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SALES, Simone Reis Santana de; SANTOS, Raquel do Rosário. Atividades de Mediação da Leitura nas Bibliotecas
Escolares da Rede Pública Estadual de Salvador. Brazilian Journal of Information Science: research trends,
vol.18, publicação continua, 2024, e024028. DOI: 10.36311/1981-1640.2024.v18.e024028.
Atividades de Mediação da Leitura nas Bibliotecas
Escolares da Rede blica Estadual de Salvador
Reading mediation activities in school libraries in the Salvador state public educational network
Simone Reis Santana de Sales (1), Raquel do Rosário Santos (2)
(1) Universidade Federal da Bahia (UFBA), Brasil, mone_sales2006@hotmail.com
(2) quelrosario@gmail.com
Resumo
O objetivo geral desta pesquisa foi evidenciar como as atividades de mediação da leitura são realizadas nas
bibliotecas escolares da Rede Pública Estadual de Salvador. Quanto à metodologia, esta pesquisa se
caracterizou como descritiva, tendo como método o levantamento e o estudo de múltiplos casos que
possibilitaram investigar as atividades de mediação da leitura nas referidas bibliotecas. A técnica de
aplicação de questionários, realizada por e-mail, buscou, nas 22 bibliotecas escolares com bibliotecárias,
compreender como as atividades de mediação da leitura são realizadas. Os resultados da pesquisa
possibilitaram identificar que 19 bibliotecárias realizam atividades de mediação da leitura e que o objetivo
mais citado para essas atividades foi o de incentivo/estímulo/interesse pela leitura. Assim, concluiu-se pela
trajetória investigativa que as ações em coletivo e que ocorrem de maneira mais direta, com a participação
dos(as) leitores(as), constituem o modo de desenvolvimento da maior parte das atividades de mediação da
leitura em escolas da Rede Pública Estadual de Salvador.
Palavras-chave: Leitura; Mediação da Leitura; Biblioteca escolar - Salvador.
Abstract
The general objective of this research was to highlight how reading mediation activities are developed in
the school libraries in the Salvador state public educational network. In terms of methodology, this research
was descriptive, employing a multiple case study approach to investigate reading mediation activities in
these libraries. Moreover, questionnaires were applied by email seeking to understand how reading
mediation activities are carried out in the 22 public school libraries. The results of the survey revealed that
19 librarians engage in reading mediation activities and that the most frequently cited objective for these
activities was to encourage/stimulate/induce interest in reading. Thus, through the investigative trajectory,
it was possible to conclude that the most common approach to reading mediation activities in public schools
libraries in the Salvador state public educational network involves collective actions that occur more
directly, with the participation of readers.
Keywords: Reading; Reading mediation; School library; Salvador.
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1 Introdução
A biblioteca escolar é entendida como espaço sociocultural, de informação e de ensino, que
contribui, a partir da atuação de bibliotecários(as), para a formação do(a) leitor(a) crítico(a),
consciente e cidadão, respeitando-lhe o ritmo, os interesses e a individualidade. Pela relevância
que possui para formação dos sujeitos, esse ambiente informacional deve ter agentes
mediadores(as) atentos(as) à diversidade dos dispositivos informacionais, como também
conscientes do desenvolvimento de atividades de mediação da leitura que favoreçam o processo
de apropriação da informação, visando a emancipação social dos sujeitos e atitudes protagonistas.
As múltiplas possibilidades de ler o mundo, por meio de um repertório diverso de saberes e do
encontro com o outro, podem potencializar a oportunidade de aprender, de saber buscar as
respostas e as soluções de seus problemas, como também de questões do coletivo, possibilitando
aos(às) leitores(as) uma liberdade que o conhecimento proporciona.
Nessa conjuntura, reitera-se a importância da leitura e de sua mediação na ambiência da
biblioteca escolar, que podem interferir na condição existencial dos sujeitos, de sua relação com o
outro e consigo. Além disso, acredita-se na contribuição social da biblioteca para o
desenvolvimento da comunidade escolar, apoiando e ampliando a construção do conhecimento, de
maneira lúdica, criativa, crítica e humanizadora. Por outro lado, ainda se faz necessário refletir
sobre a biblioteca escolar e seus agentes mediadores, de modo a contribuir com a literatura
científica, visto que esse ambiente informacional e os bibliotecários que nele atuam demandam
olhares diversos, nas múltiplas possibilidades de ações que podem desenvolver.
Diante do exposto, este artigo que apresenta fragmentos dos resultados do estudo realizado
no curso de mestrado no Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação, da Universidade
Federal da Bahia teve como objetivo evidenciar as atividades de mediação da leitura realizadas
nas bibliotecas escolares da Rede Pública Estadual de Salvador. Quanto à metodologia, esta
pesquisa se caracteriza como descritiva, tendo como método o levantamento, a fim de identificar
as escolas no município de Salvador que tem bibliotecário(a) e que realizam a mediação da
leitura , e o estudo de múltiplos casos que possibilitaram investigar como têm sido realizadas as
atividades de mediação da leitura nas bibliotecas escolares da Rede Pública Estadual em Salvador,
de modo a contribuir com a formação dos sujeitos. Com relação a técnica, foi adotada a aplicação
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de questionário, realizada por e-mail e com visitas presenciais às 22 bibliotecas escolares com
bibliotecárias.
Para subsidiar a análise dos resultados, ancorados em uma abordagem qualitativa, foram
utilizados os estudos de Almeida Júnior e Bortolin (2007); Aragão (2018); Cavalcante, Queiroz e
Sousa (2020), entre outros, que tratam sobre leitura e mediação da leitura, e autorias cujas
pesquisas abordaram sobre biblioteca escolar, por exemplo, Campello (2001) e Lubisco, Santana
e Ferreira (2021), conforme são apresentados na próxima seção.
2 A Biblioteca escolar como ambiente propício ao ato de ler e mediação da
leitura
A biblioteca escolar pode ser compreendida como um espaço que favorece o processo de
ensino aprendizagem, por meio de atividades tradicionalmente realizadas, como, por exemplo, de
organização e disseminação de informações que estão em seu acervo, como também atividades
mais diretamente ligadas ao desenvolvimento do aprendizado integrado ao ato de brincar, para o
estímulo à criatividade e ao desejo de estar no espaço da biblioteca. Entre seus objetivos estão a
formação do(a) leitor(a), apoiando o processo de percepção crítica e consciente, por meio de
atividades ligadas à leitura, à prática da escrita e da pesquisa.
