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ROCHA, Acrisonelia Medeiros de Sousa; SANTOS, Raquel do Rosário. Mediação da Leitura Literária por Meio das
Obras Plásticas de Flávio Tavares. Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol.17,
publicação contínua, 2023, e023037. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023037.
cotidiano sobre os paraibanos, evidenciando signos representativos desse povo, como: os
trabalhadores da cana-de-açúcar e dos engenhos, associados à obra de José Lins do Rego; os
retirantes da seca, presentes na obra de José Américo de Almeida; o sertanejo e o vaqueiro,
retratados na obra de Ariano Suassuna; como também os animais e as feras, nos poemas de
Augusto dos Anjos. É importante destacar que as análises expostas no trabalho têm a pretensão de
compreender tais obras, como dispositivos que também interferem no processo de mediação da
leitura, subsidiando que os leitores possam fazer associações entre as telas produzidas por Flávio
Tavares e as obras de literatos paraibanos mencionados visando alcançar o objetivo proposto.
Assim, defende-se que Flávio Tavares, ao atuar no processo de encontro dos leitores e das obras
literárias, esse Artista pode ser considerado um mediador da leitura, que também desenvolve a
mediação da leitura literária de maneira indireta, conforme categorização da mediação da
informação defendida por Almeida Júnior (2009), categorias que podem ser associadas às
atividades de mediação da leitura, visto a inter-relação dessas ações mediadoras.
Quanto às práticas de mediação da leitura literária realizadas por Flávio Tavares e as ações
que refletem a interação e o reconhecimento cultural dos seus leitores, ao ser questionado se ele se
reconhece como um mediador da leitura por meio de suas obras, ao entender a mediação da leitura
como prática desenvolvida por uma pessoa com o objetivo de despertar em outros sujeitos o gosto
e o prazer pela leitura, seja ela literária, artística, musical etc., Flávio Tavares, na entrevista, afirma
que
Reconheço sim, eu reconheço e ao mesmo tempo, como eu já falei sobre isso, o
medo de você não ter a mesma força da leitura e também não é uma norma, vamos
dizer, dentro da pessoa, ele, vamos dizer “funcionar” através da literatura, mas é
uma história que aonde você lendo imagem, você faz com que o outro também
leia aquela história que tá ali narrada num é? [...] vamos dizer pra gente falar
claramente de Menino de Engenho, não precisa você olhar aquele quadro, ter lido
José Lins do Rego sabe, não precisa. Você está olhando um moinho, se alguém
de fora perguntar que roupa é aquela, se tem alguma coisa típica de alguma região,
tudo bem, mas antes é importante você olhar a pintura e através da pintura, isso
que eu falei da arte descritiva, indiscutivelmente você vai ler as imagens, aí você
vai chegar a Zé Lins, aí dentro do pintor, ou dentro do artista, do ilustrador, muitas
vezes ele não tá dentro dessa narrativa literária, ele as vezes tá mais dentro de um
espírito de Zé Lins, do que do próprio livro de Zé Lins.
Flávio Tavares, ao se reconhecer como um mediador da leitura, externaliza que esse agir é
realizado por meio da expressão imagética, em que a obra literária adquire uma representação em