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BEZERRA, Herbenio de Souza; DAVID, Priscila Barros; NUNES, Jefferson Veras; SILVA, Antônio Wagner
Chacon. Contribuições da Etnografia para os Estudos sobre Práticas Informacionais: uma revisão sistemática
de literatura. Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol.18, publicação contínua, 2024,
e024006. DOI: https://doi.org/10.36311/1981-1640.2024.v18.e024006.
Contribuições da Etnografia para os Estudos sobre
Práticas Informacionais:
uma revisão sistemática de literatura
Ethnografic Contributions to Information Practice Research: a systematic review
Herbenio de Souza Bezerra (1), Priscila Barros David (2)
Jefferson Veras Nunes (3), Antônio Wagner Chacon Silva (4)
(1) Universidade Federal do Ceará (UFC), Brasil, herbe.biblio@gmail.com
(2) priscila@ufc.br,
(3) jefferson.veras@yahoo.com.br,
(4) ciberwagner@yahoo.com.br
Resumo
Este artigo relata o desenvolvimento de um estudo que analisou as contribuições etnográficas, como lógica
de investigação, para a pesquisa sobre práticas informacionais, subcampo dos estudos de usuários da
Ciência da Informação. Trata-se de uma pesquisa exploratória e bibliográfica realizada por meio de uma
revisão sistemática, que buscou por estudos sobre práticas informacionais no Portal de Periódicos CAPES
e também na Base de Dados em Ciência da Informação (BRAPCI). O estudo teve como objetivo classificar
os artigos de acordo com os critérios de Green e Bloome (1997) sobre pesquisas etnográficas, isto é, fazer
etnografia, adotar uma perspectiva etnográfica ou utilizar ferramentas etnográficas. Os resultados
demonstram que as pesquisas sobre práticas informacionais são limitadas no número de artigos obtidos, o
que aponta para um campo de estudos ainda em consolidação. Além disso, os resultados indicaram que a
maioria dos artigos podem ser classificados em grupos que adotam uma perspectiva etnográfica ou utilizam
ferramentas etnográficas. Assim, esta revisão sistemática mostrou que as pesquisas sobre práticas de
informação não estão fazendo etnografia no seu sentido mais amplo. Além disso, a natureza interdisciplinar
da Ciência da Informação foi destacada e aponta para um interesse crescente por temas de natureza social
e cultural.
Palavras-chave: Práticas informacionais; Etnografia; Estudos de usuários; Ciência da Informação
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Abstract
This paper reports the development of a study that analyzed the ethnographic contributions, as a logic of
inquiry, to information practices research, a subfield of user studies on Information Science. This is
exploratory and bibliographic research performed through a systematic review that looked for studies on
information practices in the Periódicos CAPES Portal (a Brazilian research agency journals’ database) as
well as in the BRAPCI Portal (a Brazilian information science research database). The study aimed to
classify the papers according to Green and Bloome's (1997) ethnographic research criteria, i.e., doing
ethnography, adopting an ethnographic perspective, or using ethnographic tools. Results show that the
research on information practices is limited in the number of papers obtained, which points to a field of
study that is still being consolidated. Additionally, results indicated that most papers can be classified into
groups that adopt an ethnographic perspective or use ethnographic tools. Thus, this systematic review
showed that information practices researchers are not doing ethnography in its broadest sense. Besides, the
interdisciplinary nature of Information Science was highlighted and points to a growing interest in social
and cultural topics.
Keywords: Information practices; Ethnography; User studies; Information Science
1 Introdução
A busca por informação é constante no cotidiano, devido, principalmente, a tentativas do
homem de satisfazer necessidades surgidas em diferentes esferas da vida, sejam elas a pessoal, a
profissional ou a acadêmica. O surgimento e o desenvolvimento das tecnologias deram novo
sentido e função aos processos de produção e de compartilhamento da informação, acarretando
uma miríade de possibilidades para responder às questões levantadas por seus usuários (Sá e
Araújo 2020).
Os ambientes informacionais estão a todo redor, sejam eles mais ou menos estruturados,
utilizados para fins formais ou informais, de modo consciente ou involuntário. Por meio da
interação com esses ambientes e com as pessoas neles inseridas, práticas informacionais são
criadas, adotadas e compartilhadas. Investigar e compreender tais práticas possibilita a construção
de uma cartografia da cultura de diferentes grupos, pois elas revelam hábitos, crenças, valores e
atitudes construídas socialmente.
Assim, investigações sobre como os indivíduos buscam, acessam e utilizam a informação,
embora não se constituam novidade, adquirem diferentes contornos no atual estágio da sociedade,
sobretudo pela predominância das Tecnologias Digitais de Informação e da Comunicação (TDIC).
Ambientes como o ciberespaço ampliam não somente as possibilidades de atuação e interações,
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como também proporcionam o surgimento de questões que devem ser consideradas pelos
pesquisadores.
Entre os campos de estudo interessados na relação entre indivíduo e informação está a
Ciência da Informação (CI). Surgida no contexto pós-guerra, sua constituição formal remete à
década de 1960, a partir de questões como: de onde a informação vem; para onde ela vai; por quais
caminhos ela é processada; como ela é representada, entre outras (Borko 1968). Em meio a tais
preocupações, encontram-se os usuários da informação, estudados sob diferentes paradigmas e
abordagens teórico-metodológicas ao longo das décadas seguintes.