Segundo Silva, Rocateli e Lima (2019, p. 83), “A biblioteca escolar, cada vez mais, é um
dispositivo onde o estudante e os professores trabalham para ampliar seus conhecimentos”. Nesse
sentido, a biblioteca escolar desempenha um papel fundamental subsidiando a apresentação dos
conteúdos programáticos por parte dos docentes, ao oferecer seus recursos e serviços à
comunidade escolar, de modo a atender as necessidades do planejamento curricular. Como
também pode ampliar o repertório informacional dos sujeitos, desenvolvendo de maneira lúdica a
construção do seu conhecimento crítico, associando-se às demais ações que participam, incluindo
a busca por informações de maneira democrática, conforme indicam Campello e outros autores
(2001, p.72) ao afirmarem que [...] a biblioteca constitui geralmente o espaço coletivo que abriga
os suportes, procurando garantir seu acesso de forma democrática [...].” De acordo com os autores
supracitados, a biblioteca escolar deve reivindicar o acesso democrático à informação, de modo
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que todas e todos possam se desenvolver a partir do repertório informacional que buscam. Para
tanto, considera-se que os dispositivos informacionais precisam ser representativos, por exemplo,
que tenham como personagens pessoas negras e indígenas, como também sejam acessíveis para
leitores(as) cegos, tendo o cuidado de favorecer o acesso à leitura para todos e todas. Esse espaço
informacional possibilita que os leitores(as) vivenciem práticas que despertem o interesse por
novos conhecimentos, tornando-se, conforme Lubisco, Santana e Ferreira (2021, p. 8) defendem,
um “laboratório de aprendizagem”. As autoras ainda refletem que
Na concepção da Biblioteconomia e da Pedagogia, a biblioteca escolar é um
laboratório de aprendizagem, isto é, um local onde ocorrem experiências
baseadas no uso de fontes diversas de informação. Precipuamente, é um espaço
de ensino-aprendizagem vinculado a uma instituição educacional, com o objetivo
de dar suporte informacional aos professores e estudantes, acompanhando e
ampliando os conteúdos desenvolvidos em sala de aula.
No acervo de uma biblioteca escolar podem ser disponibilizados diversos dispositivos
informacionais: livros didáticos; livros de literatura; dicionários; histórias em quadrinhos; revistas;
jornais; e-books; DVD; entre outros dispositivos de informação. O acervo precisa atender as
perspectivas e necessidades do(a) estudante, dando o aporte necessário para que a criatividade e o
desejo de ler sejam impulsionados. Também deve buscar que esses leitores(as) se reconheçam
nesse repertório informacional, fortaleçam seu interesse em buscar a constituição de uma
aprendizagem que possibilite uma formação consciente e múltipla.
Nesse sentido, sabe-se que o Brasil é sociocultural e economicamente diverso, tendo
instituições escolares das redes privadas e blicas com realidades distintas, apresentando
complexidade no acesso aos dispositivos informacionais e culturais e, por conseguinte, à
informação. Nesse contexto, a Lei nº 12.244 (2010) dispõe sobre a universalização das bibliotecas
nas instituições de ensino do país, públicas e privadas.
A obrigatoriedade de bibliotecas nas escolas favorece ao(à) estudante o acesso a diferentes
tipologias documentais, além da participação em atividades mediadoras, coordenadas por
profissionais de Biblioteconomia que apoiam a formação crítica, humanizadora e consciente. Vale
destacar que na Lei nº 12.244 fica evidente a necessidade de atuação de profissionais formadas(os)
na área de Biblioteconomia, responsável, entre outras atividades, por preservar, organizar e
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contribuir com o funcionamento da biblioteca; portanto, biblioteca e bibliotecário(a) são essenciais
no âmbito escolar.
Em 2024, a Lei nº14.837 que foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cria
o Sistema Nacional de Bibliotecas (SNBE) e reitera a obrigatoriedade da biblioteca escolar, como
um equipamento cultural e essencial para o processo educativo. Além de destacar a potência de
sua contribuição para democratização da informação e a formação dos sujeitos, especialmente no
que tange a leitura e a escrita. Essa Lei pode se configurar em uma tentativa de fortalecer as ações
de implantação e entendimento sobre a importância da biblioteca escolar, considerando-a como
um ambiente de produção de saberes, incluindo aqueles que se vinculam aos traços identitários
dos sujeitos.
Nesse contexto, é necessário que os(as) bibliotecários(as), junto à comunidade escolar,
tomem consciência da importância das bibliotecas nesses espaços e exijam a execução das
normativas que favorecem a criação, a manutenção com qualidade e a efetiva ação por parte da
biblioteca, com o objetivo de evitar que esta seja “esquecida”. Dessa maneira, é preciso uma ação
conjunta entre a comunidade escolar, a sociedade e as instâncias governamentais a fim de
requererem a existência ativa da biblioteca e do(a) bibliotecário(a) nesse recinto.
Nessa conjuntura, reitera-se o entendimento de que a biblioteca escolar é um dispositivo
essencial para o desenvolvimento de práticas mediadoras que apoiam o processo de
formação dos(as) estudantes, por meio do acesso à informação para alcance do exercício pleno da
cidadania. Dessa maneira, ratifica-se a importância de esse ambiente informacional estar incluído
nos objetivos da escola, de estimular a comunidade escolar, em especial os(as) estudantes, para
que desenvolvam o ato de ler, criando experiências que levem ao conhecimento, criatividade e
imaginação, utilizando múltiplos dispositivos informacionais.
A leitura torna-se relevante no processo de conscientização e humanização de condutas dos
sujeitos, tanto em relação a um autoconhecimento como também na sua relação com o mundo.
Nesse sentido, Freire (1989) ao tratar sobre a leitura afirma que
A leitura do mundo precede leitura da palavra, daí que a posterior leitura desse
não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade
se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua
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leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto (Freire,
1989, p. 11).
Por favorecer uma relação do sujeito consigo e com o seu contexto sociocultural, a leitura
deve ser incentivada desde cedo. Primeiramente no âmbito familiar e, posteriormente, na fase
escolar com o incentivo de professores(as) e bibliotecários(as) que vão mediar as informações e
favorecer a construção de conhecimentos no ambiente de ensino. Essa contribuição na formação
do(a) leitor(a) pode auxiliar que este(a) perceba e se aproprie da biblioteca escolar como uma
instância que se manterá na dinâmica de suas atividades sociais, pois subsidia o acesso à
informação e a construção de conhecimento.
