136 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 9, n. 1, p. 133-148, Jan.-Jun., 2022
ALMEIDA, D. R.; MENEGOTTO, L. M. O.; MARTINS, R. L.
comorbidades, já tendo cursado o 5º ano do Ensino Fundamental ou já tendo completado 11
anos de idade.
Como instrumentos de pesquisa foram utilizadas entrevistas semiestruturadas
com a mãe e a avó da participante, um questionário com o avô e sessões de sondagem com a
jovem com SD. As entrevistas e o questionário tiveram como objetivo coletar dados sobre os
aspectos gestacionais, o desenvolvimento motor da jovem com SD, a rotina familiar, o histórico
terapêutico e escolar da jovem, seu letramento e a renda familiar. Segundo Minayo et al. (2005,
p. 91), esse tipo de entrevista combina perguntas abertas e fechadas para que o entrevistado
tenha “a possibilidade de discorrer sobre o tema em questão sem se prender à indagação
formulada”. Em seguida, procedeu-se a cinco sessões de sondagem com a participante.
Cabe ressaltar que a coleta de dados se deu entre janeiro de 2020 e fevereiro de
2021, totalizando 13 meses de trabalho. Durante esse período, a composição dos materiais do
estudo foi desenvolvida em 4 fases, cada uma delas correspondendo a um grupo de elementos
construídos no campo teórico e que atendem a cada um dos objetivos especícos do estudo. A
primeira fase foi exploratória e teve como objetivo conhecer os responsáveis pela participante.
Para tanto, foi feita uma reunião inicial com a mãe, no dia 27/01/2020, para explicar os
objetivos do estudo e, após, solicitou-se a assinatura do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE), o estudo, faz parte de uma pesquisa maior e encontra-se autorizado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), da universidade FEEVALE, sob registro nº 3.564.172.
A segunda fase do estudo deu-se com o início das sessões de sondagem com a participante no
mês de março de 2020. Na terceira fase, realizou-se uma entrevista com mãe e com a avó em
conjunto, também no mês de março de 2020. A quarta fase teve por objetivo construir um
plano de intervenção baseado na coleta de dados por meio dos instrumentos.
O plano de intervenção foi composto por 30 sessões de intervenção clínica, uma
por semana, com duração de 50 minutos cada. Para as sessões, foi feito plano geral dividindo
as intervenções em 3 eixos norteadores: smartphone, instrumentos de compra (R$) e sinais/
objetos/itens sociais, com 10 encontros para cada eixo. As atividades que compuseram cada
objetivo de intervenção contaram com atividades práticas, como é o caso do Smartphone,
seguidas de propostas que incluíam desenho, recorte, colagem e pesquisa na internet como
forma de expressão do entendimento da participante. Para alcançar cada objetivo, foram
utilizadas estratégias formais (aprendizagem formal), vivenciais (saídas de campo) e tarefas/
propostas para família. As sessões foram conduzidas conforme o interesse e o desempenho da
participante, sendo planejadas em sua plenitude após cada atendimento, uma a uma, buscando
fazer uma linha de construção de ideias e interesses. O registro das sessões foi feito por meio de
diário de campo preenchido durante e imediatamente após os encontros.
Os dados coletados nas entrevistas foram analisados tomando como base o método
de análise de conteúdo, realizando-se a categorização e a triangulação de dados (MINAYO;
DESLANDRES; GOMES, 2008). A análise de conteúdo, segundo Minayo et al. (2008),
consiste em etapas de categorização, interferência, descrição e interpretação dos dados coletados.
Para a realização dos procedimentos da análise de conteúdo, seguiram-se as seguintes etapas:
“(a) decompor o material a ser analisado em partes [...]; (b) distribuir as partes em categorias;
(c) fazer uma descrição do resultado da categorização [...]; (d) fazer inferências dos resultados
[...]; (e) interpretar os resultados obtidos com o auxílio da fundamentação teórica adotada”
(MINAYO et al., 2008, p. 88). Para auxiliar no processo de categorização das narrativas dos
participantes, elegeram-se as seguintes categorias: letramento e família; autonomia como produto