Partindo de Capurro (2003), a CI desenvolveu-se, ao longo do século XX, sob a égide de
três diferentes modelos dominantes, caracterizados pelo autor como abordagens de cunho fisicista,
cognitivo e social, evidenciados a partir dos subcampos que compõem a Ciência da Informação.
Dentre esses subcampos, vale mencionar os chamados “estudos de usuários da informação”, que
se desenvolveram priorizando diferentes aspectos da relação entre indivíduo e informação.
As pesquisas no âmbito dos estudos de usuários da informação dialogam com os modelos
dominantes apontados por Capurro e se encontram divididas em: abordagem tradicional,
alternativa e sociocultural, as quais focaram, respectivamente, nos sistemas e no uso da
informação; nos aspectos cognitivos do usuário; e, mais recentemente, na compreensão de aspectos
relacionados à informação na vida cotidiana, delineando-se sob o termo práticas informacionais.
Inscritos numa abordagem social da CI, os estudos sobre práticas informacionais lançam
questões para grupos de pessoas com uma cultura informacional compartilhada. Tais estudos
requerem arcabouços teórico-metodológicos que permitam ao pesquisador maior imersão no
universo estudado, tornando-se necessário o rompimento com noções pré-estabelecidas e, de certa
maneira, inflexíveis, que impossibilitem a apreensão de características particulares de
determinados grupos. Nesse complexo empreendimento de pesquisa, surge a etnografia como uma
lógica de investigação capaz de interpretar dinâmicas culturais que são inerentes aos mais diversos
grupos sociais.
Green e Bloome (1997) advertem, contudo, que muitos estudos que se intitulam
etnográficos, na prática, não se baseiam em teorias da cultura e que, desse modo, não se constituem
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pesquisas etnográficas propriamente ditas. Nessa perspectiva, o presente estudo aborda as
possibilidades de uma pesquisa etnográfica voltada ao contexto das práticas informacionais, tendo
como objeto de investigação pesquisas brasileiras publicadas em bases de dados eletrônicas na
área de Ciência da Informação.
O objetivo central do presente artigo é, portanto, investigar como os estudos sobre práticas
informacionais têm recorrido à etnografia no desenvolvimento de suas abordagens. Para alcançar
tal objetivo, realiza-se uma revisão sistemática com o intuito de categorizar o trabalho etnográfico
dos estudos com base na conceituação proposta por Green e Bloome (1997).
No presente artigo, defende-se que a etnografia e seus fundamentos podem fornecer aos
estudos sobre práticas informacionais, importantes conceitos e metodologias de natureza
qualitativa que permitam compreender como as pessoas buscam, acessam, utilizam e
compartilham entre si os recursos informacionais disponíveis. Nas seções a seguir, serão
apresentadas as bases teóricas que fundamentam os conceitos de práticas informacionais e da
etnografia enquanto lógica de pesquisa.
2 Práticas informacionais: a importância de se estudar a busca de informação
na vida cotidiana
O cotidiano é permeado por um intenso fluxo de atividades desenvolvidas de forma
individual ou coletiva. Para cada uma delas são criados diferentes comandos e instruções, mais ou
menos explícitas, os quais revelam os significados que o homem atribui ao mundo. Essa teia de
significados construídos pela cultura, ou melhor, pelas culturas, afeta e é afetada pelas relações
entre os indivíduos (Mendonça, Feitosa e Dumont, 2019).
Dentre as atividades diárias realizadas pelo homem está a busca por informação, seja ela
em seu trabalho, nas instituições educacionais que frequenta ou nos ambientes da vida pessoal. Na
atualidade, essa busca ocupa lugar de destaque, em virtude dos novos ambientes informacionais,
da facilidade para adentrá-los e das formas de interação que eles possibilitam. Tais espaços,
acessados por múltiplos dispositivos, como smartphones, sendo estes utilizados quase como
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extensão do corpo humano, facilitam o encontro com as respostas buscadas para a solução de
problemas.
No contexto da sociedade contemporânea, marcado pelo uso massivo das TDIC, o
ciberespaço se constitui como um dos principais, se não o principal, ambiente onde as práticas
informacionais acontecem. Por suas características, ele permite que as pessoas, enquanto buscam,
acessam e utilizam as fontes de informação, também se tornem suas produtoras e criadoras. Logo,
além do engajamento em práticas estabelecidas, torna-se possível, por meio da interação
presente no ciberespaço, conceber e aplicar novas práticas.
A noção de práticas informacionais, central neste estudo, diz respeito, portanto, ao conjunto
de práticas nas quais os sujeitos se engajam enquanto buscam informação para satisfazer
necessidades surgidas em seu cotidiano. Como afirmam Berti e Araújo (2017 p. 395), “as práticas
informacionais representam a busca por informação pautada na relação informacional influenciada
pelas interações sociais, de modo que compreendem os usuários e a informação em espaços
diferentes, independentes, porém recíprocos”. Situados no bojo de uma abordagem social da
Ciência da Informação, os estudos sobre práticas informacionais representam um passo adiante
nas investigações voltadas para os usuários da informação.
Os estudos de usuários da informação iniciados na década de 1930 (Berti e Araújo 2017)
tiveram como escopo inicial os sistemas de informação e o uso feito por um número restrito de
pessoas dentro desses sistemas, tais como cientistas, pesquisadores e engenheiros. Assim, a
avaliação do uso era feita destacando critérios quantitativos, além de ocorrer no âmbito de espaços
profissionais e acadêmicos, observando necessidades informacionais limitadas a esses espaços.
