Contextos de vulnerabilidade e superdotação Artigos
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 10, n. 1, p. 107-124, Jan.-Jun., 2023 107
https://doi.org/10.36311/2358-8845.2023.v10n1.p107-124
is is an open-access article distributed under the terms of the Creative Commons Attribution License.
Contextos de vulnerabilidade e superdotação: revisando as produções
brasileiras
Contexts of vulnerability and gifted: reviewing brazilian produCtions
aís Barbosa Barros de Castro SOUZA
1
Alice Akemi YAMASAKI
2
Fernanda Serpa CARDOSO
3
RESUMO: presente pesquisa tem o objetivo de responder ao seguinte questionamento: “Os contextos de vulnerabilidades são
abordados em textos acadêmicos que tratam das Altas Habilidades ou Superdotação?” Para elucidar esta indagação, a metodolo-
gia pautou-se em levantamento de pesquisas nos seguintes bancos de dados: Google Acadêmico, Scielo e Teses e Dissertações da
CAPES. A busca identicou 15 trabalhos produzidos na última década: 06 artigos cientícos, 01 monograa de graduação, 01 de
especialização, 05 dissertações de mestrado e 02 teses de doutorado. O resultado da busca revela que a temática estimula estudiosos
nos diversos níveis acadêmicos com estudos desenvolvidos em 04 regiões do país. Agrupados em 07 categorias, em virtude de
sua temática central, os trabalhos estão divididos da seguinte forma: Situação de Rua (1 estudo); Situações de Vulnerabilidade (3
resultados); Instituições de Acolhimento (3 resultados); Conitos com a Lei (2 resultados); Quilombolas e Questões Raciais e de
Gênero (2 resultados); Assentamento Rural e Escolas Ribeirinhas (3 resultados) e Situação de Rua/Instituições Prisionais (1 resul-
tado). Apesar da diversidade de olhares investigados, o resultado aponta que os estudos ainda são escassos, fomentando diversos
questionamentos como: os mitos e estereótipos das Altas Habilidades ou Superdotação (AH ou SD) acentuam a invisibilidade
destes indivíduos? Faltam políticas públicas que permitam a aplicabilidade das leis? Existem programas de enriquecimento para
estes alunos em contexto de vulnerabilidade? Conclui-se que é imperativo e urgente que nós, enquanto coletividade, voltemos o
olhar para estas crianças e jovens que continuam negligenciados nas diversas esferas da sociedade.
PALAVRASCHAVE: Altas Habilidades ou Superdotação. Contextos de Vulnerabilidade. Inclusão.
ABSCTRACT: the present research aims to answer the following question: Do contexts of vulnerability appear in Brazilian aca-
demic studies on high abilities or giftedness? To elucidate this question, the methodology was based on a survey research in the
following databases: Google Scholar, Scielo and Teses e dissertações da CAPES. e survey identied 15 essays produced in the
last decade: 06 scientic articles, 01 undergraduate monograph, 01 specialization, 05 master’s dissertations and 02 doctoral theses.
e survey result reveals that the theme encourages scholars at dierent academic levels and that the studies were developed in
04 of the country’s regions. Grouped into 07 categories, using their central theme, the essays are organized as follows: Individuals
living on the streets (1 study); Vulnerability Situation (3 results); Refuge Institutions (3 results); Conicts with the Law (2 results);
Quilombolas and Racial and Gender Issues (2 results); Rural Settlement and Riparian Schools (3 results) and Street Situation/
Prison Institutions (1 result). Despite the diversity of perspectives investigated, the result shows that studies are still scarce, encou-
Mestranda do CMPDI - Mestrado Prossional em Diversidade e Inclusão. Universidade Federal Fluminense - UFF. E-mail:
thaisbarros@id.u.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6028-141X
2
Doutora em Educação. Professora Associada do Departamento Educação, Sociedade e Conhecimento (SSE) da Faculdade
deEducação,da Universidade Federal Fluminense - UFF. E-mail: aayamasaki@id.u.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-
6449-5132
3
Doutora em Ciências e Biotecnologia. Professora Adjunta do Departamento de Biologia Celular e Molecular e do Curso de
Mestrado Prossional em Diversidade e Inclusão – CMPDI, da Universidade Federal Fluminense- UFF. E-mail: fernandaserpa@
id.u.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3806-1725
108 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 10, n. 1, p. 107-124, Jan.-Jun., 2023
SOUZA, T. B. B. C.; YAMASAKI, A. A.; CARDOSO, F. S.
raging several questions such as: do the myths and stereotypes of High Abilities or Giftedness accentuate the invisibility of these
individuals? Is there a lack of public policies that allow the applicability of laws? Are there enrichment programs for these students
in a context of vulnerability? We can conclude that it is imperative and urgent that we, as a community, turn our gaze to these
youth who continue to be neglected in the various spheres of society.
KEY WORDS: High abilities or Giftdness. Contexts of Vulnerability. Inclusion.
introdução
A educação assim como a inclusão são direitos garantidos por lei. Entretanto, a realidade
educacional brasileira aponta que há um grande número de crianças e jovens sem um atendimento
escolar adequado a algumas especicidades. Dentre estes indivíduos, encontram-se aqueles que
são o público da educação inclusiva, como também os que estão em situação de vulnerabilidade
econômica e social. Tais ausências denunciam e demonstram violações de Direitos Humanos,
uma vez que o reconhecimento das singularidades necessidades destes indivíduos é precário, o que
acaba acarretando em uma série de diculdades que marcam a trajetória escolar e que, em última
instância, muitas vezes culmina na evasão.
Em estudo realizado em 2018 pelo UNICEF (Fundo de Emergência Internacional das
Nações Unidas), intitulado Pobreza na Infância e na Adolescência”, tomando como fonte de dados
os resultados obtidos no PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) 2015, as privações
a direitos básicos como educação, informação, água, saneamento, moradia e proteção contra o
trabalho infantil impactam na vida de mais de 60% de crianças e jovens de zero a 18 anos no Brasil.
Nesse sentido, as condições precárias de vida demonstram a inter-relação entre privações, exclusões
e as diferentes vulnerabilidades a que meninas e meninos estão expostos e que impactam seu bem-
estar” (UNICEF, 2018, p.6). Essa análise do UNICEF (2018) traz informações graves no que diz
respeito à condição de vida dessa faixa etária e os números apontados fomentam a necessidade de
identicar aspectos importantes a serem considerados em estudos que tratam dos grupos sociais em
vulnerabilidade social. Um dos dados preocupantes do estudo, refere-se aos quase 1,1 milhão de
crianças e adolescentes, respectivamente de 4 e 5 anos e de 15 a 17 anos, faixa etária de escolarização
obrigatória, e que se encontram fora da escola (UNICEF, 2018).
