60 Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 9, n. 1, p. 55-70, Jan.-Jun., 2022
CAPELETTI, A.; CARVALHO, R. C.
Saviani (2009) debateu sobre a formação de professores para atuar nessa modalidade:
[...] permanece em aberto. Com efeito, o lugar onde esse tipo de formação poderia ser
contemplado em sua especicidade seria o curso de Pedagogia. Entretanto, a resolução CNE/
CP 1, de 2006, que deniu as diretrizes curriculares nacionais para o curso de Pedagogia toca
na questão da Educação Especial de passagem e apenas duas vezes. Trata-se do artigo 5º, inciso
X (Saviani, 2008, p. 248): ‘demonstrar consciência da diversidade, respeitando as diferenças
de natureza ambiental-ecológica, étnico-racial, de gêneros, faixas geracionais, classes sociais,
religiões, necessidades especiais, escolhas sexuais, entre outras’ (grifos meus) e do artigo 8º, inciso
III (idem, ibidem, p. 251): [...] atividades complementares envolvendo [...], opcionalmente, a
educação de pessoas com necessidades especiais, a educação do campo, a educação indígena,
a educação em remanescentes de quilombos, em organizações não-governamentais, escolares e
não-escolares, públicas e privadas (SAVIANI, 2009, p. 152).
Contudo, não é qualquer formação que possibilitará que o prossional docente
atue com alunos NEE: esse esforço necessita de formação especíca e continuada, além de
preparação psicológica e emocional para os enfrentamentos vivenciados diariamente. Outros
desaos surgem, desde a infraestrutura inadequada à demanda e qualicação dos prossionais
na educação prossional e inclusiva. A exclusão também passa pela acessibilidade digital, fator
que gera autonomia e democratização do acesso às tecnologias (SILVA, 2020).
Vários estudos acadêmicos vem denunciando sistematicamente o despreparo do
professor para trabalhar com a diversidade, como Saviani (2009) e as revisões realizadas por
Fontes (2009) e Mendes (2017). Contudo, além da falta de preparo teórico-metodológico
para incluir o aluno com deciência ou outras condições de “excepcionalidade”, o professor
do ensino regular pode apresentar expectativas desfavoráveis em relação a sua capacidade de
aprendizagem. Neste sentido, a aceitação do “aluno especial” e suas diferenças é um processo
complexo que passa pela sensibilização do professor.
Fontes (2009), ao analisar o Plano Nacional de Educação, reforça este aspecto quando
arma que “não há como ter uma escola regular ecaz quanto ao desenvolvimento e aprendizagem dos
educandos especiais sem que seus professores [...] sejam preparados para atendê-los adequadamente”.
E complementa, armando que “a formação continuada assume particular importância, em
decorrência do avanço cientíco e tecnológico e de exigência de um nível de conhecimentos sempre
mais amplos e profundos na sociedade moderna” (FONTES, 2009, p, 57).
Neste sentido que Nóvoa arma que o desenvolvimento da prossão docente passa pelo
desenvolvimento do professor enquanto pessoa, por isso, “urge (re)encontrar espaços de interação
entre as dimensões pessoais e prossionais, permitindo aos professores apropriar-se de seus
processos de formação” (NÓVOA, 1995 citado por FONTES, 2009, p, 64). O desenvolvimento
pessoal do docente engloba o compreender o lado humano de cada aluno público-alvo da
educação especial. Neste contexto, “a aquisição da sensibilidade relativa às diferenças entre os
alunos constitui uma das principais características do trabalho docente”, sendo este um dos pilares
da Educação Inclusiva (TARDIF, 2000 citado por FONTES, 2009, p. 64 e 65).
Para a promoção concreta e de fato da inclusão é essencial a modernização no
ambiente escolar, tanto no suporte pedagógico aos docentes atuantes como os docentes em
formação e assim partirá do pressuposto que é preciso conhecer para que a transformação
ocorra. A aprendizagem começa quando as práticas educacionais são pensadas e planejadas
pela coordenação, professor e a família, para assim obter êxito e realmente ver o crescimento