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SILVA, André Luiz Avelino da; VITORINO, Elizete Vieira. Estrutura de um Programa de Desenvolvimento da
Competência em Informação (Pdcin) para População LGBTI+: atitudes, comportamentos, habilidades, valores
e conhecimentos. Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol.17, publicação contínua,
2023, e023039. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023039.
Estrutura de um Programa de Desenvolvimento da
Competência em Informação (PDCIn) para a População
LGBTI+:
atitudes, comportamentos, habilidades, valores e conhecimentos
Structure of an Information Literacy Development Program (PDCIn) for the LGBTI+ population:
attitudes, behaviors, skills, values and knowledge
André Luiz Avelino da Silva (1), Elizete Vieira Vitorino (2)
(1) Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Brasil, andre_luiz93@live.com.
(2) elizete.vitorino@ufsc.br
Resumo
Tem como objetivo apontar uma estrutura teórica de um Programa de Desenvolvimento da Competência
em Informação voltado para a população LGBTI+, além de trazer conceitos das características desta
metacompetência. Refere-se a uma revisão de literatura, apontando os conceitos de atitudes,
comportamentos, habilidades, valores e conhecimentos. A presente pesquisa se caracteriza como
bibliográfica, documental e descritiva, de abordagem qualitativa. Além disso, considera os temas abordados
na pesquisa, dentre os quais se destacam como principais Competência em Informação e seus componentes,
Programa de Desenvolvimento da Competência em Informação e população LGBTI+. Neste sentido, a
concretização deste artigo em estruturar um programa de desenvolvimento da Competência em Informação
para a população LGBTI+ com foco em atitudes, comportamentos, habilidades, valores e conhecimentos
ocorrerá de forma teórica. Compreende-se a importância e necessidade de trabalhar em prol do combate as
vulnerabilidades sociais de grupos minoritários, como a população LGBTI+, pelo viés da Competência em
Informação.
Palavras-chave: Competência em Informação; Programa de Desenvolvimento da Competência em
Informação; População LGBTI+; Vulnerabilidade social.
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SILVA, André Luiz Avelino da; VITORINO, Elizete Vieira. Estrutura de um Programa de Desenvolvimento da
Competência em Informação (Pdcin) para População LGBTI+: atitudes, comportamentos, habilidades, valores
e conhecimentos. Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol.17, publicação contínua,
2023, e023039. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023039.
Abstract
It aims to point out a theoretical structure of an Information Literacy Development Program aimed at the
LGBTI+ population, in addition to bringing concepts of the characteristics of this meta-competence. It
refers to a literature review, pointing out the concepts of attitudes, behaviors, skills, values and knowledge.
This research is characterized as bibliographical, documental and descriptive, with a qualitative approach.
In addition, it considers the topics addressed in the research, among which the main Information Literacy
and its components, the Information Literacy Development Program and the LGBTI+ population stand out.
In this sense, the implementation of this article in structuring a program for the development of Information
Literacy for the LGBTI+ population with a focus on attitudes, behaviors, skills, values and knowledge will
occur theoretically. It is understood the importance and need to work towards combating the social
vulnerabilities of minority groups, such as the LGBTI+ population, from the perspective of Information
Literacy.
Keywords: Information Literacy; Structure of an Information Literacy Development Program; LGBTI+
population; Social Vulnerability.
1 Introdução
A sociedade passa por diversas transformações no decorrer dos anos, sejam mudanças
ambientais, tecnológicas, sociais, econômicas, políticas - todos os segmentos seguem caminhos
que levam a mudanças. Na Sociedade da Informação os avanços também acontecem, não na
mesma dinâmica de velocidade, mas com transformações próprias desse contexto.
As Tecnologias da Informação e comunicação (TIC), aliadas à internet, alavancaram as
evoluções informacionais. Nesse sentido, diante de novas demandas advindas desse panorama
como o fenômeno das fake news e a desinformação, assim como a sobrecarga de informações e,
mais recentemente, a Inteligência Artificial , é necessário considerar novas formas de lidar com
tais dilemas.
Por conseguinte, a Competência em Informação, como um conjunto de comportamentos,
habilidades, valores, atitudes e conhecimentos que proporcionam o desenvolvimento do
pensamento crítico e ético na busca, acesso e uso das informações (ALA, 2016), pode contribuir
para o empoderamento das pessoas pelo viés do campo informacional. Vitorino e Piantola (2020)
e Vitorino e De Lucca (2020), elucidaram diversos aspectos, tanto da Competência em Informação,
como das dimensões desta e da necessidade de se desenvolver a esta metacompetência nas pessoas.
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SILVA, André Luiz Avelino da; VITORINO, Elizete Vieira. Estrutura de um Programa de Desenvolvimento da
Competência em Informação (Pdcin) para População LGBTI+: atitudes, comportamentos, habilidades, valores
e conhecimentos. Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol.17, publicação contínua,
2023, e023039. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023039.
A contribuição também se estende aos conhecimentos que partem de um processo de
construção (BECKER, 2001), envolvendo a aquisição de novas informações (ALVES; SANTOS,
2018) de modo a influenciar nas habilidades. O comportamento é influenciado pelo contexto social
e cultural (SAMPAIO, 2005; ANDERY, 2011) se ligando ao desenvolvimento humano, uma vez
que a dimensão psicossocial aponta para as interações sociais e relações humanas que contribuem
para esse processo. As atitudes se ligam aos comportamentos, pois exercem influências devido à
socialização das pessoas, ao passo que os julgamentos e avaliações de mundo fazem parte das
atitudes (RODRIGUES, 2012).
O contexto educacional é um campo em que as relações sociais e interações humanas
ocorrem pelo viés do ensino e aprendizagem, influenciando nas atitudes e comportamentos das
pessoas. Isto contribui para a aquisição de habilidades e novos conhecimentos, mas também na
internalização de valores. São estes que direcionam a vida e a ações que uma pessoa possa ter,
embasando-se na sociedade e impactando as atitudes e os comportamentos de pessoas ou de um
grupo social (GOUVEIA et al., 2011). Os movimentos sociais LGBTI+
(1)
, dentro desse cenário,
são impulsionados por valores de justiça social, por exemplo, que solidificam o combate às
desigualdades sociais e vulnerabilidades de um determinado grupo, como no caso das pessoas
LGBTI+.
No intento de contribuir para minimizar os efeitos de um cenário carente de educação para
a informação às pessoas LGBTI+, esta pesquisa
(2)
apresenta a estruturação de um Programa de
Desenvolvimento da Competência em Informação (PDCIn) voltado para a população LGBTI+. O
conteúdo investigado se dará em atitudes, comportamentos, valores, conhecimentos e habilidades
e na necessária reflexão e pensamento crítico, tal como o compartilhamento de informações e seu
uso ético (MIRANDA; ALCARÁ, 2019).
