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OLIVEIRA, Walter Clayton de; GUIMARÃES, José Augusto Chaves. Hermenêutica e organização e
representação da informação: transversalidade e verticalidade na Ciência da Informação. Brazilian Journal
of Information Science: research trends, vol.17, Dossiê: Transversalidade e Verticalidade na Ciência da
Informação, publicação contínua, 2023, e023062. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023062.
Hermenêutica e Organização e Representação da
Informação:
transversalidade e verticalidade na Ciência da
Informação
Hermeneutics and Information Organization and Representation: transversality and verticality in
Information Science
Walter Clayton de Oliveira (1), José Augusto Chaves Guimarães (2)
(1) Universidade do Estado de Mato Grosso, Brasil, wcoliveira@gmail.com
(2) Universidade Estadual Paulista, Brasil, chaves.guimaraes@unesp.br
Resumo
Este artigo aborda a interseção entre Hermenêutica e Organização e Representação da Informação,
destacando a importância da transversalidade e verticalidade no contexto da Ciência da Informação. A
hermenêutica, como abordagem interpretativa, é essencial para compreender a complexidade da
informação, considerando contextos culturais, históricos e sociais. Paralelamente, a Organização e
Representação da Informação busca estruturar e dar sentido aos dados, facilitando o acesso e a
compreensão. A transversalidade refere-se à integração desses elementos de forma horizontal, enquanto
a verticalidade envolve a profundidade na análise e interpretação das informações. A combinação dessas
abordagens enriquece a pesquisa em Ciência da Informação, proporcionando uma compreensão mais
completa e contextualizada do papel crucial da informação na sociedade contemporânea.
Palavras-chave: Hermenêutica, Organização da Informação, Representação da Informação, Ciência da
informação
Abstract
This article addresses the intersection between Hermeneutics and Information Organization and
Representation, emphasizing the importance of transversality and verticality in the context of
Information Science. Hermeneutics, as an interpretative approach, is essential to comprehend the
complexity of information, considering cultural, historical, and social contexts. Simultaneously,
Information Organization and Representation aim to structure and give meaning to data, facilitating
access and understanding. Transversality refers to the integration of these elements horizontally, while
verticality involves depth in the analysis and interpretation of information. The combination of these
approaches enriches research in Information Science, providing a more comprehensive and
contextualized understanding of the crucial role of information in contemporary society.
Keywords: Hermeneutics, Information Organization, Information Representation, Information
Science.
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representação da informação: transversalidade e verticalidade na Ciência da Informação. Brazilian Journal
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1 Introdução
O presente artigo explora as interseções entre Hermenêutica e Organização e
Representação do Conhecimento no contexto da Ciência da Informação, a partir de uma
necessidade de compreender de forma mais aprofundada como as práticas interpretativas e os
processos de organização e representação do conhecimento convergem e influenciam o cenário
da informação científica.
A Hermenêutica, como abordagem interpretativa, oferece um arcabouço teórico
fundamental para explorar as nuances da compreensão e interpretação de textos e discursos no
contexto informacional. Ao incorporar essa perspectiva, busca-se desvelar camadas mais
profundas de significado presentes nas manifestações discursivas no campo da Ciência da
Informação. Essa dimensão eminentemente interpretativa é destacada por Albrechtsen e
Petersen (2003, p. 224) ao se referirem à importância de os sistemas de classificação
conseguirem atingir o nível dos valores interpretativos como subsídio ao acesso à informação.
Vale destacar que a questão hermenêutica, na Ciência da Informação como um todo ou
em abordagens para subcampos específicos dessa área, vem sendo abordada há cerca de duas
décadas em temas como: a importância de uma aproximação da hermenêutica com a dialética
para servir de referência teórico-metodológica para a Ciência da Informação (Azevedo, 2004);
a crítica ao paradigma normativo que por muito tempo preponderou na Ciência da Informação
e na importância de se adotar um paradigma interpretativo, baseado na Fenomenologia, na
Hermenêutica e na Filosofia da Linguagem (Marciano, 2006), a origem de diálogo entre
hermenêutica e técnica da informação, em um contexto de hermenêutica da rede digital
(Capurro, 2010); a aplicabilidade da abordagem hermenêutica nos estudos organizacionais da
área (Vieira; Rivera, 2012); o uso da crítica hermenêutica para buscar a identificação do corpo
teórico-conceitual da Ciência da Informação (Mendes; Lara, 2017), as possíveis interlocuções
entre biblioterapia e hermenêutica valendo-se das concepções de Ouaknin e Gadamer (Souza;
Caldin, 2018), a hermenêutica como aporte metodológico na Ciência da Informação a partir de
estudos bibliométricos (Souza; Moraes, 2019); e a aplicação do círculo hermenêutico de
Gadamer como subsídio à interpretação em estudos sobre autoridades e sobre estruturação da
informação (Almeida, 2022), entre outros.
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No entanto, a literatura da área carece de estudos que possam discutir a hermenêutica
como elemento caracterizador e que ofereça subsídios ao desenvolvimento do subcampo de
Organização e Representação do Conhecimento.
Para tanto, explora-se como as estratégias de organização e representação do
conhecimento influenciam a compreensão, recuperação e disseminação de informações dentro
das comunidades discursivas científicas, tendo em vista a aplicação prática de princípios
hermenêuticos na estruturação informacional.
A partir da abordagem das teorias hermenêuticas no âmbito da Organização e
Representação do Conhecimento, espera-se oferecer subsídios de reflexão aos profissionais da
informação para que possam melhor implementar tais abordagens em suas atividades
cotidianas, contribuindo para a construção de um corpo de conhecimento mais robusto e
aplicável.