Ainda refletindo sobre a importância da leitura na formação dos sujeitos, Arena (2003, p.
60) afirma que
Considero que não nem hábito a ser formado, nem gosto a ser criado, nem
prazer a ser desenvolvido ou despertado nas práticas das leituras. necessidades
provocadas pelas circunstâncias criadas pelas relações entre homens [e
mulheres], ancoradas no conhecimento que tem o leitor sobre o próprio
conhecimento [...].
Dessa maneira, a leitura é um ato que se relaciona com o cotidiano dos sujeitos de
desenvolver relações; portanto, deve ser uma ação fomentada de maneira contextualizada, de modo
que a construção da base formadora do sujeito leitor não ocorra de maneira mecânica, mas seja um
ato consciente do(a) mediador(a). Esses(as) agentes mediadores(as) que atuam na biblioteca
escolar podem apoiar o desenvolvimento do senso crítico dos(as) leitores(as), visto que estes(as)
devem ser convidados(as) a (re)ler suas vivências, as narrativas que produzem e que são
apresentadas em seu mundo, de modo que possam tomar consciência do contexto social, como
também da necessidade que possuem do ato de ler.
O sujeito leitor pode perceber e compreender o processo que o conduza à reflexão sobre o
ato de ler criticamente, de maneira a compreender e interpretar os discursos e as narrativas
implícitos, que não se desejam evidenciar. Dessa maneira, a leitura não deve ser confundida com
decodificação de signos/sinais, com reprodução mecânica, com perguntas e respostas convergentes
a estímulos escritos pré-elaborados, em processo de memorização das narrativas. A importância
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da formação leitora é o princípio do prazer pelo ato de ler, que conduz a liberdade e a criticidade
do pensamento e o exercício da cidadania.
Nesse sentido, Cavalcante, Queiroz e Sousa (2020, p. 12) ao refletirem sobre a leitura
afirmam que “[...] é um dos atos mais transformadores da existência humana, pois não abre
espaço para o autoconhecimento, como amplia a visão que temos do outro, principalmente
daqueles que vivem uma realidade diferente da nossa”.por meio da leitura o sujeito se apropria
da informação e, através desse ato, (trans)forma-se, em um processo de compreensão e relação
com contextos socioculturais diversos, em uma postura de alteridade, reconhecendo e respeitando
o diferente. Através da leitura, os(as) mediadores(as) estimulam os sujeitos a adquirirem uma
postura protagonista, que agem, constroem e interferem, ressignificando suas ações e atuações no
meio social do qual fazem parte e transformando o próprio contexto social.
Ainda que não seja a salvação da escola e da educação pública, a biblioteca
escolar pode ser um lugar privilegiado que contribua para a qualidade do ensino,
ao promover práticas de leitura e acesso à informação de qualidade, integrando
[bibliotecários], equipe técnica, professores e alunos à sua comunidade (Mollo;
Nóbrega, 2011, p. 7-8).
A biblioteca escolar precisa ser um espaço que possibilite o processo de democratização da
informação e a formação de leitores(as) críticos e conscientes. Portanto, a leitura é um ato que
deve ser estimulado na ambiência da biblioteca escolar, integrando sua comunidade e favorecendo
vivências que se articulem com as práticas culturais representativas da pluralidade dos sujeitos que
integram esse local. Assim, a biblioteca escolar e os(as) bibliotecários(as) devem fomentar, como
um ato consciente, o processo de formação de leitores(as).
A formação do sujeito leitor implica em desenvolver um ato investigativo, seja com as
palavras, escritas ou não, que envolve ações e atitudes, além de descobrir e problematizar práticas
e relações socioculturais. Esse ato de ler a si e ao mundo, pode conduzir os sujeitos a descortinarem
questões socioculturais que permanecem invisibilizadas e favorecer a tomada de consciência sobre
sua existência e os objetivos que desejam alcançar, para além de uma ação individual. A biblioteca
escolar pode ser um dos primeiros espaços em que os sujeitos têm acesso aos repertórios
informacionais e às ações conscientes de formação de leitura, e por meio desse ambiente esses
sujeitos podem construir base para as diversas fases e atividades que desenvolvem em suas vidas.
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Portanto, torna-se relevante refletir sobre a mediação da leitura na ambiência da biblioteca
escolar, entendendo esse ambiente como essencial para a formação crítica e emancipadora dos
sujeitos sociais. A mediação da leitura, pode ser entendida como um ato de (trans)formação dos
sujeitos, por meio do acesso à informação e da interpretação das diversas linguagens, em um
processo de interação com o outro e seu coletivo.
Ao refletir sobre a mediação da leitura, Aragão (2018, p. 151) assevera que
Poderíamos dizer que a mediação de leitura é a ação de promover o encontro entre
o leitor e o livro para que, a partir desse encontro, haja a escuta do leitor e a
conversa entre os livros, os leitores e o mediador com o propósito de que cada um
dos participantes e todos juntos construam os mais diversos sentidos para o texto.
Com base nas afirmações realizadas por Aragão (2018), percebe-se que a mediação da
leitura favorece o “encontro”, a “expressão”, “a construção de sentidos” e a recepção (na escuta).
Dessa maneira, a mediação da leitura apoia o encontro dos sujeitos, para além do tempo e do
espaço, aproximando vidas, experiências, em um ato de compartilhamento, interação e recepção
do novo, ou do que estava à margem das percepções, inaudível, colaborando para a conscientização
e a transformação dos sujeitos leitores(as). Assim, a mediação da leitura conduz à ressignificação
e à compreensão de mundo, partindo da concepção da aprendizagem, no desenvolvimento do(a)
leitor(a), mediante as práticas que ultrapassam a condição de domínio de uma linguagem para as
mais diversas formas de o sujeito expressar-se e compreender o mundo. Nesse sentido,
A mediação da leitura é o diálogo que permite a convergência de saberes. É o
encontro entre o que é dado a ler e a humanidade de quem lê. Na mediação da
leitura acontece o encontro transformador entre a realidade e a fantasia por meio
das linguagens (Cavalcante; Queiroz; Sousa, 2020, p. 23).
