strings, ou seja, um conjunto, combinação de palavras-
chaves com a utilização do operador booleano and. As palavras-chaves foram: gifted; talento; women;
woman; mujeres; mulheres; high ability; altas capacidades; altas habilidades/superdotação; dotação,
já as strings foram padronizadas para todas as bases de dados, totalizando nove conjuntos sendo
eles: a); women and talent; b) women and high achievement; c) women and gifted; d) women and high
ability; e) mujeres and altas capacidades; f) mulheres and talento; g) mulheres and altas capacidades;
h) mulheres and altas habilidades/superdotação; i) mulheres and dotação. As palavras-chave estão
em três idiomas diferentes, sendo Português, Inglês e Espanhol, no intuito de ampliar a gama de
estudos encontrados, para assim, trazer mais qualidade e expressividade às discussões.
Já para a quinta etapa proposta por Costa e Zoltowski (2014), que compete a seleção de
artigos pelo resumo, de acordo com critérios de inclusão e exclusão, foi denido três (3) critérios
de inclusão: que os estudos estivessem por completo na base de dados, não somente o resumo;
que apresentassem pesquisas ou discussões contemplando a temática pesquisada – mulheres e altas
capacidades; e que as pesquisas fossem publicadas nos últimos vinte anos, de 2002 a agosto de 2022.
Também foi denido três (3) critérios de exclusão: caso o estudo não pertencesse ao período dos
últimos 20 anos; quando não se relacionasse à área ou não apresentasse discussão pertinente com o
tema estudado – mulheres e altas capacidades; e quando estivesse somente o resumo disponível na
base dados eles seriam automaticamente excluídos.
Num primeiro momento os artigos foram pré-selecionados através do título e resumo,
posteriormente foram lidos na integra e avaliados através dos critérios de seleção para compor o
escopo teórico, os que não cumpriam os critérios e à proposta do estudo foram excluídos. Já para
análise e extração dos dados dos artigos selecionados (sexta etapa) foi extraído em um documento
Wor os principais identicadores do estudo (autores, título, ano de publicação), assim como os
objetivos, o método empregado e as principais discussões sobre mulheres com altas capacidades que
os estudos ofereciam. Já na sétima e oitava etapa, que se referem à avaliação dos artigos e síntese e
interpretação dos dados, respectivamente, foi realizada a análise dos dados captados, agrupando as
discussões por comparações e temáticas que serão explanados a seguir.
158 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 10, n. 1, p. 153-168, Jan.-Jun., 2023
OLIVEIRA, A. P. S.
resultados e discussÃo
Dos 29 artigos encontrados, que foram previamente selecionados, apenas oito (8) foram
selecionados para compor o escopo teórico nal do estudo por cumprirem com todos os critérios de
inclusão e exclusão denidos, aos quais estão expostos no Quadro 1 a seguir.
Quadro 1 - Relação de artigos selecionados
Artigo Base de dados Autores Ano
‘Oh you must be very clever!’ High-achieving
women, professional power and the ongoing
negotiation of workplace identity
CAPES
Gill, Judith; Mills, Julie;
Franzway, Suzanne; Sharp,
Rhonda.
2008
Práticas pedagógicas reprodutoras de desigualdades:
A sub-representação de meninas entre alunos
superdotados
CAPES
Reis, Ana Paula Poças Zambelli
dos; Gomes, Candido Alberto.
2011
A mulher com altas habilidades/superdotação: À
procura
de uma identidade
SciELO
Pérez, Susana Graciela Pérez
Barrera; Freitas
Soraia Napoleão.
2012
Sobredotação no feminino, um oxímoro
ultrapassado? Incursão pelo estado da arte
SciELO Antunes, Ana Pereira 2019
Evidence of Bias Against Girls and Women in
Contexts at Emphasize Intellectual Ability
CAPES
Bian, Lin; Leslie, Sarah-Jane;
Cimpian, Andrei.
2018
Alta capacidad y género: La autoestima como factor
inuyente en las diferencias entre sexos
CAPES
Perales, Ramón García; González,
Inmaculada Canuto; Martínez,
Antonio Cebrián.
2019
Temas em altas habilidades/superdotação na
perspectiva de gênero: um estudo de revisão
sistemática
Revista Educação
Especial
Massuda, Mayra Berto; Orlando,
Rosimeire Maria.
