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MURTA, Cíntia Maria Gomes; GRACIOSO, Luciana de Souza. Circulação da Informação Científica em uma Lógica
Transmidiática: por práticas comunicativas dialógicas. Brazilian Journal of Information Science: research
trends, vol. 18, publicação contínua, 2024, e024014. DOI: 10.36311/1981-1640.2024.v18.e024014
Circulação da Informação Científica
em uma Lógica Transmidiática:
por práticas comunicativas dialógicas
Circulation of Scientific Information in a Transmedia Logic: toward dialogical communicative practices
Cíntia Maria Gomes Murta (1), Luciana de Souza Gracioso (2)
(1) Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), Brasil.
cin.murta@gmail.com
(2) Universidade Federal de São Carlos, Brasil, luciana@ufscar.br
Resumo
Na contemporaneidade, recursos transmidiáticos têm sido utilizados para divulgação de informações de
naturezas distintas, dentre elas, as científicas. Neste sentido, a lógica transmidiática, enquanto operação que
viabiliza e oportuniza a circulação da informação científica por plataformas virtuais dinâmicas e interativas,
pode se configurar como um recurso importante para ser incorporado no circuito da produção e da
divulgação científica em um contexto tecnológico. É objetivo desta pesquisa discorrer sobre os fenômenos
que compõem o ambiente de produção e circulação da informação na sociedade midiatizada e identificar,
a partir disto, alguns dos desafios que fazem parte desse processo de circulação da informação científica na
perspectiva transmidiática, A construção argumentativa se utiliza do recurso metodológico de revisão de
literatura narrativa e interdisciplinar e de comparação de perspectivas teóricas. Problematiza os modelos
atuais de circulação científica sinalizando para ações e proposições comunicativas dialógicas e conclui, a
partir das revisões e comparações estabelecidas que, na contemporaneidade, o agir comunicativo científico
no ambiente digital precisará ser, também, interativo, integrado, transmidiático e interdisciplinar.
Palavras-chave: Divulgação Científica; Interdisciplinaridade; Transmídia; Midiatização.
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Transmidiática: por práticas comunicativas dialógicas. Brazilian Journal of Information Science: research
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Abstract
In contemporary times, transmedia resources have been used to disseminate information of different
natures, including scientific information. In this sense, the transmedia logic, as an operation that enables
and favours the circulation of scientific information through dynamic and interactive virtual platforms, can
be configured as an important resource to be incorporated into the circuit of scientific production and
dissemination. The aim of this research is to discuss the phenomena that make up the environment of
information production and circulation in a mediatized society and to identify, from this, some of the
challenges that are part of this process of circulating scientific information from a transmedia perspective.
The argumentative construction uses the methodological resource of a narrative and interdisciplinary
literature review and a comparison of theoretical perspectives. It problematizes the current models of
scientific circulation, pointing to dialogical communicative actions and propositions and concludes, based
on the reviews and comparisons established, that in contemporary times, scientific communicative action
will also need to be interactive, integrated, transmedia and interdisciplinary.
Keywords: Scientific divulgation; Interdisciplinarity; Transmedia; Mediatization.
1 Introdução
A sociedade no século XXI tem sido marcada pela apropriação simbólica e a
ressignificação das ferramentas de comunicação mediadas pelo computador, sobretudo, a partir de
um cenário tecnológico que potencializa a conversação em rede e que trouxe também impactos às
formas de vida sociais (Recuero, 2014). Instituições de prestígio, como as universidades - e
consequentemente o conhecimento produzido por elas - passaram a ser cada vez mais questionadas
por uma onda de pensamentos negacionistas, o que faz a sociedade repensar o papel da autoridade
científica em tempos de crise epistemológica. (Oliveira 2019; Formeton et.al., 2021). Desse modo,
o que está em jogo na construção social dessa realidade parece ser a maneira pela qual a informação
é propagada pela mídia, acompanhada pela complexificação de suas práticas no ambiente digital.
Neste sentido, a sociedade torna-se também midiatizada, ao incorporar a lógica da mídia em suas
instituições (Hjarvard, 2014).
A solução para pensar esse cenário marcado por produção e consumo que transita entre
diferentes plataformas, linguagens e formatos, na chamada experiência transmidiática (Jenkins et
al., 2014), está na interdisciplinaridade. Ou seja, na tentativa de compreender determinados
fenômenos na contemporaneidade, é necessário ter uma cabeça bem-feita (Morin, 2003), que seria
a capacidade de, além de acumular saber, dispor de usar o conhecimento para aplicá-lo na solução
dos problemas, com novos olhares sobre uma mesma questão.
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O comportamento informacional, a informação como um modo de ação social e a busca
da informação como uma ação informacional são questões de análise da ciência da informação
(Gracioso, 2008, p. 40) e, nesse contexto, tal ciência se dedica especificamente a compreender,
otimizar e promover os fluxos informacionais nas diferentes esferas sociais. Também tem seu lugar
e responsabilidade na proposição de reflexões e operações que viabilizem que a lógica
transmidiática seja adequadamente utilizada para elevação e qualificação da circulação da
informação científica na sociedade. Para tanto, se faz necessário, por vezes, que este campo avance
em suas reflexões a partir das bordas e das fronteiras disciplinares que o compõe, avançando na
construção de aproximações conceituais, teóricas e metodológicas entre-domínios, como os dos
estudos em Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) e a Comunicação.
A disseminação da informação científica e sua respectiva circulação na sociedade, requer
atenção constante dos atores acadêmicos, uma vez que promover o acesso e o uso do conhecimento
científico é a atividade fim de qualquer investigação científica. Neste contexto, se utilizará da
expressão agir comunicativo científico, como ação destinada a prática comunicativa intencional
orientada para a divulgação da ciência. A expressão é uma adaptação da expressão de “ação
comunicativa”, cunhada por J. Habermas, em sua Teoria da Ação Comunicativa (1981). No estudo
“Ciência da informação e a ação comunicativa no cenário web”, as autoras questionam: Por que a
Ação Comunicativa nas discussões informacionais? e respondem que, na proposta Habermasiana
haveria o indicativo de que estariam, nas “[...] relações (ações) sociais comunicativas entre os
sujeitos, o poder de transformação da própria sociedade.”. (Gonzales de Gomez; Gracioso, 2007,
p. 3). Assim, por reconhecer e concordar com o valor dos processos comunicativos científicos para
transformação da sociedade, é que se adota o uso desta expressão. Contudo, se reconhece que, no
universo acadêmico e científico, ainda é modesta a utilização de certas ferramentas e estratégias
comunicativas para que o conhecimento científico se torne público, acessível e compreensível pela
comunidade em geral. Assim, cabe ao escopo acadêmico, incluir em suas pautas de ensino e
pesquisa, um investimento ainda maior na extensão e na popularização da ciência para. A partir
do contexto problematizador e inquietador apresentados, busca-se, neste trabalho, compreender de
que maneira a transmídia, por meio do uso estratégico de diferentes mídias, pode fazer com que a
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produção/informação científica do conhecimento chegue ao público em geral, convidando-o,
inclusive, a participar do processo de validação desse próprio saber.