Com o desenvolvimento da CI, as pesquisas elegeram como prioridade os aspectos
cognitivos envolvidos quando da busca, do processamento e da utilização da informação. Sob a
influência de áreas como a Psicologia e a Ciência da Computação, a mente dos usuários era
associada a uma máquina computacional em que o processador era o cérebro humano. O interior
do indivíduo era o centro dos debates, mas o contexto no qual ele estava inserido, bem como suas
interações com esse contexto, não eram o foco das investigações.
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Posteriormente, a Ciência da Informação aproximou-se de áreas como a Sociologia e as
Ciências Humanas, deslocando o centro dos estudos de usuários para o entendimento das pessoas
como parte de um contexto que tanto pode influenciar, quanto pode ser influenciado pelo ser
humano. Sob a égide de um paradigma social, as práticas informacionais assumem o protagonismo
das investigações, lançando suas questões para a forma como os sujeitos se relacionam com as
fontes informacionais presentes em seu dia a dia, encontradas sob diferentes formas.
Como referência para os estudos sobre práticas, no contexto internacional, foram criados
diferentes modelos de práticas informacionais, como: o modelo de busca de informação na vida
cotidiana, de Reijo Savolainen; o modelo bidimensional de práticas informacionais, Pamela
Mackenzie; e o modelo de práticas informacionais de adolescentes criadores de conteúdos digitais,
de Mary Ann Harlan (Rocha, Sirihal Duarte e Paula 2017).
No Brasil, o Grupo de Pesquisa Estudos em Práticas Informacionais e Cultura (EPIC),
vinculado ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem
se debruçado sobre investigações que buscam compreender a relação entre informação e seus
usuários a partir da interseção entre as dimensões subjetivista e objetivista. Estas, vinculadas
fortemente à ideia de cultura, circundam as ões humanas, engendrando uma proposta que vai
além dos tradicionais estudos de usuários e de comportamento informacional. Outros países
também integram o grupo, como Argentina, Espanha e Uruguai, o que ajuda a consolidar um
pensamento ibero-americano voltado aos estudos sobre práticas informacionais (Estudos em
Práticas Informacionais e Cultura [entre 2013 e 2022]).
As pesquisas em práticas informacionais lidam diretamente com a produção e a recepção
culturais, considerando a multiplicidade de saberes presentes no interior de um grupo. Tal
característica enseja a adoção de uma lógica de investigação adequada, que leve o pesquisador a
valorizar cada uma das pessoas integrantes do grupo estudado e a considerar a importância dos
diferentes tipos de conhecimento produzidos. Nesse sentido, a etnografia desponta como uma
possibilidade para a realização de estudos sobre práticas informacionais, tendo suas definições e
características apresentadas na seção a seguir.
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e024006. DOI: https://doi.org/10.36311/1981-1640.2024.v18.e024006.
3 A etnografia como caminho para a pesquisa sobre práticas informacionais
A etnografia possui uma diversidade de significados, que se manifestam de acordo com as
diferentes áreas do conhecimento com as quais se relaciona. Essas áreas e seus estudiosos estão
interessadas em aprender o que conta como conhecimento cultural a partir da perspectiva das
pessoas inseridas dentro do grupo que está sendo estudado (Green, Skukauskaite e Baker 2011).
Assim, o conjunto dos significados compartilhados por um determinado grupo social é o campo
de trabalho da etnografia, estabelecendo os membros de tal grupo como protagonistas da pesquisa.
Por suas características, a etnografia surge como um caminho para investigar práticas
cotidianas, como a busca por informação. Tais práticas podem estar presentes na mente das pessoas
de maneira consciente ou inconsciente; ser identificadas ou existir sem rótulo específico; estar
constituídas ou ainda em construção. Estudar práticas informacionais é estudar a cultura e,
portanto, requer um posicionamento sensível por parte do pesquisador.
Estudar um grupo cultural, nessa perspectiva, não é se perguntar se indivíduos
são aculturados, ou se a cultura desse grupo apresenta desvantagens em contraste
com outros grupos. Ao contrário, estudar um grupo como uma cultura é se
indagar sobre suas práticas e o que elas possibilitam aos seus membros. Quais
práticas culturais serão examinadas e como serão estudadas é algo determinado
pelas questões e problemas que se julgam relevantes. (Green, Dixon e Zaharlick
2005 p. 59).
As primeiras pesquisas etnográficas se valiam de uma abordagem ética (de fonética, isto é,
de descrições externas), centralizando os relatos na perspectiva do próprio etnógrafo. No final do
século XX, houve um deslocamento para a perspectiva êmica (de fonêmico, isto é, de acordo com
o falante), partindo da perspectiva do membro pertencente ao grupo estudado como guia para a
investigação (David, Rocha e Nóbrega 2020). Adotando uma abordagem ética, o etnógrafo age de
maneira mais distante do grupo estudado, utilizando seus próprios termos nas descrições e
categorizações. na abordagem êmica, o etnógrafo faz suas interpretações de acordo com
conceitos e categorias definidos pelos próprios investigados: “[...] o etnógrafo busca dar
visibilidade às práticas culturais invisíveis inerentes ao contexto estudado [...] com base em sua
própria história intelectual e na lógica de investigação por ele adotada” (David, Green e Santos
2020 p. 233).