2019
Revisión de la literatura sobre el tema de la
inuencia del género en la identicación y desarrollo
de alumnas talentosas.
Revista Brasileira
Educação Especial
Guadiana, Emilio Salas; Córdova,
Katherina Gallardo.
2022
Fonte: Elaborado pela autora com base nos resultados encontrados.
De acordo com os resultados encontrados, percebe-se que as pesquisas se orientaram
mais em discutir temas como identidade, estereótipos, aspectos pessoais, familiares e prossionais e
foram realizadas mais pesquisas de revisões (MASSUDA; ORLANDO, 2019; ANTUNES, 2019;
GUADIANA; CÓRDOVA, 2022) seguidas de estudo de caso com entrevistas (GILL; MILLS;
FRANZWAY; SHARP, 2008; REIS; GOMES, 2011; PÉREZ; FREITAS, 2012), e nalmente,
pesquisas experimentais com caráter quantitativo e descritivo (PERALES; GONZÁLEZ;
MARTÍNEZ, 2019; BIAN; LESLIE; CIMPIAN, 2018).
O país com maior predominância de pesquisa na temática foi o Brasil (MASSUDA;
ORLANDO, 2019; REIS; GOMES, 2011; PÉREZ; FREITAS, 2012), e todos os demais países
permaneceram com apenas um estudo: sendo Austrália (GILL; MILLS; FRANZWAY; SHARP,
2008), Espanha (PERALES; GONZÁLEZ; MARTÍNEZ, 2019), Estados Unidos (BIAN; LESLIE;
CIMPIAN, 2018), Portugal (ANTUNES, 2019) e México (GUADIANA; CÓRDOVA, 2022).
Outro resultado interessante encontrado foi que a string que mais resultou estudos foi
women and talent” por outro lado, os termos ou palavras-chave que menos apresentaram estudos foi
mulheres and dotação”. A base de estudos que mais produziu resultados foi o Portal de Periódicos
CAPES com quatro (4) estudos incluídos na pesquisa, e por último, a base de dados que menos
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Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 10, n. 1, p. 153-168, Jan.-Jun., 2023 159
agregou foi a ERIC, não sendo incluído nenhum estudo. A seguir serão apresentados os estudos
com um breve resumo da pesquisa e algumas das discussões apresentadas por eles.
Gill, Mills, Franzway e Sharp (2008) trazem em sua pesquisa entrevistas com 51
engenheiros, sendo 41 mulheres e 10 homens, provenientes de áreas rurais e urbanas da Australia. A
inclusão dos homens foi proposital para vericar se os comentários eram inuenciados pelo gênero
do (a) informante. As entrevistas eram sobre a experiência e a qualidade de trabalho na engenharia,
buscando analisar as práticas discursivas do dia-a-dia, dos processos de sexualização de gênero, onde
as mulheres são posicionadas como “outras” nos locais de trabalho, e necessariamente menos do que
a “imagem masculina” que paira sobre a engenharia.
As perguntas das entrevistas eram sobre as razões que os (as) levaram escolher a engenharia
como campo de atuação; os fatores que tinham facilitado ou dicultado o seu avanço prossional;
como era trabalhar naquele local; como haviam chegado à engenharia; o que eles (as) gostavam
sobre seu trabalho; quais eram os desaos e também se viam progresso de carreira. As respostas dos
(as) participantes foram transcritas e analisadas, e vericaram diferenças nos relatos entre os homens
e as mulheres, por exemplo, ao falar sobre seu sucesso em matérias escolares da área, a maioria das
mulheres (34/41) relataram ter boas notas e diziam que era algo considerado incomum porque
eram do sexo feminino, já os homens eram menos propensos a mencionar habilidades nas mesmas
matérias escolares da área.
A maioria das mulheres possuíam idades entre 20 a 30 anos, e muitas eram a única
mulher do local de trabalho, ou então faziam parte de uma minoria de mulheres. Outro resultado
interessante da pesquisa, foi que a maioria das mulheres (36/41) se percebiam como incomuns,
diferentes, que não se encaixavam, e essa diferença, às vezes, era motivo de orgulho, já outras, trazia
consigo uma sensação de isolamento.