2 Circulação da informação científica: relações transdisciplinares
A informação científica circula de maneira formal nos centros e instituições de ensino e
em congressos e publicações especializadas. Em busca da validação pelos pares, é atravessada por
uma linguagem que se expressa por meio dos códigos e regras que permeiam a vida social do
cientista. Além de realizar suas pesquisas, quem é acadêmico/acadêmica deve dialogar também
com seus pares, por meio de publicações em periódicos científicos e outros meios. Muitos
pesquisadores atuam ainda como docentes e consultores, mas apenas caso tenha interesse,
motivação ou recurso, o pesquisador pode participar como divulgador das suas descobertas para
um público maior.
No último caso, essa mesma informação científica, agora traduzida pelos meios de
comunicação para os diferentes públicos, também se propaga dentro de uma lógica própria.
Marinho (2022), ao investigar a tradução do conhecimento científico, defende que no exercício da
tradução é necessário transformar o conhecimento técnico e, ao adaptá-lo, levar em conta os
aspectos humanos e as circunstâncias de sua implementação. Assim, para a autora, traduzir é
compartilhar a experiência vivida pelo pesquisador, de modo a facilitar que ela seja replicada.
Para Oliveira (2018), tradicionalmente, falar sobre a ciência, desse modo, cumpre uma
dupla função na gestão do conhecimento: “comunicar para a comunidade acadêmica e órgãos
financiadores, disseminando os resultados obtidos na pesquisa científica, e dar o retorno social,
para a sociedade em geral, sobre a importância do que vem sendo desenvolvido nos centros de
pesquisa” (Oliveira, 2018, p. 102). Ambas, por sua vez, só podem ser compreendidas se inseridas
na cultura à qual pertencem. Dessa forma, cada ambiente possui um conjunto de signos próprios
para produzir a informação que gera a prática comunicativa, adequando-se a seus diferentes
públicos. Certamente, falar para cada uma dessas esferas, a saber, disseminação e divulgação
científica, exige do interlocutor cuidados discursivos que sejam levados em consideração a partir
de seus contextos específicos.
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Além do mais, dentro dessa perspectiva, a circulação da informação científica se por
meio de relações que transcendem as fronteiras disciplinares, promovendo a colaboração e a
integração de conhecimentos de diferentes áreas para uma compreensão mais completa e holística
das questões científicas. Em função desta compreensão é que consideramos pensar a circulação da
informação científica a partir de relações transdisciplinares, uma vez que “A transdisciplinaridade
visa promover um diálogo entre diferentes áreas do conhecimento e seus dispositivos. O diálogo
serve como ensejo para uma situação de cooperação entre as diferentes áreas.” (Iribarry, 2003, p.
490).
Considerando o fluxo transdisciplinar do presente estudo, trazemos a recém pesquisa
publicada que apresenta o estado da arte de publicações científicas sobre os temas relacionados a
popularização da Ciência. O estudo em questão, desenvolvido por Piccoli e Stecanela (2023),
confirma a diversidade de áreas que tem tratado o assunto, ao mesmo tempo que identifica o
protagonismo da Ciência da Informação, na produção científica sobre o tema. Na pesquisa
desenvolvida, 26 periódicos nacionais e internacionais, apresentaram publicações sobre o assunto,
e dentre estes estão a Transinformação, Perspectivas em Ciência da Informação, Informação &
Sociedade, Informação & Informação e Ciência da Informação. A pesquisa em questão também
apresenta, como um de seus resultados, as ramificações mais recentes em relação aos conceitos
utilizados na literatura, para trabalhos relacionados ao tema deste artigo, sendo eles: Vulgarização
científica, Alfabetização científica, Disseminação científica, Divulgação/difusão científica,
Jornalismo científico, Popularização da ciência/Popularização do conhecimento/Popularização do
conhecimento científico/Popularização do conhecimento científico e tecnológico. (Piccoli,
Stecanela, 2023, p. 15).
No entanto, a expressão que utilizamos, “circulação da informação científica”, não possuiu
nenhuma ocorrência. Em função disto, para fins de caracterização do escopo conceitual deste
estudo, definimos, de modo preliminar, que “circulação da informação científica” diz respeito a
ações que promovem o movimento da informação científica, oficial e de autoria reconhecida,
através de diversos espaços de transmidiação, os quais se ampliam e propagam, incentivando o
envolvimento ativo do público, em um processo comunicativo mais interativo, participativo e
dinâmico.
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2.1 Cientistas como comunicadores
Estratégias persuasivas, táticas ou técnicas de criação de conteúdo e planos de ação são
frequentemente discutidos por comunicadores e acadêmicos como formas de construir e/ou
melhorar a imagem dos cientistas na sociedade. Suas aplicações podem ser observadas desde a
escolha de onde o cientista deve estar presente (discursos em eventos, entrevistas ou postagens em
mídias sociais), qual deve ser o conteúdo da informação (estruturas narrativas ou quadros de
mensagens) e como o conhecimento será transmitido (tom ou estilo das mensagens).
No campo da Comunicação Social, muito se discute sobre o poder da retórica e da oratória
para a transmissão das mensagens. Nessa lógica, além do conteúdo da informação, a forma como
os interlocutores escolhem passar o conhecimento adiante acaba por determinar a sua recepção.
Por essa razão, profissionais da área, como jornalistas, assessores e consultores que dominam esse
conhecimento têm um papel reconhecidamente importante na divulgação da Ciência.