O ato de ler é a possibilidade de transacionar-se das certezas e convicções para a
instabilidade que descortina as possibilidades, em um adentramento às novas realidades. O
compartilhamento de experiências, por meio das várias narrativas, textos e formas, possibilita ao
leitor(a) a ampliação das opções, da descoberta de novos saberes, da instabilidade e do despertar
para interesses ainda não revelados. Na voz, gesto, visão, audição, presença e ausência, o mediador
vida aos personagens, imprime emoções aos acontecimentos e desperta o interesse ou
movimento aos leitores. O(a) mediador(a) da leitura tem a oportunidade de dialogar,
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compartilhando os sentimentos, dúvidas, anseios e memórias que a narrativa desperta e conduz ao
conhecer.
Ao tratar dessa construção coletiva que envolve a mediação da leitura, Almeida Júnior
(2015, p. 11) afirma que
Somos dependentes uns dos outros na construção de nosso conhecimento. O
mundo nos é dado sempre parcialmente a partir dos outros, na relação com os
outros. Vale a pena dizer: a partir da compreensão, do entendimento que o outro
faz do mundo. Ele determina a forma, os aspectos, os limites de cada fenômeno.
[...] Em suma: nosso conhecimento se constrói mediado e, da mesma forma,
somos mediadores na construção do conhecimento dos outros.
Ratifica-se que é no encontro entre vidas, memórias, “realidades” e “imaginários” que os
sujeitos se transformam, alcançam possibilidades e desejos de compreender a si e ao outro. O ato
mediador da leitura apoia a transformação, pelo movimento de informar-se, fundamentado no
processo de compartilhamento de saberes e percepção. Assim, conforme afirma Almeida Júnior
(2015), a mediação da leitura, entre outras ações, apoia a construção do conhecimento e o alcance
do ato de libertar-se do desconhecimento das incertezas.
Na esteira desse raciocínio, os(as) bibliotecários(as) que medeiam a leitura devem ser eles
próprios leitores críticos, capazes de distinguir e selecionar narrativas e conteúdos que fomentam
o pensamento analítico e reflexivo por parte dos sujeitos, conforme defende Carvalho (2002).
Desse modo,
O bibliotecário e o professor mediadores da leitura devem ser eles próprios,
leitores críticos capazes de distinguir, no momento da seleção e da indicação de
livros, a boa literatura infantil e juvenil daquela ‘encomendada’, com aparência
moderna, engajada, mas totalmente circunstancial, cuja forma simplificada,
abusivamente repetida, desprepara o leitor em formação para a aceitação de
outros textos (Carvalho, 2002, p. 23).
Os(as) leitores(as) devem ter o incentivo para desenvolver a prática e o gosto pela leitura
envolvente, que desfaz as teias que mantêm temas em silêncio e sujeitos em apagamento, não
potencializando que práticas e dispositivos socioculturais sejam apresentados e discutidos. É
preciso planejar as atividades de mediação da leitura, selecionar conteúdos, pautados no viés da
ética, evitando a manipulação, a fim de favorecer o acesso à realidade e formar sujeitos com o
olhar baseado na alteridade.
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É importante que os sujeitos compreendam desde cedo a relevância da biblioteca,
especialmente dentro do ambiente escolar, como fonte de informação e conhecimento, para que se
tornem leitores com perfil crítico e reflexivo, adquirindo competências para identificar, buscar,
recuperar e avaliar as informações que necessitam para aprender continuamente e colaborar para
sua vida social. Quanto mais cedo for inserida no mundo da leitura e participar de atividades
mediadoras, mais existirá a possibilidade de a criança desenvolver o gosto pela leitura e pela
descoberta desse mundo do conhecimento, desde que respeitando seu estágio de desenvolvimento.
Dentre as diversas opções de atividades de mediação da leitura na ambiência da biblioteca escolar,
algumas tornam-se mais comuns nos espaços educacionais, por exemplo, contação de histórias,
encontro com o(a) autor(a), roda de leitura. Essas atividades, entre outras, possibilitam a
experiência e contribuem para que o sujeito desenvolva o gosto e o prazer pela leitura, para além
da infância.
Sobre o ato de “contar histórias”, Perrotti (1999, p. 37) indica que
também momentos para as rodas de história, que agrupam pais e filhos para
as escolhas conjuntas de livros, para o empréstimo domiciliar (os horários
procuram aproveitar o momento em que os pais vêm buscar os filhos) para ações
de troca de informações entre os mediadores da Oficina e os responsáveis pelas
crianças.
Ao tratar sobre atividades de mediação da leitura que narram histórias, Perrotti (1999)
destaca sobre essa ação envolver a singularidade e o coletivo que integra os sujeitos leitores e,
nesse processo, o compartilhamento entre instâncias, como, por exemplo, a biblioteca e a família.
Desse modo, mesmo aquelas famílias que ainda não se tornaram leitoras podem, com o apoio da
biblioteca escolar e do(a) bibliotecário(a), realizar ações de mediação da leitura, como o
compartilhamento de narrativas.
Nessa direção, a roda de história, ou roda de leitura, é uma rica e desafiadora atividade e
ocupa parte importante do objetivo de possibilitar aos leitores que se sintam parte de uma
comunidade leitora, conheçam textos, possam trocar ideias sobre eles, interajam com diferentes
gêneros textuais, autores, ilustradores, tradutores, coleções, séries, temas etc. Por meio dessa
prática, os leitores podem ampliar a imaginação, desenvolver a oralidade e o gosto pela leitura,
aumentar o vocabulário e construir sentido e significado para o texto.
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Outra atividade de mediação da leitura que pode ser realizada em coletivo é o clube de
leitura, ação destacada por Abreu (2019), que pode ocorrer em diferentes ambiências, como
livrarias, escolas e bibliotecas. Essa ação mediadora favorece o compartilhamento de percepções
sobre leituras, muitas vezes de gênero literário comum entre seus participantes, ou mesmo sobre
um tema de interesse que os inquieta. Assim, o clube de leitura também se apresenta como um
propulsor no interesse e gosto pela leitura, nas diversas fases da vida do sujeito.
Ressalta-se a importância de entender que a leitura e sua mediação ocorrem por meio das
diferentes linguagens e dispositivos informacionais. Desse modo, peças teatrais e musicais,
declamações de poemas e trechos literários, de modo geral, são compreendidos como importantes
atividades de mediação da leitura que auxiliam na ampliação do repertório de saberes dos sujeitos
leitores. Os procedimentos para realização dessas atividades podem ter como base um
planejamento conjunto que envolva bibliotecários(as) e professores(as) que busquem identificar e
compreender o perfil dos leitores, suas realidades, constituições identitárias, como também os
desafios e as competências que possuem.