Ao realizar uma breve revisão sobre o conceito de vulnerabilidade social, Scott et al.
(2018) armam que não há uma denição unívoca ou simples do termo, resultado constatação
esse que motivou a realização de um estudo que aprofundou como as pesquisas acadêmicas da
Psicologia estavam se referindo aos grupos sociais empobrecidos e fragilizados socialmente. Os
resultados encontrados sobre vulnerabilidade social por Scott et al. (2018) foram agrupados em
três categorias: a primeira refere-se à exposição a riscos que afetam, individual ou coletivamente,
diferentes grupos sociais, e que envolvem aspectos sociais e políticos poderiam atenuar ou auxiliar
tais indivíduos no enfrentamento aos riscos; a segunda categoria identicada pelos pesquisadores
(SCOTT et al., 2018) envolve aspectos demográcos e/ou socioeconômicos da vulnerabilidade
social, que ressaltam elementos do acesso desigual a recursos materiais e simbólicos, expondo
grupos sociais a uma condição adversa em suas vidas. A terceira categoria de vulnerabilidade
social envolve uma concepção multidimensional, na qual diferentes fatores e circunstâncias
podem estar relacionados às condições identicadas nos grupos sociais, tanto do ponto de vista
econômico, como social e emocional; são estudos que revelam uma diculdade de acesso dos
coletivos atingidos à necessária proteção do Estado no que diz respeito à garantia de direitos;
se aplicada esta categoria multidimensional à realidade brasileira, podemos armar que a
vulnerabilidade social refere-se às diversas negligências e omissões com relação ao cumprimento
Contextos de vulnerabilidade e superdotação Artigos
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 10, n. 1, p. 107-124, Jan.-Jun., 2023 109
daquilo que se prevê com a legislação brasileira, especialmente com os direitos assegurados (no
papel) com a Constituição Federal de 1988.
Segundo o Censo Escolar (2020), mais de 47 milhões de alunos foram matriculados
na Educação Básica. Tomando como base esse quantitativo, calcula-se que cerca de 2,3 milhões
sejam superdotados, se considerarmos a estimativa indicada pela Organização Mundial da Saúde
(OMS), na qual 5% da população mundial apresenta comportamento superdotado. Entretanto, o
mesmo Censo Escolar (2020) informa que em nosso país foram matriculados 24.424 estudantes
que apresentam Altas Habilidades ou Superdotação, o que demonstra que há uma distorção nos
dados informados e que, possivelmente, o número real de alunos brasileiros com Altas habilidades
ou Superdotação seja muito maior.
Relacionando o perl dos alunos superdotados aos contextos de vulnerabilidade social,
indagamo-nos: como podemos investigar o estrato social do qual fazem parte os 24 mil superdotados
declarados no Censo de 2020? existem estudos sobre a superdotação que se remetem a esses grupos
sociais que se encontram em contexto de vulnerabilidade social? Consideramos que é imprescindível
que os indivíduos com comportamento superdotado e inseridos em contextos de vulnerabilidade
social sejam identicados, reconhecidos e estimulados, uma vez que as minorias traduzem a parcela
da sociedade mais negligenciada nos mais diversos aspectos dos direitos e garantias fundamentais.
Atualmente, o Decreto nº 10.502, de 30 de setembro de 2020, que estabelece a Política
Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida, dene
que alunos com Altas Habilidades ou Superdotação apresentam desenvolvimento ou potencial
elevado em qualquer área de domínio, isolada ou combinada, criatividade e envolvimento com
as atividades escolares. Sendo que as áreas de manifestações destas habilidades são: intelectual,
acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes (BRASIL, 2020).
Diante desses parâmetros da legislação vigente
4
, tem sido um desao o processo de
identicação de alunos com comportamentos superdotados: entre outras dimensões a serem
consideradas, perguntamos qual(is) conceito(s) de inteligência contribui(em) com a identicação
dos comportamentos superdotados? Para atender esse anseio, tomaremos por base os estudos e
concepções de Sternberg (2005) e de Gardner (2000), para apresentar visões mais abrangentes com
relação ao tema da inteligência.
O psicólogo e psicometrista estadunidense Robert Sternberg estabelece o conceito de
“inteligência exitosa”, que consiste na capacidade de se atingir os objetivos de vida dentro de um
determinado contexto sociocultural. A “inteligência exitosa” decorre da habilidade para se adaptar,
moldar e selecionar ambientes através da combinação de habilidades analíticas, criativas e práticas
buscando potencialização dos pontos fortes e compensação dos pontos fracos. (STERNBERG, 2005)
Conforme sua teoria triárquica da inteligência, Sternberg (1992) identica três tipos
de inteligência: analítica, a prática e a criativa. A teoria é ainda composta por três subteorias: a
componencial, que se relaciona à inteligência analítica e consiste fundamentalmente na inteligência
acadêmica. A subteoria contextual está relacionada à inteligência prática e consiste na capacidade
de interagir “com sucesso” com o mundo ao seu redor. Pessoas praticamente inteligentes são
particularmente habilidosas em se comportar de maneira bem-sucedida em seu ambiente externo.
A pesquisa buscou utilizar o que é mais recente quanto a legislação. Entretanto, o decreto nº 10.502, de 30 de setembro de 2020,
atualmente encontra-se suspenso. Salientamos ainda, que com relação a resolução nº 4, de 2 de outubro de 2009, que é a legislação
anterior, a denição adotada para caracterizar os alunos com altas habilidades ou superdotação permaneceu a mesma.
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SOUZA, T. B. B. C.; YAMASAKI, A. A.; CARDOSO, F. S.
A subteoria experiencial relaciona-se à inteligência criativa, e refere-se à capacidade de usar o
conhecimento existente para criar novas maneiras de lidar com novos problemas ou novas situações.
Outro teórico que desenvolveu estudos com um novo olhar sobre a inteligência é o
psicólogo americano Howard Gardner. O pesquisador formulou a teoria das Inteligências Múltiplas
e concebeu a existência de oito tipos de inteligência com diferentes conteúdos da cognição, sendo
elas: linguística, lógico-matemática, espacial, musical, corporal-cinestésica, interpessoal, intrapessoal
e a naturalista (GARDNER, 2000). Apesar de não ser um estudioso da área das Altas Habilidades
ou Superdotação, seus estudos contribuem para a adoção de uma visão mais ampla e diversicada
a respeito da inteligência.