Em um ambiente midiático cada vez mais dialógico, a sociedade ainda espera dos cientistas
um protagonismo e uma autoridade no discurso, a chamada “fala do especialista” e, portanto,
compreender seus valores, atitudes e estruturas de motivação tem sido objetivo de estudo de
teóricos como Bauer e Jensen (2011). Essa autoridade sobre um determinado tema acaba por ser
também um recurso político para os cientistas, pois permite que eles mantenham uma liderança
sobre o conhecimento que circula e pauta a sociedade. Desse modo, segundo os autores, parece ser
de interesse de uma parcela desses cientistas a manutenção do modelo de déficit, teoria que aborda
a lacuna de conhecimento que existe entre a comunidade científica e o público em geral.
Muitos fatores podem justificar uma recusa acerca da participação dos cientistas em
atividades de divulgação mais populares, como entrevistas em programas de TV, visitas em
podcasts de entretenimento ou mesmo para servirem como fontes em reportagens. Estudos do final
da década de 1990, nos Estados Unidos, revelaram uma insatisfação por parte dos cientistas com
a cobertura dada pela dia para a Ciência. Os autores Gunter, Kinderlerer e Beyleveld (1999)
apontaram que os termos “muito sensacionalista” e “dramática”, além de “especulativa” e “com
muito foco no risco” foram usados para descrever a percepção dos cientistas acerca da presença
da informação em ambientes de mídia tradicionais. Ao longo do tempo, essa imagem tem sido
alterada, especialmente no contexto das redes sociais, por um grupo de cientistas conscientes da
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importância de liderar iniciativas de comunicação. Seu objetivo é não apenas aumentar o interesse
do público por meio da conscientização sobre informações cruciais e relevantes, mas também
estimular um maior entusiasmo da sociedade pela ciência.
Neste sentido, Chris Salter, Regula Valérie Burri e Joseph Dumit (2017) defendem que a
escolha de como se comunicar, altera a recepção da sociedade. Ao utilizar formas inspiradas na
arte e no design para transmitir os resultados de uma pesquisa científica, por exemplo, as
descobertas podem alcançar públicos mais amplos do que o trabalho científico escrito, incapaz de
utilizar uma tradução criativa do conhecimento técnico. Desse modo, para os autores, a linguagem
escolhida facilita a inclusão de novos públicos na reflexão sobre ciência e tecnologia, contribuindo
para a compreensão e democratização da ciência e do conhecimento produzido.
Tal prática, no entanto, exige do cientista sensibilidade estética e uma das formas de aliar
criatividade à ciência é através da busca por inspiração e referências. Muitos avanços científicos
foram alcançados por meio da aplicação de conceitos e técnicas de outras áreas, tais como a arte e
a música. Por exemplo, a análise de dados científicos pode ser vista como semelhante ao trabalho
de um músico que interpreta e significado a uma partitura. A conexão entre diferentes áreas
pode levar, inclusive, à formulação de novas ideias e descobertas.
Outra forma de aliar criatividade à ciência é por meio da colaboração e do trabalho em
equipe formada por pesquisadores transdisciplinares. Ao trabalhar com pessoas de diferentes
origens e experiências, os pesquisadores podem compartilhar conhecimento e soluções de forma a
estimular a criatividade e desenvolver soluções de popularização da ciência inovadoras. A troca
de informações entre pessoas com formações e experiências diversas, desse modo, pode levar a
uma abordagem mais criativa e diversa dos problemas científicos.
Entre os aspectos estéticos analisados nas práticas comunicativas estudadas, os autores
Salter, Burri e Dumit (2017) chamam atenção para os conceitos de atuação e performatividade
Primeiro, a performance descreve as ações de cientistas humanos em seu trabalho
experimental dentro dos limites do laboratório, alinhando-se aos primeiros
microestudos de laboratórios nas décadas de 1970 e 1980 de estudiosos como
Latour e Woolgar, Knorr Cetina, Fujimura, Traweek e outros que se
concentraram na mudança da ciência como uma prática cultural. Os cientistas
“realizam” experimentos isto é, eles diretamente manipulam e transformam
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materiais através de instrumentos e aparelhos em tempo real. (Salter; Burri;
Dumit 2017 p. 146).
Os conceitos de performance e atuação pegam de empréstimo da linguagem teatral a ideia
de que os cientistas encenam ou dirigem suas descobertas e conhecimentos diante de um público,
a audiência, para criar níveis de crença e reforçar o papel de autoridade. Para além dos papéis
sociais desempenhados pelos cientistas, os autores defendem que um dos principais argumentos
para a inclusão da arte e do design na produção científica, é que ambas as práticas atingem e
envolvem públicos externos às universidades e centros de pesquisas ao transitarem em outros
espaços, além da comunicação tradicional entre pares, encontrada na ciência.
A compreensão de quem é o público, onde ele está, como consome e quais os seus
interesses, portanto, amplia o argumento de que a arte funciona como estratégia para aumentar o
engajamento público, por meio de métodos artísticos que podem levar a uma espécie de educação
científica informal. Essa aproximação pode ser observada, por exemplo, quando os cientistas
trabalham em parceria com os profissionais da mídia para fazer uma consultoria na produção de
infográficos, mapas mentais, reconstituições audiovisuais históricas, animações interativas, entre
muitas outras possibilidades. No entanto, os autores chamam a atenção para as diferentes regras
de funcionamento da arte e da ciência, uma vez que cada área possui agendas, intenções e objetivos
próprios, correndo o risco do uso do design, da arte e da performance ocupar apenas um papel
decorativo, celebratório ou superficial no agir comunicativo do cientista.
Ao questionarem, desse modo, como fazer ciência (social) através da arte e do design? os
autores apontam para a necessidade de os cientistas explorarem de forma experimental a questão,
envolvendo o público sensorialmente, levando-o a intervir e interferir em espaços e locais onde a
ciência e a tecnologia são construídas, distribuídas, usadas, incorporadas e encenadas. Ou seja,
“Em vez de apenas observar e refletir passivamente, o conhecimento emerge por meio de um
engajamento ativo e interação de sentidos e corpos”. (Salter; Burri; Dumit, 2017, p. 143).