Mas o que mais nos chama a atenção nesse estudo é a questão da identidade, onde
algumas mulheres negociavam suas identidades, pois a ideia de serem mulheres e engenheiras eram
opostas”, logo, optavam conscientemente pela posição de apenas engenheira, cabe comentar que
a palavra “engineer” em inglês é neutra de gênero, em outras palavras, as mulheres negavam sua
feminilidade, sua condição de mulher em ordem a ser igual, aceita (pela maioria masculina) e
respeitada como prossional. Já outras mulheres, que eram casadas com engenheiros, assumiam
uma espécie de identidade prossional compartilhada, e outras ainda, eram tratadas por seus
colegas como “lhas”, “esposas” ou até mesmo “mães” e esses papéis lhes permitiam manter sua
singularidade de mulher dentro do local de trabalho, que majoritariamente era masculino.
As autoras (GILL; MILLS; FRANZWAY; SHARP, 2008) nos revelam que algumas
das participantes resolveram assumir uma personalidade “masculina” dentro do seu trabalho na
engenharia, no esforço de serem aceitas, legitimadas, para pertencer no local de trabalho e se encaixar
naquele ambiente totalmente “masculino”, fazendo desaparecer sua subjetividade feminina, mesmo
diante de mostrarem que são capazes de “fazer o trabalho”. Outras mulheres ainda, optaram por
acentuar sua feminilidade, mas para a maioria das mulheres entrevistadas (28/41), nem assumir
a posição de “um dos homens” e nem tendo os atributos de “mulher bonita” permitiam um local
confortável, tendo que estar em constante negociação de seu lugar em termos de ser uma prossional
engenheira e mulher, como as autoras bem colocam “a Faustian bargain” mas sem nunca poder
vencer esse jogo.
Reis e Gomes (2011) em sua pesquisa nos instigam com uma pergunta simples, mas
provocativa: Por que um programa de altas capacidades tem ampla predominância de meninos,
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OLIVEIRA, A. P. S.
quando as meninas são maioria no total de matrícula do ensino regular? Os autores através de
uma pesquisa de campo exploratória, com a utilização de entrevistas individuais semiestruturadas e
check-list, buscam vericar se são detectados mais meninos do que meninas, mas por quê?; apontar
quais são os critérios utilizados pelos professores para identicar as altas capacidades; identicar
na percepção dos professores e dos psicólogos os motivos da sub-representação de meninas no
Programa de Atendimento ao Aluno com Altas Habilidades/Superdotação. Os participantes foram
16 prossionais, sendo quatro (4) do sexo masculino e 12 do sexo feminino, todos são responsáveis
pelo diagnóstico e pela permanência desses alunos numa rede escolar pública urbana.
Inicialmente zeram um levantamento de dados acerca do número de alunas e alunos
participantes das salas de recursos do programa, no período de 2002 a 2007, e então, selecionaram
a área geográca onde existia menor representação de alunas. Para a análise, a técnica escolhida foi
a análise de conteúdo de Bardin, e mencionam “as medidas estatísticas descritivas calculadas por
meio de programas computacionais (REIS; GOMES, 2011, p. 511)” sem explicitar, no entanto,
quais foram os programas utilizados. Como resultados, identicaram que os prossionais do ensino
regular fazem maior diferenciação entre meninos e meninas do que os prossionais das salas de
recursos como podemos observar em alguns excertos do texto “Então, será que eu consigo ter sobre
a menina um olhar diferenciado, eu acho que a gente se identica com essa menina e, de repente,
como a gente não se autoriza, não dá a essa menina autorização...” (REIS, GOMES, 2011, p. 515).
Eu acho que o menino..., ele é mais autorizado a se expor. A menina não..., tem que ser mais
quietinha, mais educadinha... se ela se expõe muito, é muito “saidinha”, é muito exibida –
isso é malvisto. O menino não, é porque ele é inteligente... Se, para o menino, eu ressalto
uma característica que pode até ser interessante, para a menina já é negativa... culturalmente,
socialmente, a gente autoriza o menino a isso e a menina não (REIS; GOMES, 2011, p. 516).
Outras falas interessantes em que observamos a percepção delas em relação aos vieses
e padrões socialmente instaurados foram “Somos maioria na Secretaria, professoras, o que está
implícito aí é uma repetição de padrão cultural... A gente é ensinada a valorizar, a enxergar mais o
homem, e a gente termina repetindo esse padrão” e segue a mesma linha de raciocínio em outro
comentário diferente “A gente foi educada socialmente e historicamente para entender e prestar
atenção. A habilidade da mulher era car em casa e cuidar das crianças. [...] a gente é educada para
leitura e para o bordado” (REIS; GOMES, 2011, p. 516).