A formação de sujeitos leitores pressupõe o respeito à singularidade destes, processo que
é alcançado por meio da dialogicidade, que deve pautar a ação mediadora. A realização da
mediação de leitura em uma biblioteca escolar requer planejamento, ponderando como importante
o ambiente da biblioteca para realização de atividades direcionadas à leitura e à formação de
estudantes, para alcançar um aprendizado significativo, abrangente, com recursos lúdicos,
dinâmicos e criativos. Portanto,
Acreditamos que a leitura é o principal fazer do profissional da informação e em
consequência, deve ser motivo de reflexão, debate e discussão no âmbito da
Ciência da Informação. Ela, leitura, deve ser considerada como parte intrínseca
do processo de apropriação da informação (Almeida Júnior; Bortolin, 2007, p. 9).
Dessa forma, é fundamental que o procedimento de formação de leitores seja baseado na
implicação da qualificação dos(as) bibliotecários(as), que também devem ser sujeitos leitores.
Esses agentes de mediação da leitura devem atuar como leitores atentos e fomentar o encontro e a
relação crítica dos sujeitos com o coletivo, de maneira que a inclusão e a interpretação de suas
próprias realidades possam ser evidenciadas. Os(as) bibliotecários(as) e os demais leitores, por
meio das atividades de mediação da leitura, na ambiência da biblioteca escolar, podem ampliar
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seus repertórios de saber, fortalecer seus traços identitários e culturais e ressignificar sua história
de vida, como também relação e interferência com o coletivo, tornando-se protagonistas e sujeitos
que agem a favor da emancipação e liberdade.
A partir do exposto, torna-se importante pesquisas que evidenciem como as atividades de
mediação da leitura vêm sendo realizadas na ambiência da biblioteca escolar para a formação dos
sujeitos leitores.
3 Procedimentos metodológicos
Esta pesquisa caracteriza-se como descritiva, tendo como método o estudo de múltiplos
casos, que para Yin (2010) abarca vários estudos que são conduzidos simultaneamente, cada caso
é criteriosamente selecionado, para garantir mais validade ao estudo e possibilitar a generalização
dos resultados. Dessa maneira, o objetivo traçado foi o de evidenciar as atividades de mediação da
leitura realizadas nas bibliotecas escolares da Rede Pública Estadual de Salvador. Para realizar a
pesquisa, foi adotado o método de levantamento, a fim de identificar as escolas no município de
Salvador que tem bibliotecário(a) e que realizam a mediação da leitura.
Para realizar o levantamento das bibliotecas escolares públicas estaduais que desenvolvem
atividades de mediação da leitura, foi feita uma consulta por e-mail junto ao Sistema Estadual de
Bibliotecas Escolares (Sebe) da Secretaria de Educação e Cultura do Estado da Bahia (SEC),
solicitando uma relação das escolas da Rede Pública Estadual que possuem biblioteca e
bibliotecário(a). Por meio do acesso a essas informações, contactou-se os(as) bibliotecários(as)
das referidas instituições por e-mail, telefone e presencialmente a fim de aplicar o questionário
desta pesquisa, utilizando o google forms, como também, disponibilizando esse instrumento de
coleta de dados de maneira impressa em contato presencial. As questões que integraram o referido
instrumento de coleta de dados, cujos resultados foram apresentados neste artigo, trataram sobre a
realização das atividades de mediação da leitura, como também os tipos de atividades e a descrição
dessas ações de leitura. A partir do cumprimento dessa etapa procedeu-se à análise dos dados,
sendo utilizada a abordagem qualitativa que possibilitou a interpretação das informações obtidas.
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SALES, Simone Reis Santana de; SANTOS, Raquel do Rosário. Atividades de Mediação da Leitura nas Bibliotecas
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vol.18, publicação continua, 2024, e024028. DOI: 10.36311/1981-1640.2024.v18.e024028.
4 As atividades de mediação da leitura realizadas nas bibliotecas escolares da
Rede Pública Estadual da cidade de Salvador
A partir da aplicação do questionário, buscou-se, inicialmente, conhecer os agentes
mediadores da informação e da leitura que atuam nas bibliotecas escolares da Rede Pública
Estadual de Salvador. Dessa maneira, constatou-se que, no ano de 2023, atuam 22 bibliotecárias.
Com a finalidade de assegurar o sigilo de sua identificação pessoal, foram utilizados códigos,
descritos da seguinte forma: da Bibliotecária 1 à Bibliotecária 22.
A partir da investigação junto às bibliotecárias participantes desta pesquisa, para alcançar
objetivo determinado para este estudo, buscou-se identificar quais dessas agentes mediadoras
realizam, ou realizaram, atividades de mediação da leitura. Nesse sentido, 18 bibliotecárias
responderam positivamente quanto ao desenvolvimento de atividades voltadas à leitura e quatro
(4) bibliotecárias afirmaram que não realizam esse tipo de ação. Entretanto, dessas quatro (4)
bibliotecárias, uma (1) delas, ainda que tenha indicado não desenvolver atividades de leitura,
respondeu às demais questões demonstrando ações de leitura realizadas por ela. Pode-se inferir
que essa bibliotecária acredita que tais ações realizadas ainda não alcançaram a efetividade de uma
mediação da leitura, por isso respondeu negativamente, mas suas respostas indicam a realização
dessas atividades. Uma vez que, de acordo com Aragão (2018), a mediação da leitura é o encontro
entre livro e leitor(a), o que gera escuta e diálogo dos mediadores com esses sujeitos. Ao negar a
realização dessas ações, infere-se um desconhecimento da bibliotecária sobre a potência e
possibilidade das atividades realizadas por ela.
Nessa conjuntura, investigou-se os tipos de atividades de mediação da leitura que são
realizadas pelas bibliotecárias que participaram da pesquisa. De acordo com as respostas
apresentadas no Gráfico 1, das 19 bibliotecárias que realizam atividades de mediação da leitura,
pôde-se quantificar as ações mais recorrentes desenvolvidas por elas, por exemplo, oito (8)
bibliotecárias desenvolvem a roda da leitura; cinco (5) bibliotecárias realizam contação de
histórias; e outras cinco (5) bibliotecárias exposição de livros.