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A etnografia se relaciona com diferentes campos do conhecimento. A Antropologia fornece
bases para suas construções teóricas, e a Educação atua como campo de aplicação para as teorias,
assim como a Ciência da Informação. Independentemente da forma como as diferentes disciplinas
lidam com a etnografia, um ponto em comum compartilhado pelos etnógrafos: olhar para as
pessoas localizadas no interior dos grupos e aprender a partir delas os significados utilizados para
dar sentido ao mundo (Green, Skukauskaite e Baker 2011). A seguir, as autoras dão mais detalhes
sobre o trabalho etnográfico:
Ao explorar o conhecimento cultural comum através de uma lógica em uso não-
linear, abdutiva, iterativa e recursiva, os etnógrafos desenvolvem explanações
fundamentadas para os padrões de práticas, ou papéis e relacionamentos, e outros
fenômenos sociais. Para construir tais explanações, os etnógrafos tomam decisões
baseadas em princípios, sobre registros a coletar e caminhos a seguir de modo a
explorar as raízes e rotas associadas a significados, eventos ou processos/práticas
culturais particulares. Os etnógrafos também fazem decisões sobre modos de
arquivar, analisar e reportar relatos de fenômenos estudados. (Green,
Skukauskaite e Baker, 2011 p. 310 tradução nossa).
Verifica-se, assim, como as características da etnografia a qualificam como filosofia de
investigação aplicável à Ciência da Informação e a seus objetos de estudo, dentre os quais estão as
práticas informacionais. Os discursos e as interações sociais presentes nas práticas são
fundamentais para a construção do sistema que é a linguagem (David, Green e Santos 2020). Desse
modo, revelar as práticas cotidianas dos indivíduos revela parte da complexidade do
empreendimento etnográfico, pois seu objeto de estudo lida diretamente com os repertórios
linguísticos que permeiam as ações e as interações entre as pessoas.
Como citado, pesquisas que se afirmam etnográficas sem de fato o serem (Green e
Bloome 1997). Nessa perspectiva, os autores propõem três caracterizações para a pesquisa
etnográfica, a saber: fazer etnografia, adotar uma perspectiva etnográfica e usar ferramentas e
técnicas da etnografia. Pinho explica com detalhes cada uma dessas caracterizações:
A primeira [...] envolve realizar um estudo aprofundado e de longo prazo de
estruturação, conceitualização, interpretação e escrita da vida de um grupo
cultural ou social. Essa abordagem está geralmente associada ao campo da
antropologia. A segunda [...] consiste em assumir uma abordagem mais focada
para estudar aspectos particulares da vida cotidiana e das práticas culturais de
determinado grupo social. Aspecto central para essa perspectiva é a apropriação
de teorias culturais e interpretativas oriundas do campo da antropologia ou da
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sociologia. A terceira [...] refere-se ao uso de métodos e técnicas geralmente
associadas ao trabalho de campo, tais como observação participante, filmagens,
notas de campo. Esses métodos e técnicas podem ou não ser orientados por teorias
culturais ou questões sobre a vida social de determinado grupo. (Pinho 2013 p.
41).
No campo da Ciência da Informação, a etnografia vem sendo usada como procedimento de
pesquisa em diferentes contextos, como a etnografia de arquivo e a netnografia, por exemplo
(David, Rocha e Nóbrega 2020). Não obstante, assim como acontece com o conceito de
informação na CI, sobre o qual se debruçam tentativas de conceituação desde os primórdios do
campo, a caracterização de uma pesquisa como etnográfica depende de seu alinhamento a estudos
da cultura, de raízes antropológicas.
Assim, para demonstrar as aplicabilidades da pesquisa etnográfica aos objetos de estudo
da Ciência da Informação, especialmente às práticas informacionais, torna-se necessário investigar
como os pesquisadores da área têm recorrido à etnografia. A seção a seguir apresenta o processo
de busca empreendido para recuperar pesquisas sobre práticas informacionais que buscaram
aplicar a lógica etnográfica na condução das pesquisas.
4 Materiais e métodos
Como procedimento de pesquisa, adotou-se a revisão de literatura sistemática para verificar
estudos sobre práticas informacionais que recorreram à etnografia como metodologia de pesquisa.
As etapas para a elaboração de uma revisão sistemática são as seguintes, segundo Galvão e Pereira
(2014 p. 183): “(1) elaboração da pergunta de pesquisa; (2) busca na literatura; (3) seleção dos
artigos; (4) extração dos dados; (5) avaliação da qualidade metodológica; (6) síntese dos dados
(metanálise); (7) avaliação da qualidade das evidências; e (8) redação e publicação dos resultados.”
Para analisar as informações coletadas durante a revisão sistemática, recorreu-se à análise
de conteúdo. Por meio das suas fases de pré-análise, exploração do material e tratamento dos
resultados, será possível chegar à inferência sobre os conhecimentos relacionados à produção e à
recepção das mensagens transmitidas (Bardin 2011) .O levantamento dos materiais para a revisão
sistemática foi realizado em duas bases de dados: o portal de periódicos da Coordenação de
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Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e a Base de Dados em Ciência da
Informação (BRAPCI).
O portal de periódicos da CAPES reúne uma diversidade de fontes, como revistas, bases
de dados, livros, materiais audiovisuais, entre outras. Publicações de diversas áreas estão
contempladas nas bases de dados indexadas, incluindo a Ciência da Informação. Por meio de uma
parceria com as instituições de nível superior, o portal torna acessíveis às comunidades acadêmicas
uma miríade de pesquisas que, em suas bases de dados originais, encontram-se com acesso
limitado. Por tais características, o portal da CAPES facilita o acesso ao conhecimento publicado
na área de CI, constituindo-se em um amplo ponto de conexão que agrega diferentes bases de
dados em um só lugar.