A problemática apresentada aqui segue o mesmo padrão em muitos comentários
(infortunadamente), pois mostra o quanto os vieses são estruturais e são passados à frente, lesando o
processo de identicação de muitas meninas “E aí a menina, talvez, só quando ela faz algo, muito...
extraordinário, para poder alguém olhar...” (REIS; GOMES, 2011, p. 517).
Pérez e Freitas (2012) através de uma entrevista e da aplicação de seu Questionário
Individual para a Identicação de Indicadores de Altas Habilidades/Superdotação em adultos
(QIIAHSD – Adulto) 1ª e 2ª Fonte, procuraram revisitar a história de duas mulheres que ainda
relutavam com a identidade de mulher adulta indicada com altas capacidades. A entrevista tinha
um roteiro de questões abertas e objetivava captar uma breve história de vida das participantes, que
reetissem seus aspectos pessoais, familiares, escolares, laborais e interpessoais. Como resultados,
perceberam contradições nas falas das mulheres e que ainda ocultavam as características e/
ou indicadores das suas altas capacidades. Na mesma direção, no que diz respeito à identidade,
evidenciam que uma autoestima muito baixa, faz que as mulheres não atribuam seu sucesso a seu
Vamos falar sobre elas Artigos
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 10, n. 1, p. 153-168, Jan.-Jun., 2023 161
próprio esforço, à vista disso, não se reconhecem como pessoa com altas capacidades, e tratam como
algo “imerecido” ou “acidental” por sorte, sendo esta, uma das barreiras internas mais alarmantes.
Antunes (2019) realizou uma revisão da literatura na base de dados PSICINFO,
buscando produções de 2011 a 2016 que tratassem de discutir a temática da mulher com altas
capacidades. A autora relata em seu estudo, achados de Heilbronner (2013) que expõe que uma
grande proporção de mulheres mais velhas acaba abandonando a área das STEM (acrónimo para
Science Technology Engineering and Mathematics) devido à falta de horário exível e à necessidade
de corresponder às responsabilidades familiares, além do que, autores como Gill, Mills, Franzway e
Sharp (2008), Reis e Gomes (2011), Kerr, Vuyk, Rea (2012), Massuda, Orlando (2019) Guadiana
e Córdova (2022), declaram que nas STEM são áreas “masculinas”, assim como na criatividade,
nas áreas técnicas ou cientícas (STAMM; NIEDERHAUSER, 2008; MASSUDA; ORLANDO,
2019), e inclusive na losoa (BIAN; LESLIE; CIMPIAN, 2018), que geralmente, são campos
dominados por homens. E o destaque feminino estariam nas áreas verbais, linguagem, artes visuais,
desenvolvimento socioemocional (MASSUDA; ORLANDO, 2019). A esse respeito, Guadiana e
Córdova (2022) nos indicam que a exposição a estereótipos negativos sobre suas capacidades, raça,
aparência física, ou tendência à ciência reduz sua conança em sua capacidade de obterem sucesso
nestas áreas.
Já Bian, Leslie e Cimpian (2018) apresentam um parâmetro diferente do encontrado
até aqui, em 2015 nos Estados Unidos as meninas constituíam mais da metade das crianças em
programas de altas capacidades, e em 2017 as taxas mais altas de formandos na faculdade eram de
mulheres, da mesma forma que em programas de mestrado e doutorado. No entanto, mostram
que há diferenças no tratamento entre homens e mulheres, desta forma, os autores realizam uma
pesquisa experimental buscando responder a seguinte pergunta: existem vieses contra as mulheres
nas indicações para empregos que exigem uma capacidade intelectual de alto nível? Para responder
à pergunta foram realizados três (3) experimentos, o primeiro e o segundo experimento buscaram
suporte para a hipótese da existência de um viés/preconceito contra as mulheres em contextos
em que a capacidade era saliente. Já no experimento 3, os autores exploraram as raízes deste viés,
pois, vericando se existem mesmo esses “vieses de gênero” ou um tratamento diferenciado entre
mulheres e homens em contextos em que mulheres e homens não diferem de suas capacidades
nos chamados “genius elds” como colocam os autores, e se o viés de gênero fosse presente nestes
contextos.