Desse modo, ao convidar o público para interagir, a imagem da ciência que é, muitas vezes,
associada a uma disciplina rigorosa e lógica, que requer uma abordagem metódica e objetiva, se
transforma. Assim, a criatividade pode ser uma ferramenta importante tanto na forma de transmitir
o conhecimento adiante como na própria solução de problemas científicos, na criação de novas
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hipóteses e no desenvolvimento de técnicas e metodologias inéditas. Ela pode também ajudar os
pesquisadores a abordarem questões complexas de maneiras inovadoras, levando-os a descobertas
que poderiam não ser possíveis de outra forma.
Além disso, é importante incentivar a curiosidade e a exploração nas carreiras científicas.
Muitas vezes, os pesquisadores são incentivados a se concentrarem em um conjunto específico de
questões e objetivos, deixando pouco espaço para a exploração de novas ideias e abordagens.
Encorajar a exploração pode levar a novas descobertas e à promoção de abordagens criativas.
Assim, para além da objetividade e validação empíricas, baseadas em um processo sistemático e
metódico, a criatividade e o trânsito entre diferentes habilidades e áreas - como a artística por
exemplo - podem ser uma vantagem significativa para as carreiras científicas, permitindo aos
pesquisadores abordarem problemas científicos de maneira mais ousada e experimental. Através
da busca por inspiração em outras áreas, da colaboração e do trabalho em equipe, e da promoção
da curiosidade e da exploração, os cientistas podem desenvolver uma abordagem mais criativa e
diversa para a ciência, inclusive em relação à sua popularização. Desse modo, a aliança entre
criatividade e carreiras científicas pode levar também ao desenvolvimento científico e tecnológico.
2.2 Circulação da informação científica para quem?
Quando Burke (2003) profetiza que o início dos anos 2000 seria conhecido pelos estudiosos
como a Era da Informação, ele está exatamente atento ao cenário tecnológico que potencializa a
produção e circulação de dados, notícias e conhecimentos. Desse modo, para estar bem informado
no contexto social contemporâneo, o indivíduo deveria desenvolver habilidades e competências
que permitissem o uso consciente, criativo e benéfico desta informação.
O fato é que, duas décadas depois, tais habilidades e competências são ainda mais
necessárias uma vez que uma complexificação das práticas de produção e circulação da
informação: ao ambiente tecnológico marcado pela facilidade de transmissão de dados, soma-se a
possibilidade de compartilhamento e modificação da mensagem e, consequentemente, a
necessidade de um letramento informacional contínuo para o público. É preciso estabelecer uma
nova relação com o saber, uma relação de aprendizado constante ao longo da vida. Desse modo,
torna-se importante problematizar o quanto o público precisa estar preparado para o consumo da
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informação em um cenário tecnológico, “o que sugere a necessidade de maior aprofundamento e
caracterização da competência informacional sob quatro dimensões: técnica, estética, ética e
política, que servem tanto à competência quanto à informação”. (Vitorino; Piantola, 2009, p. 130).
Para as autoras Vitorino e Piantola (2009), ao apresentarem um panorama internacional,
histórico e conceitual das pesquisas sobre competência informacional em países onde seu processo
de legitimação se encontra consolidado, sobretudo países de língua inglesa e espanhola, é
possível propor uma reflexão sobre como o processo se dará no cenário brasileiro.
Em um primeiro momento, para compreender do que se trata a competência informacional,
torna-se necessário aplicar a chamada ética da terminologia, uma vez que muitas das discordâncias
e desavenças intelectuais são provocadas porque as mesmas palavras são compreendidas com
sentidos diversos pelos cientistas e estudiosos. Assim, conforme apontam as autoras (2009, p. 131),
a information literacy tem sido alvo de intensas discussões, que historicamente se entende
literacy apenas em um nível básico de aquisição de habilidades, mais especificamente, de leitura
e de escrita”. Ao traduzir o termo para a ngua portuguesa, expressões como competência em
informação, competência informacional, letramento informacional e alfabetização em informação
podem aparecer. Desse modo, para a presente discussão, levando em conta as especificidades e
inquietações da pesquisa, serão usados os termos letramento informacionais e educação para as
mídias para se tratar da questão.
As competências relacionadas à checagem de notícias e informações não são um fenômeno
novo, mas sim uma resposta a uma sociedade marcada pela proliferação de fake news, discursos
anti-científicos e informações não verificadas. Essas questões são claramente potencializadas no
século XXI. Ao aproximar os conceitos das discussões sobre de que forma a sociedade foi se
sensibilizando para interagir com as informações, a fim de aprender a selecioná-las e interpretá-
las, uma das primeiras e mais disseminadas definições de competência informacional é aquela
elaborada pela American Library Association (ALA).
Em 1989, a ALA apontava que as pessoas competentes informacionais são aquelas que
aprenderam a aprender. Ainda, para saber definir, localizar, mapear, acessar, avaliar, interpretar e
usar a informação, já se discutiam questões relacionadas à ética e a forma socialmente responsável
como o indivíduo deveria se portar sendo esta parte de uma estratégia de aprendizado ao longo da
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vida. Desse modo, não haveria, naquele cenário, uma relação direta com a tecnologia “o que
justifica a visão de alguns pesquisadores que não veem os recursos digitais e em meio eletrônico
como foco da competência informacional, mas sim como instrumentos facilitadores para o seu
desenvolvimento”. (Vitorino; Piantola, 2009, p. 138).
No final do século XX, o foco passou a ser nas implicações da competência informacional
para os programas educacionais. Com isso, atentou-se para os estudos cognitivos, construtivistas
e pelo interesse por estudos baseados na esfera do trabalho. Por meio das investigações, amplia-se
a percepção de como a vida em sociedade é moldada pela maneira como a informação é consumida
diariamente e afeta a forma como as pessoas passam a conviver com a realidade que as cerca.
A partir dos anos 2000, os estudos em outros países passaram a direcionar-se para uma
nova perspectiva sobre o papel social da competência informacional. Essa abordagem aponta para
"um caminho essencial na construção e manutenção de uma sociedade livre, verdadeiramente
democrática, em que os indivíduos fariam escolhas mais conscientes e seriam capazes de
determinar o curso de suas vidas" (Vitorino; Piantola, 2009, p. 138). Isso implica relacionar a
informação a um conhecimento necessário para emancipar o indivíduo, tornando-o um sujeito
consciente e participativo no exercício de sua cidadania. Tal mudança demanda também uma
atualização do modelo de transmissão da informação científica. Nesse contexto, a circulação
incorpora na prática comunicativa a presença de mais interlocutores.
