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SANTOS, Plácida Leopoldina Ventura Amorim da Costa. 25 anos do PPGCI Unesp: desafios e conquistas ao
longo de uma trajetória. Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol.17, publicação
contínua, 2023, e023065. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023065.
25 anos do PPGCI Unesp:
desafios e conquistas ao longo de uma trajetória
25 years of PPGCI Unesp: challenges and achievements along the way
Plácida Leopoldina Ventura Amorim da Costa Santos (1)
(1) Universidade Estadual Paulista (UNESP), Brasil
Introdução
Desde a sua instalação 25 anos, o Programa de Pós-Graduação em Ciência da
Informação (PPGCI), da Unesp, tem sido uma referência na formação de profissionais
altamente qualificados e na produção de pesquisas de relevância científica e, ao longo dessas
duas décadas e meia, a equipe de pesquisadores acadêmicos e o PPGCI enfrentaram diversos
desafios, superaram obstáculos e celebraram conquistas notáveis.
Logo no início, era sabido que seria necessário trabalhar com os seguintes fatores
precedentes a implantação do Programa: a) obter aprovação dos órgãos reguladores. Num
primeiro momento, aprovação da Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PROPG), da Unesp e depois,
da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), uma Fundação
do Ministério da Educação (MEC); b) constituir um corpo docente experiente; e c) criar uma
infraestrutura adequada para o desenvolvimento das atividades acadêmicas apresentadas na
proposta.
Ao procurar reconstruir a trajetória percorrida pelo PPGCI evidencia-se a importância
de descrever a capacidade de regência dos fatores de precedência, no momento de construção
de uma proposta para a criação de um Programa Acadêmico de Pós-Graduação.
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A proposta
Pode-se dizer que a arte da regência, e aqui fazendo uma bricolagem da área da Música,
tem no ritmo inicial uma das coisas mais importantes e até mesmo determinante para a
qualidade da execução de qualquer obra (Gama, 2016). A arte da regência refere-se à
habilidade e ao talento de conduzir uma equipe, à responsabilidade em interpretar, coordenar
e moldar a performance de conhecimento para transmitir e expressar a visão global do se
propõe a apresentar (Lago, 2008). Esse procedimento envolve várias competências, incluindo
conhecimento profundo, compreensão teórica, habilidades de comunicação e liderança, além
da sensibilidade para apresentar um projeto de curso de forma única e cativante.
A proposta para o projeto de implantação do PPGCI deveria conter, então, a estrutura,
a harmonia, a dinâmica e o estilo estrutural do Programa que estava sendo apresentado, com o
objetivo de transmitir com clareza a mensagem da proposta ao público alvo. Para tanto, exigia-
se a existência de um grupo coeso e em sincronia durante o percurso de proposição, fato esse
que solicitava a regência de fatores de precedência, uma combinação de conhecimento, de
técnica, de paixão e de sensibilidade, que possibilitou a transmissão da essência da proposta e
criou experiências significativas, instigantes e inovadoras.
No momento da construção da proposta do PPGCI, se contava com a disposição
necessária de um grupo de pesquisadores que apresentava um lastro consistente de pesquisa e
de ensino, que se caracterizava pela diversidade nas opções metodológicas, pela
transversalidade nas abordagens temáticas, pela verticalidade nas suas especialidades no
interior do campo de conhecimento da Ciência da Informação, numa base sólida de
conhecimentos específicos.
Destaca-se, ainda, o fato de ter sido um grupo especialmente marcado pela coesão e
unidade no alcance dos objetivos e no empenho de atividades que englobavam: a) a divulgação
da Unesp, enquanto universidade de excelência; b) a manutenção e a progressão da qualidade
do curso de Graduação; c) a formação de alunos na iniciação científica; d) a instalação, pioneira
no campus, de Grupos de Pesquisa credenciados no CNPq; e) a conquista, também pioneira na
unidade, de bolsas de aperfeiçoamento, de especialidade, de iniciação científica, de pesquisa e
de produtividade de diferentes instituições de fomento (CNPq, Fapesp, IBM); f) a instalação
do primeiro Laboratório Multimídia do país em um curso que não era da área Ciência da
Computação; g) a qualidade e a quantidade da produção científica publicada em meios
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relevantes do contexto científico nacional e internacional; e h) o desejo da implantação de um
Programa Acadêmico de Pós-Graduação em Ciência da Informação.