Quanto aos aspectos metodológicos da pesquisa, esta se configura como bibliográfica,
documental e descritiva. As buscas ocorreram no fim do segundo semestre de 2022 ao primeiro
semestre de 2023 e foram realizadas nas bases de dados: Base de Dados Referencial de Artigos de
Periódicos em Ciência da Informação (BRAPCI), Web of Science (WoS), Scientific Electronic
Library Online (SciELO), Portal de Periódicos Capes, utilizando booleano “AND” para as buscas
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Competência em Informação (Pdcin) para População LGBTI+: atitudes, comportamentos, habilidades, valores
e conhecimentos. Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol.17, publicação contínua,
2023, e023039. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023039.
sobre os temas: Competência em Informação, Atitudes, Comportamentos, Valores,
Conhecimentos, Habilidades, Programas e pessoas LGBTI+, sem recorte temporal. Na análise de
conteúdo foi realizado as seguintes etapas: I. pré-análise de conteúdo; II. Leitura de conteúdo; III.
Uso dos conteúdos. Aplicando critérios de exclusão, artigos que não eram de acesso aberto, artigos
repetidos e aqueles que não se encaixavam no escopo da pesquisa; para os critérios de inclusão,
todos aqueles que estavam disponíveis para acesso e que abordavam o tema da pesquisa. Ademais,
a estrutura do programa será proposta de modo conceitual e teórico.
2 Componentes da Competência em Informação: atitudes, comportamentos,
habilidades, valores e conhecimentos
Na literatura, teóricos, ao conceituarem a Competência em Informação, mencionam
algumas características, como, por exemplo: “habilidades”, que aparece em American Library
Association (2016), em Belluzzo, Santos e Almeida Júnior (2014) e em Dudziak (2003). As
“atitudes” são mencionadas por Dudziak (2003). os autores Almeida e Damian (2021)
relacionam os “valores” como parte da Competência em Informação.
As cinco características atitudes, comportamentos, habilidades, valores e
conhecimentos são mencionadas por Righetto e Vitorino (2019). O conhecimento perpassa
todos os conceitos de forma implícita ou explícita, uma vez que, a partir das informações
encontradas, as pessoas terão uma base para construir conhecimentos que sejam úteis para suas
demandas informacionais.
Assim sendo, tais características são mencionadas por autores, de forma isolada,
combinadas, ou todas juntas. Dessa maneira, tendo como ponto de partida o argumento de que a
Competência em Informação é composta também por atitudes, comportamentos, habilidades,
conhecimentos e valores, faz-se necessário trazer a conceituação desses termos para o âmbito da
Ciência da Informação.
Nessa perspectiva, atitudes, comportamentos, valores, habilidades e conhecimentos foram
internalizados em prol de um movimento intelectual, ligado à Competência em Informação. Nesse
sentido, compreendendo que tais características fazem parte do cerne da Competência em
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2023, e023039. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023039.
Informação, tem-se como escopo a construção conceitual desses termos, em separado, e
correlacionando-os com a Competência em Informação, no intuito de construir uma base
conceitual sobre os temas.
2.1 Atitudes e Comportamentos
Na Psicologia Social, Aronson, Wilson e Akert (2015) entendem que as atitudes são como
as pessoas avaliam o mundo ao seu redor, ou seja, opiniões sobre algo, gostar ou não de certas
coisas. Em síntese, as atitudes se referem ao modo de ver algo, alguém ou ideias, avaliar e, a partir
disso, construir uma opinião a respeito. É com base nessa construção inicial que tomamos
determinadas atitudes sobre algo, e isso está ligado a decisões prévias sobre algo, ou seja, se
alguém não gosta de ir em determinado local, seja por quaisquer motivos, ela não irá ou evitará ir
àquele ambiente, gerando a atitude de ir ou não ir, por exemplo.
Rodrigues (2012) afirma que as atitudes são um dos tópicos mais estudados na psicologia
social. Busca-se compreender como são modificadas as posições favoráveis ou negativas a respeito
de determinado objeto social, assim como quais seriam os elementos essenciais dos mesmos. A
partir de momentos de socialização em que as pessoas compartilham e interagem entre si, são
formadas percepções acerca de algo na qual temos contato em determinada situação, isto está
relacionado aos pensamentos e posicionamentos que as pessoas podem ter sobre algo ou alguém,
influenciando o agir de cada um (RODRIGUES, 2012).
Em se tratando do conceito de atitude, Cavazza (2008) aponta que sua primeira aparição
remonta aos anos de 1918, pelos sociólogos Thomas e Znaniecki. Essa primeira referência ao
termo se deu em razão da pesquisa dos autores acerca de emigrantes. Cavazza (2008, p. 16)
conceitua a atitude “como processos da consciência individual que determinam a ação”, na
perspectiva da psicologia social. Ou seja, a atitude é um estado de uma pessoa anterior à ação,
sendo este o processo que causa a ação, de modo que a pessoa faça algo em relação a alguma
situação.
Neiva e Mauro (2011), também na perspectiva da psicologia social, corroboram com o
argumento anterior ao afirmarem que as atitudes influenciam o modo de ver o mundo e o
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comportamento de uma pessoa. Sendo assim, quando alguém sabe sobre determinadas atitudes
que uma pessoa possa ter sobre determinada situação/ideia/algo/alguém, é possível que ocorra
identificação, gerando um vínculo entre essas pessoas.
Na mesma linha de Neiva e Mauro (2011), para Atkinson et al. (2002), as atitudes podem
ser compreendidas como gostos e aversões. Trata-se das avaliações e reações que as pessoas têm
sobre determinado objeto atitudinal pessoas, objetos, situações, ideias abstratas, políticas
sociais, ou outros aspectos do mundo sendo favorável ou desfavorável. Nesse sentido, o afeto,
as emoções e os sentimentos compõem as atitudes influenciando o comportamento que uma pessoa
pode ter em relação a alguma situação, alguém ou algo. Além disso, as atitudes possuem três
componentes: afetivo, cognitivo e comportamental.
Por conseguinte, Atkinson et al. (2002, p. 642, grifo nosso) exemplificam os componentes
das atitudes da seguinte forma: [...] ao estudarem atitudes negativas em relação a grupos, os
psicólogos sociais fazem distinção entre estereótipos negativos (crenças e percepções negativas
sobre o grupo o componente cognitivo), desta maneira, o preconceito encaixa-se no
componente afetivo, uma vez que este relaciona-se com os sentimentos que uma pessoa tem em
relação a algo ou alguém, no caso da discriminação esta se encaixa no componente
comportamental pois desencadeia ações em si, a pessoa sai das percepções e age com base no que
ela sente (ATKINSON et al., 2002).