3 Modelos atuais de circulação científica: do déficit ao modelo dialógico
Desde o início da ciência na sociedade, a popularização da Ciência tem sido parte da
tentativa de disponibilizar ao público o conhecimento sobre o processo científico. Isso reflete os
esforços contínuos para aprimorar a conscientização pública e a compreensão sobre como esse
conhecimento é construído. Integrar a sociedade ao processo de produção e desenvolvimento da
ciência, tão crucial quanto a fase de coleta e análise dos dados que a validam, parece contribuir
para tornar os avanços e descobertas mais acessíveis ao público.
Autores como Steven Shapin (1990), Cooter e Pumfrey (1994), Keene (2014) e Goodell
(1975) mostraram, por meio de seus estudos, que a comunicação com o público sempre foi
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preocupação constitutiva do processo científico, seja a partir dos institutos de mecânica vitoriana
e a utilização de panfletos educacionais, às atividades de cientistas-celebridades como aqueles que
se destacam por serem sujeitos que de forma isolada tornaram-se porta-vozes da ciência e são
mundialmente conhecidos.
No entanto, a preocupação em falar com as pessoas não-acadêmicas nem sempre foi
traduzida em ações eficazes e de sucesso e, muitas vezes, o discurso acerca da imagem autoritária
do cientista acabou por criar um distanciamento e uma desconfiança entre a ciência e o público. O
modelo de déficit, por exemplo, parte do pressuposto que o público geral possui um déficit
cognitivo singular cuja confiança na ciência passa a ser assegurada por meio do fornecimento de
fatos científicos (Irwin; Wynne 1996). Esse modelo contribuiu para reforçar a ideia de que existe
um grupo, pequeno, que produz conhecimento para uma sociedade desinformada, massiva e
heterogênea, com pouco conhecimento.
Estudos realizados acerca da compreensão pública da ciência nas décadas de 1980 e 1990,
tais como publicados no Reino Unidos por Durant, Evans e Thomas (1989) reforçam esse cenário
que, por muito tempo, reinou sobre a produção de divulgação do conhecimento científico. Nos
Estados Unidos, por sua vez, a discussão deu ênfase à necessidade de uma literacia ou
alfabetização científica. A principal crítica a essa abordagem é que, em ambos os casos, caberia
aos pesquisadores o papel de realizar uma transferência unilateral de conhecimento, para responder
a um determinado problema social que é de interesse de todos e todas.
No entanto, esses modelos muitas vezes analisados como unidirecionais, elitistas e
orientados unicamente para os fatos, têm dado lugar, principalmente nos últimos vinte anos, à
proposta de tantos outros que enfatizam o diálogo, o debate e a participação, por meio de uma
linguagem mais plural, representativa e dinâmica. Há uma linha de discussão sobre a questão, que
defende a construção do conhecimento como “uma mão dupla ou interativa, participativa, reflexiva
sobre as implicações mais amplas da tecnociência”. (Horst; Davies; Irwin, 2016, p. 883).
Assim, na literatura internacional, encontram-se vários modelos conceituais desenvolvidos
para a divulgação científica. Antes da exemplificação de alguns modelos reconhecidos e
amplamente estudados, é importante destacar que não é possível determinar uma hierarquização
ou ranqueamento entre eles, uma vez que variáveis específicas que devem ser levadas em conta
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em uma possível classificação ou indicação de modelos ideais ou pertinentes, tais como: os
objetivos das ações, a definição do público e o seu perfil (econômico, social e etário), a linguagem
e formatos mais indicados, o orçamento destinado para a divulgação do projeto, o teor da
mensagem, entre outros. Essa é uma discussão bem consolidada no campo da Comunicação Social,
a partir do modelo inicial proposto por Laswell (1948), que considera a necessidade de definir:
Quem? Diz o quê? Por qual canal? Para quem? Com quais efeitos?
É importante sinalizar que as práticas comunicativas de um cientista podem ser entendidas
como uma conceituação mais ampla, de natureza complexa e dinâmica, transversal e problemática.
Trata-se de um termo que se refere a um processo comunicativo de produção e desenvolvimento
da ciência, alcançado tanto por meio de um fluxo horizontal, de cientista para cientista, quanto
vertical, de cima para baixo entre cientistas (no topo) e público não-acadêmico (abaixo) ou, ainda,
em um fluxo de “mão dupla”. Desse modo, tem-se práticas comunicativas quando os cientistas
conversam entre si, na comunidade acadêmica, mas também quando a conversa chega até o público
em geral ou, ainda, parte dele em um fluxo contrário ao primeiro.
Modelos propostos por Rowe e Frewer (2005), Trench (2008), Brossard e Lewenstein
(2009), Palmer e Schibeci (2014), classificam a comunicação de acordo com a forma como o
conhecimento, seja ele científico ou não-acadêmico, é entendido. Maja Horst (2008) propõe
inicialmente uma distinção entre três modelos: a difusão, a deliberação e a negociação. Na difusão,
a ênfase está no público ouvindo a ciência. a deliberação, de acordo com a autora, ênfase à
ciência ouvindo o público. A negociação, por sua vez, é focada nas práticas comunicativas como
constitutivas das relações sociais, como formas de enquadramento da comunicação científica.
Diferentemente dos autores citados acima, Burns, Connor e Stocklmayer (2003) se
destacam por defender a ciência e os seus impactos a partir dos indivíduos, e não do nível do fluxo
de informações. De acordo com os autores, a forma de divulgar a ciência pode ser conceituada
como o
[...] uso de habilidades apropriadas, meios de comunicação, atividades e diálogo
para produzir uma ou mais das seguintes respostas pessoais à ciência [fazendo
uma analogia com as vogais AEIOU]: consciência [Awareness], entretenimento
[Enjoyment], interesse [Interest], formação de opinião [Opinion-forming] e
compreensão ou entendimento [Understanding] [...] (Burns; Connor;
Stocklmayer 2003 p. 183).
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Desse modo, o modelo AEIOU proposto pelos autores, inclui questões de conscientização
pessoal com a ciência, para experimentar, ao mesmo tempo prazer e alimentar o interesse a partir
da formação de opiniões sobre assuntos relacionados à ciência, bem como compreender de maneira
mais ampla os conteúdos, processos e características sociais do conhecimento. Essa conceituação
contribui para a explicação sobre a maneira como os sujeitos buscam se informar na
contemporaneidade, aliando entretenimento (prazeroso) à informação (necessária).