Como destaca Hansson (2005, p.102), a indexação enquanto um dos processos
inerentes à organização e representação do conhecimento - pode ser descrita como um
complexo conjunto de procedimentos, de natureza eminentemente interpretativa, cujas
atividades podem ser desenvolvidas em ambientes de considerável sofisticação, sejam eles
físicos ou virtuais. O referido autor (Hansson, 2005, p.102-103) destaca a existência de
atividades sociais e interpretativas complexas no seio da Ciência da Informação, especialmente
quando se busca compreender as diferentes perspectivas dos usuários, reconhecendo a
diversidade de necessidades informacionais. Esse avanço criativo envolve uma adaptação
constante às mudanças nas demandas sociais e tecnológicas, garantindo que os profissionais
dessas disciplinas desempenhem um papel vital na sociedade contemporânea. Ademais, ao se
considerar a Ciência da Informação como situada no entroncamento das Ciências Socias com
as Ciências Humanas, de se destacar a importância de discussões de natureza epistemológica
e de metodologia interpretativa, algo ainda pouco explorado na área (Hjørland, 2000; Budd,
1995, 2001; Day, 1996).
Para Hansson (2005), a hermenêutica atua ponto de partida de natureza epistemológica
para que a Ciência da Informação possa melhor estudar as complexas questões inerentes à
gestão e utilização do conhecimento.
Hjørland (2000, p.522) traz contribuições significativas no campo, especialmente em
relação à epistemologia, às metateorias e aos paradigmas da Ciência da Informação, com
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especial ênfase na natureza e na organização da informação, assim como na forma como ela é
produzida, disseminada e utilizada. Citando Ellis (1996), o referido autor destaca que as mais
importantes abordagens metateóricas da Ciência da Informação consistem no paradigma físico
(incluindo as abordagens computacionais), no paradigma cognitivo, nas abordagens voltadas
ao usuário, na análise de domínio, nas abordagens voltadas ao estudo da literatura da área
(incluindo as abordagens bibliométricas), na semiótica e na hermenêutica.
Ao explorar a hermenêutica e a organização e representação do conhecimento de forma
integrada, busca-se preencher lacunas teóricas existentes nessa seara no âmbito da Ciência da
Informação e, assim, contribuir para uma compreensão holística das dinâmicas informacionais
envolvidas, estimulando uma reflexão crítica e ontoepistemológica sobre as práticas
estabelecidas e proporcionando subsídios para a evolução contínua do campo. Mais
especificamente, busca-se analisar as interseções entre hermenêutica e a organização e
representação do conhecimento no âmbito da Ciência da Informação no intuito de contribuir
para uma melhor compreensão e para o avanço científico dessas áreas interconectadas.
Desse modo, e partindo da hipótese de que a os processos de organização e
representação do conhecimento possuem natureza hermenêutica, razão pela qual torna-se
importante estabelecer esse diálogo interdisciplinar, o presente trabalho vale-se de uma revisão
crítica de textos filosóficos relevantes sobre hermenêutica e do mapeamento na literatura
especializada, especialmente da organização do conhecimento.
À vista do exposto, busca-se tecer uma reflexão teórica sobre a dimensão hermenêutica
dos processos de organização do enquanto um espaço nuclear da Ciência da Informação para,
em seguida, abordar conceitualmente a Hermenêutica e, como decorrência, o Círculo
Hermenêutico como subsídio a uma reflexão sobre as intersecções e diálogos que se
estabelecem entre os campos da hermenêutica e da organização do conhecimento.
2 A organização e representação do conhecimento como espaço nuclear na
Ciência da Informação
A organização e representação do conhecimento, ao abranger processos, produtos e
instrumentos para a identificação, a extração, a representação e a ordenação de conceitos,
constitui um espaço mediador por definição ao permitir que o conhecimento produzido,
materializado, socializado e armazenado em um dado contexto esteja acessível - e
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compreensível - para que possa servir de subsídio à geração de um novo conhecimento que,
uma vez materializado, e socializado, igualmente seja objeto desse processo helicoidal (Barité,
2001; Guimarães, 2008).
Historicamente, a organização e representação do conhecimento (aqui mais
especificamente se referindo aos aspectos ligados ao conteúdo intelectual dos documentos, mas
sem desconsiderar a importância dos processos de representação de seus aspectos formais, bem
como sua ordenação no armazenamento para fins de acesso) tem se assentado em uma tríade
em que se verifica uma dimensão epistemológica (bases conceituais, históricas e metodológicas
da organização do conhecimento assim como seus diálogos interdisciplinares e sua produção
científica), uma dimensão aplicada (modelos, formatos, instrumentos, produtos e estruturas em
organização do conhecimento); e uma dimensão sociocultural (formação e atuação
profissional, ética, contextos, cultura e identidade em organização do conhecimento assim
como as relações da organização do conhecimento com o desenvolvimento sustentável). Tais
dimensões, por sua vez, efetivam-se nos processos (p.ex. classificação, indexação etc) que se
desenvolvem, valendo-se de instrumentos (p.ex. esquemas de classificação, tesauros, etc) para
a geração de produtos (notações, descritores, índices etc). (Guimarães e Dodebei, 2012, P.17)
No entanto, de se convir, no âmbito dos processos, que o desenvolvimento de
procedimentos voltados à leitura técnica de um documento, à identificação de seus conceitos,
à seleção dos conceitos a serem representados e à tradução desses conceitos em uma linguagem
padronizada) pressupõe diferentes momentos e níveis - de interpretação (Chaumier, 1985).
Da mesma forma, no âmbito dos instrumentos de representação, tanto a sua concepção
e elaboração quanto a sua aplicação pressupõem interpretações de diferentes ordens, como por
exemplo, a definição de conceitos equivalentes, relacionados ou subordinados, no primeiro
caso, ou a transposição de estruturas conceituais em representações padronizadas oriundas dos
instrumentos, no segundo caso.