Por sua vez, a BRAPCI é um portal brasileiro de publicações com foco na área de Ciência
da Informação, Biblioteconomia e Arquivologia. Vinculada à Universidade Federal do Paraná
(UFPR) e à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a base disponibiliza milhares
de referência e resumos de trabalhos publicados em periódicos da área de Ciência da Informação,
entre ativos e descontinuados, e constitui-se como uma rica fonte informacional para a CI e suas
áreas correlatas.
Com o intuito de sistematizar a busca, foram utilizados os descritores: práticas
informacionais e etnografia. Em seguida, foi estruturada a string (cadeia de caracteres): práticas
informacionais AND etnografia. Em ambos os portais a combinação é possível graças ao recurso
“busca avançada”. Optou-se pela varredura dos termos combinados em qualquer campo utilizado
na indexação dos documentos nas bases. Foram recuperadas duas publicações no Portal da Capes
e uma na BRAPCI, coincidente com um dos trabalhos recuperados no primeiro.
Em decorrência do número reduzido de trabalhos recuperados, optou-se por definir uma
nova estratégia de busca, considerando-se as possibilidades de: a) os termos utilizados na string
terem limitado as pesquisas recuperadas; b) os termos não terem sido explicitados no processo de
indexação dos documentos. Dessa forma, foi construída uma nova string, combinando os termos
“práticas informacionais” e “etnog*”. O truncamento possibilita a recuperação de variações a partir
da parte isolada do termo. Assim, efetuando-se a nova busca, foram recuperadas dez publicações
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no Portal da CAPES e quatro publicações na BRAPCI, perfazendo um total de quatorze estudos
recuperados.
Seguindo com a fase de filtragem dos documentos recuperados na busca, foram utilizados
os seguintes filtros: 1) tipos de publicações (artigos); 2) tipos de idiomas: Português. Assim, foram
recuperados seis artigos no Portal da CAPES. Na BRAPCI, a filtragem foi realizada de modo
manual, uma vez que as delimitações disponíveis eram apenas de ano e relevância. Mantiveram-
se, assim, os quatro artigos anteriormente recuperados, os quais, somados aos da outra base,
totalizaram dez publicações.
Como critério de inclusão, foi definida a presença do termo “práticas informacionais” em
quaisquer dos campos indexáveis dos documentos recuperados. Em um dos documentos, as
palavras que constituem o termo não aparecem em sequência, mas dentro do sintagma “práticas e
trocas informacionais”, o qual também corresponde aos objetivos da pesquisa, optando-se por sua
permanência.
Como critério de exclusão, foram removidos estudos não correspondentes com a temática
em tela, bem como dois documentos recuperados em ambas as bases, gerando duplicidade. Desse
modo, chegou-se ao total de cinco publicações condizentes com a investigação traçada neste
estudo.
4 Resultados
As pesquisas recuperadas no processo de busca apontam para os estudos sobre práticas
informacionais como um campo ainda em consolidação no que tange à subárea de estudos e
usuários da informação, dentro da qual elas estão inseridas. Os objetivos, metodologias e
resultados de cada pesquisa corroboram com o caráter interdisciplinar da Ciência da Informação,
característica sobre a qual autores clássicos e contemporâneos apontam com frequência em suas
reflexões.
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A seguir, apresenta-se um panorama geral de cada um dos estudos analisados para, em
seguida, verificar se elas fazem etnografia, se adotam uma perspectiva etnográfica ou se utilizam
ferramentas e técnicas da etnografia.
4.1 Práticas informacionais e museologia
Ainda que a Museologia mantenha relações com a Ciência da Informação menos estreitas
quando comparadas às desta com a Biblioteconomia e a Arquivologia (Araújo 2011), pode-se
assinalar que esse conjunto de disciplinas compartilha questões e investigações correlatas, voltadas
para o entendimento dos diferentes artefatos informacionais e de sua relação com os usuários
destas. Tal concepção também pode ser vista no trabalho de Gandra e Araújo (2016).
Assim, a partir de um diálogo entre os estudos de usuários da informação e os estudos de
visitantes de museus, os autores buscam entender os processos interacionais presentes nas visitas
realizadas no Museu Itinerante Ponto da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Para tal,
recorrem a um estudo de caráter qualitativo, apoiado na etnografia, e que utiliza, para a coleta de
seus dados, a observação participante e entrevistas semiestruturadas. (Gandra e Araújo 2016).
O percurso da investigação explorou a interação dos visitantes do museu entre si, com os
mediadores da exposição e com os itens expostos. Ao interagir com os participantes da pesquisa a
respeito de seu percurso no museu e de seu contato com os itens expostos, um dos pesquisadores
notou algumas contradições presentes no discurso dos entrevistados: relatos não condizentes com
o que fora observado, revelando os aspectos envolvidos na performance que o próprio visitante
espera tanto de si, quanto exibir para os demais ao adentrar em um espaço ainda imbricado de uma
certa visão elitista em torno do termo “cultura”. (Gandra e Araújo 2016).