À discussão apresentada até agora, soma-se, por fim, um modelo mais recente de
comunicação conforme proposto por Horst, Davies e Irwin (2016). Para os autores, o modelo se
refere a “ações organizadas, explícitas e pretendidas que visam comunicar conhecimento
científico, metodologia, processos ou práticas em ambientes onde não cientistas são uma parte
reconhecida do público”. (Horst; Davies; Irwin, 2016, p. 883). De acordo com os autores, quatro
características significativas que precisam ser consideradas ao proporem essa definição. São elas:
1. Especificar quem são o remetente e o produtor da comunicação; 2. Entender a comunicação
enquanto prática interativa, na qual a informação deve ser entendida como ativamente recebida,
reconstruída e interpretada; 3. Compreender que a definição é deliberadamente aberta em relação
às formas e formatos que abrange; e, por fim, 4. Saber diferenciar a comunicação científica da
comunicação mais geral.
A primeira característica aponta para a necessidade de compreender que a comunicação
contemporânea é marcada por práticas de engajamento e diálogo e envolve muitos outros tipos de
profissionais, não está restrita aos “cientistas de jaleco dos laboratórios”. De acordo com Horst,
Davies e Irwin (2016, p. 884), a comunicação na ciência não é mais sobre (apenas) cientistas
visíveis em particular, mas toda uma série de diferentes profissionais, organizações e instituições
incluindo grupos organizados, ativistas, cientistas cidadãos e ONGs”.
Em segundo, é importante compreender que o público, mesmo quando exposto a uma
situação aparentemente unidirecional, sempre é capaz de reagir. Mesmo em situações em que o
cientista ocupa papel central no processo de interlocução, como em uma palestra por exemplo, a
plateia sempre participa em alguma medida por meio do processo de coprodução. Ainda assim,
para os autores, alguns formatos de práticas comunicativas tendem a enfatizar e evidenciar essa
coprodução mais do que outros. O que nos leva à terceira característica desse modelo: jornalismo
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científico, blogs, museus, festivais, cafés e eventos, consultas públicas, consultas médicas e, em
alguma medida, também, ficção científica e publicidade, devem ser consideradas atividades
pertencentes a tais práticas.
Por fim, a quarta característica reconhece que um desafio nesse modelo: se a
indicação de reconhecer uma ampla gama de atividades sociais que devem fazer parte da
divulgação científica, por outro, consequentemente, é necessário sinalizar as diferenças entre as
formas de comunicação. Só dessa maneira, ao incluir o público e as novas tecnologias e espaços
de comunicação, seria possível compreender outras nuances e especificidades no processo de
divulgação na contemporaneidade.
O fato é que para além dos formatos, presenciais ou remotos, fechados e exclusivos ou
abertos a grandes públicos, formais ou informais, uma discussão, em diferentes áreas do
conhecimento, sobre incluir a comunidade o acadêmica no processo de deliberação do
conhecimento científico. O termo Ciência cidadã (Albagli; Rocha, 2021), por exemplo, surge
como uma aproximação entre cientistas e não cientistas em questões de interesses comuns como,
por exemplo, a solução de problemas na área da saúde ou da economia. Essa colaboração também
está presente na validação das pesquisas, fazendo com que a comunidade participe da coleta de
dados e análises, em um processo mútuo, no qual os grupos de cidadãos atuam como geradores de
conhecimento (e não simplesmente receptores passivos de conhecimento especializado). O modelo
dá ênfase “tanto à diversidade e ao conhecimento distribuído de audiências não científicas quanto
à importância do intercâmbio bidirecional entre os cidadãos e os grupos científicos. (Horst; Davies;
Irwin, 2016, p. 883).
A maior contribuição dos autores à discussão é a ideia de coprodução, que reforça o
entendimento de que o público deseja se apropriar da informação científica, distribuí-la e também
fazer parte dela em um movimento de circulação da informação científica. No entanto, ainda assim,
mesmo quando há, por parte dos teóricos, uma preocupação em atualizar os modelos de práticas
comunicativas, propondo inovações, ocupações de novos formatos e experiências, cabe ao
cientista-divulgador habilidades que nem sempre estão presentes em sua formação teórica, técnica
ou prática. É preciso reconhecer a importância da linguagem da comunicação (corporal, discursiva
e estratégica) no momento de divulgar (e performar) a ciência.
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Um trabalho importante desenvolvido por Charaudeau (2016) nos auxilia a contextualizar
e propor reflexões sobre o tema. Em sua obra, o autor problematiza se o discurso de divulgação
científica seria uma tradução, uma reformulação ou uma transformação do discurso científico. Irá
sinalizar que o discurso de divulgação científica, em função de suas características, dependerá
diretamente das condições situacionais comunicativas no qual irá ser inserido. No entanto, frente
aos propósitos de aumentar o alcance e as possibilidades de acesso à informação científica, por
diferentes públicos, o autor questiona então se haveria múltiplos tipos de discursos de divulgação
científica que precisariam ser cotejados. Esses apontamentos seriam contemplados em um
“contrato de comunicação da semiolinguística” (anteriormente estudado pelo autor em 2004). Em
síntese, após contundente análise sobre as variações do gênero discursivo científico, a autor
concluirá que “(...) o discurso de divulgação, ao passar pelas mídias, não é uma tradução do
discurso científico, mas uma construção dependente dos procedimentos da encenação midiática.”
(Charaudeau 2016 p. 556). Desse modo, ao incorporar o discurso à lógica da mídia, ele precisa ser
alterado.
4 Ciência e cientistas midiatizados
A utilização de novas linguagens, sejam elas orais, gráficas ou audiovisuais, aliada ao
avanço tecnológico e digital, desempenha um papel crucial na ampliação dos espaços e
plataformas tanto da mídia tradicional quanto da mídia alternativa.
Observa-se, cada vez mais, a inserção do conhecimento científico como conteúdo
propagável nas redes sociais, por meio de iniciativas individuais ou coletivas de cientistas, bem
como por instituições formais e centros de pesquisa. Nesse sentido, as estratégias adotadas vão
além do uso de diferentes mídias para abordar um determinado tema e seus subtemas associados,
buscando também envolver o consumidor, que assume o papel de prossumidor, ou seja, um
participante ativo do processo de comunicação por meio de experiências ubíquas e
complementares.