Segundo Gardner (2000, p. 115-116):
[…] agora que sabemos sobre as enormes diferenças no modo como as pessoas adquirem e
representam o conhecimento, podemos fazer com que estas diferenças sejam o ponto central do
ensino e do aprendizado? Ou, ao invés disso, continuaremos tratando todo mundo de modo
uniforme? Se ignorarmos essas diferenças, estamos destinados a perpetuar um sistema que
atende a uma elite – tipicamente àqueles que aprendem melhor de uma determinada maneira,
em geral linguística ou lógico-matemática. Por outro lado, se levarmos a sério essas diferenças,
cada pessoa pode ser capaz de desenvolver mais plenamente seu potencial intelectual e social
(GARDNER, 2000, p. 115-116).
Além da questão sobre qual inteligência estamos considerando, queremos nos debruçar
sobre as Altas Habilidades em contextos de vulnerabilidades. Para iniciar as considerações a esse
respeito, queremos citar a psicopedagoga romena, radicada em Israel, Érika Landau. Seus estudos
exploraram também as minorias e imigrantes, Landau e David (2005) apontaram em seu artigo:
Quem serão os superdotados do futuro?
5
, que não necessariamente as crianças das minorias ou
imigrantes apresentam desvantagens perante seus pares, mas sim desfrutam de desaos diferentes
para sua inteligência, maturidade emocional e criatividade. Os pesquisadores (LANDAU; DAVID,
2005) indicaram que crianças oriundas das camadas mais vulneráveis têm maior motivação para
o aprendizado, uma vez que desenvolvem sua individualidade e estão mais expostas a situações
multidisciplinares, como o fato de serem bilíngues. Sendo assim, elas acabam apresentando formas
mais criativas de estabelecer conexões e com uma maior capacidade de inventar e pensar novos
conceitos.
Tais apontamentos vão ao encontro do que é abordado por Renzulli (2021), em seu
artigo intitulado “Avaliação para a aprendizagem: O elemento que falta para a identicação de Altas
Habilidades em grupos de baixa renda e minorias
6
. Neste artigo, o autor trata de grupos minoritários
e pertencentes às camadas de baixa renda, minorias e estudantes bilingues, que apresentam Altas
Habilidades ou Superdotação. Joseph Renzulli é teórico de referência na área, dedicado há quase 40
anos ao tema e possui substancial produção na área, constantemente atualizada em seu site.
Ainda sobre este artigo, (RENZULLI, 2021) chama a atenção para a diferença que
há entre a avaliação DA e PARA a aprendizagem. Enquanto a primeira avalia o que o aluno já
sabe, a segunda busca identicar quais competências são necessárias para que os alunos aprendam
novos conteúdos, de maneira agradável e entusiasmada. Renzulli (2021) arma que a avaliação da
aprendizagem é baseada em conteúdos formais, estruturados, com normas e critérios referenciados,
Tradução das autoras: “Who will be the gifted of the future?”
Tradução das autoras: “Assessment for learning: e missing element for identifying high potential in low income and minority
group.”s
Contextos de vulnerabilidade e superdotação Artigos
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 10, n. 1, p. 107-124, Jan.-Jun., 2023 111
que buscam medir o conhecimento dos alunos, atendendo a padrões e estabelecendo comparações.
Quando se trata da avaliação para a aprendizagem, segundo o autor, ela é informal, exível e
contínua, baseando-se em informações coletadas dos alunos, diante da observação e utilizada para
adaptar o ensino às necessidades individuais (RENZULLI, 2021). Na avaliação da aprendizagem
são apreciados o conhecimento adquirido, as habilidades desenvolvidas e o desempenho acadêmico
dos indivíduos. Tratando-se da avaliação para a aprendizagem, os dados reunidos são fornecidos
pelos próprios alunos, concentrando-se neles como um indivíduos, apontando seus interesses,
preferências na forma de aprendizagem, modos favoritos de expressão, entre outros fatores co-
cognitivos
7
.
Deste modo, Renzulli (2021) destaca que fatores “não cognitivos” estão assumindo, nos
dias atuais, um grande papel e começam a ser amplamente valorizados em seus últimos estudos.
Características como autocontrole, planejamento, organização, interação social, liderança altruísta,
consciência das necessidades das outras pessoas, trabalho em equipe, entre outros atributos,
considerados funções executivas, passaram a ser extremamente importantes. Atualmente, as
admissões em projetos universitários e também o recrutamento para oportunidades de empregos
vêm buscando estas habilidades de seus proponentes. A partir do que foi descrito, o pesquisador
arma que:
Podemos alcançar maior equidade nos programas de educação de superdotados para populações
minoritárias, complementando abordagens baseadas em normas para identicação com
informações adicionais que documentam os interesses dos estudantes, talentos, estilos de
aprendizagem, preferências de estilo de expressão, motivação e habilidades de função executiva
em áreas singulares onde há evidência baseada em desempenho de alto potencial emanado dos
estudantes pela real participação em atividades desaadoras (RENZULLI, 202, p.203-204).
8
Renzulli (2021) assegura que é necessário promover uma mescla entre as avaliações
formais e padronizadas juntamente com avaliação exíveis e informais, quando se trata da
identicação de estudantes pertencentes a classes minoritárias. Diante do que foi exposto tanto em
termos dos direitos básicos como dos estudiosos da inteligência e das AH/SD, o presente artigo tem
por objetivo apresentar produções nacionais acerca do tema das Altas Habilidades ou Superdotação
em contextos de vulnerabilidades.
MetodoloGia
Esta pesquisa bibliográca buscou responder ao seguinte questionamento: “Os contextos
de vulnerabilidades são abordados em textos acadêmicos que tratam das Altas Habilidades ou
Superdotação?” Foram considerados como banco de dados relevantes: Scielo, Catálogo de Teses e
Dissertações da CAPES e Google Acadêmico.
Os bancos de dados foram consultados no período de 01 a 30 de junho 2022. Para a
realização da pesquisa, foi utilizado o operador booleano (AND). Os termos empregados na busca
Identicados por Joseph Renzulli na operação Houndstooth estes componentes interagem e potencializam as atividades de
processamento cognitivo dos indivíduos. Sendo eles: otimismo, coragem, romance com o tópico ou disciplina, sensibilidade às
questões humanas, energia física/mental e visão/senso de destino.