4.2 Práticas informacionais e clubes de leitura
A leitura e a formação do leitor são um dos temas protagonistas dos estudos realizados
dentro da Ciência da Informação. A relação das pessoas com o artefato livro e seus similares, em
quaisquer que sejam suas versões, formatos e suportes, atrai pesquisadores porque revela os
aspectos culturais envolvidos na atividade da leitura. Esta, ao se converter em hábito, também
possibilita o entendimento de crenças e valores que permeiam as práticas diárias dos leitores. Dessa
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forma, essa subárea da Ciência da Informação conecta-se naturalmente aos estudos sobre práticas
informacionais.
Munidos dessa compreensão, Ferreira, Barbosa e (2022) desenvolveram um estudo com
o objetivo de verificar práticas informacionais presentes em diferentes clubes de leitura.
Recorrendo a uma posição de cunho etnográfico, os autores realizaram uma imersão em três clubes
de leitura: Clube do Livro BH, Clube do Livro de Ribeirão das Neves e Leia Mulheres BH. Nestes
casos, a observação do participante também foi utilizada para realizar a coleta dos dados, a
exemplo do que ocorreu na pesquisa da subseção anterior. Porém, aqui, ela aparece de forma única,
não aliada a uma outra forma de coleta.
O percurso da pesquisa se conduziu para a identificação de três práticas informacionais:
mediação de leitura, compartilhamento de experiências de leitura e trocas informacionais. Os
pesquisadores relacionaram cada uma delas às observações realizadas nos três clubes de leitura
que serviram como lócus para o estudo. As práticas revelaram-se mais fortes e efetivas em dois
dos clubes analisados. Isso ocorreu por motivos diversos, incluindo o modo como as reuniões eram
organizadas, os recursos financeiros disponíveis para os eventos e a especificidade de cada
temática tratada nas reuniões (Ferreira, Barbosa e Sá 2022).
4.3 Práticas informacionais e feiras de livro
Os estudos de práticas informacionais, conforme mencionamos, estão inseridos no
paradigma sociocultural (ainda em construção) dos estudos de usuários da informação. Essa
inserção leva em consideração a interação dos indivíduos entre si com o meio que os cerca, e a
forma como constroem significados para suas ações diárias. A vida cotidiana é o principal mote
dessa abordagem de compreensão da relação das pessoas com os recursos informacionais.
Atentos à forma como a cultura se manifesta no cotidiano, Salomão e Saldanha (2017)
debruçaram-se sobre esforços para investigar as práticas informacionais presentes em feiras de
livro na cidade do Rio de Janeiro. Desse modo, recorrendo à etnografia e às observações dos
frequentadores de tais espaços, a exemplo dos feirantes, os pesquisadores realizaram observações
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e coletaram dados que revelaram aspectos da relação dos indivíduos com o espaço, com os
artefatos informacionais neles presentes e com as outras pessoas.
Nos relatos das observações, os autores deram amplo destaque à presença dos recursos
tecnológicos modernos (câmeras, celulares, tablets, etc.), compondo a paisagem das feiras e
ressignificando a relação das pessoas com o artefato livro. Longe da visão apocalíptica de
substituição de um suporte pelo outro, os autores mostram o elo entre o tradicional e o moderno
como um dos pontos presentes na ampla rede simbólica de trocas culturais e informacionais
presentes nas feiras de livro, em ambientes históricos e em outros espaços que democratizam o
acesso ao conhecimento e à cultura (Salomão e Saldanha 2017).
4.4 Práticas informacionais de estudantes quilombolas
Cultura é uma palavra que, embora grafada no singular, carrega consigo aspectos plurais
por natureza. Desse modo, diversas culturas nas quais diferentes povos estão inseridos, ainda
que não sejam reconhecidas e/ou valorizadas como devem. É o caso da cultura de habitantes de
comunidades quilombolas, cujo conhecimento, vivências e modos de construção de significados
têm atraído o olhar de pesquisadores da Ciência da Informação na contemporaneidade, ainda que
lentamente.
O estudo de Costa e Furtado (2021) interessou-se em desvelar as práticas informacionais
de estudantes quilombolas integrantes do quadro discente da Universidade Federal do Pará. Uma
vez identificadas, elas contribuíram para a construção de competências críticas nesses estudantes,
de modo que sua permanência dentro do ambiente universitário, ainda marcado por muitos
privilégios no acesso, possa ser garantida e que novas ações sejam idealizadas e colocadas em
prática, para além das ações afirmativas já existentes.
Para os resultados coletados foi utilizada a pesquisa documental aliada à pesquisa
etnográfica. Estudantes quilombolas relataram suas vivências dentro da Universidade, suas
percepções sobre a tradição e a cultura de seu povo, além de reflexões que apontam para a
necessidade de reconhecer e valorizar culturas que não as hegemônicas. Nesses relatos, estão
presentes as práticas culturais e informacionais recebidas, partilhadas e construídas pelos
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estudantes, revelando momentos em que o tradicional e o contemporâneo se aliam (Costa e Furtado
2021).
4.5 Cognição e estudos socioculturais de usuários da informação
Os estudos de usuários da informação se desenvolveram sob a égide das abordagens física
ou tradicional e, posteriormente, cognitiva ou alternativa, conforme já apontado. Cada uma dessas
abordagens foi influenciada por diferentes áreas do conhecimento em suas constituições:
Matemática, Física, Comunicação, Sociologia, entre outras. Além destas, a Psicologia também se
mostrou (e se mostra) com vários pontos de interseção.