Esses foram os fatores de precedência gerenciados com maestria pelo grupo de
professores do Departamento de Ciência da Informação (DCI), que trabalhou na apresentação
da proposta do PPGCI.
O Percurso
Ao analisar os objetivos desse grupo de docentes/pesquisadores, os fatores de
precedência e a honrosa tarefa de relatar a trajetória do PPGCI, passei, como todo o pesquisador
e acadêmico, a dedicar os meus dias a fazer relações entre o que me é apresentado no cotidiano
e o tema a ser discorrido, para que a minha abordagem tivesse sentido para mim e para os
leitores deste texto. Comecei a pensar, especialmente, no Boxe. Sim, no Boxe, suas regras e
suas exigências. Vale destacar que o boxe envolve uma variedade de movimentos e de técnicas
que estimulam o desenvolvimento da lateralidade, melhorando a coordenação, a agilidade e a
capacidade de usar efetivamente ambos os lados do corpo. Isso não apenas é importante para a
eficácia no boxe, mas também pode ter aplicações positivas em outras áreas da vida.
Percebem-se, pois, relações entre as qualidades exigidas do boxeador para o combate e
a luta para a implantação de um Programa Acadêmico de Pós-Graduação. Destaco aqui
algumas características: Disciplina, Resiliência, Planejamento Estratégico, Trabalho em
Equipe, Flexibilidade e adaptação, Motivação e perseverança, Habilidade de comunicação e
Foco nos resultados.
Disciplina: Tanto no boxe quanto na construção de uma proposta de um Programa
acadêmico, a disciplina é fundamental. Os boxeadores precisam ser disciplinados em sua rotina
de treinamento, alimentação e descanso para atingir o melhor desempenho possível. Da mesma
forma, a equipe responsável pela implantação do Programa precisava seguir um plano
estratégico, cumprir prazos e garantir que todas as etapas fossem concluídas de maneira
organizada. Foram dias, semanas, meses, muito debate, muita dedicação e disciplina.
Resiliência: No boxe, os atletas enfrentam adversidades como derrotas, lesões e
treinamentos difíceis, mas devem permanecer resilientes e continuar progredindo. Na
implantação de um programa acadêmico, os responsáveis podem encontrar obstáculos como
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burocracia, falta de recursos ou resistência de alguns setores, exigindo resiliência para superar
essas dificuldades e seguir em frente. Os obstáculos não foram poucos a resistência para a
implantação de um Programa Acadêmico de Pós-Graduação, em uma pequena cidade do
interior de São Paulo, não foi pequena ou mesmo inexpressiva. Os desafios foram grandes.
Planejamento estratégico: Tanto no boxe quanto na implantação de um curso
acadêmico de pós-graduação é essencial ter um planejamento estratégico bem elaborado. Os
boxeadores precisam estudar o oponente, desenvolver táticas e ajustar seu estilo de luta
conforme a situação. Da mesma forma, a proposta para o Programa requisitou um plano com
a identificação clara dos objetivos, metas alcançáveis, público-alvo definido e ações específicas
que trouxessem no seu bojo a inovação e o pioneirismo para alcançar o sucesso acadêmico.
O planejamento estratégico pode ser ilustrado com o exemplo dos boxeadores cubanos,
conhecidos por suas habilidades excepcionais no ringue ao empregarem táticas surpreendentes.
Eles ajustam suas táticas e são capazes de tomar decisões rápidas durante a luta, aproveitando
todas as oportunidades, são versáteis em termos de seleção de golpes e podem atacar com uma
ampla variedade de socos e combinações, tornando difícil para os adversários preverem seus
movimentos. Eles usam sua envergadura e alcance para atingir seus adversários enquanto
evitam ser atingidos. Isso exige um controle preciso da distância e da postura.
Na proposição do Programa, o planejamento estratégico foi imprescindível, a equipe
decidiu utilizar a inteligência tática propondo uma linha consolidada do campo da Ciência da
Informação e implementar o que era inovador para área da Ciência da Informação, mas que
para aquele grupo de docentes/pesquisadores se constituía em uma prática acadêmica e de
pesquisa.