A organização e representação do conhecimento guarda direta relação com a
estruturação e categorização/classificação da informação para que essa possa ser acessada e
apropriada. Nesse sentido, os instrumentos de classificação, catalogação e indexação
constituem elementos fundamentais para que a informação seja interpretada de maneira
sistemática e coerente. Da mesma forma, os produtos da organização do conhecimento, tais
como os metadados, os descritores e palavras-chave e as notações classificatórias materializam
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o resultado dos processos de interpretação e descrição de modo a facilitarem a recuperação da
informação e contribuírem para uma interpretação adequada por parte dos usuários. Pode-se,
portanto, observar que, na organização e representação do conhecimento, os processos
envolvem ações de natureza eminentemente hermenêutica, os instrumentos subsidiam tais
interpretações e os produtos decorrem e materializam o resultado de tais interpretações sendo,
por sua vez, novamente interpretados pelo usuário no momento da recuperação e da
apropriação e uso do conhecimento.
Em síntese, a organização e representação do conhecimento configurando-se como
elemento essencial para a construção de um ambiente informacional coeso e funcional. À
medida que a sociedade continua a produzir e consumir conhecimentos em ritmo acelerado, a
evolução constante dessas práticas torna-se imperativa e o reconhecimento de sua
complexidade interpretativa contribui para garantir a eficácia na gestão da informação e o
progresso do conhecimento.
3 A Hermenêutica e o círculo hermenêutico heideggeriano
A hermenêutica é um campo de estudo que busca entender a interpretação e a
compreensão dos textos e das informações. Tendo se originado na Filosofia, tem sido aplicada
em diversas áreas do conhecimento, tais como o Direito e a Religião, entre outras.
No caso do Direito, a hermenêutica jurídica assume papel nuclear na atuação do Poder
Judiciário, quando os magistrados, a partir de um fato concreto, cotejam-no com todo um
conjunto de fontes do Direito (doutrina, legislação, jurisprudência), realizando uma prática
interpretativa do fato concreto à luz dessas fontes e valendo-se ainda de elementos outros tais
como a analogia, os princípios gerais de Direito. Resultado disso pode ser observado tanto na
fundamentação de sentenças e acórdãos judiciais (que integram a jurisprudência) como na
legislação comentada) (Reale, 2002; Guimarães, 2004). Tem-se, pois, uma atividade de
interpretação de fontes do Direito para melhor compreender sua aplicabilidade e alcance,
estabelecendo métodos para tal (tais como a interpretação gramatical, a interpretação
teleológica etc).
No âmbito da Religião, tem-se o caso da denominada hermenêutica bíblica, que busca
interpretar os textos sagrados do Cristianismo, por meio da exegese. Alguns exemplos de
produtos da hermenêutica bíblica residem em edições da Bíblia com a linguagem atual, ou
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mesmo as concordâncias bíblicas, que remontam ao século XVII, com o trabalho de Alexander
Cruden, as quais relacionam passagens referentes a um mesmos fato, sentimento ou valor a um
dado acontecimento bíblico. Vale destacar que as pregações feitas por autoridades cristãs em
missas, cultos etc são fruto de uma análise hermenêutica.
A hermenêutica tem por objeto os processos de atribuição de significado e de
compreensão do mundo ao nosso redor, reconhecendo que a interpretação está sujeita a
múltiplos contextos e influências, como a linguagem, a cultura, as experiências pessoais e as
motivações do intérprete.
O termo hermenêutico deriva do grego hermeneia (declarar, anunciar, esclarecer,
traduzir e interpretar) e remonta a Hermes, o mensageiro que interpretava o significado das
mensagens e as traduzia de forma compreensível aos mortais (Coreth,1973 e Butler,1992). Mas
foi a partir do século XVIII que a hermenêutica passou a ser objeto da Filosofia, como estudo
da teoria da interpretação de textos escritos para uma explicação coerente do conhecimento.
Também conhecida como teoria ou filosofia da interpretação do significado (Bleicher,1992),
ou estudo da compreensão (Palmer, 1986), da transferência e interpretação do conhecimento
(Hoel,1992), ou de como o contexto molda a interpretação (Froehlich,1994), a hermenêutica
trata dos problemas oriundos de ações dotadas de significado e dos produtos dessas ações,
principalmente textos (Mantzavinos,2016).
Martin Heidegger (1889-1976) desenvolveu a concepção moderna da hermenêutica
como algo inerente ao cotidiano do ser humano em que as interpretações envolvem
pressuposições pois o significado dado às palavras ocorre a partir das inter-relações entre
mundo e conhecimento (Inwood,1998). Hans-George Gadamer (1900-1998) combinou a
hermenêutica existencial de Heidegger com a fenomenologia de Husserl e destacou que a pré-
compreensão (formação de pré-conceitos), moldada pela tradição e pelo contexto histórica e
socialmente construído, constitui condição necessária para a compreensão, a partir da
linguagem que, como elemento de intermediação, se situa em “um contexto mais amplo de
instituições e estrutura social' (Butler,1998, p.292). Para Gadamer, a hermenêutica se assenta
no tripé interpretação-significado-compreensão em que a “interpretação coloca o intérprete em
algum lugar no meio de uma conversa que já começou [...] na qual tentamos nos orientar para
poder contribuir com ela” (Budd, 1995, p.9). Influenciado pela semiótica e acreditando na
primazia da palavra escrita sobre a falada, para o referido autor a hermenêutica, enquanto uma
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filosofia das e para as ciências humanas e sociais, volta-se para as relações entre os seres
humanos e seu mundo (Bendiktsson,1989).