Nesse sentido, Rocha, Paula e Sirihal Duarte (2016) refletem sobre as relações entre os três
modelos dominantes elencados por Capurro (2003) e como os aspectos cognitivos influenciaram
a abordagem alternativa. Os autores defendem que as teorias cognitivas, do modo como foram
estudadas pelos pesquisadores da Ciência da Informação, deixaram de fora alguns aspectos, tais
como os estudos sobre cognição distribuída.
Dessa forma, os autores apresentam dois caminhos para estudos que enfoquem os aspectos
socioculturais dos usuários da informação, ambos derivados da Cognição Distribuída. O primeiro
desses caminhos é a Distributed Cognition for Teamwork e o segundo caminho é a etnografia
cognitiva. Não uma aplicação de fato desses dois casos nesta pesquisa, mas sim uma
apresentação de suas definições e de seus potenciais de contribuição para os estudos de usuários
realizados no contexto da Ciência da Informação (Rocha, Paula e Sirihal Duarte 2016).
5 Análise e discussão dos resultados
A conduta etnográfica, adotada na análise de Gandra e Araújo (2016) sobre as interações
ocorridas durante as visitas realizadas ao Museu Ponto Itinerante UFMG, conduz a noção de
práticas informacionais. Essa conduta é entendida como um meio pelo qual, inseridas em contextos
de trocas informacionais, as pessoas atribuem sentidos às suas ações. Para os autores, a etnografia
pode “levar à compreensão das especificidades da experiência de visita, das singularidades das
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relações entre os sujeitos, a informação e os contextos referenciais que os cercam.” (Gandra e
Araújo 2016).
Ao utilizarem a observação participante como uma das técnicas de coleta de dados, os
pesquisadores puderam se aprofundar no universo estudado, colocando-se na mesma posição do
público cujas ações, trocas e significados eles buscaram entender. As entrevistas semiestruturadas,
também utilizadas na coleta, mostram-se como caminho adequado para colocar os entrevistados
como participantes da condução da narrativa, uma vez que são uma técnica com abertura para o
surgimento de percepções não previstas em um primeiro momento.
Podemos afirmar, portanto, que o estudo realizado tanto adota uma perspectiva etnográfica,
por analisar um ponto particular da vida cotidiana (a visita aos museus e seus significados), como
utiliza ferramentas etnográficas, uma vez que lança mão da observação participante como caminho
para identificar as práticas informacionais dos visitantes do museu.
O caminho etnográfico também é percorrido na pesquisa de Ferreira, Barbosa e Sá (2022)
sobre os clubes de leitura e as práticas informacionais neles encontradas. Os autores fazem algumas
ressalvas sobre a impossibilidade de realizar uma pesquisa etnográfica em sentido mais estrito,
destacando que o trabalho foi desenvolvido a partir de um único encontro observado em cada um
dos três clubes de leitura investigados: “Apesar de não se constituir uma pesquisa etnográfica,
devido ao pouco tempo de acompanhamento nos clubes de leitura, a perspectiva etnográfica foi de
certa maneira adotada.” (Ferreira, Barbosa e Sá 2022).
A observação participante também surge, aqui, como técnica de coleta de dados, o que
evidencia uma forma de coletar dados associada com frequência aos estudos de caráter etnográfico.
Por meio da observação participante, foi possível identificar categorias de práticas informacionais
construídas nos encontros realizados pelos clubes: mediação de leitura, compartilhamento de
experiências de leitura e trocas informacionais.
Assim como aconteceu com o primeiro trabalho analisado, neste, conjugam-se a adoção de
uma perspectiva etnográfica e o uso de técnicas etnográficas. Ambas permitiram observar,
identificar e compreender as diferentes nuances e significados criados e compartilhados quando
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pessoas se encontram para partilhar experiências de leitura que se conectam (ou não) com suas
vidas cotidianas.
A pesquisa de Salomão e Saldanha (2017), em seu percurso metodológico, aproxima-se da
visão etnográfica para investigar as feiras de livro, os significados trocados por seus frequentadores
e pelos feirantes, de modo a identificar as práticas informacionais presentes no espaço de
democratização da leitura e do saber “[...] através de aportes do método etnográfico, a partir da
vivência do pesquisador nas feiras de livro, por meio de visitas e intervenções, desde seu início ao
encerramento diário, com uso de fotografias, diálogos e entrevistas.” (Salomão e Saldanha 2017).
A observação do participante, neste caso, não é mencionada de maneira direta. São
utilizadas expressões como “observação direta” e “observações realizadas”. As práticas
informacionais são tratadas em sentido mais amplo, não sendo identificadas por nomes ou
expressões que as caracterizem. Da mesma maneira, os relatos colhidos nas entrevistas realizadas
com os feirantes são feitos de maneira mais abrangente, com foco nas reflexões dos próprios
autores sobre o relatado pelos entrevistados.
Ao focalizar o cotidiano das feiras de livro, as interações entre seus frequentadores, a
apropriação do espaço urbano e a relação entre artefatos informacionais tradicionais e
contemporâneos, os autores focalizam um aspecto da vida cotidiana e, por isso, adotam uma
perspectiva etnográfica. A utilização da observação, das fotografias e da gravação das entrevistas
situa a pesquisa dentro de ferramentas comumente adotadas por este tipo de pesquisa.
Por meio da etnografia, é possível, a partir de uma perspectiva êmica, dar voz a grupos
social e historicamente excluídos, de modo que suas tradições, práticas e culturas sejam
conhecidas, reconhecidas e perpetuadas, contribuindo para a construção de uma sociedade mais
igualitária. Nesse sentido, a pesquisa de Costa e Furtado (2021) vale-se da etnografia para dar voz
aos estudantes quilombolas da Universidade Federal do Pará, de modo a compreender quais
práticas informacionais são construídas por eles na interseção entre o ambiente universitário e seu
cotidiano nas comunidades quilombolas.