Apresentou as Tecnologias de Informação e Comunicação em uma abordagem sólida e
vertical no contexto da Ciência da Informação, não mais apenas transversal, como ocorria
em outros Programas. E mais, trouxe para o interior da linha de pesquisa proposta, uma área
consolidada da Biblioteconomia, a Catalogação, para uma abordagem de pesquisa científica e
acadêmica considerando suas relações com os aspectos tecnológicos e computacionais de
profundidade e imersão.
Trabalho em equipe: Nos esportes de combate, como o boxe, a equipe que envolve
treinadores, preparadores físicos e companheiros de treino desempenha um papel importante
para o desenvolvimento do atleta. Ao implantar um curso acadêmico, uma equipe
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multidisciplinar de docentes pesquisadores, especialistas, gestores acadêmicos e outros
profissionais precisa trabalhar em conjunto para garantir o sucesso do programa.
Flexibilidade e adaptação: Tanto no boxe quanto na implantação de um programa
acadêmico, é fundamental ser flexível e capaz de se adaptar às mudanças. No boxe, os lutadores
precisam ajustar sua estratégia durante a luta conforme o desenrolar do combate. No contexto
acadêmico, a equipe precisa estar preparada para fazer ajustes no currículo, nas metodologias
e nas avaliações à medida que surgirem novas necessidades ou mudanças nas tendências da
área de conhecimento. E isso tem ocorrido ao longo desses anos, com competência e
propriedade, no desempenho profícuo de seus atores, docentes e discentes do PPGCI.
Motivação e perseverança: O boxe é um esporte exigente que requer muita motivação
e perseverança para continuar progredindo, mesmo diante das dificuldades.
Ao implantar um programa de Pós-Graduação, o corpo docente responsável também
precisa estar motivado e perseverante para enfrentar os desafios que surgem ao longo do
processo e garantir que a proposta alcance seus objetivos.
Habilidade de comunicação: No boxe, os lutadores precisam se comunicar bem com
sua equipe para entender as estratégias e receber feedbacks construtivos.
Ao implantar um curso de Pós-Graduação, uma comunicação clara e eficaz é
fundamental para alinhar expectativas, informar os envolvidos sobre o progresso e garantir a
participação ativa de todos os interessados no processo.
Foco nos resultados: Tanto no boxe quanto na implantação de um Programa de Pós-
Graduação, o foco nos resultados é crucial. Os boxeadores buscam a vitória nas lutas e, para
isso, precisam manter o foco em seu desempenho e evolução. Da mesma forma, a equipe
responsável pela implantação, coordenação e evolução do curso acadêmico, nas suas diferentes
etapas, deve acompanhar os indicadores de sucesso e garantir que os resultados desejados
sejam alcançados.
Estabelecer essas conexões entre as qualidades exigidas do boxeador e a execução das
exigências na implantação e no desenvolvimento do Programa de Pós-Graduação em Ciência
da Informação, da Unesp, nos ajuda a compreender a importância de características específicas
para um desempenho de sucesso e a destacar como os princípios de uma prática, como o boxe,
podem ser aplicados em diferentes contextos.
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Ao longo desses anos, a busca pela excelência acadêmica, a captação de recursos para
pesquisa, a expansão da internacionalização, a participação ativa dos docentes e discentes em
eventos científicos nacionais e internacionais foram essenciais para a consolidação do PPGCI
e para a divulgação das pesquisas desenvolvidas, além da formação de redes de colaboração e
de intercâmbio acadêmico.
A implantação do programa
Os movimentos anteriormente destacados, realizados desde a implantação do PPGCI,
em 1998, com a autorização da PROPG-UNESP, confirmavam a existência de condições ideais
para a sua implantação, como descreve o parecer de recomendação do Programa na CAPES,
em 2001:
A proposta do Programa é moderna e sintonizada com as tendências atuais da
pesquisa em Ciência da Informação no Brasil. Está sintonizada também com
as necessidades da região onde se situa, caracterizada por avanços nos
parques industriais e empresariais, a par de um grande desenvolvimento do
ensino de nível superior. O Programa dispõe de uma boa infraestrutura de
recursos informacionais e computacionais. O financiamento é realizado com
recursos orçamentários da Universidade. A área de concentração é intitulada
“Informação, Tecnologia e Conhecimento” com duas linhas de pesquisa:
“Organização da Informação” e “Informação e Tecnologia”. Essa abordagem
está perfeitamente adequada à proposta. O Programa conta nove professores...