É ressaltado por Rodrigues (2012) que muitas definições de atitudes, mas que uma
grande parte inclui dois principais elementos: “a existência de um sentimento pró ou contra um
objeto social e; a existência de uma estrutura cognitiva relativamente duradoura” (RODRIGUES,
2012, p. 79). Isto posto, de acordo com a definição apontada pelo autor, as atitudes possuem carga
afetiva (negativa ou positiva) em relação a determinado objeto social (uma pessoa, um time de
futebol, um alimento, entre outros), gerando uma ação coerente com essa carga afetiva
desenvolvida de modo pessoal em relação ao objeto em questão.
Dessa forma, é possível notar, de acordo com o argumento de Rodrigues (2012), que as
atitudes estão ligadas ao comportamento que determinada pessoa terá em relação a algo,
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SILVA, André Luiz Avelino da; VITORINO, Elizete Vieira. Estrutura de um Programa de Desenvolvimento da
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2023, e023039. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023039.
ressaltando os componentes cognitivos, afetivos e comportamentais referente às atitudes,
pontuados anteriormente por Aronson, Wilson e Akert (2015).
Os três componentes se influenciam e estão interligados entre si, pois o afeto, a cognição e
o comportamento seguem uma tendência de serem coerentes, de coexistirem de forma harmônica.
Nesse sentido, Rodrigues (2012, p. 79) exemplifica que, “[...] se somos contra algo, temos
cognições acerca desse algo que justificam ou explicam nosso sentimento negativo e, em
consequência, tendemos a nos comportar de forma hostil ou aversiva em relação a tal objeto”.
Zimbardo e Ebbesen (1973, p. 7) afirmam que “as atitudes têm sido consideradas como
prontidão mental ou predisposição implícita que exercem influência geral e coerente numa classe
relativamente ampla de respostas de avaliação”. Sendo que essas respostas são direcionadas a
algum objeto, uma pessoa ou grupo, os autores afirmam que as atitudes são predisposições
aprendidas, não sendo essas inatas, o que faz com que as atitudes possam ser suscetíveis às
mudanças.
Perante o exposto, as atitudes podem ser entendidas como características que influenciam
no comportamento de pessoas, estando diretamente ligadas às influências e persuasão, por meio
dos grupos e relações sociais que as pessoas tenham no decorrer de suas vidas, impactando os
comportamentos que elas possam ter diante de situações ou pessoas. Tais características descritas
neste tópico estão sintetizadas no Quadro 1.
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2023, e023039. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023039.
Quadro 1 Características das Atitudes
Características
Autores
Avaliações de mundo; Opiniões; Julgamentos.
Aronson, Wilson e Akert (2015)
Posicionamentos sobre algo;
Avaliações;
Processo de socialização.
Rodrigues (2012)
Processo de consciência individual;
Subjetivas;
Causa ação.
Cavazza (2008)
Avaliações sobre algo;
Podem ser aprendidas;
Sofrem mudanças.
Zimbardo e Ebbesen (1973)
Sofrem influências;
Influenciam o comportamento;
Identificação com algo.
Neiva e Mauro (2011)
Gostos e aversões sobre algo;
Avaliações.
Atkinson et al. (2002)
Fonte: Elaborado pelos autores (2023).
Conforme o Quadro 1 demonstra, as características das atitudes envolvem principalmente
o processo de avaliação acerca de algo. Isto desencadeia julgamentos, influências, opiniões,
podendo sofrer mudanças e impactar no comportamento.
Os comportamentos estão relacionados com as atitudes. Segundo Aronson, Wilson e
Akert (2015), se as pessoas mudam suas atitudes, mudam também o seu comportamento. Quando
o objeto da atitude tem estímulo positivo, por exemplo, o comportamento seguirá no mesmo
caminho. Os autores utilizam como ilustração uma propaganda americana na qual a
conscientização sobre o câncer, em sendo assim, as pessoas podem mudar sua atitude sobre o
cigarro, influenciando no seu comportamento ao parar de fumar, caso a influência ocorra.
Rodrigues (2012, p. 248), por sua vez, afirma que “o comportamento humano é muito
complexo e inúmeros são os fatores motivacionais que os instigam”. O autor pontua que este fator
motivacional parte da própria pessoa, ou seja, cada um escolhe com o que se permitirá ser
influenciado. Embora estes fatores dependam também de situações sociais, os contextos em que
cada um está inserido fará com que o fator motivacional influencie ou não uma pessoa.
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Por conseguinte, a conceituação de comportamento que Kanaane (2017, p. 60) apresenta é
a seguinte: “[...] um conjunto de operações materiais e simbólicas, entendido como um processo
dialético e significativo em permanente interação”. O autor ressalta que o aspecto dialético permite
compreender um sistema de várias interações, afirmando que essas operações referentes ao
comportamento estão relacionadas às necessidades humanas, o que faz com que possa surgir novas
formas de comportamento.
Weiten (2002) afirma que a atribuição tem papel importante para as explicações a respeito
dos comportamentos que pessoas podem ter diante de algo, sendo este um fator que interfere
diretamente nas relações sociais. O autor prossegue afirmando que as atribuições são inferências
que qualquer pessoa faz sobre determinada situação e sobre os comportamentos de alguém ou de
si próprio. Sendo assim, quando uma pessoa tem determinado comportamento sobre algum
acontecimento, por exemplo, ao recusar determinado convite, a outra pessoa pode fazer inferências
do motivo da negativa que recebeu. Dessa forma, ao tomar alguma conclusão sobre a situação, a
pessoa fez uma atribuição sobre o comportamento do outro (WEITEN, 2002).
Andery (2011) afirma que a cultura é um dos fatores que influenciam no comportamento
de alguém, ou seja, o meio social em que uma pessoa está é uma variável que contribui para que o
comportamento seja modificado ou influenciado. Nessa perspectiva, é necessário que aspectos
sociais sejam levados em consideração. Nisso, as relações sociais (escola, trabalho, família etc.)
contribuem para moldar, transformar, influenciar ou exercer papel de impacto no comportamento
que alguém possa ter.
Isso demonstra que as relações sociais exercem influência no comportamento das pessoas.
Como no exemplo sobre cortar a grama, a relação social de vizinhos exerce um poder de influência
quando a pessoa faz algo em razão do que o vizinho poderá falar sobre algo.
Sampaio (2005) ressalta sobre a dificuldade de desenvolver estudos acerca do
comportamento humano, uma vez que não como controlar fatores externos, por exemplo, o
contexto social. Nesse sentido, na tentativa de compreender como algumas situações ocorrem no
comportamento humano não é possível garantir exatidão ou segurança em relação aos estudos na
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ciência sobre isso. Tal como ocorre com fatores internos, psicológicos, por exemplo, difíceis de
trazerem dados concretos que possam definir o comportamento de alguém.