Os autores ainda explicam que o “brilhantismo”, ou brilliance como colocam, pode
ser visto como um pré-requisito para muitos cargos de prestígio, prêmios de alto nível, etc., e
quanto mais “honra” estiver envolvido, mais forte pode ser a expectativa de que a pessoa possua
uma capacidade intelectual excepcional, independentemente da área, e colocam que os estereótipos
de associarem o brilhantismo natural com homens surge ainda na infância, logo na primeira série
(BIAN; LESLIE; CIMPIAN, 2017). Assim, buscam em sua pesquisa testar se em contextos que
enfatizam a capacidade intelectual geram preconceitos de gênero mesmo entre as crianças pequenas
(experimento 3).
O experimento 1 contou com um total de 347 participantes com idade média de 35
anos, sendo 59.7% mulheres. O segundo contou com 811 participantes americanos, sendo 55.2%
mulheres de idade média de 41 anos. Os autores também buscaram vericar a variável da etnia, sendo
55.4% dos participantes brancos não hispânicos, 31.9% negros não hispânicos, 4.7% asiáticos,
4.2% hispânicos, e 0.5% indígenas americanos/nativos do Alasca. Já o terceiro experimento contou
um N de 192 crianças (50.0% meninas 50.0% meninos) com idade de 5 a 7 anos, 69% das crianças
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OLIVEIRA, A. P. S.
eram brancas não-hispânicas, 9% asiáticas-americanas, 5% negras não hispânicas, 3% latinas ou
hispânicas, 1% outro (os pais não especicaram), e 12% multirracial.
As análises dos experimentos contaram com analises estatísticas de probabilidade,
frequência, metanálise e usaram também a regressão do brms – R (Bayesian multilevel models), como
resultados, encontraram nos três (3) experimentos realizados um viés de desenvolvimento precoce
contra meninas e mulheres em circunstâncias onde a capacidade intelectual é considerada essencial
para o sucesso. Os participantes, independentemente do sexo, tinham menos probabilidade de indicar
mulheres para uma posição que exigia capacidade intelectual. Este viés também foi encontrado no
experimento 2 que contava com uma amostra maior e mais diversicada, e no experimento 3
também com crianças de 5 a 7 anos de idade. No experimento 3 as crianças deveriam selecionar
colegas de equipe para um jogo, no início, selecionaram colegas de equipe de seu próprio sexo, mas,
quando a atividade era descrita para crianças que são “really, really smart”, exigindo inteligência,
escolheram menos meninas, este resultado, portanto, se gura como uma parte importante da
explicação do porquê as mulheres são sub-representadas nas altas capacidades.
Um último ponto que os autores trazem na discussão, é a que questão dos modelos,
pessoas que deram grandes contribuições para a sociedade, ou modelos de cargos maiores, com
grandes responsabilidades, e que talvez os homens tenham indicado mais homens por terem
mais modelos masculinos, Perez e Freitas (2012) também tratam desta questão dos modelos, nos
comentando que ao solicitarmos a qualquer um citar grandes nomes da humanidade, poucos ou
quase nenhum desses nomes serão de mulheres, esse desconhecimento de modelos femininos de
sucesso, é muito preocupante, especialmente em áreas dominadas por homens como nas STEM. O
que acontece é que em todas as áreas sempre houve mulheres que se destacaram (PEREZ; FREITAS,
2012) mas baseado em algumas discussões até aqui, podemos hipotetizar que devido a preceitos
sociais e construtos patriarcais a história dessas mulheres brilhantes são apagadas, sobrepujadas por
homens. A falta de modelos femininos também foi observada no estudo de Gill, Mills, Franzway e
Sharp (2008, p. 232) na fala de uma das participantes “More female role models… we never had any
female tutors or that… Any reference to engineers in the texts was always male”.
Essa questão dos modelos recai diretamente na formação da identidade da mulher,
que por falta deles, não identica as altas capacidades como parte da sua identidade pessoal, não
permitindo assim, que se elabore sua autoimagem (visão pessoal que tem de si mesma) ou uma
autoimagem positiva de ser uma mulher com altas capacidades, a autoimagem por sua vez, está
relacionada diretamente com a autoestima, e uma baixa autoestima, pode ser a causa de cobranças
exacerbadas, culpa, ansiedade, depressão, insatisfação pessoal, frustração, entre outros, e isso pode
barrar o processo de desenvolvimento das suas capacidades (PERALES; GONZÁLEZ; MARTÍNEZ,
2019). Massuda, Orlando (2019) relatam que as meninas pareceram mais suscetíveis a ter um
baixo autoconceito, principalmente quando associado à uma comparação social. E quando essa
representação ou autoimagem é carregada de sentimentos negativos ou repleta de mitos em relação
às com altas capacidades, isso pode fazer com que ela “decida mascarar a sua identidade individual,
de “outro”, para não ter censurada sua identidade “coletiva” (PEREZ; FREITAS, 2012, p. 682).