em áreas diversas do conhecimento, com a desejável predominância da
Ciência da Informação. É uma diversidade apropriada a um programa em que
se pretende enfatizar o trabalho interdisciplinar. A produção intelectual é
adequada à área de concentração, tanto em termos de sua tipologia quanto dos
temas tratados e está distribuída de forma equitativa entre os docentes. Tem
sido publicada em veículos de boa reputação. O curso tem tido experiência
de intercâmbio nacional e internacional, inclusive com participação de
professores visitantes. Por conseguinte, tendo em vista que a proposta atende
aos requisitos da área para o funcionamento dos cursos de pós-graduação,
recomenda-se a aprovação da proposta (CAPES, 2001, fl. 18).
Vale destacar que, de acordo com o Documento de Área, foram analisados, em 2001,
cinco Programas de Pós-Graduação na área de Ciência da Informação (PUCCAMP, UFMG,
UFPb, UFRJ/IBICT, USP e UnB), e que, naquele momento, o período era de 20 anos sem que
houvesse a aprovação de cursos novos.
Nesse sentido, nota-se a capacidade da equipe proponente em utilizar o Planejamento
Estratégico, percebendo a oportunidade, na apresentação de uma proposta que iria ao encontro
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dos anseios e das preocupações do Comitê de Área da CAPES e com condições ideais de
implantação e de desenvolvimento pleno.
As avaliações trienais/quadrimestrais do Programa pela Capes
Ao concluir o primeiro Triênio de Avaliação CAPES (2001-2003), novas conquistas,
um Programa, nascido no interior do Estado de São Paulo, com apenas três anos de avaliação,
passava da nota 3 para a nota 4 e com um Doutorado acadêmico aprovado, com implantação
prevista para o ano de 2005, com as seguintes observações:
O programa é novo, mas está bem estruturado e tem bom desempenho na
maioria dos quesitos em avaliação. O seu desempenho em publicações e a
atuação na orientação, pesquisa e ensino indicam um curso que atingiu um
padrão mediano de qualidade e que deverá evoluir com consistência,
mantidas as linhas atuais. Trata-se de um Programa promissor, que apesar de
recente se destaca na maior parte dos requisitos da pós-graduação. [...] O
Programa apresentou bom desempenho e deve continuar mantendo a
coerência com a sua área de concentração, linhas de pesquisa, não perdendo
de vista seus objetivos e conduzindo sua atuação no sentido da construção do
conhecimento na temática delimitada pelas respectivas áreas de concentração
e linhas de pesquisas. (CAPES, 2003, fl.7).
A mudança da nota 4 para a nota 5, ocorreu no triênio seguinte (2004-2006) com o
Doutorado implantado, conforme descreve a ficha de avaliação do Programa:
O Programa ao longo do triênio cresceu quantitativa e qualitativamente.
No conjunto dos quesitos sob avaliação, o Programa apresenta um
desempenho muito bom, em função de uma adequada organização de suas
atividades, gerando grande consistência em seus resultados face à proposta.
Pelas razões expostas, a comissão propõe o conceito 5 para um programa que
até então estava com conceito 4. (CAPES, 2007, fl.9, grifo nosso).
Nessa época, foi necessário resgatar a habilidade de Resiliência. A burocracia e a
resistência de alguns setores foram obstáculos e dificuldades a serem superadas para seguir em
frente. A nota 5 foi obtida após a solicitação da reconsideração do resultado final. A
avaliação do Programa era considerada muito boa e com excelentes pontuações, como descrita
na citação anterior, mas o Conselho Técnico-Científico da Educação Superior (CTC-ES),
recomendava a permanência da nota 4 por ser um Programa recente e ter um curso de
Doutorado recém implantado. O PPGCI, nesse momento, recorreu argumentando que o
doutorado recém implantado não poderia ser o impeditivo da nota 5, pois, os resultados obtidos,
pelo Programa, na sua macroestrutura, eram muito bons.
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No triênio seguinte (2007-2009), mais uma atitude do corpo docente, resultante da
Disciplina, da Resiliência, do Planejamento Estratégico, do Trabalho em Equipe e do Foco nos
Resultados. É implantada, neste triênio, a terceira linha de pesquisa “Gestão, Mediação e Uso
da Informação”. E a linha 2, até então denominada “Organização da Informação”, instala dois
eixos temáticos para melhor aproveitar o credenciamento de novos docentes permanentes,
passando a chamar “Produção e Organização da Informação”.