Tradução das autoras: We can achieve greater equity in gifted education programs for underrepresented populations by
supplementing norm-based approaches to identication with additional information that documents students’ interests, talents,
learning styles, expression style preferences, motivation, and executive function skills in singular areas where there is performance-
based evidence of high potential emanating from students’ actual participating in challenging activities
112 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 10, n. 1, p. 107-124, Jan.-Jun., 2023
SOUZA, T. B. B. C.; YAMASAKI, A. A.; CARDOSO, F. S.
foram: superdotação AND situação de rua, altas habilidades AND vulnerabilidade, altas habilidades
AND favela, altas habilidades AND medidas socioeducativas, superdotação AND vulnerabilidade,
superdotação AND quilombolas, altas habilidades AND população de rua.
Além de serem os bancos de dados mais populares quando se trata de trabalhos cientícos,
eles apresentam material que é disponibilizado gratuitamente e em língua portuguesa. Com isso,
como critério de inclusão optou-se por selecionar somente produções em língua portuguesa e que
foram desenvolvidas na última década. Trabalhos anteriores ao ano de 2012 foram excluídos. Foi
adotado também, como critério de exclusão, trabalhos que tratavam de revisões sistemáticas ou
de literatura. Somado a isso, todos os documentos selecionados estão vinculados a instituições de
pesquisa brasileiras ou foram publicados em revistas nacionais.
resultados e disCussão
Abaixo apresentamos três quadros, com os resultados das buscas realizadas nos bancos
de dados. Foram retiradas as duplicidades assim como os trabalhos que, apesar de abordarem a
temática das Altas habilidades ou Superdotação, não tratavam de contextos de vulnerabilidades.
Quadro 1: Resultado da busca realizada no banco de dados Scielo (01)
Termo de busca Título Autor(es) Ano
Tipo de Produção
e Instituição
Palavras Chaves
Superdotação AND
situação de rua
1-Identicando
adolescentes em
situação de rua
com potencial para
altas habilidade/
superdotação
Cardoso, Adriana
Oliveira Guimarães;
Becker, Maria Alice
d’Avila.
2014 Artigo Revista
Brasileira Educação
Especial.
Educação Especial;
Meninos de Rua;
Altas habilidades
Superdotação
Fonte: As autoras, 2022.
Quadro 2: Resultados da busca realizada no Catálogo de Teses e Dissertações CAPES (4)
Termo de busca Título Autor(es) Ano
Tipo de Produção
e Instituição
Palavras Chaves
altas habilidades
AND favelas
2-A atuação
do instituto
Rogerio Steinberg
com crianças e
adolescentes de
favelas cariocas:
uma Cartilha
Informativa sobre
AH/SD.
Melo, Isabel
Cristina Nonato de
Farias
2019 Dissertação de
Mestrado UFF
Altas Habilidades
Superdotação,
Organização; Não-
Governamental,
Legislação,
Educação Inclusiva
Políticas Públicas
altas habilidades
AND
vulnerabilidade
2-Resolução de
conitos sociais
por estudantes com
altas habilidades/
superdotação
em situação de
vulnerabilidade
humana.
Oliveira,Carla
Sant’Ana de.
2021 Tese de Doutorado
UFPR
Estudantes com
altas habilidades/
Superdotação;
Criatividade.
Vulnerabilidade;
Desenvolvimento
Social; Educação
Inclusiva.
Contextos de vulnerabilidade e superdotação Artigos
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 10, n. 1, p. 107-124, Jan.-Jun., 2023 113
3-Vericação de
altas capacidades
em crianças e
adolescentes
em situação de
acolhimento no
Brasil e na Espanha.
Colozio, Amanda
Rodrigues de Souza
2021 Tese de Doutorado
UFSCAR
Educação Especial,
Altas Capacidades,
Vulnerabilidade
Social, Instituição
de Acolhimento,
Identicação,
Atendimento.
3-Percepções dos
prossionais de
uma instituição
de acolhimento
sobre a criança com
comportamento de
altas habilidades/
superdotação.
Antonioli, Camyla 2015 Dissertação de
Mestrado UFSM
Altas habilidades/
superdotação,
Acolhimento
institucional,
Criança, Percepções
Fonte: As autoras, 2022.
Quadro 3 – Resultados da busca realizada no Google Acadêmico (10)
Termo de busca Título Autor(es)
Ano Tipo de Produção
e Instituição
Palavras Chaves
superdotação AND
vulnerabilidade
2-Desenvolvendo
talentos,
transformando
vidas: o
atendimento aos
superdotados
realizado pelo
Instituto Rogério
Steinberg.
Simão, Sonia
Noemi
Klavin;Pinheiro,
Virgínia Louro de
Andrade ;Cabral,
Rosangela Jesus
Pereira.
2015 Artigo Revista
Brasileira de
altas habilidades/
Superdotação.
Desnvolvimento,
Instituto Steinberg.
3-O trabalho da
gestão participativa
de uma instituição
de acolhimento
para a identicação
de crianças com
altas habilidades/
superdotação.
Antonioli, Camyla 2014 Monograa de
Especialização
UFSM
Altas habilidades
/Superdotação,
Identicação,
Gestão
Participativa;
Instituição de
Acolhimento.
4-O crime não
compensa: estudo
da trajetória de
vida de duas
personalidades
com indicadores de
altas habili- dades/
superdotação.
Moraes, Joyce
Santiago de
2017 Monograa de
Graduação UFSM
Relato biográco.
Altas habilidades/
superdotação.
Criminalidade.
Identicação.
Orientação.
6- O talento no
assentamento rural:
o estudo de caso
de um adolescente
superdotado.
Ferreira, Urielma
Lima
2019 Dissertação de
Mestrado UNB
Talento;
Superdotação;
Subrepresentação;
Assentamento rural;
Identicação.
114 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 10, n. 1, p. 107-124, Jan.-Jun., 2023
SOUZA, T. B. B. C.; YAMASAKI, A. A.; CARDOSO, F. S.
Termo de busca Título Autor(es)
Ano Tipo de Produção
e Instituição
Palavras Chaves
altas habilidades
AND medidas
socioeducativas
4- Altas habilidades
/ superdotação:
contexto de jovens
em medidas socio
educativa no centro
de ressocialização
Dagmar Feitosa
em Manaus –
Amazonas.
Figueiredo, Rejane
dos Santos Pereira;
Fernandes, Catarina
Costa.