As pressões sociais podem afetar os grupos, consequentemente, influenciando em seu
comportamento, pois há uma estrutura de poder que é definida e seguida pelos seus membros,
implicitamente ou explicitamente, variando de acordo com o contexto.
Fonseca (2008, p. 376) afirma que “o comportamento humano é um fenômeno histórico
socialmente determinado e culturalmente mediatizado, no qual a linguagem desempenha o papel
principal”. Dessa forma, os comportamentos que as pessoas podem ter variam de acordo com os
contextos em que elas estão inseridas, bem como questões socioculturais que influenciam na
tomada de decisões que cada pessoa pode ter.
Em vista disso, o comportamento das pessoas pode sofrer mudanças de acordo com fatores
de quem passa a mensagem, da mensagem em si e dela mesma, assim como o contexto em que ela
se encontra, podendo variar em conformidade ou obediência, dependendo das estruturas
construídas. O comportamento sofre influências do meio, das pessoas e de elementos que possam
contribuir para tal. O Quadro 2 sintetiza as características dos comportamentos obtidas na literatura
estudada.
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Quadro 2 Características dos Comportamentos
Características
Autores
Influenciados pelas atitudes;
Possível ocorrer mudanças;
Dois tipos: espontâneos e deliberados.
Aronson, Wilson e Akert (2015)
Complexo;
Instigados por fatores externos.
Rodrigues (2012)
Processo dialético;
Permanente interação;
Possível ocorrer mudanças.
Kanaane (2017)
Ligado às relações sociais;
Fatores externos influenciam.
Weiten (2002)
Processo histórico, social e cultural;
Linguagem desempenha papel principal;
Contexto social exerce influência.
Fonseca (2008)
Complexidade para entender como ocorrem;
Fatores internos e externos influenciam;
Contexto social.
Sampaio (2005)
Possível ser modificado;
Contexto social e cultural influenciam;
Fatores externos.
Andery (2011)
Fonte: Elaborado pelos autores (2023).
O Quadro 2 mostra que os comportamentos podem ser influenciados e/ou sofrer mudanças
de acordo com o contexto social, cultural, bem como as relações humanas, sendo um processo
complexo e que se conecta com as atitudes.
2.2 Habilidades, Conhecimentos e Valores
O conceito de habilidades é plural, no sentido de quevários entendimentos e conceitos
específicos. Guenther e Rondini (2012), no viés da educação, argumentam que este termo é
utilizado para descrever várias habilidades treinadas, como habilidade verbal, habilidade social,
habilidade de ensino, entre outras, apontando que a habilidade se manifesta como resultado de um
treinamento ocorrido de forma intencional. Para alguém ser habilidoso em determinada atividade,
é necessário treinamento, como treinar o ato de cozinhar, até que se aprenda e, portanto, adquira
habilidades culinárias.
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Aronson, Wilson e Akert (2015) afirmam que é necessário aprender as habilidades de
comunicação e sociais. Os autores dão como exemplo quando uma pessoa passa por uma situação
frustrante ou que gere um conflito. Embora seja natural do ser humano sentir raiva ou qualquer
outro sentimento, é necessário saber lidar com isso. Dessa forma, os autores argumentam que é
preciso aprender a ter habilidades (sociais ou emocionais) para que a pessoa saiba lidar com aquele
momento de frustração. Por conseguinte, as habilidades são aprendidas ao longo da vida, no
desenvolvimento humano.
Acerca da importância de aprender habilidades sociais, eles prosseguem: “uma maneira de
reduzir a violência é ensinar às pessoas como comunicar a raiva ou criticar de maneira construtiva,
negociar ou conciliar quando surgem conflitos, torna-se mais sensível às necessidades e desejos
dos outros” (ARONSON; WILSON; AKERT, 2015, p. 548). Dito isto, para os autores, as
habilidades constituem algo que pode ser ensinado para as pessoas. Por meio da educação, é
possível aprender habilidades, sejam sociais, verbais etc.
Antunes (2003), ao se referir às habilidades, afirma que elas estão relacionadas à
competência, utilizando como exemplo quando um aluno desenvolve determinadas habilidades,
como a compreensão de fenômenos naturais, saberá como usar isso para diferentes habilidades. O
autor segue dando os seguintes exemplos: “[...] perceber a relevância do ciclo da água para a vida;
a importância da energia em suas diversas formas [...]”. Em sendo assim, na visão do autor, uma
pessoa, ao compreender sobre determinado assunto ou tema, poderá desenvolver habilidades sobre
o mesmo.
Para Zarifian (2003), as habilidades estão englobadas dentro da competência, junto aos
comportamentos, conhecimentos, sendo um fazer mais prático. Saber fazer determinada tarefa,
saber utilizar determinada tecnologia são ações relacionadas a ter habilidades para isso. a
competência corresponde ao conjunto de características que formam a mesma, ou seja, ter
habilidades, os conhecimentos, comportamento para tal, formando assim a competência.
Por conseguinte, Ferreira (2003), ao discorrer acerca das habilidades necessárias que o
profissional da informação precisa ter no mercado de trabalho, faz algumas relações com a
competência. No entanto, ao pontuar quais habilidades o profissional precisa ter, demonstra que
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as habilidades estão mais relacionadas ao “saber fazer” determinada atividade ou função. Dessa
forma, Ferreira (2003) afirma que, para uma pessoa ter habilidade em determinada atividade,
necessita de conhecimentos prévios, ou seja, para uma pessoa usar um notebook ou computador,
precisa conhecer o básico de informática para que tenha habilidade de exercer alguma função
utilizando aquele aparelho tecnológico.
No quadro 3 as características das habilidades são elencadas de acordo com seus autores.
Quadro 3 Características das Habilidades
Características
Autores
Podem ser treinadas;
Processo de aprendizagem.
Guenther e Rondini (2012)
Aprendizagem;
Ligadas com o desenvolvimento humano.
Aronson, Wilson e Akert (2015)
Estão dentro da competência;
Processo de aprendizagem.
Antunes (2003)
Estão dentro da competência;
Saber fazer;
Ter conhecimento de algo;
Processo de aprendizagem;
Se relacionam com os comportamentos.
Zarifian (2003)
Estão dentro da competência;
Saber fazer;
Conhecimentos de algo.
Ferreira (2003)
Fonte: Elaborado pelos autores (2023).
Posto isto, as habilidades podem ser desenvolvidas e aprendidas direcionadas para vários
contextos, ou seja, uma diversidade de habilidades, sendo que todas têm uma base comum, o
saber fazer (ZARIFIAN, 2003; FERREIRA, 2003). Estão presentes em todas as atividades do ser
humano, intimamente ligadas ao processo de ensino e aprendizado, bem como suas conexões com
as atitudes, valores e conhecimentos. Isto pode ser observado no Quadro 3.