O PPGCI, fica assim constituído: área de concentração “Informação, Tecnologia e
Conhecimento” e três Linhas de Pesquisa: “Informação e Tecnologia”, “Organização da
Informação” e “Gestão, Mediação e Uso da Informação”.
Mais uma vez, o PPGCI obtém uma avaliação elogiosa, com a seguinte justificativa:
O Programa obteve avanços inegáveis neste triênio, em termos de alcance de
sua liderança no contexto da Ciência de Informação nacional. Estes avanços
foram expressos através de várias ações, notadamente em relação a programas
como PROCAD e DINTER, o primeiro com a UFPB e o segundo com a
UFCE, demonstrando sua disposição em compartilhar seus docentes e sua
qualidade com outros programas e Universidade nacionais. Estes avanços se
refletiram também na captação de recursos para pesquisa, bolsas de agências
nacionais e estaduais. A articulação com outros programas da área, no
Brasil e no exterior, se materializou através da realização de cursos,
participação em bancas, co-orientações e estágios de pós-doutoramento,
iniciativas que ocorreram de forma recíproca, diferenciando o PPGCI da
UNESP/Marília dos demais programas da área. A inserção internacional do
Programa pode ser verificada através dos convênios oficializados com
Universidades Europeias de excelência com quem mantém um intercâmbio
ativo para ensino e pesquisa. Tais ações contribuíram para aumentar ainda
mais a produtividade dos docentes e discentes. Todas estas iniciativas
demonstram que o Programa atingiu um patamar de qualidade que responde
às exigências do conceito 6. (CAPES, 2010, grifo nosso).
Entretanto, apesar dos elogios e da pontuação elevada, novo desafio se apresentou, em
detrimento do parecer da área, o Conselho Técnico-Científico da Educação Superior (CTC-
ES), não acatou a recomendação do Comitê de área e manteve o conceito 5 com o argumento
de que o doutorado era recente e com a recomendação de que seria necessário: maior maturação
do corpo docente e a ampliação da inserção internacional do PPGCI.
No triênio 2010-2012, a principal conquista foi o conceito 6, considerado de excelência
pela Capes com um nível de desempenho altamente diferenciado e equivalente ao nível dos
centros internacionais de excelência, decorrente da liderança nacional na área e consolidação
do processo de internacionalização, com destaque para os convênios com universidades
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estrangeiras, parcerias científicas com pesquisadores de diversos países, publicações conjuntas
com docentes de universidades americanas e europeias e a participação em eventos no exterior,
conforme destaques na Avaliação do Programa:
A PROPOSTA do programa demonstra coerência entre a área de
concentração, linhas e projetos de pesquisa e disciplinas. O CORPO
DOCENTE atende a todos os requisitos quanto à titulação, vinculação com
IES e participação em atividades de ensino, pesquisa e orientação. A relação
docente/orientandos atende aos parâmetros da área. Quanto ao CORPO
DISCENTE, a qualidade das teses/dissertações e o tempo médio de
titulação está adequado. Os índices obtidos pelo Programa quanto à
PRODUÇÃO INTELECTUAL estão acima da média. Cabe ressaltar o
empenho do corpo docente em estabelecer efetiva e intensa interlocução
acadêmica em âmbito nacional e internacional, por meio de acordos de
cooperação acadêmica, participação em eventos e comissões nacionais e
internacionais, o que vem possibilitando ao programa ocupar seu lugar na
agenda das discussões acadêmicas e da produção do conhecimento na
área de CI no Brasil e no exterior. A INSERÇÃO SOCIAL do Programa
revela impacto nacional e internacional especialmente quanto à
solidariedade nacional e à internacionalização de pesquisadores. (CAPES,
2013, fl.7, grifo nosso).
Foram quatro avaliações trienais (2001-2003, 2004-2006, 2007-2009, 2010-2012) da
CAPES e em todas elas o Programa apresentou-se em evolução, fato que revela a participação
ativa de todos os integrantes do PPGCI, na arte da regência dos fatores de precedência e na
gestão dos procedimentos de avaliação.