2022 Artigo Revista
Brasileira de
Desenvolvimento
Superdotação,
Ressocialização,
Discriminação,
Indicadores.
altas habilidades
AND
vulnerabilidade
5- Altas habilidades
/Superdotação e
Interseccionalidade
entre gênero, raça
e classe social uma
problematização
inicial.
Neumann, Patrícia;
Ribeiro, Débora.
2020 Artigo Revista
Diálogos e
Perspectivas em
Educação Especial
Altas Habilidades/
Superdotação,
Gênero, Raça,
Classe social,
Educação.
superdotação AND
quilombola
5 - Projeto
político e projeto
pedagógico de
escolas quilombolas
amapaenses:
contextualizando as
altas habilidades/
superdotação.
Almeida, Roanne
Priscila Castro
2018 Dissertação de
Mestrado UFSC
Educação Especial.
Altas Habilidades/
superdotação.
Escolas
quilombolas.
Projeto Político
Pedagógico.
6 – O aluno com
altas habilidades/
superdotação em
escola ribeirinha na
Amazônia.
Ferreira,José
Adnilton Oliveira;
Carneiro, Carneiro,
Relma Urel
Carbone.
2020 Artigo Revista
online de Política e
Gestão Educacional
Inclusão escolar,
altas habilidades/
superdotação,
Amazônia
amapaense,
Educação ribeirinha
6-Inclusão escolar?
o aluno com
altas habilidades/
superdotação em
escola ribeirinha na
Amazônia.
Ferreira, José
Adnilton Oliveira
2018 Dissertação de
Mestrado UNESP
Inclusão escolar,
Altas habilidades/
superdotação,
Amazônia
amapaense,
Educação
ribeirinha.
altas habilidades
AND população
de rua
7-É possível
encontrar
talentos nas ruas
e em instituições
prisionais?
Becker, Maria Alice
d’Ávila
2014 Artigo Revista de
Educação Especial
Jovens infratores
talentosos; ECA;
Crianças de rua
talentosas.
Fonte: As autoras, 2022
Diante destes resultados, todos os documentos foram agrupados em 7 categorias, de
acordo com a temática central e numerados. A seguir apresentamos estes agrupamentos:
1 - Situação de Rua - O artigo de autoria de Cardoso e Becker (2014) trata de uma
pesquisa realizada com técnicos do Programa Municipal Criança Urgente de Erechim/RS, quatro
adolescentes indicados, seus responsáveis e professores. É um estudo que se utiliza do método da
Inserção Ecológica, considerando visão contextualizada mediante a história de vida, características
dos indivíduos, concepções sobre as potencialidades nos contextos de interação, fatores de risco e
proteção ao desenvolvimento, além da Escala para Avaliação das Características Comportamentais
Contextos de vulnerabilidade e superdotação Artigos
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 10, n. 1, p. 107-124, Jan.-Jun., 2023 115
de Habilidades Superiores adaptada de Renzulli-Hartman; Escala de Autoconceito Infanto-Juvenil;
TAEC - Test de Abreacción para Evaluar La Creatividad e Entrevistas Semiestruturadas.
De acordo com o cruzamento dos dados obtidos, o artigo delineou o perl de
potencialidades de cada adolescente pesquisado. Conforme Cardoso e Becker (2014), estas medidas
proporcionam um benefício social na medida em que cooperam para o reconhecimento, aceitação
e valorização da cidadania e superação das adversidades.
2 - Situações de Vulnerabilidade - O estudo de Oliveira (2021) procurou analisar a
capacidade de resolução de conitos sociais de adolescentes estudantes com o comportamento
superdotado, inseridas em ambientes de vulnerabilidades e a relação entre o seu desenvolvimento
social e sua criatividade. A pesquisa contou com cinco estudantes com o indicativo de Altas
Habilidades ou Superdotação e com média de idade de 13 anos de uma escola da rede estadual
de Guarapuava/PR, sendo que dois eram atendidos na sala de recursos, no contraturno, outros
três estavam em processo de identicação. Todo o trabalho foi desenvolvido durante a pandemia
de COVID-19. Os resultados apontaram que a falta de troca interindividual real, em virtude do
distanciamento social, tem limitado a criatividade destes alunos.
Conforme apontado por Oliveira (2021), os jovens educandos estão em fase de pleno
desenvolvimento cognitivo. Entretanto, a forma como as aulas remotas são conduzidas, acabaram
por desmotivar estes alunos, que foram obrigados a se manter em isolamento social, lidando com
a ausência de atividades de lazer e práticas de educação física. A autora salientou ainda que apesar
de serem oriundos de contextos de vulnerabilidade, o que prejudica a proposição de respostas mais
criativas relacionadas aos conitos sociais enfrentados, as argumentações apresentadas por estes
adolescentes possuem autonomia e vasto potencial criativo.
O artigo de Simão, Pinheiro e Cabral (2015) propõe uma reexão acerca do atendimento
de crianças e jovens com Altas Habilidades ou Superdotação pelo Instituto Rogério Steinbeg (IRS),
situado na cidade do Rio de Janeiro. A Organização Não-Governamental (ONG) atua oferecendo
educação suplementar a jovens em situação de vulnerabilidade. O objetivo do artigo foi apresentar o
IRS, que tem o intuito de desenvolver talentos desse público e, com isso, possibilitar a transformação
da vida destes indivíduos, buscando o desenvolvimento cognitivo, afetivo e emocional através de
Ocinas Norteadoras e das Ocinas do Talento Especíco. As autoras salientam que o Instituto
acredita que a valorização destes indivíduos irá contribuir para o desenvolvimento social e econômico
do país.
Também relacionado à ONG Instituto Rogério Steinberg (IRS) foi encontrada a
dissertação de Melo (2019), que pretendeu corroborar com a importância de ocorrer um trabalho
colaborativo entre órgãos públicos educacionais e instituições do Terceiro Setor, visando a maior
inserção de alunos que apresentam comportamento superdotado, em especial, aqueles oriundos de
comunidades carentes.
A partir dos resultados alcançados, evidenciou-se que embora existam leis e normas
que visam a Educação Inclusiva para esses alunos, a realidade da identicação, atendimento e
acompanhamento para este público é extremamente decitária. Ainda que existam enormes
potencialidades individuais, caso não recebam uma educação que supra as suas necessidades
especícas, eles poderão encontrar diversas barreiras para desenvolver suas capacidades e habilidades
ao longo de sua trajetória escolar.
116 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 10, n. 1, p. 107-124, Jan.-Jun., 2023
SOUZA, T. B. B. C.; YAMASAKI, A. A.; CARDOSO, F. S.