A hermenêutica evidencia uma jornada constante de compreensão, uma busca pelo
significado mais profundo. Em um mundo onde a comunicação é tão vasta e complexa, a
habilidade de interpretar de maneira precisa e sensível torna-se cada vez mais crucial. Ao
abraçarmos a hermenêutica, capacitamo-nos não apenas a decodificar mensagens, mas a
verdadeiramente compreender as riquezas subjacentes a cada expressão. Ela nos lembra de que,
em um mar de palavras, a verdadeira compreensão reside na capacidade de ir além da
superfície, explorando os matizes e as nuances que fazem da interpretação uma arte intrincada
e fascinante.
No âmbito da Hermenêutica, ocupa espaço nuclear o círculo hermenêutico
heideggeriano é uma ideia fundamental na filosofia de Martin Heidegger, destacando-se
especialmente em sua obra "Ser e Tempo". Essa abordagem hermenêutica busca compreender
a natureza da interpretação e do entendimento, lançando luz sobre a maneira como os seres
humanos se relacionam com o mundo ao seu redor.
No centro dessa concepção está a noção de que a compreensão não é um processo linear,
mas sim um círculo dinâmico. Heidegger (1999) argumenta que, ao nos engajarmos na
interpretação do mundo, trazemos nossas próprias experiências prévias, valores e preconceitos
para a compreensão de novas situações. Essas preconcepções moldam a forma como
interpretamos algo, e, por sua vez, nossa interpretação influencia a maneira como
compreendemos nossas experiências passadas.
Conforme palavras do próprio Heidegger (2001, p.64):
[...] toda relação de pergunta e resposta move-se inevitável e constantemente
em círculo. que não é um círculo vicioso, um círculo que deveria ser
evitado por ser supostamente errado. Antes, o círculo pertence à essência de
todo perguntar e responder. É possível que eu tenha um conhecimento
daquilo pelo que pergunto, mas isso não quer dizer que eu reconheça
explicitamente aquilo pelo que pergunto, reconhecer explicitamente no
sentido de ter apreendido e determinado tematicamente.
O círculo hermenêutico destaca a interconexão constante entre as partes e o todo, entre
as partes da experiência e o contexto mais amplo no qual estão inseridas. Não uma
compreensão isolada de um elemento; em vez disso, a compreensão é um processo contínuo
no qual cada nova experiência é interpretada à luz das experiências anteriores.
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Informação, publicação contínua, 2023, e023062. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023062.
Além disso, Heidegger destaca a importância da linguagem nesse processo
hermenêutico. A linguagem não é apenas um meio de expressão, mas é fundamental para a
maneira como entendemos o mundo. Ela molda nossa compreensão e é, ao mesmo tempo,
moldada por nossa compreensão prévia.
Assim, o círculo hermenêutico heideggeriano destaca a circularidade inerente ao
processo interpretativo humano. A compreensão não é um ponto de chegada fixo, mas sim um
movimento constante, um diálogo contínuo entre o passado, o presente e o futuro. Este círculo
dinâmico reflete a natureza fundamentalmente contextual e interconectada da existência
humana, conforme explorado pelo filósofo alemão Martin Heidegger.
Nesse processo, Heidegger (1999) enfatiza a importância de nos tornarmos conscientes
de nossas preconcepções e pressupostos, reconhecendo que eles moldam nossa compreensão
do mundo. Ele chama isso de "destruição fenomenológica", um termo que não implica a
destruição física, mas sim a desconstrução crítica de nossas interpretações habituais. Ao
questionarmos nossas suposições, podemos abrir espaço para uma compreensão mais autêntica
e significativa.
Heidegger (1999), em Ser e tempo, discute o sentido do ser e diz considerar essa questão
como fundamental, trazendo para isso a importância do questionamento. A seguir promove
uma reflexão que nos parece oportuna e pertinente ao tema que discutimos neste texto e a
proposta apresentada aqui, a qual situa-se no âmbito da pesquisa sob uma ótica fenomenológica
hermenêutica.
Todo questionamento é uma procura. Toda procura retira do procurado sua
direção prévia. Questionar é procurar cientemente o ente naquilo que ele é e
como ele é. A procura ciente pode transformar-se em "investigação" se o que
se questiona for determinado de maneira libertadora. O questionamento
enquanto "questionamento de alguma coisa" possui um questionado. Todo
questionamento de...é, de algum modo, um interrogatório acerca de...Além
do questionado, pertence ao questionamento um interrogado. (Heidegger,
1999, P. 30)
Outro aspecto crucial do círculo hermenêutico é a noção de que a compreensão não
ocorre em isolamento. Estamos sempre imersos em um contexto cultural, histórico e social que
influencia a maneira como interpretamos as coisas. Heidegger destaca a importância de se
situar dentro desse contexto e reconhecer a influência que ele exerce sobre nossa compreensão.
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Além disso, o filósofo alemão destaca que a compreensão não é apenas um exercício
intelectual, mas envolve uma forma de envolvimento existencial com o mundo. É uma
experiência que transcende a mera análise racional, incorporando aspectos emocionais, práticos
e até mesmo estéticos. A compreensão, para Heidegger, é uma forma de existência que se
desdobra no ato de interpretar e dar significado ao mundo ao nosso redor.
Ao explorar o círculo hermenêutico heideggeriano, somos convidados a repensar a
natureza da compreensão, a perceber a dinâmica constante entre as partes e o todo, entre o
passado e o presente. Em última análise, é uma abordagem que nos desafia a sermos mais
reflexivos em nossas interpretações, a reconhecer a interconexão entre todos os elementos que
compõem nossa experiência e a buscar uma compreensão mais autêntica e significativa do ser
no mundo.