Sobre os conhecimentos, para Becker (2001), pautado na teoria de Piaget, a complexidade
que envolve esse processo é entendida como uma construção. Sendo o conhecimento progressivo,
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SILVA, André Luiz Avelino da; VITORINO, Elizete Vieira. Estrutura de um Programa de Desenvolvimento da
Competência em Informação (Pdcin) para População LGBTI+: atitudes, comportamentos, habilidades, valores
e conhecimentos. Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol.17, publicação contínua,
2023, e023039. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023039.
pois o mesmo está associado ao que a pessoa pode assimilar, de acordo com as suas experiências
anteriores, tanto empíricas quanto “reflexionantes”.
Deve-se distanciar do entendimento do senso comum de que o conhecimento é um produto
que pode ser “transferido” de uma pessoa para outra, conforme Paulo Freire (2021, p. 47) ressalta
ao afirmar que “ensinar não é transferir conhecimento”. Isto posto, o conhecimento não é passível
de ser adquirido tal como um livro, por exemplo.
O conhecimento tem como alavanca principal o questionamento este é o fator que move
e promove a produção do conhecimento, que se constrói e se desconstrói com inquietações que o
fazem evoluir (DEMO, 1999). O conhecimento não produz certezas, mas estrategicamente as
desmonta, uma forma criativa de lidar com a incerteza.
Demo (1999, p. 18) argumenta que “a tarefa principal do conhecimento é, pelo menos até
certo ponto, desfazer as verdades, para descongelar os entraves ao processo de questionamento e
inovação”. Ou seja, é essa agitação das incertezas que faz com que o conhecimento prospere; são
as perguntas que movem para a formação de novos saberes, novos conhecimentos.
Setzer (1999) afirma que o conhecimento é particular e interior de cada pessoa, algo que
foi vivenciado ou experimentado por uma pessoa, é subjetivo dos seres humanos ou animais. O
autor ressalta que, no caso dos seres humanos, eles estão conscientes de conhecimento que reside
em si. Nesse sentido, Setzer (1999) revela que o conhecimento não pode ser inserido em uma
máquina tecnológica; se isso ocorresse, não seria conhecimento. Dessa forma, o conhecimento é
muito particular para cada pessoa, sendo vivenciado de modo subjetivo e internamente.
Nesse sentido, a criticidade que Vasconcellos (2004) aponta faz parte desses
questionamentos, impulsionando novos conhecimentos. O autor discorre que o conhecimento é a
forma de construir significados, por meio do estabelecimento de relações ou processos na pessoa,
pelas representações mentais, no intuito de estabelecer diferentes relações dos objetos ou de
diferentes relações de objetos de conhecimento com os demais.
Demo (1996) afirma que quem faz parte do processo de construção do conhecimento
precisa socializar esse saber, defendendo que o conhecimento não deve parar em uma pessoa, mas
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SILVA, André Luiz Avelino da; VITORINO, Elizete Vieira. Estrutura de um Programa de Desenvolvimento da
Competência em Informação (Pdcin) para População LGBTI+: atitudes, comportamentos, habilidades, valores
e conhecimentos. Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol.17, publicação contínua,
2023, e023039. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023039.
circular, para que seja possível novas construções. Nesse sentido, o autor prossegue indicando que,
“[...] quem constrói, tem obrigação de socializar, ainda que esta socialização tenha alcance restrito,
ao contrário da eletrônica que chega à massa” (DEMO, 1996, p. 58).
A perspectiva do argumento do autor parte da educação, na qual ele ressalta que o
conhecimento aliado à educação proporciona o desenvolvimento da cidadania, tendo em vista que
parte do conhecimento é produzido no sistema educacional. Logo, a integração da educação com
o conhecimento é necessária para uma cidadania emancipatória, bem como a construção de uma
autonomia das pessoas.
Assim como Freire (2021) afirma que o conhecimento não pode ser transferido, Demo
(1996) corrobora ao defender que a construção do conhecimento vai além de copiar, transmitir ou
reproduzir o conhecimento, tendo em vista que a construção do conhecimento é essencial para
equalização de oportunidades.
Por conseguinte, os conhecimentos são a base para uma construção de cada pessoa. É
essencial para aprender novas habilidades, assim como pode influenciar as atitudes e
comportamentos das pessoas. O conhecimento transforma a sociedade e as pessoas, sendo também
necessário para o desenvolvimento da Competência em Informação.
O Quadro 4, elaborado a partir das falas dos autores, ilustra as características sobre
“conhecimentos”.
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SILVA, André Luiz Avelino da; VITORINO, Elizete Vieira. Estrutura de um Programa de Desenvolvimento da
Competência em Informação (Pdcin) para População LGBTI+: atitudes, comportamentos, habilidades, valores
e conhecimentos. Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol.17, publicação contínua,
2023, e023039. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023039.
Quadro 4 Características dos Conhecimentos
Características
Autores
Processo de construção;
Progressivos;
Envolvem compreensão e assimilação.
Becker (2001)
Não podem ser transferidos;
Abstratos e subjetivos.
Freire (2021)
Promovidos por questionamentos;
Construção de novos saberes.
Processo de construção;
Socialização do saber;
Compartilhamento.
Demo (1999; 1996)
Particular de cada pessoa;
Subjetivos;
Internos.
Setzer (1999)
Promovidos pela curiosidade;
Processo de construção;
Mediação social.
Vasconcellos (2004)
Fonte: Elaborado pelos autores (2023).
De acordo com o Quadro 4, é possível perceber que o conhecimento passa por um processo
de construção, no qual compartilhamento e socialização do saber, bem como envolvimento de
ensino e aprendizagem, podendo ser mediado ou ocorrer de forma autônoma.
No âmbito da Psicologia Social, Gouveia et al. (2011) abordam os valores humanos como
parte das pessoas, pois quando o ser humano adquire consciência de si como pessoa, parte de uma
sociedade, de um grupo ou comunidade, os valores são considerados como princípios norteadores,
como por exemplo, respeitar alguém mais velho. Para Cavazza (2008, p. 16), “os valores sociais
são constituídos por qualquer objeto que possuir um significado em conexão com determinadas
ações do indivíduo (por exemplo, um instrumento de trabalho, uma moeda”.
Kanaane (2017), no campo organizacional, afirma que os valores estão ligados às atitudes,
sendo que o primeiro influencia o segundo, além de que são os estímulos e sinalizações que
permitem que as pessoas possam direcionar suas ações. Os valores são parte essencial para que as
pessoas consigam atuar em sociedade. O conjunto de valores faz parte também da cultura em que
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SILVA, André Luiz Avelino da; VITORINO, Elizete Vieira. Estrutura de um Programa de Desenvolvimento da
Competência em Informação (Pdcin) para População LGBTI+: atitudes, comportamentos, habilidades, valores
e conhecimentos. Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol.17, publicação contínua,
2023, e023039. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023039.
uma pessoa está inserida, e são influenciados por ideologias, reforços e condicionamentos de cada
realidade. Em outras palavras, os valores humanos variam de acordo com cada comunidade: o que
são valores para uma cultura pode não ser para outra.