Para uma compreensão aprofundada do conceito de "propagabilidade", traduzido do termo
em inglês spreadable, é essencial reconhecer a importância do engajamento no processo de
circulação do conteúdo científico. Para Jenkins, Ford e Green (2014, p. 153), as “audiências
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engajadas são mais propensas a recomendar, discutir, pesquisar, compartilhar e até mesmo gerar
novo material em resposta”.
Tendo em vista a formação dessa audiência, Morin (2003) defende a necessidade de uma
reforma radical do modelo educacional, promovendo uma aprendizagem que integre diversas áreas
do conhecimento. Ao estabelecer uma conexão entre o conceito de propagabilidade e a discussão
proposta por Morin, percebe-se que quanto mais interdisciplinar e dialógico o conhecimento dos
estudantes maior será o engajamento deles para contribuir com a circulação da informação
científica, inclusive, por meio da linguagem utilizada nas redes sociais. Isso, por sua vez, torna o
debate amplo nos ambientes digitas mais embasado cientificamente.
É certo, ainda assim, que o modo como os conteúdos no século XXI são consumidos
passam pela prática migratória dos prossumidores que criam as suas próprias trilhas de produção
e consumo. Essa é a lógica da transmídia, que não necessariamente é uma prática nova: trata-se de
uma estratégia discursiva de conduzir o público para diferentes meios e linguagens mirando na
experiência. Desse modo, transmídia na ciência quando o público se depara com um artigo
científico em um periódico especializado, mas também quando ouve o expert autor no rádio ou em
um programa de entrevista televisivo que traduz/performa o seu conhecimento para os ouvintes e
espectadores; quando o público se depara com um comentário do mesmo especialista sobre a sua
tese nas redes ou, ainda, quando assiste um documentário sobre um tema baseado naqueles estudos
acadêmicos.
Tal acesso sempre vem acompanhado de uma resposta ou participação do público, que
contribui para a circulação da informação científica. Segundo o Modelo de Análise da Circulação
proposto por Borges e Sigliano (2021), a transmidiação e a conversação se dão na mesma etapa.
Desse modo, tem-se uma ação dialógica em que, respectivamente, circulam juntos os conteúdos
autorizados ou oficiais, produzidos pelos cientistas (transmidiação) e os chamados conteúdos não
autorizados ou não oficiais, produzidos pelo público em geral (conversação).
Por um lado, é inegável que o ambiente digital expande e amplifica os espaços de diálogo
relacionados às ciências e outros temas. No entanto, como discutido anteriormente, esse mesmo
ambiente também facilita a disseminação de informações falsas e conteúdos baseados em
pseudociência. Isso ocorre porque muitos dos “autodenominados divulgadores de ciências na
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internet” utilizam fontes de informação que podem não atender aos critérios de confiabilidade
estabelecidos na prática científica, em qualquer campo de estudo (Costa 2019 p. 83).
Em uma análise sobre o tema, Costa (2019, p. 82) apresenta a perspectiva de que o final do
século XX resultou em um fortalecimento dos processos comunicativos no campo das ciências,
tornando a adequação da linguagem uma parte integrante de um complexo jogo de negociação de
conhecimentos. Nessa linha de pensamento, baseada nas ideias de Lyotard (2002), a autora
argumenta que a divulgação científica passa a desempenhar um papel de tradutor, transcendendo
a simples intenção de informar. Nesse contexto, não é suficiente apenas produzir conhecimento
científico, é necessário também falar sobre ele.
É preciso que o pesquisador, em seu papel de divulgador, assuma a função de
narrar para completar as lacunas que o fazer não dá conta, superando interrupções
e dando a ver sequências de ações que não ocorrem na prática, mas se fazem
determinantes na hora de recontar seus modos de chegar lá, onde é o resultado’
das ciências por eles produzidas. (COSTA 2019 p. 82).
Sobre a midiatização da ciência, o pensamento do teórico Stig Hjarvard (2014) leva para
uma necessidade de conceituar a mudança social e cultural que, segundo o autor, quase todas as
instituições estão vivendo. Para Hjarvard “cada vez mais, outras instituições necessitam de
recursos da mídia, incluindo sua habilidade de representar a informação, construir relações sociais
e ganhar atenção com ações comunicativas” (Hjarvard, 2014, p. 21). Desse modo, ao incorporar a
lógica da mídia na tentativa de tornar pública a produção científica, os atores que performam nessa
lógica contribuem para o diálogo da área acadêmica com a sociedade. De acordo com Hjarvard
(2014 p. 40), “para ganhar acesso aos recursos da mídia, os agentes sociais de outros domínios
institucionais devem aceitar as várias regras que passam a governar a mídia”. Nesse contexto, é
importante reconhecer que o uso da mídia pode exercer influência em diversos âmbitos sociais,
embora de maneiras e intensidades variadas.
No entanto, surge uma controvérsia adicional: nem todos os cientistas sentem a
necessidade, possuem a aptidão ou mesmo o interesse em ampliar o diálogo com outros
interlocutores que não sejam seus próprios pares, mesmo quando desejam contribuir ativamente
na produção e compartilhamento do conhecimento. Cabe, desse modo, a uma parcela dos
pesquisadores atuarem como divulgadores científicos.
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Ao estudar a transformação da divulgação científica atual, a fim de entender como
diferentes áreas do conhecimento compreendem esta mudança do paradigma comunicacional pela
midiatização da ciência, Oliveira (2018) defende que não se trata de uma mudança perceptível
apenas nas instituições, mas na própria forma de fazer ciência pelo cientista. Para a autora, é neste
sentido que podemos observar uma reconfiguração sobre o trabalho acadêmico para um labor
acadêmico digital, no qual os sujeitos empreendem a si mesmos e sua imagem nos espaços digitais,
como parte das atividades acadêmicas”. (Oliveira, 2018, p. 105).
Ao encontro de tais mudanças, Araújo (2018, p. 8) propõe o termo Marketing Científico
para se referir a “estratégia empregada em produtos da ciência, aliada à comunicação científica e
comunicação digital, com o intuito de oferecer serviços alinhados às necessidades dos usuários”.