Trazendo para a hermenêutica para o contexto da Ciência da Informação, tem-se a busca
pela análise crítica e reflexiva dos textos, considerando não apenas o conteúdo explícito, mas
também o contexto em que a informação foi produzida e as diferentes perspectivas que podem
influenciar sua interpretação. Desse modo, permite uma análise mais profunda e abrangente,
facilitando a identificação de relações, tendências e proposições que poderiam ser perdidos em
uma abordagem mais superficial. A isso se acrescente, no âmbito das preocupações atuais da
Ciência da Informação, que a necessidade de
[...] ruptura com o pensamento do universalismo e de um crescimento
cumulativo do conhecimento é algo que se enquadra bem na base filosófica
da hermenêutica, embora seja formulada dentro de um sólido ambiente
científico moderno” (Hansson, 2005, p.105).
4 Hermenêutica e organização e representação do conhecimento
A aplicação da hermenêutica na organização e representação do conhecimento
reconhece a importância da interpretação na construção de significado e no acesso à
informação. A hermenêutica desafia a noção de que as informações são estáticas e neutras,
destacando que sua interpretação é inerentemente subjetiva e contextual. Ao incorporar a
hermenêutica na organização e representação do conhecimento, busca-se uma compreensão
mais profunda e crítica da informação, de tal modo que se poderia arriscar dizer que a
hermenêutica traz elementos para uma perspectiva pós-moderna da organização do
conhecimento (Hansson, 2005).
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Desempenhando o papel crucial de articular a compreensão profunda dos textos e
contextos, e transcendendo as fronteiras rígidas estabelecidas pela abordagem científica
tradicional, a hermenêutica permite uma interpretação mais flexível e contextualizada, alinhada
com os princípios da visão pós-moderna que enfatiza a pluralidade de significados e a
subjetividade inerente à construção do conhecimento. Assim, essa abordagem hermenêutica
não apenas reconcilia, mas enriquece o diálogo entre diferentes paradigmas, oferecendo uma
compreensão mais holística e adaptável da complexidade do saber.
Ribeiro (2017, p.81), reportando-se a Schleiermacher e Heidegger, destaca, no âmbito
da prática hermenêutica, a necessidade de “uma primeira leitura para a construção da ideia
geral do assunto, e, posteriormente, recomeçar pela interpretação das partes, na busca de se
alcançar o texto inteiro em sua gênese, estrutura e significado”. A partir daí, deve-se buscar a
compreensão do conteúdo do texto considerando o contexto do qual o discurso provém. Desse
modo, a identificação do contexto alia-se à visão de mundo do leitor para subsidiar uma
compreensão mais ampla do texto.
Uma abordagem hermenêutica na organização e representação do conhecimento pode
envolver a consideração dos contextos de produção e recepção da informação, bem como a
reflexão sobre as relações entre os diferentes elementos do conhecimento. Ela reconhece que
as categorias e classificações são construções humanas, sujeitas a interpretação, e podem variar
de acordo com o contexto cultural, social e histórico. Ademais, uma abordagem hermenêutica
nesse contexto também leva em consideração as práticas de uso e as necessidades dos usuários,
buscando criar sistemas mais flexíveis e adaptáveis.
Trazendo a questão para os processos, instrumentos e produtos da organização e
representação do conhecimento, a abordagem hermenêutica vai ao encontro, por exemplo,
daquilo que Hope Olson (2002) denomina como o “poder de nomear” (power to name) do
indexador, um poder interpretativo que lhe é conferido pela sociedade para que crie substitutos
de conhecimentos (surrogates of knowledge) que propiciem o acesso a um conhecimento
registrado e socializado. Essa atividade interpretativa situa-se em uma dimensão ética
permeada por valores como a garantia cultural (Beghtol, 2002,2005), a transculturalidade da
mediação (García Gutiérrez, 2002), e o compromisso com o diálogo global e com as
peculiaridades locais (glocal commitment) (Guimarães, 2017). Ademais, a atividade
interpretativa se situa, por exemplo, quando Clare Beghtol (1986) contrapõe o conceito de
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OLIVEIRA, Walter Clayton de; GUIMARÃES, José Augusto Chaves. Hermenêutica e organização e
representação da informação: transversalidade e verticalidade na Ciência da Informação. Brazilian Journal
of Information Science: research trends, vol.17, Dossiê: Transversalidade e Verticalidade na Ciência da
Informação, publicação contínua, 2023, e023062. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023062.
aboutness, qual seja, a tematicidade intrínseca de um documento, muitas vezes representada
como assunto principal, com os meanings, ou seja, os distintos significados que um dado
conteúdo informacional pode ter para diferentes comunidades e contextos de usuários.
Hjørland (2000, p. 525), ao reconhecer a hermenêutica como uma das importantes
abordagens filosóficas que nutrem a organização e representação do conhecimento,
exemplifica com a abordagem da análise de domínio enquanto perspectiva metodológica para
essa disciplina, o que abriu caminho para que a dimensão interpretativa fosse mais
minuciosamente analisada (Hjørland e Albrechtsen, 1995; Hjørland, 2002, 2004, 2017). A isso
se somam as contribuições da Sociologia em termos de metateoria (Ritzer, 2007) e de
comunidades epistêmicas (Meyer e Molineux-Hodgeson, 2010), que permitem que os
processos de natureza analítico-sintética , como a leitura técnica, a identificação de conceitos,
a seleção de conceito e tradução de conceitos em uma linguagem mediadora (Chaumier,1980)
levem a organização e representação do conhecimento a uma dimensão mais ampla ao
considerar também os contextos, os atores, as comunidades e os valores envolvidos no
conhecimento produzido. (Tognoli; Schmidt e Guimarães, 2022).