Em sendo assim, Kanaane (2017) entende que as crenças, sentimentos, cognições,
pensamentos, valores e tendências são fatores que influenciam uma pessoa a tomar determinada
atitude. Para o autor, quando a pessoa se depara com esse conjunto de fatores terá suas atitudes
influenciadas por isso.
Costa (1999) afirma que os valores não estão ligados somente ao lado irracional, aos
instintos e às paixões do ser humano, mas também ao lado racional, que terá papel fundamental
para controlar o lado irracional, dosar as paixões, corrigir os instintos, ou seja, os valores “[...] não
se provam, mas se propõem, se argumentam, se ensinam, se testemunham [...]” (COSTA, 1999, p.
54). Nessa perspectiva, os valores têm papel fundamental na percepção da realidade do ser
humano, no sentido de entender seu contexto, buscar melhorá-lo e transformá-lo.
Posto isto, Costa (1999) argumenta que as crenças estão relacionadas à constituição dos
valores, uma vez que estão em constante interação entre si. Dessa maneira, as crenças em conjunto
com outras influenciam os valores e fazem com que seja formado um conjunto de valores, e estes
servem para que as pessoas possam julgar e justificar determinados comportamentos das pessoas,
ou seja, os valores influenciam a forma como as pessoas enxergam as outras e seus
comportamentos.
Em consequência disso, Camargo (2006) aponta dez valores que entende como essenciais
para o desenvolvimento de uma consciência crítica que possa construir um ser social com base na
ética, sendo estes: a honestidade, a liberdade, a responsabilidade, o respeito, a veracidade, a
confiança, a disciplina, a solidariedade, a espiritualidade e a justiça.
Embora Camargo (2006) aborde a perspectiva dentro dos valores que entende como
imprescindíveis para formação e desenvolvimento de pessoas com consciência crítica e ética
dentro das empresas, é possível enxergar esse conjunto de valores para a sociedade como um todo,
uma vez que as pessoas transitam em diversas instituições, influenciando-as e sendo influenciadas
por elas. Nesse sentido, elaboramos o Quadro 5 por meio do qual procuramos sintetizar os
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SILVA, André Luiz Avelino da; VITORINO, Elizete Vieira. Estrutura de um Programa de Desenvolvimento da
Competência em Informação (Pdcin) para População LGBTI+: atitudes, comportamentos, habilidades, valores
e conhecimentos. Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol.17, publicação contínua,
2023, e023039. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023039.
elementos que caracterizam os valores, relacionando-os aos autores que os mencionaram na
literatura investigada.
Quadro 5 Características dos Valores
Características
Autores
Compõem os ideais de pessoas e sociedade;
Princípios;
Influenciam nas atitudes.
Gouveia et al. (2011)
Se conectam com as ações.
Cavazza (2008)
Influenciam nas atitudes;
Direcionam as ações;
Fazem parte da cultura de uma sociedade;
Variando os significados em cada contexto.
Kanaane (2017)
Ligados ao lado racional e irracional de uma
pessoa;
Auxiliam na compreensão de contexto.
Costa (1999)
Desenvolvimento de senso crítico;
Direcionam a vida.
Camargo (2006)
Fonte: Elaborado pelos autores (2023).
Conforme o Quadro 5 demonstra, os valores exercem influências nas atitudes, nos
comportamentos e nas relações sociais. Fazem parte dos princípios e direcionam as ações, podendo
contribuir para o desenvolvimento de um senso crítico perante a sociedade.
3 Estrutura de um PDCIn para população LGBTI+ com foco em atitudes,
comportamentos, habilidades, valores e conhecimentos
Na literatura, alguns casos de iniciativas de programas de desenvolvimento da
Competência em Informação, voltados para públicos específicos. Spudeit (2015) afirma que no
cenário internacional a criação e propostas de ações sistematizadas, caracterizadas em um
programa de desenvolvimento da Competência em Informação, têm ganhado força.
A autora defende que essa é uma forma eficaz de contribuição para a sociedade, no que diz
respeito ao acesso e uso das informações, de forma que isso possibilite a democratização do
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SILVA, André Luiz Avelino da; VITORINO, Elizete Vieira. Estrutura de um Programa de Desenvolvimento da
Competência em Informação (Pdcin) para População LGBTI+: atitudes, comportamentos, habilidades, valores
e conhecimentos. Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol.17, publicação contínua,
2023, e023039. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023039.
conhecimento. Finaliza indicando que essa é uma maneira de a Biblioteconomia poder contribuir
para “construção de uma sociedade mais justa e igualitária” (SPUDEIT, 2015, p. 68).
Gerlin, Matta e Nunes (2019) ressaltam que na sociedade é cada vez mais necessário levar
em consideração as necessidades informacionais e de aprendizagens, pois aprender a ter acesso às
informações e poder produzir conhecimento é essencial. As autoras evidenciam a CI como uma
área que tem contribuído nas proposições de programas de competências.
O ponto de vista defendido pelas autoras faz com que seja perceptível a importância de
programas com foco no desenvolvimento da Competência em Informação, estes com objetivos e
ações sistematizadas de acordo com cada grupo definido, pensando nas necessidades de cada um.
Romeiro (2017) apresenta uma proposta de ações sistematizadas, com foco em uma
comunidade quilombola, almejando o empoderamento e acesso às informações para as pessoas
inseridas neste contexto. Também ressalta que a inserção de bibliotecários se faz necessária, assim
como formar cidadãos mais conscientes e críticos na sociedade, objetivo este materializado na
perspectiva de um programa de desenvolvimento da Competência em Informação.
A ALA (2019) estabelece algumas características para programas voltados para a
Competência em Informação. É necessário definir a finalidade e para quem será destinado o
programa, estabelecer missão, metas e objetivos, além do planejamento do Programa. O apoio
administrativo e institucional é importante para a execução e desenvolvimento do Programa, além
de aspectos envolvendo a comunicação e a justificativa da necessidade de implementá-lo.
Em julho de 2021, a Biblioteca Pública de Santa Catarina (BPSC) e o Núcleo de Estudos e
Pesquisas sobre Competência em Informação (GPCIN) criaram o Programa de Desenvolvimento
da Competência em Informação (PDCIn)
(3)
. No documento, trouxeram um planejamento com
ações de capacitação para a equipe da BPSC, com objetivos geral e específico, justificativa, e
atrelando-o aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da
Organização das Nações Unidas (ONU) (BIBLIOTECA..., 2021).