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Gráfico 1 Atividades de mediação da leitura mais recorrentes desenvolvidas pelas bibliotecárias
Fonte: dados da pesquisa (2023).
Percebe-se que tanto a roda de leitura quanto a contação de histórias são atividades
desenvolvidas por um quantitativo significativo e caracterizam-se por serem ações realizadas junto
ao coletivo. Tais práticas favorecem a interação dos(as) leitores(as) entre si e destes(as) com os(as)
agentes mediadores(as), ocorrendo uma comunicação mais direta, em que as interferências são
percebidas pelos sujeitos participantes, podendo alcançar a construção do ser cultural, que ocorre
na relação com o outro, conforme indicado por Perrotti (1999).
Por outro lado, cinco (5) bibliotecárias realizam exposição de livros, atividade que
tradicionalmente é realizada quando ocorre aquisição de materiais nas bibliotecas; para tanto, esses
dispositivos são apresentados aos(às) leitores(as) a fim de incentivar o ato de ler. Essa atividade
pode, ou não, ocorrer sem a interação do(a) agente mediador(a), ou seja, a mediação da leitura
pode ser realizada sem a presença física da bibliotecária. Entretanto, vale destacar que esse tipo de
ação pode ser ampliado, visando expor outros dispositivos informacionais, por exemplo, revistas,
jornais, histórias em quadrinhos, de modo que os(as) leitores(as) ampliem seu repertório de saber
e conhecimento sobre os dispositivos de acesso à informação.
Outras atividades de mediação da leitura realizadas pelas bibliotecárias, nas quais pode
ocorrer a interação com os(as) leitores(as), são: encontro do leitor com o escritor (3 bibliotecárias);
atividades com histórias em quadrinhos/gibis (3 bibliotecárias); clube de leitura (3 bibliotecárias);
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sarau de poesia (3 bibliotecárias); auxílio nas pesquisas (2 bibliotecárias); bem como, a realização
de eventos, por exemplo: Semana Nacional do Livro (2 bibliotecárias); dinâmicas de leitura (2
bibliotecárias); exibição de filmes (2 bibliotecárias); depoimentos/vivências dos leitores (2
bibliotecárias); empréstimo de livros (2 bibliotecárias); “Museu vivo” (1 bibliotecária); e gincana
literária (1 bibliotecária). Em tais práticas citadas pelas bibliotecárias, existe o potencial de
favorecer o processo dialógico, em que os(as) leitores(as) podem compartilhar saberes, vivências
e percepções de leitura, aproximando-se de outros sujeitos e podendo ressignificar sua experiência
na biblioteca. No quadro abaixo, pode-se observar outras atividades realizadas pelas bibliotecárias.
Quadro 1 Tipos de atividades de mediação da leitura realizadas pelas bibliotecárias das escolas da rede
pública estadual de Salvador - 2023
Participantes da
pesquisa
Respostas
Bibliotecária 1
Projetos interdisciplinares, dinâmicas de leitura, roda de leitura, encontro do
leitor com o escritor, fala leitor (depoimentos, vivências), cine leitura
Bibliotecária 2
A atividade de leitura realizada pela biblioteca é feita em conjunto com
professores de Língua Portuguesa, em que são formados grupos de alunos que
escolhem os livros que serão trabalhados, respondendo uma ficha técnica
contendo dados sobre o livro e o resumo do mesmo. Ao final, é feita a
apresentação de cada grupo relatando o que foi lido. Como bibliotecária estou
sempre conversando com os alunos sobre a importância da leitura para a vida
deles, e faço indicações de livros para a leitura de acordo com o desejo de
cada um. Inclusive, quando o professor realiza essas atividades na biblioteca,
costumo indicar os livros para os alunos
Bibliotecária 3
Vou citar algumas que já realizei, que realizo e que realizarei: Contar
Histórias; Gibiteca (Temos um canto da Gibiteca, organizado com parceria de
alguns alunos, usamos pallets com almofadas, pufes comprados pela Gestora
que também fez uma assinatura de revistas em quadrinhos); Exposições de
autores, de alguns temas específicos (Dia da Consciência Negra etc...) faço
palavras cruzadas e caça palavras da vida e obras do autor ou tema exposto;
Exposição de livros novos, pego alguns livros e converso com os usuários
sobre o livro, pergunto se já leram, se conhecem o livro e incentivo a pegar
emprestado. Visita às Bibliotecas; Exibição de filmes com temas relevantes;
Temos jogos (quebra-cabeças, baralho, dominó, dama, monopoly, imagem e
ação, xadrez).
Bibliotecária 4
Descobrindo a leitura o aluno faz a busca nas estantes sobre o que deseja ler
na conversação roda de leitura.
Bibliotecária 5
A escola encontra-se em reforma há 3 anos.
Bibliotecária 6
Professores dão aula na biblioteca, utilizando livros paradidáticos, empréstimo
de livros, leitura de gibis, no local...
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Bibliotecária 7
Discussão de uma obra de ficção, bem como de fatos históricos.
Bibliotecária 8
Clube de leitura
Bibliotecária 9
Momento do conto; Divulgão dos novos títulos; Encontro com escritores;
Sarau de poesia, Auxiliar os alunos nas pesquisas etc
Bibliotecária 10
Leitura assistida e acompanhada de textos jornalísticos.
Bibliotecária 11
Oficinas, jogos lúdicos, charadas etc
Bibliotecária 12
Palestras, concurso de poesias, hora do conto e exposições de livros na área da
merenda da escola.
Bibliotecária 13
Ações práticas leitoras, tais como clube de leitura, roda de leitura, sussurros
poéticos, semana do livro e da biblioteca, bate-papo com o autor, café
literário, entre outros, com a finalidade de fomentar a leitura, desenvolver a
oralidade e a escrita. O projeto interdisciplinar de leitura na biblioteca escolar,
vinculada ao planejamento pedagógico dos componentes curriculares,
contribui para formar estudantes leitores.
Bibliotecária 14
Projeto, “Porque eu indico?” Que é a indicação de um livro e o porque desta
indicação para os alunos através de uma apresentação na biblioteca
Bibliotecária 15
A hora do conto, Roda de leitura, Roda de conversa, dramatização, desenhos.
Bibliotecária 16
Clube de leitura premiado; elegemos um título e lemos em 5 pessoas,
discutindo sobre o quê cada um entendeu. No final do livro, cada usuário
ganha uma barra de chocolate
Bibliotecária 17
Museu vivo; Gincana literária; 1º, 2º e 3º; Reserva da biblioteca para os
professores com projetos de leitura.