As autoras ainda explicam que assumir a identidade de mulher com altas capacidades implica em
negar a identidade de mulher “normal” e assumir-se diferente, “esse processo é muito doloroso, já
que o outro não contribui dialeticamente para a construção de si mesmo, mas é um parâmetro de
exclusão” (PEREZ; FREITAS, 2012, p. 682).
Quanto a ideia de alto padrão, que foi trazida no estudo de Bian, Leslie e Cimpian
(2018), com o uso das palavras “genius elds” e “brillance” é importante se atentar que muitas
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Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 10, n. 1, p. 153-168, Jan.-Jun., 2023 163
vezes, esse alto padrão pode emergir/gerar um perfeccionismo ou expectativas exacerbadas que não
contribuem para a formação da identidade das pessoas com altas capacidades “pois só colocam
nas suas costas expectativas exageradas e inalcançáveis, especialmente para aquelas que não têm
oportunidades devido a um ambiente pouco favorável” (PÉREZ, 2007, p. 94).
Ainda seguindo com o tema da autoestima, o estudo de Perales, González, Martínez
(2019), que através de uma pesquisa experimental com caráter quantitativo e descritivo, buscaram
analisar as diferenças entre os sexos de 118 meninos e meninas (67 e 51 respectivamente) com idade
entre 9 a 12 anos, analisando-os a autoestima, as desigualdades de acordo com o sexo (meninos ou
meninas) na Educação, dando mais ênfase nas discussões para aqueles que são identicados com
altas capacidades.
Os autores supracitados iniciam o estudo já abordando a questão da menor incidência
de meninas com altas capacidades nas estatísticas do governo espanhol divulgados pelo Ministério
de Educação Cultura e Esporte – MECD, e pautam suas discussões na autoestima e constructos
da personalidade como variáveis de análise, para tentar explicar a discrepância entre os sexos, que
no caso das mulheres, podem minimizar signicativamente seu desempenho. Como resultados
encontrados, através de análises estatísticas feitas no programa IBM SPSS Statistics (versão 22.0) e
realizando uma prova de comparação de medias (ANOVA), apontam, que as mulheres obtiveram
pontuações mais baixas na autoestima, assim como também se observou que as alunas com altas
capacidades mostraram níveis de autoestima mais baixos que os alcançados por seus pares do sexo
masculino.
No estudo de Massuda e Orlando (2019), as autoras realizaram uma pesquisa de revisão
sistemática no período de 2007 a 2016 em duas (2) bases de dados, a SciELO, e no Portal de
Periódicos CAPES, com o objetivo de conhecer a produção cientíca nacional e internacional das
altas capacidades vinculadas às questões de gênero. Como resultados, notaram a prevalência de três
(3) grandes temáticas nos estudos: diferenças entre gêneros; os estereótipos de gênero e aspirações
prossionais. Observou-se diversas consequências da pressão social que as mulheres com altas
capacidades sofrem para corresponder a papéis socialmente demarcados, assim como, a inuência
negativa que o fator de gênero exerce nas escolhas prossionais das mulheres. Essa escolha se torna
um tema polêmico para debate à medida que entendemos o quanto os estereótipos, já apresentados
anteriormente, podem afetar a vida de muitas meninas que crescem num ambiente social onde
existem carreiras ditas “adequadas para o gênero feminino”, onde até os pais tendem a direcionar
suas lhas com altas capacidades para a área/carreira das ciências humanas e sociais, e não das
STEM.
Bian, Leslie e Cimpian (2018) exprimem que comentários ou comportamentos
tendenciosos dos pares podem excluir meninas de certas atividades, privando-as da oportunidade de
desenvolver as habilidades necessárias para prosseguir carreiras naquele domínio, podendo reduzir
o leque de carreiras que elas podem considerar seguir por questões de anidade, e num terceiro
cenário ainda, pode fazer com que as mulheres se tornem mais propensas a se desligar da área mais
tarde.