O estudo em questão recorreu, inicialmente, a uma pesquisa documental e, em seguida, a
um formulário para entrar em contato com os estudantes dispostos a participar da pesquisa. Diante
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das respostas, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com parte dos respondentes. Nelas,
foram revelados aspectos da cultura e da história de um povo e de sua luta para que as tradições
não sejam apagadas. Os desafios enfrentados no meio acadêmico também são postos, que as
estruturas curriculares e de poder que compõem os espaços universitários, muitas vezes, servem
para reproduzir e manter a hegemonia e o status quo.
A pesquisa sobre as práticas culturais dos estudantes quilombolas se delineia, pois,
adotando uma perspectiva etnográfica. Não recorre à observação participante, como ocorre com
os outros estudos apresentados nesta revisão, nem a recursos como gravações de vídeo ou notas
de campo. Ainda assim, mostra-se um estudo que traz para o centro do debate uma temática que,
embora tenha sido objeto de pesquisa cada vez mais crescente no campo da Ciência da Informação,
ainda carece de maiores debates e de mais pesquisadores interessados, de modo a dar voz a grupos
historicamente excluídos.
O último dos artigos recuperados não se trata de uma pesquisa empírica como as anteriores.
Também não se trata especificamente de práticas informacionais, mas de estudos de usuários da
informação guiados pelo viés sociocultural, dentro do qual as práticas informacionais estão
inseridas, sendo essa a razão para inclusão do arquivo nesta revisão sistemática. Trata-se do
trabalho realizado por Rocha, Paula e Sirihal Duarte (2016).
Os autores discorrem sobre o conceito de cognição distribuída e o apontam como um
referencial teórico, dentro de uma perspectiva sociocultural, para investigar usuários da
informação e suas necessidades. Em seguida, discorrem sobre dois caminhos metodológicos
associados a tal conceito, a saber: Distributed Cognition for Teamwork e etnografia cognitiva.
Uma das principais diferenças entre a etnografia tradicional e a cognitiva reside no fato de que “a
etnografia tradicional se preocupa com o fato e a etnografia cognitiva se preocupa com o processo
de construção do fato”. (Rocha, Paula e Sirihal Duarte 2016).
A presença da etnografia no trabalho em questão surge, pois, como uma possibilidade para
estudar aspectos particulares da vida cotidiana das pessoas, embora não haja uma situação
específica sendo estudada aqui, como ocorre nos trabalhos anteriormente analisados. Nesse
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sentido, o estudo não adota necessariamente uma perspectiva etnográfica, mas aponta caminhos
para pesquisas que pretendam adotá-la.
Em suma, a etnografia mostra-se como um caminho que fornece aos estudos sobre práticas
informacionais inúmeras possibilidades e ferramentas para entender as práticas culturais das
pessoas. Embora as pesquisas analisadas o cheguem a fazer etnografia em seu sentido mais
amplo, conforme indica a primeira das categorias elencadas por Green e Bloome, elas recorrem,
em maior ou menor grau, a aportes da etnografia ou adotam uma postura etnográfica para conhecer
práticas inseridas em contextos específicos da vida cotidiana das pessoas.
6 Conclusão
As práticas informacionais representam um campo de estudos pertencente a uma
abordagem ainda em consolidação na área de estudos de usuários da informação, o que pode ser
visto nos anos de publicação dos artigos recuperados na revisão sistemática, todos publicados na
última década. As pesquisas simbolizam os esforços, cada vez mais recorrentes, da Ciência da
Informação, para ampliar seu escopo de atuação, indo em direção a ambientes da vida cultural e
cotidiana das pessoas, para além dos muros de ambientes acadêmicos e laborais.
O número reduzido de artigos recuperados com o uso da string indica, à primeira vista, que
poucos estudos sobre práticas informacionais m recorrido à etnografia no caminho de suas
investigações, embora suas ferramentas se mostrem mais do que adequadas para entender como as
pessoas entram em contato com as práticas culturais dos grupos aos quais pertencem, como
constroem novas práticas e como as compartilham com os demais. Investigações mais detalhadas
podem confirmar se a baixa quantidade de artigos que recorrem à etnografia é por adequação das
pesquisas ou por possíveis problemas nos campos de indexação, uma vez que a quantidade de
trabalhos recuperados quando se utiliza apenas o termo “práticas informacionais” é bem maior.
A utilização de abordagens etnográficas, de forma estrita no estudo de práticas
informacionais e de forma ampla nos estudos de usuários, reforça o caráter interdisciplinar da
Ciência da Informação enquanto campo que sempre buscou, desde os seus primórdios, em outras
disciplinas, referenciais para estabelecer seu próprio objeto de estudo. Com a etnografia, mostram-
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se as influências de campos como a Antropologia e a Sociologia, corroborando a tendência, cada
vez mais em voga, de estudos que buscam, na área da CI, ocupar-se dos aspectos culturais e sociais
dos usuários da informação. Este é um movimento forte, sobretudo, em países da América Latina.
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Copyright: © 2024 BEZERRA, Herbenio de Souza; DAVID, Priscila Barros; NUNES, Jefferson
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Received: 07/11/2023 Accepted: 05/02/2024