Nessa perspectiva, o autor chama atenção para quais práticas devem acompanhar as ações digitais
do cientista a fim de gerar resultados: (a) construir e manter uma presença online; (b) oferecer um
conteúdo adequado aos ambientes que atuar e; (c) estabelecer uma atuação responsiva e dialógica.
Desse modo, ao entrar nas regras do jogo do marketing digital, aspectos como visibilidade,
influência, engajamento e reputação passam a valer também para os pesquisadores, localizando-
os em métricas de mídias sociais próprias desse ambiente. Oliveira (2018, p. 106) chama a atenção
para essa reconfiguração do complexo sistema em torno do trabalho acadêmico, ocorrida a partir
da popularização das tecnologias de comunicação e das mídias sociais, que “propicia uma nova
ordem de engajamento dos atores científicos, midiatizando a visibilidade científica por meio das
mídias sociais”.
A partir disso, surgem novas abordagens para avaliar o impacto científico, como os novos
critérios no preenchimento do currículo Lattes e a obrigação de indicar estratégias de divulgação
nos editais e chamadas de popularização da ciência do CNPq. Essas abordagens não se restringem
mais aos sistemas bibliométricos, nos quais a citação entre pares era a principal validação da
qualidade da pesquisa. Em vez disso, métricas adicionais, como a repercussão e menções em
mídias sociais, juntamente com a exposição da pesquisa em meios de comunicação de massa, estão
se tornando cada vez mais comuns como formas alternativas de avaliar o impacto social da ciência
(Oliveira, 2018).
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No entanto, essas novas práticas potencializadas pela midiatização transformam a maneira
como a ciência é concebida e,
Apesar dos princípios da ciência moderna estarem imbricados nessas iniciativas,
estas empresas se pautam em modelos de negócios, buscando sustentabilidade
nos circuitos alternativos da circulação científica, e dados pessoais são
convertidos em commodities. O usuário, ao acessar suas mídias sociais ou
navegar na internet, está oferecendo seu capital social como mão de obra (Fuchs;
Sevignani, 2013), seja para avaliar a repercussão e a atenção on-line da produção
científica ou para outras dinâmicas de trocas simbólicas nos ambientes digitais,
como reconhecimento e construção de reputação on-line. (Oliveira 2018 p. 106-
107).
Além da reputação colocada em cheque pela superexposição da performance e do capital
social do pesquisador, agora revelado nas redes sociais, da legitimação do saber pelas redes sociais
e de sua consequente mercantilização, uma outra consequência do processo de midiatização do
conhecimento científico seria o valor atribuído a esse conhecimento, que “passa a ser
superficialmente avaliado pelo engajamento, ocasionando, por exemplo, uma caça por cliques por
meio de títulos instigantes e jogos de palavras (Lockwood, 2016 apud Oliveira, 2018, p. 107).
No processo de midiatização, com isso, é possível observar transformações significativas
nas dinâmicas de consumo, visibilidade e reconhecimento da Ciência. Ao longo das últimas
décadas, os indivíduos deixaram de receber informações de maneira unilateral, como era comum
nos meios de comunicação tradicionais, e passaram a interagir de forma mais autônoma,
participativa e apropriativa em relação ao conteúdo. Esse cenário apresenta desafios para a
divulgação científica, exigindo dos cientistas o desenvolvimento de novas estratégias de
disseminação do conhecimento, que se adaptam às demandas de habilidades emergentes. A
linguagem oral assume novamente um papel de destaque na performance do cientista, agora
mediada pelas tecnologias digitais, que também requerem o uso de linguagens convergentes,
híbridas e diversificadas.
Nesse contexto, além da proficiência em comunicação oral que o cientista tradicionalmente
domina, presente em aulas expositivas, comunicações em congressos e defesas de estudos
científicos, torna-se imperativo explorar as potencialidades das mídias digitais. Dessa maneira, ao
conceber novos formatos e linguagens, percebe-se que os códigos comunicativos não se encontram
isolados, mas antes se entrelaçam à medida que a lógica da comunicação no meio digital interage
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com essa nova realidade. A audiência, desse modo, passa a consumir conteúdos científicos de
forma mais autônoma e participativa, características intrínsecas à comunicação contemporânea.
5 Considerações finais
Embora pesquisas anteriores tenham reforçado que os cientistas-divulgadores ainda se
motivam a partir de objetivos tradicionais da imagem da ciência, tais como a sua função educativa
ou ainda a preocupação com a disseminação de informações científicas, é necessário repensar as
estratégias de criação de conteúdo. Nesse sentido, autores que apontam a necessidade de
trazer para a conversa o público, valorizando a cocriação não apenas a partir do conteúdo de
divulgação como também a partir das próprias demandas e agendas sociais que pautam as
pesquisas científicas. Com isso, espera-se ser possível estabelecer relacionamentos positivos,
profícuos e de longo prazo com o público, características importantes da comunicação tanto no
meio digital quanto presencial.
As práticas e dinâmicas observadas na circulação da informação científica têm, entre outros
fatores, por um lado algumas questões que ainda precisam ser discutidas sobre a preparação dos
cientistas divulgadores nesse processo de transmidiação e conversação. um movimento de
apropriação por parte dos prossumidores cientistas na função de atuarem como porta-vozes
interlocutores no processo de divulgação da ciência, dispostos a falar e ouvir, que beneficia essa
ponte com a sociedade embora imponha novas práticas à sua carreira.
Como foi posto, para reverter uma distância entre a população não especializada e a ciência,
personificada na figura do cientista contemporâneo, um dos caminhos possíveis é o fortalecimento
de um trabalho dialógico e estratégico de divulgação que seja ao mesmo tempo integrado,
transmidiático e interdisciplinar. Esse processo precisa ser acompanhado por um reconhecimento
da importância da educação formal, além do uso de ferramentas que valorizem a autonomia do
sujeito em uma sociedade marcada pela ubiquidade marcada pela migração entre mídias na busca
pela informação. É caminho também a articulação de um pensamento complexo, formado por
meio da colaboração entre os diferentes profissionais, dentre estes, especialmente os da Ciência da
Informação, da Ciência, Tecnologia e Sociedade e da Comunicação.
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Received: 29/09/2023 Accepted: 22/03/2024