Ao abordar pela perspectiva das políticas públicas, Jannuzzi (2014, p. 35) argumenta que
um “Programa é um dos instrumentos de operacionalização da política”. Pode-se compreendê-lo,
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SILVA, André Luiz Avelino da; VITORINO, Elizete Vieira. Estrutura de um Programa de Desenvolvimento da
Competência em Informação (Pdcin) para População LGBTI+: atitudes, comportamentos, habilidades, valores
e conhecimentos. Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol.17, publicação contínua,
2023, e023039. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023039.
portanto, como um conjunto de ações programadas que tem como objetivo atender uma demanda
pública específica, sendo trabalhado de forma sistemática e com ações articuladas entre si, sendo
atrelado às prioridades e agenda das políticas públicas definidas pelo Estado ou um Governo.
A definição que Jannuzzi (2014) traz tem pontos similares ao da International Federation
of Library Associations (IFLA, 2008), no qual a associação discorre sobre um plano de ação para
realização do Desenvolvimento de Habilidades em Informação (DHI). Ao descrever alguns
requisitos para a criação de um programa com foco em DHI, a IFLA (2008) pontua alguns
procedimentos a serem realizados, como um plano de ação que contenha desde os objetivos,
justificativa, metas, requisitos e orçamento.
O documento esclarece que adaptações podem ser necessárias de acordo com as
necessidades e local onde o programa será desenvolvido. Também é necessário analisar os fatores
internos e externos é necessário, bem como traçar estratégias para que o programa esteja alinhado
com a administração geral da instituição. Isto se refere aos termos de definição orçamentária,
princípios administrativos relevantes, estratégias efetivas e eficientes na aplicação do
desenvolvimento do programa (IFLA, 2008). Metas e objetivos, com a definição de objetivos
gerais e específicos, bem como quais metas o programa pretende alcançar, sendo que estas devem
ser específicas, com foco nos resultados. As ações são atividades relacionadas aos objetivos, pois
são elas que serão desenvolvidas para o alcance de cada objetivo (IFLA, 2008).
Aguilar e Ander-Egg (1994) ressaltam que todo programa parte de alguma organização
(instituições, ONGs, empresas etc.), de modo que a estrutura administrativa deve favorecer a
realização desse programa, pois as pessoas que estarão envolvidas serão responsáveis pelo
andamento das atividades e projetos. Nesse sentido, é essencial que os recursos humanos estejam
engajados para que o programa possa ocorrer. Além das etapas mencionadas pela IFLA (2008), os
recursos humanos são apontados por Jannuzzi (2014), ao afirmar ser necessário contratar pessoal
técnico, além da disponibilidade de instrumentos. O autor também pontua ser preciso mapear as
dimensões sociais mais importantes no momento da formulação de um programa, bem como os
problemas operacionais que podem acontecer.
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SILVA, André Luiz Avelino da; VITORINO, Elizete Vieira. Estrutura de um Programa de Desenvolvimento da
Competência em Informação (Pdcin) para População LGBTI+: atitudes, comportamentos, habilidades, valores
e conhecimentos. Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol.17, publicação contínua,
2023, e023039. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023039.
O Programa TransCidadania é um exemplo de programa social voltado para uma minoria
social; neste caso, a população trans (pessoas transgêneras, travestis, transexuais,
transmasculinos). O Programa foi criado em 29 de janeiro de 2015, pela Prefeitura de São Paulo,
por meio do Decreto Municipal 55.874
(4)
. Este dia, inclusive, se trata de uma data importante
para a população trans, o Dia Nacional da Visibilidade Trans (PEDRA, 2020).
Posto isto, o Programa TransCidadania desenvolve um conjunto de ações que irão se
relacionar com os eixos de atuação, tais como: curso “Cidadania, Direitos Humanos e
Democracia”, estágio nos órgãos da administração municipal, qualificação profissional, elevação
no nível de escolaridade, intermediação com empresas parceiras para inclusão no mercado de
trabalho. Além disso, faz parte dos compromissos desse Programa desenvolver ações para
combater o preconceito e a discriminação contra a população trans, bem como promover o respeito
às identidades dessas pessoas e suas expressões de gênero (PEDRA, 2020).
O Programa Brasil Sem Homofobia traz uma introdução na qual discorre sobre algumas
considerações iniciais e três princípios que norteiam o seu desenvolvimento também
compreendidos aqui como valores , sendo eles: 1. Adotar uma perspectiva não-discriminatória
(contra pessoas LGBTI+) nas políticas públicas e estratégias do Governo Federal materializado
nos Ministérios e Secretarias. Nesse princípio podemos perceber os valores defendidos por
Camargo (2006), como: respeito, responsabilidade, justiça, solidariedade; 2. Promover a produção
de informações e conhecimentos que possam contribuir na construção e construção das políticas
públicas com foco em combater as violências que a população LGBTI+ sofre, além de garantir
que o Governo Federal faça a inclusão do recorte dessa população nas pesquisas nacionais que são
realizadas pelas instâncias administrativas do mesmo. Valores dentro deste princípio ressaltados
por Camargo (2006): disciplina, honestidade, veracidade, responsabilidade e justiça; 3. Assumir
como defesa e garantia de que os direitos humanos incluem também os direitos das pessoas
LGBTI+, portanto, entendendo que o combate à LGBTIfobia e a promoção dos direitos humanos
da população LGBTI+ fazem parte do compromisso do Estado e da sociedade. Os valores que
Camargo (2006) traz o vistos neste último princípio por meio de: justiça, responsabilidade,
respeito, honestidade, liberdade, solidariedade. (BRASIL, 2004).
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SILVA, André Luiz Avelino da; VITORINO, Elizete Vieira. Estrutura de um Programa de Desenvolvimento da
Competência em Informação (Pdcin) para População LGBTI+: atitudes, comportamentos, habilidades, valores
e conhecimentos. Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol.17, publicação contínua,
2023, e023039. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023039.
Logo, iniciativas como PDCIn, que possam contemplar grupos em situação de
vulnerabilidade social, provindas de discriminações, opressões ou violências oriundas do
preconceito, como o caso das pessoas LGBTI+, tem o potencial de oferecer um direito fundamental
conforme defendido pelo Manifesto de Florianópolis (2013). O Quadro 6 apresenta possibilidades
à estrutura de um PDCIn-LGBTI+.