3 - Instituições de Acolhimento A tese de doutorado de Colozio (2021) foi organizada
em duas partes: na primeira, a pesquisadora buscou vericar os indicadores de Altas Habilidades em
crianças e adolescentes de Instituições de Acolhimento Residencial na Ilha de Tenerife, na Espanha;
no segundo estudo, buscou-se Altas Habilidades em crianças e adolescentes de Instituições de
Acolhimento de dois municípios do interior do Estado de São Paulo.
Como resultado desta pesquisa, o primeiro estudo indicou 6 acolhidos que apresentavam
características para altas capacidades, sendo 4 meninos e 2 meninas nas áreas de inteligência geral,
criatividade, socioafetivo e verbal. Esses alunos foram indicados a dois programas: Programa Integral
para Altas Capacidades (PIPAC) e Tagoror, realizados na Universidade de La Laguna, Tenerife.
Tratando-se do segundo estudo, foi possível identicar um acolhido com características para Altas
Habilidades em três domínios: alta capacidade em inteligência geral, verbal e socioafetivo. O
acolhido realizou o atendimento em forma de enriquecimento com o intuito de desenvolver suas
capacidades, o que proporcionou a formação de um autoconceito positivo.
A monograa de especialização de Antonioli (2014) buscou vericar como a gestão
participativa de uma instituição de acolhimento atua no trabalho de identicação de crianças com
Altas Habilidades ou Superdotação. A autora destaca que as instituições de acolhimento são espaço
de ensino e que o Projeto Político Pedagógico (PPP) estabelece os encaminhamentos teóricos e as
ações práticas a serem desenvolvidas nos espaços educacionais não formais. O estudo foi realizado
em uma instituição de acolhimento localizada na cidade de Erechim/RS. Participaram da pesquisa:
duas cuidadoras, duas mães sociais, uma educadora e a coordenadora da Instituição. Foram aplicados
os instrumentos de Freitas e Pérez (2012) com o intuito de identicar entre as crianças acolhidas
institucionalmente aquelas que apresentam comportamento superdotado. Três crianças acolhidas
foram identicadas com Altas Habilidades ou Superdotação e tal resultado despertou o interesse das
participantes em obter maiores conhecimentos sobre o tema.
Na dissertação de Antonioli (2015) houve a realização de um estudo de campo, cujo
objetivo era o de examinar as percepções dos prossionais atuantes em instituições de acolhimento
acerca dos comportamentos para Altas Habilidades ou Superdotação em crianças assistidas por
estas instituições. A partir de entrevistas semiestruturadas com seis prossionais de uma instituição
de acolhimento da cidade de Erechim/RS foi possível estabelecer e indicar expressões que foram
empregadas a respeito do comportamento sobre Altas Habilidades ou Superdotação, tais quais:
“inteligente”, “habilidoso” e “genética”. A pesquisadora também pontuou que estas entrevistas
possibilitaram vericar o interesse dos prossionais em aprofundar seus conhecimentos sobre o
tema.
4 - Conitos com a Lei Em sua monograa de conclusão de curso, Moraes (2017)
objetivou evidenciar a importância da identicação, reconhecimento e orientação dos indivíduos
com comportamento superdotado. Através de uma pesquisa biográca utilizando-se de uma
entrevista concedida por Frank William Abagnale Jr ao “Blog Vidraria” em abril de 2014 e o livro
“VIPS: Histórias reais de um mentiroso”, de autoria de Mariana Caltabiano (2005), que trouxe a
biograa de Marcelo Nascimento da Rocha. Ambos reconhecidos pelo elevado grau de inteligência
e criatividade de seus crimes.
A partir da análise das biograas e articulação dos conhecimentos teóricos acerca das
Altas Habilidades ou Superdotação, Moraes (2017) identicou comportamentos de AH ou SD
nestes indivíduos, tais quais, habilidade acima da média, envolvimento com a tarefa, capacidade
de liderança, criatividade. Sendo assim, este trabalho buscou fomentar a reexão com relação à
Contextos de vulnerabilidade e superdotação Artigos
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 10, n. 1, p. 107-124, Jan.-Jun., 2023 117
necessidade de orientação dos indivíduos, inclusive, àqueles oriundos de contextos de vulnerabilidade
social, sobretudo, em seus primeiros processos de interações sociais, para que suas identidades se
desenvolvam. Objetivou, também, alertar a respeito da possibilidade de existirem diversos outros
casos como os analisados na pesquisa e concluiu que uma boa orientação pode intervir de maneira
positiva nos indivíduos com Altas Habilidades ou Superdotação.
O trabalho de Fernandes e Figueiredo (2022) buscou investigar indicadores Altas
Habilidades entre os internos do Centro Socioeducativo Assistente Social Dagmar Feitosa em
Manaus-AM. A população estudada foram três professores, um psicólogo e três estudantes, na faixa
etária entre 16 e 17 anos. Foi proposto o aproveitamento das peculiaridades destes indivíduos através
de suas características, aspectos intelectuais, criatividade, talento, relações familiares e jeito de ser; o
estudo ressaltou algumas diculdades na identicação. As autoras apontaram a importância do tema
e da necessidade de maiores estudos voltados para as populações em situações de vulnerabilidades
socioeconômicas.
5 - Quilombolas, Questões Raciais e de Gênero - O artigo de Neumann e Ribeiro
(2020) problematiza a relação entre Altas Habilidades ou Superdotação e o cruzamento entre
gênero, raça e classe social. Foi realizada uma análise documental do livro “Quarto de Despejo
(1960), escrito por Carolina Maria de Jesus, mulher negra, pobre e moradora de uma favela. Os
resultados demonstram que os marcadores sociais de gênero, raça e classe social têm papel central
na marginalização e, consequentemente, no não reconhecimento e na valorização da pessoa,
dicultando assim, desenvolvimento de habilidades e potenciais. As autoras defendem ainda
que é necessário proporcionar o desenvolvimento dos potenciais destas pessoas em contexto de
vulnerabilidade social, pois os ganhos da inclusão são para todos. Somado a isso, é fundamental
considerar a realidade sócio-histórica do Brasil na identicação, na avaliação e no atendimento
educacional destes indivíduos.
