110 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 10, n. 1, p. 107-124, Jan.-Jun., 2023
SOUZA, T. B. B. C.; YAMASAKI, A. A.; CARDOSO, F. S.
A subteoria experiencial relaciona-se à inteligência criativa, e refere-se à capacidade de usar o
conhecimento existente para criar novas maneiras de lidar com novos problemas ou novas situações.
Outro teórico que desenvolveu estudos com um novo olhar sobre a inteligência é o
psicólogo americano Howard Gardner. O pesquisador formulou a teoria das Inteligências Múltiplas
e concebeu a existência de oito tipos de inteligência com diferentes conteúdos da cognição, sendo
elas: linguística, lógico-matemática, espacial, musical, corporal-cinestésica, interpessoal, intrapessoal
e a naturalista (GARDNER, 2000). Apesar de não ser um estudioso da área das Altas Habilidades
ou Superdotação, seus estudos contribuem para a adoção de uma visão mais ampla e diversicada
a respeito da inteligência.
Segundo Gardner (2000, p. 115-116):
[…] agora que sabemos sobre as enormes diferenças no modo como as pessoas adquirem e
representam o conhecimento, podemos fazer com que estas diferenças sejam o ponto central do
ensino e do aprendizado? Ou, ao invés disso, continuaremos tratando todo mundo de modo
uniforme? Se ignorarmos essas diferenças, estamos destinados a perpetuar um sistema que
atende a uma elite – tipicamente àqueles que aprendem melhor de uma determinada maneira,
em geral linguística ou lógico-matemática. Por outro lado, se levarmos a sério essas diferenças,
cada pessoa pode ser capaz de desenvolver mais plenamente seu potencial intelectual e social
(GARDNER, 2000, p. 115-116).
Além da questão sobre qual inteligência estamos considerando, queremos nos debruçar
sobre as Altas Habilidades em contextos de vulnerabilidades. Para iniciar as considerações a esse
respeito, queremos citar a psicopedagoga romena, radicada em Israel, Érika Landau. Seus estudos
exploraram também as minorias e imigrantes, Landau e David (2005) apontaram em seu artigo:
Quem serão os superdotados do futuro?
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, que não necessariamente as crianças das minorias ou
imigrantes apresentam desvantagens perante seus pares, mas sim desfrutam de desaos diferentes
para sua inteligência, maturidade emocional e criatividade. Os pesquisadores (LANDAU; DAVID,
2005) indicaram que crianças oriundas das camadas mais vulneráveis têm maior motivação para
o aprendizado, uma vez que desenvolvem sua individualidade e estão mais expostas a situações
multidisciplinares, como o fato de serem bilíngues. Sendo assim, elas acabam apresentando formas
mais criativas de estabelecer conexões e com uma maior capacidade de inventar e pensar novos
conceitos.
Tais apontamentos vão ao encontro do que é abordado por Renzulli (2021), em seu
artigo intitulado “Avaliação para a aprendizagem: O elemento que falta para a identicação de Altas
Habilidades em grupos de baixa renda e minorias”
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. Neste artigo, o autor trata de grupos minoritários
e pertencentes às camadas de baixa renda, minorias e estudantes bilingues, que apresentam Altas
Habilidades ou Superdotação. Joseph Renzulli é teórico de referência na área, dedicado há quase 40
anos ao tema e possui substancial produção na área, constantemente atualizada em seu site.
Ainda sobre este artigo, (RENZULLI, 2021) chama a atenção para a diferença que
há entre a avaliação DA e PARA a aprendizagem. Enquanto a primeira avalia o que o aluno já
sabe, a segunda busca identicar quais competências são necessárias para que os alunos aprendam
novos conteúdos, de maneira agradável e entusiasmada. Renzulli (2021) arma que a avaliação da
aprendizagem é baseada em conteúdos formais, estruturados, com normas e critérios referenciados,
Tradução das autoras: “Who will be the gifted of the future?”
Tradução das autoras: “Assessment for learning: e missing element for identifying high potential in low income and minority
group.”s”