A organização e representação do conhecimento refere-se ao processo de identificar,
sistematizar, categorizar e disponibilizar informações que decorrem de um conhecimento
produzido, materializado e socializado, para facilitar as ações voltadas ao seu acesso,
recuperação, e apropriação, o que pode ocorrer em diversos ambientes, como bibliotecas,
arquivos, museus, centros de documentação, bases de dados, sistemas de gestão de conteúdo e
até mesmo em ambientes digitais mais amplos, como a internet. Nesse âmbito, a contribuição
da abordagem hermenêutica vai além dos aspectos relativos ao conteúdo intrínseco de um
documento para também subsidiar os aspectos acerca da forma como as informações são ali
estruturadas e organizadas, especialmente quando se lida com conjuntos complexos de dados,
documentos ou sistemas de informação (Hansson, 2005). Isso envolve a reflexão sobre as
diferentes formas de representação e o significado que cada uma delas pode transmitir.
Como decorrência, a abordagem hermenêutica vai além dos processos de organização
e representação do conhecimento para atingir o processo de busca e recuperação da informação
que, segundo Capurro (2000) possui natureza eminentemente interpretativa , ao abranger o
contexto e o background do pesquisador no caso, o usuário e também aqueles que se
encontram afetos à organização de diferentes expressões linguísticas que atribuem significados
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representação da informação: transversalidade e verticalidade na Ciência da Informação. Brazilian Journal
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Informação, publicação contínua, 2023, e023062. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023062.
a distintos contexto, como é o caso dos instrumentos de organização do conhecimento, tais
como os tesauros.
A hermenêutica, no âmbito da organização e representação do conhecimento, vai ao
encontro, por exemplo, das críticas feitas, entre outros, por Derrida (2014) ao estruturalismo
linguístico de Ferdinand de Saussure (2006), uma vez que o reconhecimento do contexto
ultrapassa o binômio significado/significante. E esse contexto, por sua, vez, se alarga, indo
além do contexto de produção para atingir também o contexto de recepção: o usuário e seu
perfil, isso sem desconsiderar o contexto de intermediação, qual seja, o do profissional
responsável pelos processos de organização e representação do conhecimento. Busca-se, pois,
auxiliar na interpretação dos significados subjacentes a partir dos distintos contextos e
fenômenos culturais. Assim, ao enfatizar a interpretação como um processo dialógico entre o
intérprete e o objeto interpretado, em que o significado emerge por meio da relação entre ambos
a hermenêutica proporciona um olhar mais profundo sobre os conteúdos informacionais
justamente por considerar as implicações contextuais e culturais.
Em suma, pode-se, portanto, afirmar que a contribuição da hermenêutica para os
processos envolvidos na organização e representação do conhecimento atinge e incorpora - a
compreensão contextual (ao considerar os conteúdos a partir do contexto em que foram gerados
e, assim, evitando mal-entendidos e interpretações simplistas), a identificação de relações
complexas (que podem não ser evidentes em uma análise superficial, mas são cruciais para
uma verticalidade na interpretação), a construção de narrativas significativas (que permitam ao
usuário uma compreensão mais profunda dos temas abordados para que possam, assim, tomar
decisões mais fundamentadas). Tais dimensões se refletem, por exemplo, nos processos de
indexação e de classificação, auxiliando na geração de produtos a partir da atribuição de termos,
categorias e notações mais relevantes e contextualizados.
Relativamente aos instrumentos de organização e representação do conhecimento, a
hermenêutica permite identificar com mais profundidade as relações conceituais subjacentes e,
assim, garantir que essas estruturas representem de forma mais específica a informação.
No âmbito mais amplo dos Sistemas de Recuperação da Informação, a hermenêutica
pode ser incorporada para torna-los mais precisos no que se refere à compreensão das intenções
dos usuários e relacionar os termos de busca com os dados relevantes.
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Por fim, há se de reconhecer que a aplicação das práticas hermenêuticas nos processos
informacionais levanta questões éticas e sociais importantes, em especial pelo fato de a
interpretação subjetiva dos conteúdos informacionais poder levar a vieses e tendenciosidades
razão pela qual torna-se necessário o estabelecimento de critérios transparentes para garantir a
imparcialidade e a equidade na organização e representação da informação. Ressalte-se,
outrossim, que a interpretação pode ser subjetiva e complexa, o que pode levar a ambiguidades
e diferentes interpretações dos mesmos recursos informacionais. Além disso, a implementação
de abordagens hermenêuticas requer um engajamento crítico e reflexivo por parte dos
profissionais da informação, o que pode demandar tempo e recursos adicionais.
Se se postula que as práticas hermenêuticas possam ser incorporadas ao
desenvolvimento dos processos, à idealização e utilização dos instrumentos e à geração dos
produtos de organização e representação da informação, alguns questionamentos, em especial
no âmbito dos documentos científicos, hão se ter em conta, tais como: Quem é o autor? A que
escola de pensamento ou comunidade epistêmica pertence? Qual é o objetivo do documento?
A que público originalmente se destina? Que público usuário poderá eventualmente dele fazer
uso? Em que tempo, a espaço e condições foi produzido? Em que tempo, espaço e condições
está sendo tratado? Em que tempo, espaço e condições poderá ser utilizado? Qual a importância
desse documento para o contexto da instituição em que está sendo inserido?
Ao buscar contribuir para o desenvolvimento e a consolidação da configuração
epistemológica da Organização do Conhecimento, a Hermenêutica oferece uma base filosófica
e metodológica para a reflexão crítica e criativa sobre os conceitos, as teorias, as normas e as
práticas desse campo (Hjørland, 2000), razão pela qual propõe uma abordagem histórica,
comparativa e dialética da informação, que analisa os pressupostos, as implicações e as
contradições que envolvem os sistemas de organização do conhecimento, tanto em relação ao
seu contexto de origem quanto ao seu contexto de aplicação.