A dissertação de mestrado de Almeida (2018) aponta que as escolas devem ter
visibilizadas, em seus Projetos Político Pedagógicos (PPP), as ações norteadoras e as intervenções
a serem desenvolvidas nestes locais. Sendo assim, o objetivo da pesquisa foi analisar os PPPs e
PPs de duas escolas quilombolas amapaenses com o intuito de apurar se estes contemplam as
Altas Habilidades ou Superdotação. Somado a isso, buscou-se também conhecer o panorama da
educação quilombola no Estado do Amapá e analisar o contexto das escolas pesquisadas. A partir da
análise, procurou-se apurar quais áreas das Altas Habilidades ou Superdotação são mais explícitas
nos PPs das escolas analisadas. Além disso, o estudo propôs uma maior discussão acerca das Altas
Habilidades ou Superdotação sendo através de indicação para a identicação, por meio da provisão
e o enriquecimento dos projetos. Como resultado, apurou que o Estado do Amapá contava, em
2017, com 40.520 estudantes. O número de alunos identicados como sendo superdotados era
apenas 271 jovens, quantitativo subestimado em relação à proporção indicada pela OMS de 5%
da população. Do total de estudantes amapaenses, 1955 são pertencentes a 21 escolas quilombolas,
nenhum superdotado era matriculado em escola quilombola.
A autora conclui que os PPPs das escolas apontaram debilidades no que tange a Educação
Especial, uma vez que os alunos com Altas Habilidades ou Superdotação sequer são apontados como
público a ser considerado pela escola. Pontua, também, que as análises das duas escolas levaram ao
entendimento de que há uma exclusão dos alunos com Altas Habilidades ou Superdotação no
estado do Amapá, com e em maior proporção nas escolas quilombolas.
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SOUZA, T. B. B. C.; YAMASAKI, A. A.; CARDOSO, F. S.
6 - Assentamento Rural e Escolas Ribeirinhas - A dissertação de mestrado, de autoria
de José Adnilton Ferreira (2018) motivou a publicação do artigo de autoria de Ferreira e Carneiro
(2020). Tanto o artigo quanto a dissertação buscaram vericar de que maneira a inclusão escolar
vem ocorrendo em uma escola ribeirinha no município de Mazagão, no Estado do Amapá. Alunos
do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental com Altas Habilidades ou Superdotação foram os sujeitos
da pesquisa, que contou também com a participação de um professor da turma do aluno com Altas
Habilidades ou Superdotação, um professor do Atendimento Educacional Especializado, o único
aluno identicado com AH ou SD, um coordenador pedagógico e o diretor da escola.
A rotina da sala de aula foi observada, assim como o atendimento educacional
especializado. Segundo os autores, os resultados sinalizaram que existem problemas no processo de
inclusão dos alunos com Altas Habilidades ou Superdotação em virtude de uma série de fatores,
tais quais: a formação de professores e de toda equipe escolar, infraestrutura, organização das salas
de aula, entre outros. Além disso, foi possível vericar a importância de pesquisas nesta temática
para o fortalecimento de questões teórico-práticas relativas à inclusão. A pesquisa buscou, ainda,
proporcionar contribuições teóricas e práticas relevantes para o processo de inclusão de alunos com
Altas Habilidades ou Superdotação na escola ribeirinha na Amazônia Amapaense.
A dissertação de mestrado de Uielma Ferreira (2019) propõe uma investigação a respeito
das características de um adolescente indicado pelos moradores de um assentamento rural como
superdotado e a percepção desta comunidade sobre o talento. Os participantes do estudo de caso
foram: um adolescente, sua mãe, doze moradores desse assentamento rural, a coordenadora e a
professora da escola rural. Como resultado, a autora destacou as seguintes características deste
adolescente: habilidades de desenho, teatro e oratória, liderança, autonomia, responsabilidade,
motivação, criatividade, habilidades sociais, sensibilidade para com as necessidades humanas,
boas notas escolares e conexão com a cultura e natureza. Com relação aos valores e práticas no
assentamento rural, ela destacou o senso de igualdade, a cooperação, a coletividade e a consciência
ambiental.
Diante disso, a pesquisadora vericou que a percepção de talento nesta comunidade rural
estava relacionada aos seus valores e práticas. A comunidade apontou que a principal característica
de uma pessoa talentosa é a sensibilidade para com as necessidades humanas. A autora também
pôde observar mitos acerca do talento tanto da comunidade quanto da professora. Como principais
implicações deste estudo, salientou-se a necessidade de investimentos para formação de professores,
divulgação e orientação das famílias acerca da superdotação e maior efetividade para os processos de
identicação pelos programas de atendimento educacional especializado.
7 - Situação de Rua/Instituições Prisionais - Becker (2014) teve por objetivo discutir a
possibilidade de identicar talentos em populações em regimes de privação da liberdade, que estão
excluídas dos programas de atendimento para Altas Habilidades ou Superdotação, como os jovens
que perambulam pelas ruas e jovens infratores que se encontram presos, mas que estiveram ou ainda
estão inseridos no ambiente escolar. Conforme a pesquisadora, a literatura aponta que a identicação
de superdotação segue parâmetros e deve utilizar a denição mais adequada ao ambiente e situação
analisada. Além disso, a identicação só tem sentido quando acompanhada de um planejamento
para atender as necessidades educacionais e de desenvolvimento dos indivíduos. Sendo assim, a
autora propõe “com seu artigo” suscitar a reexão acerca de quais os caminhos devem ser tomados
nos próximos anos visando a criação de programas de pesquisas e projetos de atendimento a estas
populações num período curto e médio prazo.
Contextos de vulnerabilidade e superdotação Artigos
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 10, n. 1, p. 107-124, Jan.-Jun., 2023 119
A partir desta breve análise a respeito dos estudos, é possível depreender que o assunto
merece ser mais explorado, haja vista que as buscas nos três bancos de dados remeteram a um total
de 15 trabalhos, nos últimos 10 anos. Observa-se também que os autores que se propuseram a
abordar a temática dos contextos de vulnerabilidade e a superdotação ainda identicam a presença
de mitos e crenças equivocadas, alimentado e fortalecendo estereótipos.
Os estudos ressaltam a falta de informação de professores e pais, que por desconhecimento,
acabam por negligenciar as singularidades destas crianças e adolescentes. Além disso, vericou-se
a desinformação com relação às leis e direitos que envolvem a Educação Inclusiva e o próprio fato
destas crianças e adolescentes que pertencem às camadas menos favorecidas serem ignoradas pelas
políticas sociais, aspectos condicionantes para que estes indivíduos permaneçam na invisibilidade.