Massuda e Orlando (2019, p. 10) também comentam o resultado encontrado
por Miller, Falk e Huang (2009), que abordam essa questão dos papéis sociais, dizendo que se
não fossem denidos pelo gênero, os traços de personalidade poderiam ser valorizados mais
apropriadamente”, em outras palavras, tanto meninas quanto meninos seriam mais livres para se
expressar, “independentemente das normas tradicionais de gênero, conando na singularidade de
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OLIVEIRA, A. P. S.
sua identidade” lembrando que tanto os professores como os pais acabem tendenciando esse “papel
social” de cada gênero (MASSUDA; ORLANDO, 2019, P. 10) .
Guadiana e Córdova (2022) também realizaram uma revisão sistemática para conhecer
o estado da arte da temática de gênero e altas capacidades, os autores buscaram a inuência do
gênero na identicação e desenvolvimento educacional de estudantes do sexo feminino. A pesquisa
foi realizada em três (3) bases de dados (Scopus, Web of Science e Proquest ERIC) buscando estudos
realizados entre o período de 2010 a 2020. A partir dos resultados encontrados, propuseram responder
a três (3) questões centrais a) quais são os estereótipos de gênero que inuenciam na identicação de
estudantes talentosos por parte de seus professores? b) como o desempenho acadêmico inuencia na
autopercepção de alunas talentosas? c) quais são os estereótipos de gênero que os pais e professores
manifestam e que inuenciam na escolha de carreira das mulheres talentosas? A sub-representação
de mulheres em programas de atendimento educacional especializado também foi um tópico
abordado pelos autores.
coNsideraÇÕes fiNais
Considerando a problematização apresentada a partir do universo de pesquisas
encontradas, conclui-se que são discussões extremamente importantes na área, tais quais: a falta
de modelos femininos; as mulheres tendem a mascarar suas capacidades; os vieses e estereótipos de
gêneros, socialmente instaurados, que podem reetir negativamente em suas vidas, assim como, foi
constatado em vários estudos que as mulheres são sistematicamente sub-representadas, e esta sub-
representação começa ainda em tenra idade.
Alguns estudos nos trouxeram a importante discussão do pertencimento, da identidade
e que quando associamos a particularidade de ser mulher com altas capacidades, muitos vieses e
estereótipos se envolvem, tornando-se um complexo ser ou não ser. E esses vieses e estereótipos
inuenciam diretamente no seu autoconceito, na percepção de suas capacidades, na identidade, e
como resultado disso tudo, muitas mulheres negam seu potencial superior em ordem a corresponder
às expectativas alheias, ou abstém suas preferências para cumprir funções, “papéis” que lhes foram
determinados.
Acredito que para atingir a igualdade de gênero seja na identicação ou atendimento
dessas mulheres, é imprescindível que haja mudanças culturais maciças, tanto na forma de trabalho,
atendimento, quanto no pensamento coletivo, pois, as barreiras enfrentadas pelas meninas/
mulheres são sistêmicas, e podem inibir todo seu potencial, silenciando-as. Faz-se necessário então
tomar providências para minimizar essas discriminações e barreiras, para que elas não precisem mais
adotar táticas para lidar com um mundo que tanto as discriminam, para que não precisem apenas
sobreviver ou criar uma persona totalmente diferente do seu verdadeiro self.
Diante do obtido, assevera-se a necessidade da realização de mais estudos sobre a temática
de altas capacidades em mulheres, justicando-se no número baixo de produções encontradas,
além de indicar mais estudos sobre modelos femininos. Ratica-se que as pesquisas sejam dos mais
diversos métodos, a m de ampliar as discussões, os olhares cientícos sob a temática, mas em
especíco, para pesquisas de revisão como esta, sugere-se diversicar os critérios de busca e de seleção
dos artigos para talvez incorporar outros estudos nas buscas, assim como, sugere-se diversicar os
idiomas, as bases de dados, e o recorte temporal.
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2022.
aGradecimeNtos
Agradeço em especial à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior – CAPES pela concessão de nanciamento de estudos, congurando-se como um
fator primordial para o incentivo e desenvolvimento cientíco em nosso país. O presente
trabalho foi realizado com apoio da CAPES com o nº de Processo: 23038.006212/2019-
97, nº do Auxílio: 0542/2019.
168 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 10, n. 1, p. 153-168, Jan.-Jun., 2023
OLIVEIRA, A. P. S.