Relativamente ao círculo hermenêutico heideggeriano (1999), tem-se um conceito
filosófico que desempenha um papel fundamental na compreensão da organização do
conhecimento. Esse conceito filosófico destaca a natureza circular e interativa do processo
interpretativo, especialmente no que diz respeito à compreensão do ser. Assim, na aplicação do
círculo hermenêutico à organização e representação do conhecimento, podemos perceber que
a compreensão de qualquer fenômeno, seja ele um texto, uma ideia ou um campo de estudo,
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envolve uma interação dinâmica entre as partes e o todo. Heidegger (1999) argumenta que não
podemos compreender completamente uma parte do conhecimento sem entender o todo, e vice-
versa. Essa abordagem circular se reflete na forma como as informações são interconectadas e
como os diferentes campos do conhecimento se relacionam entre si e, no âmbito específico da
organização e representação do conhecimento, encontra voz, como destaca Hjørland (2003),
na análise de domínio, que pressupõe uma abordagem holística e contextual de um dado campo
do saber. Desse modo, a compreensão de um conceito específico ou de uma disciplina não pode
ser isolada uma vez que se encontra moldada pelo contexto mais amplo em que está inserida.
Isso implica que a organização e representação do conhecimento além de uma compilação
de informações isoladas para contemplar uma rede interconectada de significados que se
retroalimentam mutuamente.
Considerando que o círculo hermenêutico pressupõe, por definição, a natureza dinâmica
do conhecimento, uma vez que a interação contínua entre partes e todo resulta em uma evolução
constante da compreensão, desafiando a ideia de que o conhecimento é estático ou definitivo.
Isso requer, no âmbito da organização e representação do conhecimento, uma imersão
constante no diálogo entre as partes e o todo, de modo a promover um panorama mais rico e
integrada do vasto campo do saber, sem desconsiderar que todo esse processo, como destaca a
hermenêutica heideggeriana, parte de uma pré-compreensão (Vorverstehen) como ponto de
partida para a interpretação em que as experiências, preconceitos e compreensões prévias do
interpretante são trazidas à tona.
Indo além, há de destacar a importância de os processos interpretativos da organização
e representação do conhecimento reconhecerem as diferentes vozes envolvidas, cujas
concepções e valores subsidiarão aquilo que Hansson (2005) denomina como “standpoint
epistemologies”
O olhar reflexivo que a abordagem hermenêutica traz para a organização e
representação do conhecimento demanda um constante questionamento e revisão das
interpretações, por reconhecer que toda compreensão é fluida e sujeita a mudanças e, por
conseguinte, os processos de organização e representação do conhecimento devem se
suficientemente flexíveis para se adaptarem às evoluções nas interpretações e nas descobertas.
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5 Resultados e conclusões
Os resultados evidenciam que os processos inerentes à Organização e Representação
do Conhecimento ORC - leitura técnica, identificação de conceitos, seleção de conceitos e
tradução/representação de conceitos em linguagens padronizadas (Chaumier, 1980) possuem
natureza eminentemente interpretativa uma vez que estabelecem uma mediação entre os
conceitos de produção e de uso da informação, ao que se alia o próprio contexto do profissional
que se encarrega de tais processos.
Esse reconhecimento dos distintos contextos envolvidos notadamente os contextos de
produção, de intermediação e de recepção vai ao encontro daquilo que se poderia denominar
como perspectiva sociocultural da Organização e Representação do Conhecimento, que
privilegia os contextos envolvidos e os fenômenos e valores ali presentes, tais como o poder
de nomear, a ética transcultural de mediação, a presença de preconceitos e antipatias, a
necessidade de garantis e de hospitalidade cultural e o reconhecimento de fatores espaço-
temporais e a busca de processos que se comprometam com a promoção de uma comunicação
global sem desconsiderar peculiaridades locais (Berman, 1973; García Gutiérrez, 2002; Olson,
2002; Beghtol, 2002, 2005, Guimarães, 2017)
(1)
.
Para Hansson (2005), a abordagem hermenêutica na Ciência da Informação
proporciona uma perspectiva cultural rica e complexa, integrando os elementos interpretativos
na compreensão da informação em seu contexto cultural. Essa abordagem reconhece a
influência das perspectivas culturais na produção, disseminação e recepção da informação.
No âmbito da organização e representação do conhecimento, a abordagem
hermenêutica dialoga fortemente, como mencionado, com a análise de domínio, as
comunidades discursivas e as comunidades epistêmicas, os colégios invisíveis e a metateoria,
na medida em que todas essas abordagens pressupõem o reconhecimento do contexto como o
ponto de partida. Essa abordagem, por sua vez, é explicitamente reconhecida por como uma
base teórico-metodológica para a organização e representação do conhecimento e, por
Mazzochi e Bosch (2008), como uma base para a concepção e construção de novas formas de
Sistemas de Organização do Conhecimento - SOC.
Especificamente no que se refere aos processos de Organização e Representação do
Conhecimento, tem-se que a leitura documental, a identificação de conceitos, a seleção de
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conceitos e a tradução de conceitos em linguagem de indexação possuem natureza
eminentemente interpretativa.
No caso da leitura documental, destaca Cintra (1987) que o recurso a movimentos
indutivos (ou bottom up) e dedutivos (ou top down), servem a uma interpretação para fins
de representação do bibliotecário. No entanto, a questão interpretativa na leitura documental
não e refere a tão somente o conteúdo do texto, mas preliminarmente, ao reconhecimento e
interpretação de sua estrutura (bem como sua função e seu uso potencial) como elementos para
se chegar às partes mais ricas representativas do conteúdo a ser representado.