A partir de 2013, as avaliações passaram a ser quadrienais, no período de 2013-2016, o
PPGCI intensificou os esforços para a consolidação da sua inserção, visibilidade e impacto no
cenário internacional. Ampliou sua produção científica qualificada em veículos de divulgação
científica e também as parcerias interinstitucionais com instituições brasileiras e estrangeiras,
como pode ser observado na produção bibliográfica e técnica do programa amplamente
divulgada.
Esse foi o momento para a consolidação e a ampliação dos convênios nacionais e
internacionais com centros de pesquisa e universidades de prestígio e de reconhecimento
científico na área com vistas à internacionalização. O número de visitas de pesquisadores foi
ampliado para favorecer a oxigenação e o diálogo com as diferentes perspectivas e correntes
teórico-metodológicas que constroem o conhecimento científico na Ciência da Informação. A
realização do DINTER Internacional com a Universidad de la Habana, foi uma ação de
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relevância. E, no período, diversos docentes e discentes realizaram estágio em universidades
de diferentes países como Cuba, Estados Unidos, Espanha e Portugal.
Nota-se, a partir desse momento, as relações entre pesquisadores e instituições
relevantes e de prestígio na área da Ciência da Informação em quatro continentes: América,
Europa, Ásia e África, fator esse que favorece a formação diversificada dos alunos do
programa.
O quadriênio 2017-2020, revelou-se de capital importância para o PPGCI, ele se
constituiu em um marco na trajetória do programa. Nesse período, o programa conquista a nota
máxima na avaliação da Capes. Essa conquista demonstrou o alcance dos resultados esperados
na construção da proposta, na trajetória de 25 anos, no engajamento de uma equipe de docentes
e discentes com objetivos claros e bastante focada.
O reconhecimento da qualidade e da excelência do PPGCI incentivou, ainda mais, o
engajamento de docentes e discentes na produção científica de alto impacto. A avaliação do
Programa para esse quadriênio destaca que:
o PPGCI/UNESP possui critérios de excelência na formação de recursos
humanos;
apresenta indicadores de formação e produção intelectual acima dos outros
programas brasileiros na área da Ciência da Informação;
os indicadores qualitativos de impacto da produção intelectual do
PPGCI/UNESP são de excelência;
a liderança, a inserção exercida e o amplo reconhecimento nacional obtido
pelo PPGCI/UNESP;
conseguiu implantar de forma efetiva e integral uma política de
internacionalização;
é importante para o fortalecimento da área da Ciência da Informação a
existência de um curso modelo no estrato mais alto da avaliação CAPES;
a coesão, aplicação e proatividade dos pesquisadores integrantes do
PPGCI/UNESP;
o Programa mantém uma revista científica qualificada, continuada, de acesso
aberto e em evidência na área da Ciência da Informação;
a evolução do PPGCI/UNESP para um estrato superior ao CAPES 6 está em
conformidade com a portaria CAPES No 122, DE 5 DE AGOSTO DE 2021;
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que de direito e de merecimento, que o Programa de Pós-graduação em
Ciência da Informação, da UNESP, Campus de Marlia, FAA JUS AO
CONCEITO CAPES 7 (CAPES, 2022, f.16, grifo nosso).
Nas palavras do grupo de pareceristas da CAPES, 21 membros da Comissão de
Avaliação, tem-se que:
Muito da excelência do PPGCI se relaciona, para além do altíssimo nível de
qualificação de seu corpo docente, a um conjunto de ações de gestão e de
planejamento desenvolvido desde sua concepção, de modo intrinsecamente
atrelado às políticas institucionais da UNESP. (CAPES, 2022, f. 11).
Voltamos aqui à arte da regência, desempenhada por grupo coeso na proposição do
PPGCI, e atualmente, por um corpo docente que tem conhecimento sobre quais resultados
busca e competência para o estabelecimento de ações estratégicas em diferentes situações.
Trata-se de um Programa que atuou com planejamento e prospecção de
qualidade, desde seus primeiros momentos, o que resultou, a curto prazo, no
alcance de patamares quantitativos consideráveis de produção científica em
CI. Essas produções, por sua vez, configuram-se como literatura essencial
para apoiar o desenvolvimento de pesquisa em nível de graduação e pós-
graduação na área, especialmente no Brasil e na América Latina. Isso também
se confirma pelo alto índice de citações recebidas pelos pesquisadores desse
Programa.