Outro fator importante apontado nos trabalhos diz respeito à inuência que os pais
exercem no estímulo ao desenvolvimento das crianças e adolescentes que apresentam comportamento
superdotado. Assim como a pesquisadora Landau (2002) destaca em seu livro a “Coragem de ser
superdotado”, a necessidade do envolvimento dos pais na rotina escolar do lho, fornecendo à
crianças e adolescentes a segurança necessária para se sentir aceita e amada independente de seu
comportamento.
Isso também proporciona o desenvolvimento de responsabilidade destes indivíduos.
Landau (2002) destaca que, em geral, as crianças e adolescentes não se sentem amados e aceitos
na mesma proporção que os seus pais imaginam. Todo ser humano necessita de um ambiente
acolhedor e estimulante para que possa manifestar suas potencialidades. Uma atmosfera afável
acaba por fomentar também a criatividade e este é um outro aspecto bastante estudado dentro
do contexto das Altas Habilidades ou Superdotação. A autora destaca que ela aora a partir da
interação positiva deste indivíduo com o ambiente que o cerca (escola, família, vizinhança).
Estes apontamentos feitos por Landau (2002) vão ao encontro do que Renzulli (2020),
aponta em seu artigo “O elemento que faltava para identicar alto potencial em grupos de baixa
renda e minorias.
9
Para abrir mais as portas para que esses alunos, em contexto de vulnerabilidade,
tenham acesso a oportunidades de desenvolvimento de talentos, não devemos ignorar as abordagens
normativas tradicionais; no entanto, devemos ser exíveis o suciente para adicionar informações
importantes que podem ser obtidas por meio da avaliação para o aprendizado.
Em seu artigo “A teoria da inteligência exitosa
10
, Sternberg (2005) indica que os
sistemas educacionais de diversos países dão grande ênfase na instrução e avaliação que exploram
duas habilidades importantes: memória e, em menor grau, análise. Sendo assim, alunos que
apresentam estas habilidades mais desenvolvidas acabam por apresentar melhores resultados em
testes de desempenho. Diante disso, indivíduos que possuem pontos fortes em outros tipos de
habilidades podem ser prejudicados por este sistema de avaliação. O autor aponta que essas crianças
e adolescentes podem aprender e testar bem, caso seja oferecida a oportunidade de trabalharem com
seus pontos fortes em vez de suas fraquezas.
Outro fator levantado no estudo de Renzulli (2020), sobre grupos de baixa renda e
minorias,é a importância da identicação. O autor aponta ainda que quando se trata da identicação,
é necessário destacar que o conceito de potencialmente superdotados propõe que a superdotação
emerge ou aparece em diferentes momentos e sob diferentes circunstâncias. Sem esta abordagem,
Tradução das autoras: “e missing element for identifying high potential in low income and minority groups.
10
Tradução das autoras: “e theory of successcul intelligence.
120 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 10, n. 1, p. 107-124, Jan.-Jun., 2023
SOUZA, T. B. B. C.; YAMASAKI, A. A.; CARDOSO, F. S.
não haveria esperança em identicar alunos brilhantes com baixo desempenho, estudantes de
origens desfavorecidas ou qualquer outra população especial que não seja facilmente identicada
por meio de procedimentos tradicionais de teste.
Sendo assim, é necessário também oferecer a estes sujeitos o suporte adequado para
que possam potencializar e aprimorar suas habilidades. Isto tem como nalidade proporcionar o
crescimento destes indivíduos não somente no aspecto cognitivo, mas também no âmbito emocional.
Assim, como comumente pode-se observar que apesar de apresentarem esta capacidade acima da
média no quesito intelectual, por diversos motivos, essas crianças e adolescentes não apresentam um
desenvolvimento emocional que acompanhe a sua avançada habilidade cognitiva.
Neste momento, é possível vericar que todo ambiente no entorno deste indivíduo
exerce uma grande inuência não só no desenvolvimento intelectual, mas também no emocional.
O apoio da família, da escola, dos pares tem relação direta com o progresso destes indivíduos.
Somado a isso, além desta rede de apoio que vem das relações humanas, é também de grande
relevância o suporte físico e material. Sabe-se que indivíduos em situações de vulnerabilidade, além
de enfrentarem instabilidades de relacionamentos, enfrentam fragilidades relacionadas às questões
materiais. A falta de um ambiente físico adequado, ordenado, com ferramentas de aprendizado que
igualmente fornecem o apoio para o pleno desenvolvimento destas crianças e adolescentes. Pode-se
citar que outro aspecto referente a este tipo de insegurança diz respeito à questão alimentar, uma
deciência nesse quesito tem impacto direto no pleno fortalecimento e desenvolvimento destas
crianças e adolescentes.
ConClusão
A pesquisa baseou-se na busca de estudos produzidos na última década e apontou a
participação de estudiosos em diversos níveis acadêmicos, desde a graduação até o doutorado, uma
vez que foram obtidos artigos, monograas, dissertações e teses. Os trabalhos encontrados na busca
fomentam uma série de questionamentos e leva-nos a indagar os motivos dessa incipiente produção.
Os mitos e estereótipos acabam por invisibilizar estes indivíduos? Faltam políticas
públicas que permitam a aplicabilidade das leis? Existem, nas escolas, professores preparados para a
identicação de crianças com indicativos de Altas Habilidades ou Superdotação, sejam elas oriundas
ou não de contextos de vulnerabilidade? Os professores têm acesso a cursos de formação nas áreas
das Altas Habilidades ou Superdotação? Existem programas de enriquecimento para estes alunos
que são identicados? Quais são as escolas que recebem os 24.424 estudantes com comportamento
superdotado, conforme o CENSO (2020)? Eles pertencem às classes menos favorecidas ou não?
Diante do que foi exposto ao longo deste estudo, conclui-se que é imperativo e urgente
que nós, enquanto coletividade, voltemos o olhar para estas crianças e adolescentes, que são
de várias maneiras negligenciadas nas diversas esferas da sociedade. Sendo assim, espera-se que
este trabalho venha a fomentar a discussão e contribuir para a área das Altas Habilidades ou
Superdotação, especialmente sob o prisma das vulnerabilidades. Uma vez que ao não proporcionar
a estas populações a devida atenção e reconhecimento, estamos contribuindo ainda mais para o
fortalecimento das diferenças e desigualdades, e também desperdiçando uma série de indivíduos
com grande potencial para contribuir positivamente para os avanços da humanidade.
Contextos de vulnerabilidade e superdotação Artigos
Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 10, n. 1, p. 107-124, Jan.-Jun., 2023 121
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