Quadro 6 Estrutura de um PDCIn
Estrutura
Autores
Apresentação
ALA (2019); IFLA (2008)
Planejamento
ALA (2019); Biblioteca... (2021); IFLA
(2008); Pedra (2020)
Objetivo geral
Gerlin, Matta e Nunes (2019); ALA
(2019); Biblioteca... (2021); Jannuzzi
(2014); IFLA (2008); Pedra (2020)
Objetivos específicos
Gerlin, Matta e Nunes (2019); ALA
(2019); Biblioteca... (2021); Jannuzzi
(2014); IFLA (2008); Pedra (2020)
Justificativa
ALA (2019); Biblioteca... (2021); IFLA
(2008); Pedra (2020)
Missão
ALA (2019); IFLA (2008); Pedra (2020)
Visão
ALA (2019); IFLA (2008);
Valores
ALA (2019); IFLA (2008);
Análise do ambiente interno
e externo
ALA (2019); Jannuzzi (2014); IFLA
(2008);
Ações
Spudeit (2015); Gerlin, Matta e Nunes
(2019); Romeiro (2017); ALA (2019);
Biblioteca... (2021); Jannuzzi (2014);
IFLA (2008); Aguilar e Ander-Egg
(1994); Pedra (2020)
Recursos (humanos,
materiais, tecnológicos,
financeiros)
ALA (2019); Jannuzzi (2014); Aguilar e
Ander-Egg (1994); Pedra (2020)
Cronograma
ALA (2019); IFLA (2008)
Resultados esperados
ALA (2019)
Fonte: Elaborado pelos autores (2023).
Quando estamos tratando da população LGBTI+, a estruturação de um programa, e neste
caso um PDCIn, demanda ainda maior atenção, tendo em vista que se trata de uma população
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SILVA, André Luiz Avelino da; VITORINO, Elizete Vieira. Estrutura de um Programa de Desenvolvimento da
Competência em Informação (Pdcin) para População LGBTI+: atitudes, comportamentos, habilidades, valores
e conhecimentos. Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol.17, publicação contínua,
2023, e023039. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023039.
caracterizada como minoria social e em constante vulnerabilidade social. Conforme o Quadro 6,
alguns itens são essenciais para a estruturação de um programa. Nesse sentido, o PDCIn com foco
na população LGBTI+ seguirá itens da estrutura apontado no Quadro 6.
4 Conclusões
Percebe-se que os aspectos sociais estão permeados em todas as questões que envolvem a
Sociedade da Informação, especificamente acerca da Competência em Informação, uma área que
possibilita abordar o viés social. Apesar de as tecnologias receberem atenção e merecerem esse
olhar para elas, o envolvimento das pessoas com a informação faz com que a Competência em
Informação possa pensar nas relações sociais pelo viés informacional.
Os múltiplos olhares das diversas áreas na interdisciplinaridade podem fomentar o
crescimento destas e incentivar novas formas de se trabalhar com determinadas demandas.
Percebe-se tal dinâmica quanto aos componentes da Competência em Informação, que em
conjunto, possibilitam uma melhor compreensão desta.
Com efeito, as habilidades também proliferam neste contexto, uma vez que podem ser
ensinadas e aprendidas, estando dentro da Competência, tal como as demais características, se
interconectando em uma interação constante na qual uma influencia a outra.
Os valores, por sua vez, ao serem internalizados por uma pessoa ou por um grupo social,
irão afetar as atitudes que alguém possa ter, de modo que a mesma característica irá influenciar
diretamente os comportamentos. Com o desenvolvimento de habilidades que são influenciadas por
comportamentos, novos conhecimentos podem ser construídos a partir disso.
Desta feita, percebe-se que as atitudes e comportamentos nos grupos de ativismo social,
pertencentes aos movimentos sociais, que buscam reivindicar seus direitos, exercem pressão na
sociedade em prol do respeito e igualdade social. Assim, os valores que esses grupos nutrem
incluem justiça, honestidade, solidariedade, liberdade, respeito, entre outros, direcionando as ações
e formas de atuar na sociedade em prol de um bem comum.
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SILVA, André Luiz Avelino da; VITORINO, Elizete Vieira. Estrutura de um Programa de Desenvolvimento da
Competência em Informação (Pdcin) para População LGBTI+: atitudes, comportamentos, habilidades, valores
e conhecimentos. Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol.17, publicação contínua,
2023, e023039. DOI: 10.36311/1981-1640.2023.v17.e023039.
Compreendendo a interconexão que existe entre essas questões, um PDCIn tem potencial
para alavancar as estratégias de combate aos preconceitos, vulnerabilidades, discriminações contra
a população LGBTI+. Um PDCIn-LGBTI+, portanto, abre espaço para o desenvolvimento de
ações e estratégias no campo informacional e educacional, de modo que seja possível contribuir
para a autonomia e inclusão social dessa população. Programas como o Brasil Sem Homofobia e
o TransCidadania, bem como o PDCIn-BPSC, demonstram a oportunidade de trabalhar metas e
atividades com foco nas minorias sociais e que há potencial para trabalhar um programa no viés
do aprendizado da informação.
O desenvolvimento da Competência em Informação pode proporcionar a independência e
empoderamento de minorias sociais, como o caso da população LGBTI+. Nesse sentido, pensar
na estruturação de um PDCIn com foco em atitudes, comportamentos, habilidades, valores e
conhecimentos, voltados para essas pessoas, pode ser um terreno fértil para que ações sejam
realizadas visando a uma autonomia pelo viés da Educação e da Informação.
Notas
(1) Lésbicas, Gays, Bissexuais, pessoas Trans (transgêneros, travestis, transexuais, transmasculinos), intersexos e
demais orientações sexuais e identidades de gênero.
(2) O presente artigo é parte da dissertação de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação
(PGCIn), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
(3) A página do GPCIn pode ser acessada em: https://gpcin.ufsc.br/ e a notícia sobre a estruturação do PDCIn na
BPSC, bem como as atividades a ela conectadas estão disponíveis em https://gpcin.ufsc.br/2021/07/12/confira-a-
versao-final-do-programa-de-desenvolvimento-da-competencia-em-informacao-pdcin-da-biblioteca-publica-de-
santa-catarina-bpsc/ e em https://pgcin.ufsc.br/2021/04/13/programa-de-desenvolvimento-da-competencia-em-
informacao-pdcin-na-biblioteca-publica-do-estado-de-santa-catarina-bpsc-pdcin-bpsc/.
(4) “Institui o Programa TransCidadania, destinado à promoção da cidadania de travestis e transexuais em situação
de vulnerabilidade social” (SÃO PAULO, 2015, p. 1). Disponível em:
https://legislacao.prefeitura.sp.gov.br/leis/decreto-55874-de-29-de-janeiro-de-2015. Acesso em: 20 abr. 2023.
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SILVA, André Luiz Avelino da; VITORINO, Elizete Vieira. Estrutura de um Programa de Desenvolvimento da
Competência em Informação (Pdcin) para População LGBTI+: atitudes, comportamentos, habilidades, valores
e conhecimentos. Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol.17, publicação contínua,
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Received: 14/07/2023 Accepted: 26/09/2023