Bibliotecária 18
Não realizo atividades de leitura, apenas incentivo à leitura de história em
quadrinho.
Bibliotecária 19
Por motivo de estar atuando no setor de coordenação pedagógica da unidade
escolar, há 3 anos não estou atuando diretamente com atividades da biblioteca
Bibliotecária 20
Divulgação de novos títulos, empréstimos e facilidades de pesquisa.
Promoção de eventos, inclusive a semana nacional do livro e biblioteca,
através de exposições e palestras.
Bibliotecária 21
Projeto de leitura coletiva com alunos do ensino médio; entendimento do
conteúdo de obras, e desenvolver uma leitura mais dinâmica.
Bibliotecária 22
Roda de leitura; Hora do Conto; divulgação de novos títulos; dentre outros
Fonte: elaborado pela autora a partir dos dados da pesquisa (2023).
Como pode-se observar no Quadro 1, também foram citadas atividades de mediação da
leitura que podem ocorrer em ambientes diversos, além da biblioteca, e em parceria com outros
profissionais, além das bibliotecárias, por exemplo: café literário (1 bibliotecária); dramatização
(1 bibliotecária); atividades com desenhos (1 bibliotecária); palavras cruzadas e caça-palavras (1
bibliotecária); jogos, por exemplo: baralho, dominó, dama, Monopoly, Imagem e Ação, xadrez (3
bibliotecárias); oficinas (1 bibliotecária); brincadeiras, por exemplo: quebra-cabeças e charadas (3
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bibliotecárias). Essas ações que podem contar com a presença de outros profissionais, além das
bibliotecárias, favorecem uma interação entre leitores(as), professores(as) e bibliotecárias, ou seja,
de modo integrado, por exemplo, quando ocorre uma roda de conversa entre leitores(as) e uma
exposição de dispositivos que tratam de temas que foram discutidos em sala de aula. Assim, os(as)
leitores(as) alcançam a percepção de que a biblioteca é um ambiente dialógico por meio da
interação com as “fontes vivas” e dos dispositivos que aproximam os(as) produtores que
registraram seus saberes.
Vale ressaltar que essas atividades, citadas acima, além de contarem com a presença das
bibliotecárias, podem ser desenvolvidas com a participação de outros(as) mediadores, por
exemplo, os(as) professores(as). Nesse caso, apesar de as ações ocorrerem na biblioteca, as
bibliotecárias também podem interferir em atividades em outros ambientes, além de contar com a
interferência de outros(as) agentes mediadores(as) na biblioteca, visto que elas podem selecionar
e organizar dispositivos informacionais que serão utilizados; planejar a atividade com os(as)
professores(as); organizar o espaço físico da biblioteca, entre outras ações. Tanto a ação direta das
bibliotecárias quanto a ambiência da biblioteca e utilização dos dispositivos informacionais
favorecem as atividades de leitura, o que reitera a potência de contribuição desse ambiente
informacional e das agentes mediadoras no processo de mediação da leitura, vide Quadro 1.
Conforme pode-se observar no Quadro 1, foram indicadas pelas respondentes da pesquisa
atividades de mediação da leitura que integram outros(as) agentes mediadores(as), como os(as)
professores(as), que no ambiente da biblioteca ou na sala de aula realizam as ações junto às
bibliotecárias.
Tais práticas proporcionam que a comunidade escolar atue de maneira conjunta, uma vez
que ocorre a participação efetiva das bibliotecárias nas atividades de mediação da leitura para além
do espaço físico da biblioteca, tornando-as (re)conhecidas pela comunidade escolar e
possibilitando que suas atribuições, como profissionais da informação, possam ser aplicadas em
outros espaços da escola, ampliando a interferência delas no que tange à realização de leituras e
construção do conhecimento, como defende Almeida Júnior (2015).
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Ainda de acordo com os dados apresentados no Quadro 1, as bibliotecárias participantes
desta pesquisa, ao comentarem sobre as atividades de mediação da leitura, descrevem como tais
ações foram realizadas; por exemplo, a Bibliotecária 2 registrou os procedimentos para a
realização da atividade em conjunto com professores(as).
A atividade de leitura realizada pela biblioteca é feita em conjunto com
professores de Língua Portuguesa, em que são formados grupos de alunos que
escolhem os livros que serão trabalhados, respondendo uma ficha técnica
contendo dados sobre o livro e o resumo do mesmo. Ao final, é feita a
apresentação de cada grupo relatando o que foi lido. Como bibliotecária estou
sempre conversando com os alunos sobre a importância da leitura para a vida
deles, e faço indicações de livros para a leitura de acordo com o desejo de cada
um inclusive, quando o professor realiza essas atividades na biblioteca, costumo
indicar os livros para os alunos (Bibliotecária 2).
Ressalta-se no comentário da Bibliotecária 2 a participação dessa agente mediadora na
formação dos(as) estudantes, corroborando com a perspectiva deles(as) quanto à importância do
ato de ler. Entretanto, vale destacar a utilização da ficha cnica, que pode ser entendida como um
dos documentos produzidos pelo(a) leitor(a) como forma de expressão e materialização das ideias
a partir do texto lido. Por outro lado, entende-se que também podem ser produzidos outros
dispositivos informativos a partir da leitura dos textos, por exemplo, desenho, fotografia, pintura,
entre outros, de modo que o(a) leitor(a) compartilhe com outros sujeitos suas percepções, a partir
do contato com o texto.
Ao incentivar tais produções, os(as) mediadores(as) da leitura indicam ao(à) leitor(a) a
relevância de sua atividade, colocando-o(a) na centralidade do ato de ler. Mas esse incentivo não
deve ser pautado apenas na comprovação da leitura, pois pode provocar no(a) leitor(a) o
entendimento equivocado dessa ação: a leitura como uma obrigação, uma ação mecânica, sem a
liberdade de expressão ou mesmo como uma atividade para obtenção de um reconhecimento, pois,
como afirma Paulo Freire (1989) a leitura envolve a criticidade e a dinâmica, associando-se a
linguagem e a realidade dos sujeitos. Portanto, não se pode formar leitores(as) a partir da imposição
de obrigações e cobranças, pois esse tipo de atitude pode afastá-los(as).
