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SAMPAIO, Denise Braga. A Hipervelocidade nas Redes Sociais Online: perspectivas filosóficas e informacionais.
Brazilian Journal of Information Science: research trends, vol. 17, publicação contínua, 2023, e023044. DOI:
10.36311/1981-1640.2023.v17.e023044
popularização dos computadores surgem as categorias inforricos e infopobres (RAMONET,
1998).
Segundo o Livro Verde da Sociedade da Informação (TAKAHASHI, 2000, p. 3),
Assistir à televisão, falar ao telefone, movimentar a conta no terminal bancário e,
pela Internet, verificar multas de trânsito, comprar discos, trocar mensagens com
o outro lado do planeta, pesquisar e estudar são hoje atividades cotidianas, no
mundo inteiro e no Brasil. Rapidamente nos adaptamos a essas novidades e
passamos – em geral, sem uma percepção clara nem maiores questionamentos –
a viver na Sociedade da Informação, uma nova era em que a informação flui a
velocidades e em quantidades há apenas poucos anos inimagináveis, assumindo
valores sociais e econômicos fundamentais.
Para que tais atividades fossem possíveis, ainda segundo Takahashi (2000), era necessária
uma convergência entre computação, comunicações e conteúdo, cujo resultado era a construção
de infovias (vias de informação). Essas infovias, que o autor também chamou de superestradas,
possibilitou, e possibilita até hoje, o trânsito de informações. A informação sai de uma categoria
dispersa resultante das interações sociais humanas, para se tornar um insumo (TAKAHASHI,
2000). O ingresso na Sociedade da Informação trouxe a sensação de democratização do acesso a
este insumo.
A expressão ‘sociedade da informação’ passou a ser utilizada, nos últimos anos
desse século, como substituto para o conceito complexo de ‘sociedade pós-
industrial’ e como forma de transmitir o conteúdo específico do ‘novo paradigma
técnico-econômico’ [...] Esta sociedade pós-industrial ou, “informacional”, como
prefere Castells, está ligada à expansão e reestruturação do capitalismo desde a
década de 80 do século que termina. As novas tecnologias e a ênfase na
flexibilidade – ideia central das transformações organizacionais – têm permitido
realizar com rapidez e eficiência os processos de desregulamentação, privatização
e ruptura do modelo de contrato social entre capital e trabalho característicos do
capitalismo industrial (WERTHEIN, 2000, p. 71-72).
O Livro Verde da Sociedade da Informação no Brasil (TAKAHASHI, 2000) destaca, no
entanto, que esta democratização apresenta lacunas, as quais Marques (2012) chama de fossos
informacionais. Nos anos 2000, houve um incentivo à aquisição de aparelhos de telefonia móvel,
mas os computadores eram, ainda, pouco acessíveis (TAKAHASHI, 2000). Foi neste contexto que
o governo brasileiro criou o Comitê para a Democratização da Informática, que buscou parcerias
para incentivar e implementar políticas de acesso a computadores e à Internet.