A legitimidade qualitativa do corpo docente se confirma ainda, pela atuação
de muitos pesquisadores frente de cargos de gestão e administração de
instituições e associações acadêmicas e cientificas da CI. Se confirma
também pelo alto índice de Bolsistas Produtividade do CNPq, alto índice de
produção científica publicada em periódicos de alto impacto, tanto em âmbito
nacional como internacional, e elevado número de premiações e
condecorações recebidas por docentes e discentes do Programa. Esses
indicadores, indubitavelmente, confirmam a excelência qualitativa da
produção do Programa. (CAPES, 2022, f. 12).
O programa, durante esses anos, ampliou sua abrangência e diversidade, atraindo
estudantes de diferentes regiões do país e até mesmo de outros países. Essa diversidade de
perspectivas e experiências enriqueceu o ambiente acadêmico e fortaleceu a formação
interdisciplinar dos nossos mestres e doutores.
A atuação dos egressos do programa, também é merecedora de destaque, na área
acadêmica, na atuação em todos os cursos de Graduação em Biblioteconomia e Ciência da
Informação do país e em cursos da Ciência da Computação, Análise e Desenvolvimento de
Sistemas. E, para além da docência, na coordenação e atuação de organismos de ensino e
pesquisa nacionais e internacionais, entre eles a Associação Nacional de Pesquisa e Pós-
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Graduação em Ciência da Informação (ANCIB), a International Society for Knowledge
Organization, a Associação Brasileira de Educação em Ciência da Informação (ABECIN), a
Sociedade Brasileira para Organização do Conhecimento (ISKO-Brasil), a Associação de
Educação e Investigação em Ciência da Informação da Iberoamérica e Caribe (EDICIC), e o
Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT). E ainda, na administração
de bibliotecas, centros de documentação e serviços de informação, nos mais diferentes setores
de especialidades.
Conclusão
Nessa jornada, o PPGCI se consolidou como referência na Ciência da Informação,
contribuindo para o desenvolvimento científico, tecnológico e social do país. As conquistas
alcançadas até aqui são fruto do comprometimento e dedicação de todos os envolvidos:
docentes, discentes, técnicos-administrativos e parceiros institucionais.
Uma parte do legado construído pelo PPGCI nessa trajetória está apresentada na
qualidade da produção científica, reconhecida nacional e internacionalmente por um número
relevante de premiações acadêmicas da área e de associações científicas reconhecidas na
Ciência da Informação.
Concluo, trazendo, mais uma vez, as palavras dos avaliadores da CAPES:
O Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Unesp, pode ser
reconhecido como o caso de maior destaque da Pós-Graduação brasileira na
área de Ciência da Informação, nas últimas duas décadas, sendo atualmente,
o mais sólido Programa da Ciência da Informação brasileira e Latino
Americana. (CAPES, 2022, f. 12).
Uma referência com esse grau de destaque, relevância e reconhecimento, é resultado,
sem dúvida, de uma trajetória marcada pelo trabalho incansável, eficiente, focado e executado
com maestria.
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SANTOS, Plácida Leopoldina Ventura Amorim da Costa. 25 anos do PPGCI Unesp: desafios e conquistas ao
longo de uma trajetória. Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol.17, publicação
contínua, 2023, e023065. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023065.
Referências
CAPES. Ficha de recomendação do Programa. Brasília, CAPES, 2001. (Programa de Pós-
Graduação em Ciência da Informação, UNESP Marília)
CAPES. Ficha de avaliação do Programa: avaliação trienal 2004. Brasília, CAPES, 2010.
(Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, UNESP Marília)
CAPES. Ficha de avaliação do Programa: avaliação trienal 2007. Brasília, CAPES, 2010.
(Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, UNESP Marília)
CAPES. Ficha de avaliação do Programa: avaliação trienal 2010. Brasília, CAPES, 2010.
(Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, UNESP Marília)
CAPES. Ficha de avaliação do Programa: avaliação trienal 2013. Brasília, CAPES, 2010.
(Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, UNESP Marília)
CAPES. Ficha de avaliação do Programa: avaliação quadrienal 2021. Brasília, CAPES, 2022.
(Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, UNESP Marília)
GAMA, N.M. Introdução à regência e prática de orquestra, São Paulo: Escola Britten, 2016.
LAGO, S. Arte da regência: história, técnica & maestros. São Paulo: Algol, 2008.
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