Como destaca Fujita (2017, p.23), “(...) o indexador, de acordo com seus objetivos e
contexto, é também um leitor que compreende o texto para interpretação e produção de uma
representação condensada de seu significado. Desse modo, o indexador, enquanto um leitor
profissional, “deve ser visto dentro de seu contexto sociocultural que abrange atuação e
formação profissional em abordagem sociocognitiva”. Esse contexto, por sua vez, apresenta
vertentes físicas (diagnóstico de infraestrutura e objetivos dos serviços de análise dos sistemas
de informação), psicológica (intenção, interesse e objetivos do indexador na leitura
documentária para indexação; e sociocognitiva (previsão de regras, linguagens, procedimentos
e política de indexação do sistema de informação) (Fujita, 2017, p.40-41).
Na etapa de identificação de conceitos “o indexador, como leitor, terá o conhecimento
linguístico prévio, implícito e importante para a compreensão da organização textual” (Fujita,
2017, p.23). Para tanto, é necessário que se situe no tempo e no espaço pois os conceitos não
são estáticos, mas antes, contextuais. Essa fase se amalgama de alguma maneira com a que lhe
é subsequente a seleção e conceitos e é nesta que a atividade interpretativa encontra maior
relevo uma vez que ocorre tendo em vista os objetivos para os quais as informações são
indexadas. de se ter em conta que selecionar pressupõe interpretar, inclusive para que se
decida o que deve ser levado adiante em função da mediação entre o contexto de produção (o
autor) e o contexto do uso (o usuário) e o que será deixado de lado.
Até ente momento estão em jogo, nas atividades interpretativas, os contextos do autor,
do usuário e do indexador. Mas é na fase final a tradução de conceitos em linguagem de
indexação que entra em jogo uma quarta interpretação, voltada para o contexto de produção
daquela linguagem (sistema de classificação, tesauro etc) que seguramente refletirá, em sua
estrutura e em seu vocabulário, uma visão de mundo e as idiossincrasias de um tempo e de um
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espaço. E essa percepção torna-se fundamental pois evidencia aquilo que, como mencionado,
Hope Olson (2002) denomina como o “poder de nomear” do indexador.
Em suma, tem-se que o reconhecimento da natureza interpretativa dos processos de
Organização e Representação do Conhecimento, pelo recurso à abordagem hermenêutica
proporciona uma abordagem reflexiva na interpretação de documentos e registros em que a
compreensão dos elementos culturais, históricos e contextuais presentes nas fontes de
informação enriquece a análise informacional, permitindo uma visão mais ampla e
contextualizada.
A relação entre Hermenêutica e Organização e Representação do Conhecimento, na
Ciência da Informação, pode ser vista de forma aplicada ou teórica. A forma aplicada consiste
em utilizar os conceitos e as técnicas da Hermenêutica para construir e avaliar os sistemas de
organização do conhecimento, tais como tesauros, taxonomias, ontologias e sistemas de
classificação. A forma teórica consiste em utilizar os fundamentos e as reflexões da
Hermenêutica para discutir e problematizar os aspectos epistemológicos, ontológicos,
semânticos e pragmáticos da Organização do Conhecimento.
A busca por uma interpretação contextual de um dado conhecimento registrado e
socializado objeto da organização e representação do conhecimento (Barité, 2001) -traz
consigo a compreensão de significados subjacentes e de conexões culturais em uma abordagem
mais flexível e adaptável, reconhecendo que as informações não são estáticas, mas fluidas e
contextualmente dependentes. Isso leva a sistemas de organização mais sensíveis às diferentes
interpretações e perspectivas, promovendo uma representação mais fiel da complexidade do
conhecimento humano. Ademais, aprimora a recuperação da informação e contribui para uma
compreensão mais abrangente das interconexões entre diferentes áreas do conhecimento.
Se, por um lado, os processos inerentes à Organização e Representação do
Conhecimento possam ser ainda permeados por uma prática que se norteia pela aplicação-
manual ou automatizada - de sistemas de organização e representação do conhecimento, muitas
vezes encarados de forma dogmática sem que se busque uma reflexão sobre as condicionantes
interpretativas que estão em jogo, por outro lado, a assunção de uma abordagem hermenêutica,
pautada na dimensão contextual dos processos, instrumentos e produtos de Organização e
Representação do Conhecimento, pode contribuir para a construção de espaços mediadores
mais significativos, inclusivos e socialmente comprometidos.
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Informação, publicação contínua, 2023, e023062. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023062.
Notas
(1) Na literatura analisada, a questão do contexto como subsídio aos processos interpretativos que se inserem na
ORC, destacam-se os estudos de Pinho & Guimarães (2012) e de Campbell (2000) e Campbell et al. (2017)
sobre aspectos inerentes a comunidades homoafetivas, de Michèle Hudon (1997, 1999) sobre o
multiculturalismo que deve ser considerado na elaboração de SOC multilíngues, dos vieses culturais que se
colocam nos processos de ORC (MILANI & GUIMARÃES, 2011; MILANI, 2014), sobre os preconceitos e
antipatias que, por conta desses vieses culturais, podem incidir nos SOC (BERMAN, 1973) , sobre os valores
e problemas éticos envolvidos (Guimarães et al, 2008) e, de uma forma mais ampla, sobre os contextos e
culturas que interagem com os processos, produtos e instrumentos de ORC (El Hadi e Kislin, 2013). Observou-
se, outrossim, que essa abordagem se reflete de forma mais marcante em uma comunidade epistêmica na
Internationl Society for Knowledge Organization - ISKO mais fortemente voltada para as questões culturais
da organização e da representação do conhecimento e que, por sua vez, atribui uma especial atenção aos
processos interpretativos da área, a partir de olhares oriundos da sociologia da ciência, da ética, das
humanidades digitais, da semiótica, das teorias de desconstrução, do pós-modernismo e outras.
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Received: 20/08/2023 Accepted: 11/03/2024