A leitura deve ser entendida como um ato individual e coletivo; um movimento próprio e
plural, que sofre interferências; leve e orgânico, por envolver desejos e necessidades, visto que
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pode favorecer que um texto seja lido na íntegra, ou parcialmente; o ato de ler e reler; voltar ou
parar na leitura; mas também de fazer movimentos complexos, em que o texto instiga o(a) leitor(a).
Um exemplo, apresentado no Quadro 1, de incentivo ao ato de ler e compartilhamento da
leitura foi o da Bibliotecária 16, ao afirmar que realiza o Clube de leitura premiado; elegemos
um título e lemos em 5 pessoas, discutindo sobre o quê cada um entendeu. No final do livro, cada
usuário ganha uma barra de chocolate”. A partir dessa descrição, observa-se que se trata de outra
ação que influencia o compartilhamento da leitura, de maneira oralizada, visto que a Bibliotecária
16 estimula os(as) leitores(as) a lerem, refletirem, problematizarem sobre as informações,
incentivando-os a participarem dessa atividade leitora.
Ainda sobre o incentivo ao compartilhamento das percepções advindas da leitura, por meio
da atividade mediadora, pode-se citar o relato da Bibliotecária 4: “Descobrindo a leitura - o aluno
faz a busca nas estantes sobre o que deseja ler na conversação - roda de leitura”. Percebe-se que
tal atividade também demanda e estimula o(a) leitor(a) a socializar suas percepções com o coletivo.
Dessa maneira, o sujeito é convidado a desenvolver o ato de se expressar, de trocar experiências e
conhecimentos, entender, junto com o outro, sentimentos e sensações que foram alcançados por
meio da leitura. Esse tipo de ação, pode favorecer o alcance da leitura como um ato de
transformação da existência dos sujeitos, tal como defendem Cavalcante, Queiroz e Sousa (2020).
Assim, o desenho, a escrita, a dramatização, a pintura, a oralidade foram algumas das expressões
utilizadas pelas agentes mediadoras no processo de construção coletiva de expressões e vivências
alcançadas por meio da leitura, em que podem favorecer a formação de leitores conscientes de sua
realidade e dinâmica social.
A partir do exposto, pode-se afirmar que na proporção que o sujeito leitor constrói suas
experiências pessoais e constitui a memória coletiva, por meio da mediação da leitura, também
realiza a reflexão sobre sua relação no mundo, possibilitando-se que o mesmo sujeito interfira e
observe criticamente as interferências da realidade que o cerca, imbuídas de particularidades dessa
leitura. Criar, portanto, é externalizar a atribuição do sentido dado à leitura, demonstrar que essa
ação, como também as atividades mediadoras, contribuiu com a construção do conhecimento e
com o desejo de compartilhar essa transformação com outros sujeitos leitores, ligados, ou não, ao
contexto sociocultural que integram.
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7 Considerações finais
A trajetória investigativa desta pesquisa, com a análise dos resultados alcançados, indica
que das 22 bibliotecárias vinculadas às instituições de ensino da Rede Pública Estadual em
Salvador, 19 bibliotecárias vêm contribuindo, na ambiência da biblioteca escolar, como também
para além desse espaço informacional, em sala de aula, para a formação dos sujeitos leitores.
Existem casos de bibliotecárias que buscam interagir com professores(as) e com a coordenação
pedagógica para o desenvolvimento das atividades de mediação da leitura, realizando
planejamento das ações em conjunto e articulando ações que se estendem, ou são estendidas, para
sala de aula. Não foram identificadas respostas que demonstrem a relação com os(as) responsáveis
pelos(as) leitores(as), mas percebe-se, por parte de algumas bibliotecárias, a integração com
sujeitos externos à comunidade escolar, que contribuíram com as atividades mediadoras, como,
por exemplo, escritores(as) e professores(as) de música.
Através dessa investigação também foi possível constatar que dezenove (19) bibliotecárias
realizam atividades de mediação da leitura junto aos(às) leitores(as) na ambiência da biblioteca
escolar da Rede Pública Estadual em Salvador, sendo as ações mais recorrentes desenvolvidas por
elas: roda da leitura (8 bibliotecárias); contação de histórias (5 bibliotecárias); e exposição de livros
(5 bibliotecárias). Foi possível perceber o viés dialógico nas atividades de mediação da leitura
realizadas por essas profissionais, visto que duas das atividades mais desenvolvidas envolvem a
interação em coletivo. As atividades de mediação da leitura favorecem a interação e a comunicação
dos(as) leitores(as) entre si e destes(as) com os(as) agentes mediadores(as), o que potencializa a
possibilidade de expressão e compartilhamento de saberes entre os sujeitos, além de ressignificar
o ambiente da biblioteca escolar como um lugar de pertencimento em que as diversas narrativas
podem ser expressadas.
Por outro lado, os resultados indicam a necessidade de quatro (4) bibliotecárias
participantes da pesquisa ampliarem a percepção sobre as atividades de mediação da leitura, sendo
que uma (1) bibliotecária, mesmo realizando ações que envolvem a leitura de histórias em
quadrinhos, indicou não realizar a mediação, e outras três (3) bibliotecárias, por motivos diversos,
não desenvolvem tais práticas mediadoras.
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Ampliar a percepção sobre a mediação da leitura é reconhecer que essa ação pode ser
realizada na ambiência da biblioteca escolar, mas também fora dela, utilizando os vários
dispositivos informacionais e de comunicação, por exemplo, realizando uma roda de leitura por
meio do WhatsApp, como foi indicado por uma bibliotecária, ou ainda incentivando o acesso aos
dispositivos informacionais, o que conduz ao entendimento de que não se faz a mediação para
os(as) leitores(as), mas com estes(as), interagindo e permitindo que interfiram e demonstrem seus
desejos e preferências de leitura.
Assim, a mediação da leitura é um ato sociocultural essencial para a apropriação da
informação e, portanto, para transformação e emancipação social, e é responsabilidade dos(as)
bibliotecários(as), como agentes mediadores(as), contribuir para a efetividade dessa prática.
Portanto, compreende-se que para uma atuação efetiva e consciente, que alcance o sujeito, o
mobilize e incentive durante a mediação da leitura, é preciso que os(as) mediadores(as) da leitura
também se sintam motivados a se aperfeiçoar, a mudar de perspectiva, quando necessário, a
(re)inventar o tradicional e entender que, para trabalhar com leitura, antes é necessário vivê-la.
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Submetido: 25/05/2024 Aceito: 21/08/2024